sexta-feira, 2 de abril de 2021

Berlin: Bands Reunited (2004, 42 minutos) + Berlin: Take My Breath Away (2013, 29 minutos) / Dobradinha de Ótimos Curtos Documentários Sobre os Mestres do New Wave


 

 

Berlin: Bands Reunited (***** / excelente)

Berlin: Take My Breath Away (**** / muito bom)

Para os interessados, no YouTube é possível assistir esses dois grandes docs da excelente banda ''one-hit wonder'' Berlin - só que não, já que, ao menos na década de 80, No More Words, The Metro e Sex (I'm a...) também foram hits.

Faço aqui algumas observações sobre os dois docs, ambos recomendadíssimos pelo blog que vocês amam odiar.

BERLIN: BANDS REUNITED (2004)

É interessante pensar que Berlin é daqueles grupos tipo Crashdiet: bandas que jamais tiveram um mísero integrante fixo que esteve presente em todas as fases da banda. O primeiro line-up do grupo - ainda como The Toys - contava com o fundador e líder John Crawford, o guitarrista Chris Ruiz-Velasco (o compositor da maravilhosa Masquerade, a melhor faixa da banda), o finado baterista Dan Van Patten e o vocalista homem Ty(son) Cobb. Com exceção de Cobb, já devidamente trocado pela Terri Nunn, foi essa formação que gravou o single e o videoclipe de A Matter of Time, em 1979.

Mas esse documentário da VH1 busca reformar um outro line-up do Berlin, que é a formação da era Pleasure Victim: Terri Nunn (vocal), John Crawford (baixo), Ric Olsen (guitarra), Rod Learned (bateria) e os tecladistas Dave Diamond (sem relação alguma com o ''Diamond Dave'' David Lee Roth) e Matt Reid. Será que a VH1 conseguirá cumprir essa ''Missão: Berlin''? Ou será que - pelo menos - um desses integrantes recusará voltar com a banda?

Vale lembrar que, nessa época, o Berlin atual contava com a Terri acompanhada de uns ''scabs'' paraquedistas, fazendo assim uma espécie da versão feminina dos Cunts N Posers. Além da Terri, tinha um cidadão chamado Chris Olivas (sem nenhuma relação com o quase homônimo Chris Oliva, maluquinho do Savatage - AKA Pior Nome de Banda Ever - que morreu tragicamente) e um carinha lá fazendo a linha ''goth metal rocker'', que poderia muito bem estar tocando no Nine Inch Nails ou Marilyn Manson.

É interessante notar que, além da Terri, o único outro integrante desses seis membros do Berlin clássico que continuava na música era mesmo o tecladista Matt Reid, que estava se virando com performances de covers em bares, festas e casamentos.

Ponto curioso do doc: a inclusão da canção We Used to Be Friends dos Dandy Warhols na trilha sonora.

Frase de destaque do doc:

''[As composições do John Crawford para o Berlin] não são restritas para garotos ou garotas. São para seres humanos se sentindo miseráveis.'' - Terri Nunn

Essa declaração realça uma certa faceta gótica da banda, que, de maneira alguma, era só mais um mero grupo new wave - e que possui muito, muito, muito mais a oferecer do que a xaropeta Take My Breath Away.

BERLIN: TAKE MY BREATH AWAY (2013)

Não se deixem broxar por causa do título desse documentário. O doc em questão é interessantíssimo até para as pessoas sensatas que odeiam Take My Breath Away - que, com a mais absoluta certeza, está sim no meu TOP 5 das piores canções do Berlin oitentista, ao lado de outras presepadas como Torture (que faz jus ao título), You Don't Know (inexplicavelmente também lançada como single e videoclipe), Pink and Velvet (também lançada como single) e a seriamente obscura e estranha French Reggae, que é a menos pior dessas 5 pataquadas.

O doc já abre com a seguinte declaração:

''Take My Breath Away. Todos nós já a ouvimos, querendo ou não. Mas... Berlin? Quem são eles? Pelo menos o nome soa europeu...''

E aí o doc começa uma jornada pelos primórdios do Berlin, a partir da entrada da cantora-atriz Terri Nunn na banda, e COMPLETAMENTE ignorando qualquer menção aos outros três vocalistas que passaram pelo grupo: Ty(son) Cobb (sim, no início, o Berlin - então chamado The Toys - contava com um HOMEM no vocal), Toni Childs e a sensacional Virginia Macolino (ex-Virginia Macolino and the Slims e futura frontwoman do Beast of Beast), com quem o Berlin gravou o subestimado e esquecido debut Information, de 1980, disponível apenas num raríssimo vinil. Bem, quem sabe um dia nós teremos um documentário intitulado BERLIN: THE COMPLETE HISTORY OF THE OTHER THREE SINGERS, né? É, vai sonhando...

Desse período underground, o doc mostra um trecho do clipe oficial (ou mera performance de TV - sim, existem controvérsias nessa questão) de A Matter of Time na versão com a Terri, o primeiro single do grupo. Mas rola um erro ali: a legenda diz ''1981'' quando, na verdade, o vídeo é de 1979.

E, por falar em vídeos obscuros, o doc revela uma excelente sacada ao mostrar um trecho do seriamente obscuro PRIMEIRO clipe de The Metro, de 1981. É um vídeo bem mais ousado do que a segunda versão (e a terceira, e a quarta...), apelando no sex appeal e no aspecto ''dark'' da parada, mostrando até um pouco de sangue e morte. Sensacional e, provavelmente, o meu clipe favorito entro todos do Berlin.

Após passar pelo período Pleasure Victim (1982), o primeiro disco com a Terri, o doc aborda a primeira relação do bobalhão Giorgio Moroder com o Berlin, através da sua participação como produtor no maior hit do Berlin pré-Top Scum: No More Words, o principal single do LP Love Life (1984), segundo álbum de estúdio com a Terri. É curioso reparar as semelhanças desse clipe - que mostra a banda como gangsters durante a Grande Depressão - com um outro clipe mainstream do mesmo período: Wanted Man, dos farofeiros adoráveis do Ratt. (Interessante isso do Ratt, já que o John Crawford está a cara do finado Robbin Crosby no clipe da Like Flames.)

Aí vamos para o maior hit do Berlin, a mega-melosa xaropice da trilha sonora daquele filme imbecil, que acabou de vez com a banda.

