segunda-feira, 10 de outubro de 2022

(Especial Mês de Halloween) PARTIAL MASSACRE = SETE ORQUÍDEAS MANCHADAS DE SANGUE (SEVEN BLOOD-STAINED ORCHIDS, 1972), Giallo um Tanto Fuckin' Boring e Certamente Fuckin' Dull, do Picareta Fuckin' Asshole Umberto Lenzi, Que Ainda Conta com um Final Que Só Não É Mais Vergonha Alheia do Que a Galera Que Usa Camiseta do The Hellfire Club


 

 

A notoriedade que Umberto Lenzi (um sujeito que tinha sérios problemas de ilusões de grandeza, e se achava um gênio a la Kubrick ou Hitchcock, mesmo sem nunca ter dirigido uma única obra-prima na carreira) recebeu dentro do giallo (que os noobies dizem ser o pai do slasher, mesmo vindo bem depois de Psicose, de 1960, e O Vingador Invisível, de 1945 - vai entender) pode ter mais a ver com o fato dele pertencer ao grupo de cineastas que fez uma grande quantidade de obras dentro do subgênero, do que com a qualidade frequentemente duvidosa dos seus 10 (!) exemplares do estilo. E só para constar: esse grupo de diretores que se dedicaram um pouco demais ao giallo também inclui Dario Argento, Sergio Martino, Lucio Fulci e, é claro, Bava Pai e Bava Filho. (E, se vocês considerarem aquelas duas variações - ou homenagens - que Aldo Lado fez de Aniversário Macabro como sendo gialli, ''giallish'' ou ''giallescos'', então Lado fez 6 gialli no total e também pode ser incluído nesse grupo de carcamanos que ''giallogaram'' com esse tipo de cinema ''way too many times.'')

O problema é que, de todos esses caras, Lenzi apresentou os piores resultados. Até mesmo Martino, um canastrão por natureza que dirigiu um monte de tranqueira (algumas que até figuram entre os piores filmes da história do cinema, como o já massacrado por aqui Crocodilo: A Fera Assassina e 2019: Após a Queda de Nova York - duas desgraças nível extreme que eu tento esquecer DIARIAMENTE que já assisti) conseguiu realizar uma obra-prima como seu debut no thriller made in Italy, O Estranho Vício da Sra. Wardh.

Mas Lenzi, por sua vez, dentro ou fora do giallo, nunca conseguiu ultrapassar a barreira do ''bem bacana'', mesmo em seus melhores momentos. (Até chegar na sua última película do tipo, A Passageira, revisitado recentemente por esse que vos fala. Inclusive, A Passageira é uma VHS muito caçada - sem nenhum motivo fora o hype de ''fita rara'' - pelos Zé Fitas de plantão. E é  curioso que eu me lembrava daquele filme sendo bem fraquinho, mas, cara, admito sim que me enganei quanto a isso, e o filme não é fraco não. Ele teria que MELHORAR MUITO para ser fraco, isso sim. A Passageira é uma das maiores bobagens já feitas se tratando de variações do giallo, e tem uma cena de luta que figura entre as maiores atrocidades já filmadas desde a invenção da câmera de vídeo. É uma sequência que poderia facilmente levar o ''Troféu Harrishole Ford de Abominação Cinematográfica''. Bem, um dia ainda deverei falar detalhadamente dele em um muito merecido PURE MASSACRE. E não é a toa que, depois d'A Passageira, o Lenzi nem se atreveu mais a pagar de diretor de giallo ou qualquer coisa do naipe.)

Enfim, Sete Orquídeas Manchadas de Sangue foi um dos seus gialli iniciais, feito em 1972, o mesmo ano em que Lenzi também rodou A Lâmina de Aço (cuja VHS da Mac é considerada uma baita raridade, mesmo tendo pelo menos uma meia dúzia de donos - VHS essa que poderá aparecer à venda em um desses leilões mercenários e bloodsuckers net afora, custando algo entre R$ 100 e R$ 1500).

Eis a sinopse de 7 Orquídeas na contracapa de um daqueles DVD-boxes bagunçados da Versátil (que também, ao invés de se concentrar em extras substanciais, ficam atirando uma porrada de desnecessários trailers nas nossas fuças - e, mesmo assim, só recebem comentários e reviews chapa branca em tudo que é canto da internet):

''Um misterioso assassino está matando jovens mulheres com violência, deixando sempre um adorno em formato de meia-lua junto aos cadáveres. Um exemplo clássico de giallo de um importante diretor do gênero.''

Clássico? Hum, não exatamente, para dizer o mínimo. Diretor importante? Em quantidade pode ser, mas qual é o grande giallo do Lenzi? Pois é.

OK, vamos lá.

7 Orquídeas tem sim algumas mortes interessantes, bem filmadas e com uma certa atmosfera. Mas também tem alguns problemas nesses momentos de maior intensidade, principalmente mais pro final - com uma resolução bem embaraçosa, e que, inclusive, é parecida com o ''plot twist'' de OUTRO giallo do próprio Lenzi! ''Umberto Lazy'', hehehe.

A trilha sonora de Riz Ortolani - parte reciclada de outro giallo do Lenzi... - é boa, mas não está tão presente quanto deveria. Dá até para dizer que, nos momentos em que ela surge, ela meio que salva um filme com um ritmo quase morto.

A história poderia ser boa se fosse bem trabalhada, mas os personagens - com atuações apenas toleráveis - são super fuckin' boring, assim como também é a investigação de 7 Orquídeas.

E, mesmo com 1H33Ms, o filme é bem mais longo do que deveria ser. Chega uma hora que não dá mais para aguentar, e a gente já está implorando para que a porra do filme termine logo.

Ou seja, tirando a trilha musical e alguns bons momentos de ataque do maníaco, 7 Orquídeas meio que não tem nada a oferecer, além de queimar bastante o filme em alguns momentos.

OK, acho que é tudo por hoje. Ainda pretendo voltar aqui para analisar TODOS os outros gialli do Lenzi - incluindo até mesmo A Praia do Pesadelo, já resenhado uma vez aqui. E, quando chegar a hora d'A Passageira, tentarei ficar o mais calmo possível para não fazer o PURE MASSACRE mais extremo da história do 7 Noites em Claro, já que aquilo lá é uma aberração sem precedentes na história do cinema mundial - mais uma abominação cinematográfica que terei que batalhar e muito para tentar apagar da minha memória.

sexta-feira, 7 de outubro de 2022

(Especial Mês de Halloween) Uma Deliciosa Descoberta Vinda Diretamente das Profundezas do Inferno: O FILHO DE SATÃ (CLASS REUNION MASSACRE, A.K.A. THE REDEEMER: SON OF SATAN, 1978), Memorável Slasher Misterioso, Ocultista e Surrealista Que Talvez Seja o Mais Bizarro Exemplar do Gênero

 





''Tenho muito medo desse filme. (...) Sempre fico com um estranho mal estar ao ver esse filme, como se ele carregasse algo muito ruim com ele.''

- Marcelo Carrard / Cinema Ferox (o Carrard mandou tão bem ao falar d'O Filho de Satã, que eu nem pegarei pesado com ele por ter colocado - em um vídeo intitulado ''Os Melhores Filmes de Terror de 1978'' - O Olho do Cu de Laura Mars, aquele remake disfarçado e xaropeta de Premonição, escrito pelo suposto mestre John Carpenter e dirigido pelo mesmo Zé Ruela responsável por O Império Corno Ataca)

Escrever posts pode ser tão complicado... Tenho que juntar todas as minhas anotações sobre o filme em questão e, a partir daí, descobrir uma forma de organizá-las na postagem. E eu simplesmente nunca sei como diabos a publicação ficará até o momento em que ela é postada. Na verdade, eu nunca nem sei qual post virá a seguir aqui no blog... (Esse daqui mesmo foi decidido só agora. Acontece que acabei de assisti-lo, e quero que todo mundo tenha contato com esse filme. Seria muito depressivo alguém morrer sem o assistir ao menos uma vez.)

Anyway, muito recentemente eu, finalmente, tirei o atraso e assisti O Filho de Satã (Class Reunion Massacre / The Redeemer: Son of Satan, 1978, de Constantine S. Gochis, que só dirigiu esse filme - Gochis esse que, segundo um relato do ator que faz o personagem título, curtia ''encher o pote'' durante as filmagens), macabro e atmosférico slasher, que de convencional não tem nada. Uma ótima pedida para quem está de saco cheio das fórmulas batidas do subgênero e de franquias babacas e hypadas tipo Pânico (do genial - só que não - Wes Craven), O Filho de Satã não parece um mero filme, e sim um pesadelo disfarçado de cinema. Após assisti-lo, parecia que eu havia acabado de acordar de um pesadelo dos mais cabulosos e enigmáticos. E ainda estou tentando entender o que diabos foi isso.