Nessa parte, o doc também mostra uma entrevista com a Martha Davis (The Motels), a primeira opção para cantar Take My Breath Away. Até mostram trechos do primeiro clipe de TMBA, nessa versão da cantora do The Motels. Não satisfeitos com a performance dela, ofereceram a canção para a Terri Nunn - cuja versão agradou a todos os presentes. Quer dizer, todos não, já que o resto do Berlin na época - o baixista e líder John Crawford e o baterista Rob Brill - odiaram a canção, já que ela não foi composta por ninguém da banda e não tinha nada a ver com a sonoridade do grupo.

''Foi aí que o Berlin perdeu o foco. (...) [TMBA] nos separou, basicamente.'' - John Crawford.

Os dois detestavam ter que tocar ela em todos os shows e, para piorar, a canção foi incluída no disco (Count Three and Pray, 1986) por pressão da Geffen. Graças a TMBA, fillers variados e apenas três grandes canções (Like Flames, Trash e Will I Ever Understand You?), posso dizer que, entre os quatro discos oitentistas do Berlin, C3&P é o único que não é uma obra-prima.

Mas, apesar de todos os pesares, a Terri, muito curiosamente, sempre foi uma grande defensora de TMBA. Vai entender. Eis o trecho de um depoimento dela no doc: ''Essa canção é uma dádiva. (...) Naquela época eu não tinha amor na minha vida e não transava fazia quatro anos. É por isso que eu cantei aquela música com tanta sinceridade e tristeza.''

No mais, um trecho engraçado do doc é quando a narração diz ''em 1986 até mesmo grupos de hard rock estavam fazendo uso dos sintetizadores'' e, daí, entra a cafonice master chamada The Final Countdown - faixa título de um álbum pavoroso - na trilha sonora :) (E é curioso pensar que, naquele ano, até mesmo a Donzela Ferrada se rendeu aos sintetizadores no LP Somewhore in Time - disco chato pacaray inspirado em um filme chato pacaray, Blade Bummer: O Caçador de Andróginos.)

(...)

Enfim, esse foi o meu primeiro post sobre Berlin, que se tornou a minha banda ocidental favorita dos anos 80.

Para finalizar, eis o meu TOP 10 Berlin:

(INFORMATION, 1980)

Information

Overload (na versão Virginia Macolino)

(PLEASURE VICTIM, 1982)

Masquerade

The Metro

(LOVE LIFE, 1984)

Dancing in Berlin (cover de Farenheit, projeto desenvolvido pelo John Crawford durante a fase Virginia Macolino - cujo clipe original, by Farenheit, é uma das coisas mais toscas, bizarras, engraçadas e sensacionais já postadas no Tubão)

Pictures of You

Touch

(COUNT THREE AND PRAY, 1986)

Like Flames

Trash

Will I Ever Understand You?

 


 

sexta-feira, 26 de março de 2021

PURE MASSACRE = Melancholie der Engel (''Marian Dora'', 2009), Desgraça Nível Extra Hard Que É, Simplesmente, um dos Filmes Mais Insuportáveis e Intermináveis Já Feitos


 

 

Após Der Fan (1982) e Nekromantik 2 (1991), dou sequência a minha viagem pelo cinema alemão from hell, finalmente assistindo Melancholie der Engel (Angel's Melancholia / Angel's Melancholy), atrocidade terminal da qual meio que sempre estive ciente, mas que só agora fui desperdiçar 2H40 (!) assistindo.

Por que diabos sinto essa necessidade doentia de caçar e conferir tudo que é cinema extremo? Talvez para lidar com tudo que há de sombrio na trinca de horrores formada por humanidade + existência + Planeta Terra, encarando obras fílmicas que reflitam esse mundo pavoroso que - com ou sem pandemia - é, sempre foi e sempre será algo que beira o inabitável. Talvez pela mórbida curiosidade de seguir me aventurando por tudo que for extremo e bizarro dentro da sétima arte. Talvez para ver se irei me deparar com um filme tão extremo, mas tão extremo que não irei conseguir chegar ao fim dele ou superá-lo. Ou talvez pelo meu lado completista, de querer experimentar uma caralhada de coisas cabulosas dentro do cinema de horror mundial.

E, em meio a tudo isso, eventualmente trombo coisas traumatizantes como Closet Land e Evil: Raízes do Mal, e também coisas vergonhosas como esse ''Melancolia do Anjo''. É o risco que corro sempre.

A primeira vez que - ao menos conscientemente - ouvi falar dessa desgraça nada recomendável foi em meados de 2012, quando o ''finado'' Shakra veio reclamar para mim que havia assistido essa porcaria cinematográfica graças a uma recomendação minha. WTF?! Como assim? Como eu poderia recomendar algo que nunca havia conferido na vida? Óbvio que ele havia se confundido totalmente. Normal para um Bozominion movido a maconha.

Assim, foi só agora mesmo, nessa Sexta 26, que dei play nessa produção underground germânica do final dos anos 2000 - lançada em 2009, mas aparentemente filmada em 2006. E posso dizer que foi um dos trecos mais chatos e intragáveis que já conferi na vida inteira, rivalizando em tédio com aberrações do tipo Elemento de um Crime / Elementos de um Crime / Elemento do Crime e A Idade da Terra - dos ''gênios'' Lars Von Hitler e Glauber Rocha, respectivamente.

Inclusive, nesse campo extremo, Melancholie é um porre tão forte quanto Atroz, The Bunny Game e a franquia August Underground. Chato pra caralho.

A ''história'' (hahahahaha) de Melancholie der Engel é a seguinte: dois Zé Ruelas se reencontram após um bom tempo afastados, e acabam levando duas jovens para uma fazenda no meio do nada, um lugar supostamente assombrado, para praticar todo tipo de crueldade inimaginável com elas. Juntam-se a eles um velho igualmente xaropeta, uma ninfomaníaca sadomasoquista e uma cadeirante. A seguir teremos situações que lembrarão diversos outros filmes, nem sempre bons porém sempre melhores do que Melancholie: Aniversário Macabro / The Last House on the Left (1972), Assassinatos no Expresso da Meia-Noite / Night Train Murders (1975), Saló: Os 120 Dias de Sodoma / Saló and the 120 Days of Sodom (1975), Doce Vingança, AKA A Vingança de Jennifer / Day of the Woman, AKA I Spit on Your Grave (1978), Violência Gratuita / Funny Games (1997), Um Vazio no Coração / A Hole in My Heart (2002) e até mesmo as podreiras do Petter Baiestorf, como a dobradinha Arrombada: Eu Vou Mijar na Porra do Seu Túmulo e Vadias do Sexo Sangrento, ambos da mesma época de Melancholie. Por falar nisso, o filme com o qual Melancholie se parece mais é brasileiro mesmo: o simplesmente absurdo Bicharada, AKA O Come Tudo, AKA Alucinações de um Gozador (1986), do orgulho nacional Sady Baby. Podemos dizer que essa porra de Melancholie é um remake bagaceiro, metido a besta - cheio de momentos oníricos e afins se misturando com as cenas extremas - e disfarçado do icônico O Come Tudo; mais uma obra do Sady que não circula em sua versão integral, sendo disponível apenas na sua raríssima VHS cortada, da Frenesi, sob o título Alucinações de um Gozador.