E sim: já está entre os meus favoritos do estilo, junto do imbatível Acampamento Sinistro original e das partes 1, 2 e 7 (H20) de Halloween. Se você - que estiver lendo isso - é fã de slashers, e ainda não assistiu O Filho de Satã, sugiro correr atrás dele imediatamente. Você poderá até não gostar do filme, mas uma coisa é certa: isso daqui é uma espécie de Céline & Julie ou Comando Out dos slashers: um filme completamente radical, incomum, imprevisível, experimental, enigmático e inclassificável que não se parece em nada com outros exemplares do gênero. OK, sei que existem outros slashers certamente bizarros e fora da curva, como Sledgehammer (do tio Dave), Procura-se uma Babá, Noite das Bruxas Macabra e, se você o considerar slasher, A Morte em Jogo (Skullduggery), um dos filmes mais bizarrões dos anos 80. Mas O Filho de Satã está acima de todos esses no fator WHAT THE FUCK.

A trama pode ser vista como precursora tanto de Massacre no Colégio (Slaughter High - nada a ver com Massacre at Central High, que é anterior e recebeu o mesmo título BR) e Se7en: Os Sete Crimes Capitais. Se trata de seis sujeitos comemorando o décimo aniversário de graduação da hell school mas, daí, sendo caçados por um serial-killer com um visual a la O Ceifador e parecendo o ''masacote'' (como diria o Chaves) dos Misfits. Tal psycho enxerga cada um deles como representante de um dos pecados capitais. Sim, é verdade que, seguindo essa lógica, então faltaria um personagem entre as potenciais vítimas. Mas, assim como o filme como um todo, esse é apenas um dos vários detalhes confusos de sua trama. E acredite: se tratando d'O Filho de Satã, com uma atmosfera a la Sonhos Alucinantes (Let's Scare Jessica to Death) e Fantasma, AKA Noite Macabra (Phantasm), toda essa confusão funciona a favor do seu clima delirante, opressivo e desgraçado.

E, a cada cena em que uma vítima é confrontada, temos uma situação diferente, desnorteando o espectador cada vez mais, mostrando que, além de trazer mortes criativas, o filme também quer te surpreender de outras formas... Até que surge em cena aquele que talvez seja o palhaço mais sinistro e assustador já visto no cinema. Essa cena é simplesmente inacreditável, e a forma como o ataque é filmado me lembrou o Sady Baby invadindo o puteiro munido de uma motosserra em Emoções Sexuais de um Jegue. Ou seja, é de se imaginar se a atriz estava segura durante as filmagens dessa sequência infernal, porque me deu a impressão de que ela estava prestes a se machucar de verdade - se é que isso não ocorreu. Bem, uma coisa é garantida: quem tem fobia de palhaço irá tremer nas bases. Pennywise é o caralho. Isso daqui é a coisa real. (Aliás, O Filho de Satã é mais uma das lacunas do livro Medo de Palhaço...)

Nem sei direito o que mais posso dizer sem entregar spoilers (já que o blog 7 Noites em Claro é radicalmente contra spoilers). Mas posso encerrar o meu texto aqui dizendo que, com um uso provocador de magia negra (ao que indica, parece que, durante as filmagens, o filme foi ficando mais e mais ''satanista'' para tentar lucrar encima do sucesso d'A Profecia), e uma série de mortes não apenas memoráveis mas também sem nenhuma preocupação em seguir qualquer tipo de clichê, O Filho de Satã é o antídoto perfeito para quem não aguenta mais slashers genéricos, previsíveis e sem motivo de existir.

A minha cotação é 5 de 5. Foi uma das minhas grandes descobertas cinematográficas dos últimos tempos. Diria até que o filme é vanguardista e revolucionário e que, após O Filho de Satã, serei mais rígido com os slashers que assistirei. (Portanto, é melhor o Halloween Ends se comportar se não quiser levar PURE MASSACRE up the ass.)

E adoraria saber se o filme recebeu algum tipo de lançamento - oficial ou extra-oficial - no Brasil, fora as exibições no Sistema Bozo de Televisão.

(...)

(Post escrito ao som do disco gravado mas não lançado da Katy Perry, supostamente de 2004. Hail KP da época underground. As informações sobre esse disco são tão misteriosas quanto a trama d'O Filho de Satã, mas o álbum é sim geralmente conhecido como ''(A) Katy Perry''. Título esse que não faz o menor sentido. Afinal, ''A'' poderia indicar algo como o passo inicial, o início de tudo. Mas ela já tinha lançado aquele disco gospel - fraquíssimo por sinal - com o nome Katy Hudson. E o outro motivo por esse título não fazer sentido é que, na época em que ele foi gravado, ela estava usando o nome Katheryn Perry, e ainda não havia oficialmente se lançado como Katy Perry. Enfim, seja como for, adoro esse álbum, um dos meus discos favoritos de todos os tempos, com clássicos absolutos como o hino emo Long Shot, Wish You the Worst e Simple - o '''''hit''''' desse período. E uma curiosidade pouco comentada é que a Breakout da Miley é, na verdade, cover duma demo dessa época da KP, que, de tão obscura, nem está nesse disco - assim como a Speed Dialin' também não está, mesmo sendo dessa época. (Sim, isso pode ser um choque para alguns, mas Breakout não é da Miley, e sim da Katy Perry.) Uma pena que a KP se perdeu assim que virou mainstream. Inclusive, entre absolutamente tudo que ela lançou a partir do One of the Boys, só existe uma única mísera canção que tem a cara dessa época Katheryn Perry, que é a sensacional e sempre negligenciada Self-Inflicted. De resto... É triste pensar que o mainstream destrói tudo. RIP Katheryn Perry.)

PS OFF-TOPIC = Bom saber que o Alex está bem, apesar do furacão scumbag lá. Agradeço ao Dado (AKA Gabriel Caroccia) pela info que não consegui adquirir de outra forma.






sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Revendo ''Paranóia'' (''Disturbia'', 2007), uma Bagunçada Mistura de Suspense ''Neighborsploitation'' e Comédia Romântica a la ''Show de Vizinha'' Que, Claro, Não Funciona em Nenhum dos Dois Gêneros

 

OK, por onde começar a analisar Paranóia (Disturbia, 2007, DJ Caruso), que conferi agora pela segunda vez na vida, após mais de uma década que o vi pela primeira vez...

A trama: três adolescentes - dois caras e uma mina - cismam que seu vizinho é um serial-killer, e resolvem espioná-lo.

Tentarei ser breve, mas sei lá como serão as coisas.

Bem, o filme até tem lá o seu potencial: o protagonista (interpretado pelo Shia LaBeouf, que, assim como o casal central do Crepúsculo, o Harry Potter e o Frodo, também se tornaria um notório ser anti-Hollywood - apesar que o ''Bob'' Pattinson queimou o filme recentemente ao interpretar o Batmané naquele filminho otário) até é OK, e o filme manda bem sim lá no começo: a abertura com o protagonista e o seu pai, e esse mesmo protagonista reagindo ao seu professor fucking asshole na sala de aula.

Mas, de boa, por mais que eu tentei ser justo com Disturbia, novamente ficou comprovado para mim que o amigo oriental do protagonista consegue, sozinho, arruinar o filme inteiro.

Especificamente tem um momento na marca de 1H20 e outro 20 minutos depois que não deixam nenhuma possibilidade de salvação para Disturbia. O desrespeito e o desprezo que o filme possui perante o espectador são simplesmente inacreditáveis.

E os problemas não param por aí.

Mesmo sem saber que o produtor executivo é o $teven Is Pig (o maior câncer do cinema mundial), eu já estava pensando ''cara, isso está $pielbergiano demais''. Afinal, como em outras abominações do tipo Deu a Louca nos Monstros (que, junto d'Os Garotos Perdidos e do remake de Vampyres, fazem Crepúsculo parecer uma obra-prima na comparação), fica muito bem estabelecido em Disturbia quais personagens irão sobreviver e quais podem morrer. Isso daqui não é Friedkin ou Fulci, em que QUALQUER UM poderá bater as botas. Isso daqui é $pielbergiano, ou seja, mentiroso pra caralho e previsível pra caralho.