Eu vejo dessa forma: para um filme extremo ser eficiente, é preciso de um mínimo comprometimento depositado nele. É preciso que o filme seja minimamente bem realizado, e que haja algum tipo de abordagem séria-sóbria no tratamento com o tema apresentado. São esses elementos que fazem com que obras como Mártires e Bullying: Provocação sem Limites sejam tão perturbadoras. E é a ausência delas, aliada ao desespero para chocar o espectador de qualquer forma, custe o que custar, que faz com que Melancholie seja um fracasso total. Inclusive, existem filme infinitamente menos gráficos do que Melancholie que conseguem, sim, serem bem mais desagradáveis e impactantes: os clássicos políticos A Batalha de Argel e Estado de Sítio, por exemplo, são dois exemplos perfeitos.

E, no lado barra-pesada levado às últimas consequências, A Serbian Film: Terror sem Limites é bem melhor. Já no território blasfemo-surrealista-niilista, Subconscious Cruelty é muito superior.

Os únicos pontos realmente devastadores de Melancholie são as cenas de crueldade animal. A do porco, por exemplo, é bem intensa. Ou melhor dizendo: seria bem intensa se decentemente filmada. Mas, como a cena é intercalada lá com as baboseiras acontecendo com a freira (prefira ver O Ônibus da Suruba 2 e vários nunsploitations) e um aparente estupro, e editada de maneira esquizofrênica e ''flashy'', parecendo um videoclipe ruim de música industrial da década de 1990, até aqui Melancholie também vira ser um EPIC FAIL. Assim como outras coisas no filme, também acontece de forma relâmpago e com a câmera um tanto fora de foco - mostrando que Melancholie não é tão bem filmado assim quanto alguns reviews online te fariam acreditar.

O filme é um desastre visto por qualquer ponto de vista. E todo esse papo de que foi proibido em trocentos países é uma palhaçada sem limites. Se você quer um filme REALMENTE proibido no mundo inteiro, vá atrás de uma produção italiana chamada Maladolescenza, de 1977, o tratado definitivo e totalmente sem pudores do bullying na infância.

Caray, nem sei mais o que dizer. Melancholie der Engel é uma tranqueira absoluta com 2H40 que, ao apresentar tantas cenas de animais mortos, demonstra uma possível tendência psicopata do diretor ''Marian Dora'' - pseudônimo desse cuzão do caralho, que nem tem a coragem de revelar sua real identidade. Além de Melancholie, ele dirigiu outros espetáculos freakshow cultuados pelos degenerados de plantão, como Cannibal e Carcinoma.

Enfim...

Como curiosidade, tenho três coisas para apontar no elenco e ficha técnica de Melancholie:

1) O protagonista dessa bobagem nível extra hard é Zenza Raggi, figura carimbada do mundo pornô. Ao vê-lo em cena, a primeira coisa que me vem à cabeça é a abertura de um dos filmes da franquia XXX ThASSit!, especializada em sexo anal. A obra em questão já abre com a cara do Raggi disparando a seguinte pérola: ''TUDO BEM SE ELA NÃO DAR A BUCETA. AFINAL, HOJE É DIA DE CU.'' Hahahahaha. Igualmente engraçado é o vídeo do Melancholie feito pelo Refúgio Click Bait, digo, Refúgio Cult, em que o apresentador chama o personagem de Raggi de ''Los Hermanos'' :) (Se bem que o vídeo do Getro sobre MDE também é bem divertido.) Certamente é um papel que, em tempos passados, seria brilhantemente vivido pelo finado David Hess, o algoz principal de clássicos como Aniversário Macabro e outros.

2) Há, falando em David Hess, o próprio - alguns poucos anos antes de morrer - fez a trilha sonora de Melancholie. São canções lentas e tristes, que surgem em cena num efeito de contraste a la Cannibal Holocaust, parecendo lamentar a extrema maldade mostrada na tela.

3) A voz em off de Melancholie é feita pelo veterano cineasta Ulli Lommel, mais conhecido pelo cultuado slasher A Força Assassina / The Boogey Man. Não entendo como um diretor relativamente cultuado pode se envolver com um lixo sem nenhum mérito como Melancholie. Aliás, assim como Hess, Lommel também não está mais entre nós. Vai ver ele e o Hess morreram de desgosto por terem se envolvido com Melancholie... (Outro que deve ter literalmente morrido de vergonha por fazer Melancholie é o ator Peter Martell, o intérprete do Heinrich, o velho louco que se junta aos lunáticos. Martell morreu logo após fazer Melancholie - seu penúltimo filme.)

Bem, é isso aí. Não recomendo esse filme para ninguém, nem mesmo para fãs completistas de cinema extremo. Não consegue envolver o espectador, apresenta uma série de personagens desinteressantes com os quais a gente não se importa, apela para uma série de mortes de animais (ao que tudo indica, infelizmente reais) e desperdiça quase três horas da sua vida. Soma-se a isso papos nonsense e francamente psicóticos, de que a crueldade infligida aos outros é algo transcendental - o que levanta a minha suspeita de que o tal Marian Dora talvez seja mesmo meio psicopata.

A minha nota para isso é 0. E seria melhor até rever Crepúsculo ou 50 Tons de Cinza do que assistir esse lixo total uma segunda vez.

 


 

sábado, 13 de março de 2021

13 - Março - 2021 (25 Anos sem Lucio Fulci, AKA HAIL FULCI. DIE, HOLLYWOOD, DIE.)


 

 

RELAÇÃO DAS FITAS VHS LANÇADAS NO BRASIL

1966 Tempo de Massacre (Century) (TENHO)

* (relançado pela Studio T)

1972 O Deputado Erótico (DIF)

1973 Caninos Brancos (Reserva Especial)

1975 Os Quatro do Apocalipse (Vídeo Mídia)

* (relançado pela Look)
* (relançado pela Poletel)
* (relançado pela Poletel + New Line)
* (relançado pela Studio T)

1977 Premonição (Vídeo Mídia - dublado?)

* (relançado legendado pela Poletel?)