E, meu, Disturbia é um desastre catastrófico, por mais que David Morse mande bem sim como o vizinho que pode ou não ser um serial-killer. Além de tentar ser suspense, também falha ao imitar Show de Vizinha (The Girl Next Door, com a gostosíssima Elisha Cuthbert), além de trazer umas subtramas até mais cômicas, como as presepadas do amigo japa sem noção e os pirralhos que fazem bullying no protagonista.

E falando nos pirralhos... Aí nós vemos, novamente, como Disturbia é $pielbergiano e fake. Em duas sequências nós assistimos esses pirralhos conferindo um filme ''pornô'', que, na verdade, mais é um vídeo completamente softcore, com umas mulheres seminuas. É a mesma vibe poser que nós temos em Lenda Urbana 3: A Vingança de Mary (da cineasta one-hit wonder Mary ''Pet Sematary'' Lambert - que deverá receber umas postagens próprias por aqui), com uma cena muito parecida, de um Zé Ruela enchendo a cara enquanto também assiste um pseudo-pornô que, na real, é mais um videozinho totalmente soft. Ou seja, nem Caruso e nem Lambert tiveram coragem de fazer como em Amoklauf, sensacional filme de serial-killer dirigido por Uwe Boll, que mostra o protagonista psycho assistindo um pornô real e completamente hardcore. É isso aí: o cinema de verdade não engana e nem maquia a realidade. Hail tio Uwe. Foda-se o $pielberg e as obras $pielbergianas em geral.

AVISO: DIGRESSÕES A SEGUIR

No mais, a única coisa que curti mesmo foi a inclusão da canção Next 2 You, do Buckcherry, na trilha sonora, por mais que ela seja interrompida no filme de maneira xarope. Inclusive, eu provavelmente não deveria falar isso, mas whatever, vamos lá: na época em que eu ainda bebia e me drogava e ainda era apaixonado pela russa lá, eu costumava ouvir essa canção no repeat pensando nela - e fantasiando com aquele sonho impossível de se concretizar. Pois é. É o que acontece quando você adere ao álcool e ''companhia'': você perde a noção e o bom senso, e se entrega a atitudes irracionais. É por essas e outras que nunca tive uma recaída, e permanecerei sóbrio até a morte. (No mais, eu espero sim que ela esteja bem, por mais que o país dela esteja numa situação cabulosa e horrível. Bem ou mal, nonsense ou não, ela foi sim a garota que mais amei na vida. E ela foi muito mais difícil de superar do que as já citadas substâncias.)

ENFIM.

O único efeito que Disturbia me causou foi que, após assisti-lo, eu voltei a ouvir Buckcherry direto. Não fazia isso desde que fiquei sóbrio, em Novembro de 2017. Buckcherry provavelmente é, entre as bandas americanas de rock que atingiram o mainstream, a mais explicitamente pró-álcool e pró-drogas de todas. Portanto, eu me identificava demais com esse estilo hedonista e niilista deles na minha época de goró constante. Mas os larguei assim que fiquei ''clean'', já que achei que não teria mais como me identificar com eles.

Mas é estranho: mesmo estando sóbrio faz quase 5 anos, voltei a ouvir Buckcherry e curtir demais a experiência. E até venho reparando algo que, muito curiosamente, nunca havia notado antes: Buckcherry é sim uma das minhas bandas favoritas. A já citada Next 2 You, a maravilhosa Whiskey in the Morning (regravada pelo Anal Cunt - WTF), a sensacional Too Drunk to Fuck (que acho muito mais legal do que a homônima do Dead Kennedys), Riding, Broken Glass, o hit Lit Up, Say Fuck It (muito superior a versão original) e tantos outros clássicos...

Buckcherry ruleia.




quarta-feira, 21 de setembro de 2022

(7 Anos de 7 Noites em Claro) Titio Marcio Levanta do Túmulo para Analisar ''Verão de 84'' / ''Verão do '84'' (''Summer of '84'', 2018), um Filhote Canadense de ''Stranger Fags'' e ''It Sucks 2017'' Que Consegue Ser Muito Mais Digno do Que Aquelas Duas Porcarias Americanas




 

 

Sempre vi o tal Summer of '84 ser comparado com atrocidades $pielbergianas do tipo Os Goonies (aquele filmeco imbecil dos anos 80 que mostra, durante duas longas horas, um bando de crianças chatas e histéricas falando ao mesmo tempo, enquanto enfrentam vilões totalmente caricatos), Scumbagger Things (que consegue ser um treco mais hypado e inútil do que o histórico da rainha da Inglaterra) e It Sucks 2017 (cujo diretor já deveria ter sido proibido eternamente de seguir fazendo filmes graças ao seu trabalho anterior, o indescritivelmente péssimo Mama - que, milagrosamente, consegue ser mais deprimente do que a canção homônima da ex-banda Bi Chemical Romance, morta em definitivo no longínquo ano de 2010). Portanto, sempre fiquei, naturalmente, com o pé atrás.

Mas eis que agora, com quase cinco anos de atraso, acabei conferindo essa simpática produção independente canadense no Prime, que fez o desserviço de disponibilizá-la em cópia somente dublada. Na thumb o título aparece em espanhol, ''Verano del 84''. Ao dar play, na tela da plataforma aparece escrito ''Verão do '84''. Aí, no final, quando surge o nome do filme na tela, o logo aparece em português mesmo: ''Verão de 84''. Coisas da Amazon Prime...

A trama segue a linha dos também recentes e competentes O Vizinho (The Neighbor - thriller agradável mais voltado a ação, da mesma turminha dos dois O Colecionador de Corpos) e O Bom Vizinho (The Good Neighbor - suspense sensacional com uma atuação fantástica do grande James Caan), além de ter semelhanças no plot com o absolutamente ridículo Paranoia (Disturbia), um raro caso de filme lançado no Brasil no obsoleto formato HD DVD: um quarteto de adolescentes cisma que seu vizinho gambé é, na verdade, um serial-killer que está assassinando teenagers numa cidadezinha americana. (Sim, apesar da produção ser canadense, a trama é ambientada nos EUA. Esse é um dos problemas do filme, que mostraria uma personalidade maior se realmente se assumisse como um produto made in Canada, ao invés de tentar se passar por uma produção americana. Outro probleminha é ver um ou outro jumpscare bem barato surgir em cena.)

OK, você talvez esteja querendo saber no que Summer of '84 é superior a It's Tranny Things e as duas horrendas partes do remake de It (cujo original já não era grande coisa também, é claro). Pois bem, vamos por partes então, igual diria o arrombado do Jack the Ripper.

Por não ser uma produção americana, Summer of '84 tem uma vibe meio desajustada, um clima um pouco depressivo, com alguns momentos perigosos e ''creepy'' (ao contrário da constante sensação ''clean'' de segurança que nós temos em Coisas Mais Escrotas e na refilmagem de It), que - em maior ou menor escala - o aproxima de notórios filmes anti-Stranger Things, como o cabuloso Os Garotos nas Árvores, AKA A Noite dos Mortos (Boys in the Trees - produção australiana já comentada por aqui) e o sociopata Found (que ainda deu origem ao slasher gorezento Headless). E particularmente achei o final de Summer of '84 bem badass e satisfatório, até me lembrando bastante um certo filme muito interessante do Van Damme da segunda metade dos anos 90...

Outro motivo latente é o quarteto de protagonistas que, apesar de curtir lixos indefensáveis do tipo Steven Is Pig, Gremlins e Starless Whores (tem que dar um desconto já que eles são adolescentes menores de idade - o complicado mesmo é ver gente adulta venerando essas desgraças), forma sim um grupo carismático, que faz com que a gente se importe com eles. Ao contrário de Escroto Things e It remake, que possuem seres absolutamente intragáveis, como Mike e Will em (D) STs, e Eddie e Richie no filmeco do Pennywise - sendo que, inclusive, o Richie do It remake é interpretado pelo mesmo pirralho insuportável que faz o Mike em Stupid Things.

E existem outros detalhes também que revelam a superioridade de Summer of '84 a dupla de lixos americanos... Mas, aí, eu estaria entregando spoilers. Então prefiro calar a boca nessa questão.

No mais, Summer of '84 foi uma grata surpresa: personagens bacanas como um todo (sem nenhum mala), trama maneira, investigação empolgante, ritmo dinâmico e final foda. Consegue ser nostálgico, mas, ao mesmo tempo, ter bom senso e não ser idiota. De 0 a 5 estrelas, ficaria na dúvida entre 3.5 e 4. Bem recomendado então.