1978 Sela de Prata (Vídeo Mídia)

* (relançado pela Cine Art)
* (relançado pela Look) (TENHO)
* (relançado pela Poletel)
* (relançado pela Reserva Especial)

1980 Luca: O Contrabandista (DIF)

1980 Pavor na Cidade dos Zumbis (Dado Group) (TENHO)

1981 Terror nas Trevas (Dado Group)

* (relançado pela Dado Group + Mac) (TENHO)
* (relançado como A Casa do Além pela Reserva Especial)

1982 A Casa dos Mortos-Vivos (Dado Group) (TENHO)

* (relançado pela Dado Group + Mac)
* (relançado como A Casa do Cemitério pela Reserva Especial) (TENHO)

1982 O Estripador de Nova Iorque (pirata-oficial)

* (também lançado selado pela Dado Group?)

1982 Manhattan Baby (Vídeo Ban) (TENHO)

* (também lançado selado pela VideoCast)

1984 Nova York: Cidade Violenta (AB)

1987 Enigma do Pesadelo (Universo) (TENHO)

1991 Porta para o Silêncio (Sato)

DIREÇÃO ASSOCIADA

Balas para Sandoval (Tocantins)

Zombiethon (Top Tape)

ALGUMA OUTRA ASSOCIAÇÃO

A Maldição: Raízes do Terror (Alvorada)

O Museu dos Horrores (legendado & dublado) (Alpha)
(PS: Fulci seria o diretor, mas, como morreu antes, a direção acabou indo para o maquiador Sergio Stivaletti. Mas, de qualquer forma, o roteiro teve colaboração do mestre.) (TENHO A LEGENDADA)

O Sexo dos Monges (Ecstasy)
(PS: Fulci revelou para a Fangoria, em 1995, que não teve nenhum tipo de relação com o filme: ''Antes de seu lançamento em vídeo, eu nunca tinha ouvido falar deste filme - que, por sinal, é horrível.'' Ainda assim, faz parte dos filmes ''apresentados'' por ele.)

TENHO NO TOTAL = 9

 


 



sábado, 27 de fevereiro de 2021

10-02-2021 = Guarulhos (RYOKO N ROLL)


 

 

Aqui estou eu, finalmente relatando a histórica ida a Guarulhos do dia 10 desse mês. Bem, antes tarde do que nunca.

 

No dia em questão, uma Quarta, me encontrei com o Gabriel ''Dado'' Caroccia para irmos a Guarulhos. Eu não pisava lá desde Abril de 2012, quando encerrei em definitivo meus problemas relacionados aos meus dias de funcionário da ultra-hiper-mega-detestável Proguaru. Já o Caroccia jamais havia estado lá na vida.

 

Após almoçarmos na estação Tucuruvi, pegamos o ônibus em direção de Guarulhos. E a nossa primeira parada foi a antiga casa do Alex, onde peguei um pacote muito apetitoso com a simpática mãe dele.

 

Paramos ali perto para ver o que havia no pacote. Claro que já sabia que teria o inacreditável single Jeans, da Ryoko Hirosue, finalizando, assim, toda uma jornada de busca oficialmente iniciada em 2 de Abril de 2012, quando, basicamente, tive uma versão menor - porém bastante impactante também - da visão que eu teria praticamente um ano depois com a VHS Premonição. Mal sabia eu que levaria quase oito anos para adquirir o single Daisuki! (https://7noites7.blogspot.com/2020/01/suck-this-fucked-up-curse-fc-scumbags.html?zx=1e731399eeceed11), e quase 9 para conseguir Jeans.

 

Basicamente foi assim: no dia 2 de Abril de 2012, tive uma espécie de visão, premonição ou sei lá o que diabos, que me informou que, conseguindo os singles Daisuki! e Jeans (que eu já caçava sem sucesso desde a metade de 2007, quando ouvi o B-side Private e virei fã da Ryoko - que antes só conhecia como atriz), eu finalmente teria o que mais procuro na vida. Aí, quase um ano depois, em 28 de Março de 2013, tive uma outra visão, na mesma linha porém muito mais intensa, de que, para atingir aquele mesmo objetivo da visão anterior, eu teria que adquirir a VHS Premonição (7 Notes in Black ou The Psychic).

 

O problema é que, antes de adquirir Daisuki! em Janeiro do ano passado, eu meio que não havia entendido que a minha missão de vida não era apenas conseguir Premonição; e sim conseguir a dobradinha de singles da Ryoko antes, me dando, assim, a permissão adequada para sair na caça de Premonição.

 

OK, quem estiver lendo isso deve pensar que eu sou totalmente biruta ou algo do tipo. Vocês teriam que estar no meu lugar para entender do que estou falando.

 

Mas, para encurtar tudo, agora que eu tenho ambos Daisuki! e Jeans, finalmente conquistei o direito de, por fim, sair no encalço da VHS Premonição.

 

E, sobre Jeans, uma coisa é certa: só conseguirei recompensar o Alex à altura caso eu o consiga, um dia, ao menos uma das três fitas que ele mais deseja: os slashers guilty pleasure Turnê Assassina (Nacional), O Mistério no Colégio Brasil (Manchete) e A Praia do Pesadelo (LK-Tel + 20-20 Vision).

 

E eis que, além de Jeans (que possui Private como lado B - a melhor canção da curta carreira de cantora da Ryoko), veio ainda duas surpresas no pacote.

 

Uma era o Blu-ray Blood Rage, lançado em VHS no Brasil pela Wera's. (E também num broxante DVD pela Vexátil Hype Vírus, empresa que canais questionáveis do YT, como Cinema Ferox e outros, adoram encher a bola e tentar convencer seus inscritos a jogar dinheiro fora nos seus produtos frustrantes.)

 

Blood Rage, AKA Shadow Woods: O Pesadelo, é a minha primeira edição da luxuosa Arrow. O slasher também conhecido como Slasher (!) cresceu ainda mais nessa incrível edição azul, que ainda possui extras muito deliciosos. Simplesmente sensacional.

 

E o outro item  foi o CD debut do Shotgun Messiah, hard rock escandinavo (sueco, para ser mais específico) que agradará em cheio os fãs de bandas como Pretty Boy Floyd, Faster Pussycat, Dangerous Toys (a banda favorita da Karen do Violet Soda, hahahahahaha), Vain , os nossos Bastardz e, principalmente, TIGERFUCKIN'TAILZ, é claro!