E a frase de cartaz também é sensacional:

''TODO SERIAL-KILLER É VIZINHO DE ALGUÉM.''

PS: Tem um detalhe que entregou na hora que o filme é canadense. Os quatro moleques, no QG deles, tem um poster da lendária banda canadense D.O.A., uma das precursoras do punk hardcore. Na sua formação, o grupo tinha o finado Randy Rampage, que depois se tornaria o vocalista mais clássico de todos que já passaram pelo Annihilator, a mais cultuada das bandas canadenses de metal. Ou seja, o cara foi uma espécie de Ross the Boss do Canadá: da mesma forma que Ross fez história no punk rock americano (com os Dictators) e também no metal americano (com o Manowar - olha eu falando deles de novo...), o Rampage também cravou seu nome na história do punk e do metal.

PS OFF-TOPIC: RIP Jean-Luc Godard e Henry Silva. Foda-se a rainha da Inglaterra.

 


 

sexta-feira, 24 de junho de 2022

A GENTE CONHECE MANOWAR! (Inusitado Evento com Covers de Padre Judas, Mano de Guerra e Coveiro - e Curiosas Participações Especiais na Plateia)

 


... chegando lá, não demorou muito para que tivesse início a apresentação do Hangman, cover de Grave Digger. Digger é uma banda tão arrombada que os cornos fizeram, lá em 1996, um disco conceitual sobre as presepadas cometidas por William Wallass, retratado por Mel Cabaçon no filmeco Cuzão Valentão (Bullshit Heart). Aí você vê como os caras são levianos pra caralho: fizeram um resumo histórico caricatural a la Donzela Ferrada, tendo como base uma biografia que, de biográfica, é tão relevante quanto o The Dirt da Netfux ou o Bohemian Rhapsody com o Mr. Robot lá interpretando a bichona doida do Queen: ou seja, de biográfico não tem porra nenhuma.

Portanto, como não possuo um grande conhecimento de Grave Digger (ainda bem), não saberia direito dizer o setlist, exceto que tocaram algumas pataquadas desse já mencionado LP conceitual (como a balada xaropeta Ballad of Mary, a bobalhona Dark of the Sun, com um refrão claramente sem inspiração, e o '''''hit''''' Rebellion: The Clans Are Flopping, com um dos clipes mais débeis e hilários de todos os tempos), e também Heavy Metal Breakdown, Excalibur e The Round Table (Forever). Essas são as canções que reconheci. De resto, não faço a menor remota ideia do que tocaram.

No lado positivo (para quem curte isso daí), o vocal desse Hangman soa igualzinho o Chris Boltendahl. E, no lado curioso, três dos cinco integrantes desse Hangman também tocam no Metal Invaders, um cover muito competente de Helloween.

Enfim, lá pelas primeiras músicas, enquanto o seu humilde narrador sofria para aguentar essas canções clichês com letras zorra total, eis que acontece um completo imprevisto: o Alex Gouveia (Relíquias do Terror: VHS) aparece por lá!!! Foi muito da hora e imprevisível ele ter surgido lá para me salvar das xaropices medievais do Grave Digger, e, daí, nós saímos de perto do palco para ir lá pra casa do caralho, pra entrada do Fofinho, e poder conversar de boa, longe da sonoridade questionável desse show.

Aí, após rirmos para não chorar com algumas histórias bizarras dos BBBs VHS e Bandana, um casal mucho loco de tiozões passa do nosso lado falando algo do tipo ''não briguem, não discutam'', o que não faz sentido nenhum, já que a gente tava conversando de boa, e eu simplesmente estava dizendo que o primeiro disco do Dream Theater (com o vocalista original, antes do James LaBitch entrar na banda) talvez até seja mais ou menos escutável, já que tinha uma influência mais evidente do Queensryche.

Anyway, quando a apresentação do Kings of Steel, o cover de Manowar (que teve dois integrantes que, pasmem, acabaram indo pro Manowar real!), foi se aproximando, eu e o Alex aproveitamos para chegar perto do palco.