Os grandes destaques desse disco extremamente divertido são os carros chefes Don't Care 'Bout Nothin' (canções metralhando escolas ou faculdades - ou as duas coisas - são sempre bem-vindas), Shout It Out (que possui uma pegada hip hop, meio Beastie Boys até, e muito mais empolgante do que a superestimada Dr. Feelgood, do Motley Crue já totalmente vendido ao mainstream), Nowhere Fast (que não possui afiliação a canção homônima do Fire Inc., presente na trilha sonora do ultraestimado Ruas de Fogo - aliás, Nowhere Fast é a única coisa realmente boa daquele filme) e a seriamente nostálgica Nervous. Essa última, para mim, permanece mesmo entre as canções mais nostálgicas do gênero, ao lado de outros petardos maravilhosos, como Fallen Angel do Poison, e a dobradinha Toast of the Town + Holdin' on for Love (na versão demo), dos já citados Motley Crue e Vain.

 

E uma coisa bem curiosa: nos meus tempos de ''rockstar'' cheguei a compor uma faixa chamada We Don't Care 'Bout Nothin, sem saber na época que o SM tinha uma canção com o nome praticamente homônimo, até na grafia - canção essa que só fui descobrir algum tempo depois, lá nos idos de 2007.


Enfim...

 

Depois desse pacote incrível, é claro que qualquer coisa que encontrássemos em sebos seria uma gigantesca decepção para mim. Óbvio.


Ainda assim, rumamos a dois endereços sebísticos da cidade. (Aliás, eu fiz confusão aqui e perdi a relação dos CDs adquiridos pelo GC nesse dia. Portanto, Gabriel, sinta-se livre caso queira compartilhar essa relação com a galera. Lembro que teve um CD japa do A-Ha, mas não recordo mais nada das suas aquisições do dia.)


Portanto, dentro do primeiro sebo, acabei não levando absolutamente nada. Nós até encontramos uma dupla de CDs gringos de um tal Carnival Art, mas deixamos passar. E, nos compactos, não havia nada também. (Leia-se: não havia nada do Berlin, o único grupo do qual eu compraria compactos.)


Fomos então ao segundo e último sebo do rolê.


No caminho, paramos num barzinho, onde o dono havia sumido, deixando apenas um tiozinho muito louco - e bebum - para tomar conta da bagaça. Eu e o GC só queríamos mesmo tomar um pouco de suco, antes de irmos pro próximo sebo. Como não avistei nenhum álcool gel por perto, perguntei pro tiozinho lá (que parecia ser chegado do dono ausente) pelo barato. Aí o animal diz que tem sim, e me oferece ÁLCOOL PURO para lavar as mãos. Un-fucking-belUweBoll. Se não fosse o suficiente, ao pedirmos nossos sucos de 500ML (o maior tamanho disponível), o sujeito olha pros copos do recinto e entra num piripaque tipo Chaves, saca? O cara simplesmente não sabia o que fazer e entrou em estado catatônico, PUTA QUE PARIU. Aí o Caroccia tacou uma ''É O COPO MAIOR'', o que deixou o tiozinho xarope um tanto puto, hahahahaha.

Após o suco não muito bom, entramos, finalmente, no sebo da saídeira.


Sendo recebidos por um tiozão que se revelaria meio mala, descobrimos de cara que o lugar tinha sim uma pequena seção de VHS. Mas, além das fitas não serem tão boas, os preços estavam dignos de leilão do What's App, o que nos broxou de vez. Por exemplo: aquela Deadline, da AB, que a gente havia acabado de trombar em SP por R$ 5, estava 50 mangos por lá.


Já em outras seções do recinto, achei uma curiosidade: a edição argentina do CD Hannah Montana: O Filme, com as magníficas Spotlight e Let's Get Crazy na trilha. Não peguei por estar satisfeito com o CD nacional e também por não ser tão obsessivamente fanático por ''all things Miley'' quanto as pessoas pensam que eu sou.


No fim, acabei levando apenas dois Blu-rays de lá, sendo um deles aberto e gringo (O Escritor Fantasma, R$ 15), e um nacional e lacrado (Hanna, R$ 12). Foram raros exemplos de coisas custando um preço digno por lá. De resto, tudo muito caro, e até CD pirata (pirata mesmo, cópia de original em CD-R - nada a ver com bootlegs) tinha lá à venda.


De quebra, ouvimos o tiozão lá resmungando baixinho da gente para um funcionário do local. Acho que ele esperava que a gente comprasse mais coisa ou sei lá que porra. É: esse velho só não foi mais xarope do que um gayzão chato pra caralho que veio me encher o saco pouco antes disso, tentando puxar assunto sobre o ridículo seriado Ash Vs. Evil Dead e outras pataquadas. O Caroccia tá de prova disso, inclusive. (É foda: nenhuma mina minimamente gostosa vem se jogar pra cima de mim. É sempre só essas bichas assediadoras filhas da puta enchendo o saco, vai tomar no cu. Bem... Por mais que o Albino seja um mal caráter que estraga o meio do VHS, me lembrei agora duma vez em que ele estava reclamando, falando que estava de saco cheio por ser um ''para-raio de viado'' - algo que eu, bizarramente, presenciei num sebo de SP, quando um maluquinho claramente ''alegre'' passou a dar em cima dele. E, por mais que eu odeie admitir, terei que concordar com o Albino dessa vez: é foda ter que aguentar essa galera LGBTWhatever+ nos assediando e nos incomodando forevermore. Meus dias politicamente corretos acabaram: VÃO TOMAR NO OLHO DO CU.)


OK, digressões homofóbicas (hehehe) a parte, esse foi o rolê em Guarulhos :)


Já na volta para SP, já dentro do ônibus, presenciamos uma chuvarada absurda, o que fez o percurso demorar muito mais, além de causar um acidente a um motoqueiro local. Cabuloso.


Até teria mais algumas coisinhas para dizer aqui, mas, qualquer coisa, é só complementar via comments. E, quanto a um ou outro eventual detalhe incômodo do garimpo, uma coisa é certa: Jeans compensou e muito por tudo. É a permissão oficial para, agora, eu revirar SP de cabeça pra baixo atrás da VHS Premonição.


FUI.




quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Girls Nite Out / The Scaremaker (1982): Mediano Slasher Oitentista Aparentemente Inédito no Brasil

 


 

 

''Let's go: GNO. Let's go: GNO. Let's go: GNO. Let's go... It's a girls night.''

 

Recentemente, o Alex fez um vídeo-review desse slasher menos conhecido de 1982, que, aparentemente, não foi lançado no Brasil de maneira alguma - se bem que pode muito bem ter saído em fita pirata.

 

E, ao perceber que o mesmo se encontra completão no YT, decidi dar uma conferida nele...

 

E não curti muito não.

 

Já não esperava algo muito bom pela frente graças a longa - para um slasher - duração de 1H37. Se não fosse o suficiente, somos apresentados a um bando de personagens nada memoráveis que agem como piadistas da pior espécie. Além disso, há o xerife interpretado por Hal ''Creepshow'' Holbrook, que passa o filme inteiro no telefone, e só contracena com alguém em uma mísera cena. Como o ator recentemente faleceu, tendo uma ''morte prematura'' aos quase 100 anos, talvez dê para dizer que tanto esse post aqui quanto o vídeo do Relíquias acabam prestando uma homenagem a ele. Ou não, sei lá.


Mas, apesar da longa duração e das piadas bestas em profusão, nem tudo está perdido aqui.


O assassino com fantasia de urso - e línguona pra fora - é bem adorável, sendo o precursor de outros psychos ''bonitinhos'' em slashers obscuros, tipo o vilão do ainda menos conhecido - e também cômico - Famine.


E GNO acaba até sendo meio original por dois outros fatores: a ausência de um personagem principal (culminando na ausência de uma final girl), e um final bem badass, freak e impactante. Não esperava mesmo um final tão eficiente em um slasher tão medíocre e problemático, em que raramente há mortes minimamente memoráveis.


Eis a minha cotação:

 

2.5 de 5 (mediano)


E, apesar de não ter curtido o filme tanto quanto o Alex, recomendo sim vocês darem uma olhada no vídeo dele. Ficou muito legal, e é certamente bem superior ao vídeo da Boca do Inferno. Por mais que a minha opinião do filme esteja mais próxima da do vídeo da Boca, o vídeo do Relíquias é muito mais caprichado, e explora mais o filme. (E, além de tudo, a Boca vacilou ao malhar o final de GNO - que não é genérico nem a pau.)

 

PS: Ahh, quase me esqueci. A misoginia e perversão do serial-killer são tão doentias que até me lembraram os bons e velhos gialli - que alguns insistem em chamar de ''avô do slasher'', apesar de terem vindo depois do slasher. (Vai entender.)




sábado, 13 de fevereiro de 2021

DER FAN (1982), AKA Blood Groupie, AKA Murder Case File, AKA The Fan, AKA Trance: O Fim da Odisseia?


 

 

Após mais de oito meses completos de alta ansiedade, fortes expectativas e diversas tentativas frustradas, eis que, em Fevereiro de 2021, finalmente surgiu uma possível chance de conferir Der Fan, maldito filme alemão de 1982 dirigido por Eckhart Schmidt e estrelado por Desiree Nosbusch e Bodo Staiger.

Também conhecido como The Fan e Trance, e, em alguns lançamentos obscuros, como Blood Groupie e Murder Case File, posso dizer que, do momento que fiquei sabendo de sua existência, até agora, Fevereiro de 2021, tem sido uma longa jornada.

No dia 22 de Maio de 2020, uma Sexta, ao pesquisar coisas referentes a outro The Fan, o de 1981 (muito curiosamente também filmado com o título de Trance...), conhecido no Brasil como O Fã: Obsessão Cega, acabei chegando nesse tal Der Fan, de 1982, que, assim como o The Fan americano de 1981, também trata do tema do fã (no caso aqui é uma fã - ao contrário do filme americano, cujo personagem-título é masculino) que persegue uma celebridade por qual nutra uma obsessão totalmente doentia. Como estávamos no começo dos anos 1980, o tema do stalker com tendências psicóticas ainda estava em alta por causa de uma série de eventos macabros, com a morte de John Lennon sendo o maior caso de todos. Isso resultou nos dois The Fan sendo altamente controversos nos seus lançamentos.

Der Fan segue a adolescente de 16 anos Simone (interpretada por Desiree Nosbusch, famosa apresentadora de TV na Alemanha, que ainda tentou carreira internacional como Desiree Becker), uma garota perturbada que dedica todo o seu tempo à sua obsessão terminal pelo rockstar R (vivido por Bodo Staiger, cantor do grupo Rheingold, que só fez esse único filme). Ela ignora completamente os pais, está pouco se fodendo para a escola e não dá a mínima para um Zé Ruela local afim dela. Afinal, ela está ocupada demais escrevendo uma série de cartaz para R, na ilusão de que receberá uma resposta algum dia. Como a resposta não vem, ela decide ir pessoalmente atrás de seu ídolo, que poderá ou não cruzar com ela durante a filmagem de um videoclipe.

Por algum motivo, me tornei totalmente, terminantemente obcecado com a ideia de assistir Der Fan no exato momento que vi a capa do seu Blu-ray da Mondo Macabro. Mas, a seguir, eu passaria por um verdadeiro calvário, que me testaria o quão longe eu estava disposto a ir até conseguir assistir ao filme.

Bem, como eu desaprendi como mexer com torrents pouco mais de 11 anos atrás, após ser banido algumas vezes do Cinemageddon e passar por algumas outras desventuras, apelei primeiramente a sites do tipo Your Toba, Vimeo e Daily Motion, entre todos os outros desse tipo. Nenhum deles tinha o filme completo, só o trailer e algumas cenas.

Aí passei a vasculhar todos os cantos da net atrás do filme, e continuei sem encontrar nada. Alguns links até pareciam ter o filme completo, mas algo sempre dava errado e me levava de volta ao ponto zero.

Mas daí avistei o Blu-ray americano do filme no CD Point por R$ 124.60 mais frete de uns 7 ou 8 reais. Nessa época (meados de Junho de 2020) eu já estava passando mal de tanta vontade e curiosidade de assistir o filme, e tinha dias que eu nem conseguia pensar em mais nada. Eu estava parecendo a própria personagem da trama, com uma obsessão insana me consumindo. Portanto, através de um amigo (já que sou um tanto analfabeto quando se trata de assuntos referentes à dobradinha correio / net), nós fizemos o pedido do BD de Der Fan. Que foda: tudo parecia OK e, ao que indicava, agora era só uma questão de tempo até eu conferir o filme alemão. Eu estava esperando a chegada do Blu-ray de Der Fan igual a Simone esperava uma carta do R: a minha vida estava se tornando a própria trama de Der Fan.

Até que, quase um mês após o pedido do BD de Der Fan, a CD Point entrou em contato dizendo que não conseguiram localizar nenhuma fonte com o BD de Der Fan. Foi aí que aprendi que, quando um item aparece com 60% de atendimento no site deles, é porque não existe a certeza de que eles irão te conseguir o item em questão. Aprendi isso da pior forma então. Frustração total: também não foi dessa vez que consegui assistir Der Fan.

Avançaremos agora no tempo para os meses finais de 2020, quando eu e o Gabriel Caroccia, AKA Mr. Dado Group, voltamos a fazer garimpos colecionistas juntos. Pois bem, após um desses nossos rolês em conjunto, enquanto lanchávamos em algum lugar aí, fiquei sabendo que o Caroccia mexe com torrents e tal. Aí perguntei para ele se ele podia me conseguir esse filme, e ele disse que iria tentar sim.

Mais tarde naquela mesma noite, o Caroccia me diz que havia localizado o filme num Blu-ray rip com legendas em inglês, e que o download já estava no final! Nem pude acreditar: agora não tinha mais como dar errado e, finalmente, eu iria conferir Der Fan!

Aí, no nosso próximo rolê-garimpo (exatamente o mesmo dia em que eu consegui recuperar a VHS Terror nas Trevas através do mesmo Caroccia), paramos num sebo de São Paulo para que ele pudesse me passar o arquivo de Der Fan através do HD externo dele. (Foi no mesmo sebo em que, naquele mesmo dia, comprei os dois primeiros CDs da Lily Allen e também o CD duma banda nacional de hard rock chamada B.I.T.E. - que, muito infelizmente, se demonstrou uma enorme decepção, com fortes semelhanças a Scorpions.) Assim, o enorme arquivo de 7 gigas foi transferido para o meu laptop. Mas, como o meu laptop é um Windows XP pré-histórico, eu já sabia de antemão que não conseguiria rodar um arquivo tão grande em nenhum tipo de player - seja VLC, Windows Media Player ou whatever.

Aí, a seguir, passei semanas diversas procurando um pen drive ideal para armazenar o Der Fan de 7 gigas nele e, assim, assistir o arquivo no meu Blu-ray player, através da entrada USB.

Após não conseguir um Kingston (ou ''Kingstone'' - não sei direito a grafia correto) de 32 gigas por um preço tolerável, acabei optando por um San Disk Cruzer Blade (também não faço a mínima ideia se essas grafias estão corretas - pen drive não é a minha área, e passei anos odiando o ''bicho'', após desenvolver uma estranha fobia com o treco no início de 2017), no tamanho de 16 gigas mesmo.

OK.

Agora era só voltar para casa, superar os meus traumas bizarros com pen drives, e passar o Der Fan do computador pro pen drive. Beleza pura.

Chego em casa e coloco o pen drive no laptop. Copio o arquivo do Der Fan e opto por colá-lo no pen drive. Aí aparece uma mensagem dizendo que a unidade está cheia e não é possível copiar o arquivo. PUTA QUE PARIU, VAI TOMAR NO CU. Não podia acreditar nisso: será que o pen drive estava com defeito? Não fazia sentido dizer que estava cheio, já que não havia absolutamente nada gravado nele, e o pen drive em questão tem 16 gigas.

Mas, daí, passei a fazer vários testes, ao copiar tudo que era tipo de arquivo pro pen drive... E pasmem: tudo dava certo. Só a porra do Der Fan que não era aceito pela porra do pen drive. Fiquei sem entender porra nenhuma.

Assim, passei vários dias e semanas tentando formas diversas de copiar o Der Fan pro pen drive. Retirei o tal do ''read-only'' que veio no arquivo, o mudei de nome vezes diversas, o mudei de pasta vezes diversas, renomeei a pasta em questão vezes diversas...

Não adiantava: nada fazia o pen drive aceitar o arquivo. O que não faz sentido algum, já que qualquer outro arquivo - incluindo outros downloads vindo do Caroccia - eram aceitos tranquilamente pelo pen drive. Por que recusar o Der Fan então?

Aí o Caroccia teve a ideia de tentar copiar o Der Fan do HD externo dele diretamente pro pen drive. Já que deu certo copiando do HD externo pro meu laptop, talvez daria certo dessa forma também, né? Errado: também não funcionou dessa forma. Caralho...

Aí a saída foi começar a fuçar os sebos de São Paulo na esperança de, talvez, encontrar algum DVD gringo do filme. DVD mesmo, já que dificilmente seria possível encontrar algum BD dele.

Isso também não resultou em nada.

Parecia mesmo que eu estava fadado a jamais assistir esse filme, que ele era proibido pra mim ou algo assim.

É, eu já estava quase que totalmente desesperançoso até que, agora em Fevereiro de 2021, após mais de oito meses completos só tomando na rabiola, eis que surgiria uma nova possibilidade de luz no horizonte, graças à dupla formada por Gio ''Sadymasoquista'' Mendes e Leandro Cesar Caraça. Após comentar com o Gio sobre as minhas tentativas fracassadas de ver o filme, o mesmo juntou forças com o Leandro e, juntos, me possibilitaram baixar um Blu-ray rip diferente do filme. O arquivo em questão, dessa vez, veio com 2.1 gigas ao invés dos 7 gigas do rip anterior. Ele foi armazenado pelo Leandro no WeTransfer, e ficou disponível lá durante uma semana.

Claro que, após tanta dor de cabeça e frustrações variadas, já fui fazer o download com um certo pessimismo. Download esse que levou mais de três horas, numa noite que eu tava morrendo de sono e não queria ficar acordado nem a pau. Mas, pelo Der Fan, eu tinha que fazer essa nova tentativa.

Download terminado, é óbvio que eu não conseguiria assisti-lo no meu laptop por problemas já previamente explicados aqui: qualquer filme com 1 giga ou mais de tamanho fica travando nesse PC aqui.

Aí o copiei pro pen drive e, surpreendentemente, ele foi aceito sem problemas! WOW. Aí fui testá-lo no meu BD player, e...

MILAGROSAMENTE DEU CERTO DESSA VEZ. CARALHO, PUTA QUE PARIU, NÃO PUDE ACREDITAR QUE FUNCIONOU.

Inacreditável mesmo. O único porém é que eu tive que tirar o pen drive do BD player e colocá-lo de volta no laptop, para pegar as legendas em inglês pro filme. Mas isso daí foi dois palitos.

Dei um jeito de ficar acordado e, na madrugada do dia 3 de Fevereiro, uma Quarta, finalmente, FINALMENTE assisti Der Fan. Não podia acreditar nos créditos iniciais com o título do filme e os principais nomes da ficha técnica, seguidos pela Simone dizendo ''no letter today''. Parecia um sonho aquilo. A odisseia finalmente chegara ao fim.

Enfim...

Já descrito como ''um dos retratos mais assustadores de obsessão adolescente psicótica já capturados em celuloide'', Der Fan viveu a altura das minhas expectativas e revelou ser uma obra-prima. Merece cotação máxima para mim. A personagem Simone é realmente fascinante, com uma atuação hipnótica de Nosbusch, e o filme te leva por caminhos que vão do amor platônico a situações mais cabulosas... A performance de Nosbusch já foi comparada a de Isabelle Adjani em Possessão, e honra o título Trance - título inicial tanto do Der Fan quanto do The Fan de 1981.

Inclusive, Der Fan é, muito claramente, o verdadeiro precursor de um outro filme alemão aí, de 1991, e também de um certo filme japonês de 1999. Só não vou dizer que filmes são esses para não entregar spoilers. Mas garanto que eles plagiaram descaradamente Der Fan, e até conseguiram um reconhecimento mundial muito maior do que o filme de 1982. (Mesmo porque o filme é, aparentemente, famoso o suficiente na sua terra natal e também no Japão - onde saiu em VHS, Laser Disc, DVD e Blu-ray e, reza a lenda, é o filme favorito do serial-killer local Issei Sagawa.)

Bem, só posso dizer para vocês fugirem dos spoilers e irem assistir essa preciosidade de uma rara beleza ''unHollywood''. E será que Der Fan teve algum tipo de lançamento no Brasil, mesmo que em VHS ''alternativa'' ou mostra obscura de cinema? (Já eu não consegui fugir dos spoilers de maneira alguma. Bem que tentei, mas acabei atingido por eles em cheio durante as minhas buscas pelo filme naqueles oito meses fracassados. Fui assisti-lo sabendo de absolutamente tudo que aconteceria, mas ainda assim fiquei maravilhado do começo ao fim. Diria que foi uma das minhas melhores experiências cinematográficas até hoje.)

OK.

Meus agradecimentos então ao Gabriel Caroccia por me fazer o download inicial do filme, ao Gio Mendes e ao Leandro Cesar Caraça por me fazer o download terminal do filme e também ao camarada que cuidou da operação da CD Point - malfadada graças ao próprio CD Point.

PS: É curioso como os três filmes The Fan (O Fã: Obsessão Cega, de 1981, Der Fan, de 1982, e Estranha Obsessão, de 1996) possuem algum tipo de controvérsia. O de 1981 tem a curiosidade bizarra do protagonista Michael Biehn ter sido obcecado com a Lauren Bacall na vida real - exatamente como acontece no filme. (Aliás, fiz uma micro-postagem sobre isso aqui no 7NEC anos atrás.) O de 1982 foi marcado pela atriz Desiree Nosbusch (que tinha 16 anos durante as filmagens, e aparece completamente pelada no filme durante bastante tempo - já o intérprete do R, o finado Bodo Steiger, tinha o dobro de idade dela na época, 32 anos), que - não sei muito bem do motivo - teve algumas tretas com o diretor Eckhart Schmidt (que, aliás, possui uma filmografia gigantesca no IMDB), e tentou impedir - em vão - que o filme fosse lançado. Já o de 1996 foi dirigido por Tony Scott, que, anos depois, cometeria suicídio. E, por falar nessas tramas de stalkers obsessivos e com tendências psicóticas, também em 1996 surgiu o excelente anime Perfect Blue, que ainda possui influência de giallo.

 




 

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Resgatando um Evento Esquecido e Misteriosamente Apagado das Páginas da Internet: Os Pais do Emocore Mainstream Acidentalmente Nocautearam em Cheio o Batmerda em 2002 (Matéria Completa da NME)


 

 

TITIO MARCIO RESGATA UMA ESTÓRIA ESQUECIDA - DIRETAMENTE DOS PORÕES EMPOEIRADOS DA EMOLÂNDIA

 

''Cerca de 40 milhões de testemunhas assistem Jimmy Eat World apunhalar o Batman.''

 

Estranho perceber que, aparentemente, não existem menções a esse fato no YouTube ou mesmo no Google em geral. Por que será? Será que tentaram abafar a ocorrência, já que foi algo bizarro que poderia, muito bem, esculhambar a imagem do então ainda famoso Val Kilmer? Não que seja humanamente possível queimar mais ainda a imagem de alguém que já interpretou o Homo-Morcego no cinema, mas enfim.


Anyway, eis o fato: em 2002, durante uma apresentação no talk show do Jay Leno, os pais do emocore mainstream, o Jimmy Eat World (ou simplesmente JEW - ''JUDEU'', hahahahahaha), durante uma apresentação no programa, quase mandaram o intérprete do Bruce Lame pro beleléu. Acontece que o Kilmer surgiu do nada, numa tentativa para lá de malfadada de chegar perto da banda - o que resultou numa colisão bastante violenta, com o astro levando uma ''guitarrada'' cabulosa que o nocauteou em cheio. Ainda pior é pensar que isso aconteceu ao vivo na TV americana. Óbvio que, imediatamente, tudo cortou direto pros comerciais.


Como parece não haver registro algum disso online, aqui estou eu resgatando essa história bizarra. E que fique bem claro: nada contra o Val Kilmer em si. O cara até que mandou bem em algumas ocasiões: interpretou o Jim Morrison, o John Holmes também, teve um papel de destaque no maravilhoso Fogo Contra Fogo (um dos melhores filmes policiais já feitos) e ainda apareceu no ótimo Caçadores de Mentes, um dos melhores slashers feitos nesse milênio. (Cujo DVD ainda estou devendo ao Mr. Dado - diga-se de passagem.) É isso mesmo: nada contra a pessoa Val Kilmer. O interessante dessa história toda é o lance simbólico do bagulho: a banda que começou tudo aquilo de febre emo dos anos 2000, acidentalmente debulhando um dos principais intérpretes de um dos personagens mais vergonhosamente patéticos da cultura pop, o playboyzão gay reprimido, que mantém uma relação para lá de suspeita com o seu sidekick Robiba, que usa toda a sua grana e habilidades gerais para lutar pelos fracos e oprimidos - formando, assim, uma das figuras mais absurdamente utópicas e vexatórias do universo da ficção. Olhando por esse lado, é sim algo curioso e interessante.

 

No mais, quero voltar em breve aqui para analisar um certo filme alemão de 1982 (que foi descaradamente plagiado pelo não muito bom Nekromantik 2 e também pelo ridículo Audition - já puramente massacrado por essas páginas), para recordar o segundo e último rolê-garimpo que fiz em Janeiro desse ano (quando eu e o Mr. Dado ''escapulimos'' de sermos assaltados por dois trombadas mal-encarados) e também para relatar a visita que eu e o Dado fizemos hoje a Guarulhos.