E aí tivemos uma surpresa: reparamos que o Ivanildo, ou simplesmente Nildo, o lendário criador do meme ''VOCÊ NÃO CONHECE MANOWAR'', estava lá na frente do palco! A princípio, ele estava interagindo com a mina que era, simplesmente, a mais gostosa presente naquele dia. O Alex até observou bem: ''Se esse cara estiver pegando essa mina, eu quero morrer.'' Mas, algum tempo depois, ele começou a pegar uma outra mina (!) e, assim, parou de interagir - até onde eu sei - com a mais gostosa de todas lá. Ou seja: graças ao vídeo do Regis Tadeu (vídeo esse que recebeu um react - de um canal chamado Tiago Carvalho - tão icônico e engraçado quanto), o Nildo ali deve ter pegado mulher pra caralho durante todos esses anos... (Aliás, acho chocante pra caralho ver mulher fã de Manowar. O Regis até foi super bonzinho e educado quando chamou Manowar de banda ''machista'' naquele vídeo. Manowar é muito mais do que machista ou sexista. Em certos casos, Manowar é uma banda EXTREMAMENTE misógina, que até possui algumas letras fazendo apologia ao estupro, como em Defender e também Hail and Kill. Ou seja, mulher que curte Manowar consegue ser uma anomalia muito, muito maior do que homem que curte Avril Lavigne, uma artista assumidamente feminazi.)

E eis que, após algumas faixas do setlist, em meados da Kill with Power, o Alex comentou que precisava ir embora. Nos despedimos, mas combinamos de nos reencontrar alguns dias depois, para fazermos um garimpo colecionista pelo centro de SP.

Pouco depois disso, alguns presentes se empolgaram com a presença do Nildo e, em um intervalo do show, saíram gritando ''AÊ REGIS, VAI TOMAR NO CU. AÊ REGIS, VAI TOMAR NO CU.'' :)

Outro coro que mandaram foi ''Shell Shock! Shell Shock!''. Só que, muito infelizmente, não tocaram essa que é a melhor canção do Manowar nessa pegada ''(Viet)Nam Metal''; sendo que, futuramente, eles fariam aquela Violence and Bloodshed retardada, cuja letra reaça - fazendo apologia a uma nova Guerra do Vietnã - contradiz completamente o tom de crítica à Guerra do Vietnã em Shell Shock. Ou seja: seria Joey de Meia um sujeito bipolar?

Por falar nisso de canções que não rolaram, o setlist foi, para mim, um tanto frustrante, já que não tocaram nenhuma das minhas três favoritas do Manowar: March for Revenge (By the Soldiers of Death), Thor (The Powerhead) e The Oath. Aliás, chega a ser uma afronta tocarem aquela chatice do caralho chamada Kingdom Come, mas não tocarem a maravilhosa Thor.

Anyway, para quem se interessar, Titio Marcio anotou o setlist dos caras:

Army of Immortals
Battle Hymn
Black Wind, Fire and Steel (essa fechou o show, com eles fazendo um remake daquele fim de apresentação do Monsters of Rock de 1998, inclusive com o baixista arrebentando as cordas do baixo a la Joey de Mala)
Blood of My Enemies
Call to Arms (essa não entraria no meu setlist nem a pau)
Die for Metal (também não entraria)
Hail and Kill
House of Death (também jamais entraria no meu setlist)
Kingdom Come (ô treco chato do caray, que consegue ser um porre maior do que a banda homônima dos anos 80)
Kings of Metal
Manowar
Metal Daze
Sign of the Hammer
Warriors of the World United (também não entraria no meu setlist - aliás, precisava tocar QUATRO fucking músicas dos anos 2000, PQP???)

OK, vamos agora para o último show da noite, com o Priest Live, cover de Judas Priest que já recebeu um review aqui no blog dois meses atrás.

Antes do show começar, perguntei pro guitarrista se seria possível tocar The Sentinel, a minha canção favorita do Judas Priest desde os anos 90. Ele responde com ''está no set - se der tempo, a gente toca ela''.

Aí vai o spoiler: não tocaram The Sentinel porra nenhuma.

E, no fim da apresentação, porém antes do bis com Turbo Lover (chega a ser uma afronta tocarem TURBO LOVER e não tocarem The Sentinel), um bebum subiu no palco, pisou em cima do setlist e, acidentalmente, fez o papel com o set impresso voar pra pista. Aí o peguei e constatei que o guitarrista me trollou e mentiu para mim: The Sentinel N-Ã-O estava no setlist, como vocês podem ver na imagem abaixo. (E só faltava essa também: eu agora virei um colecionador acidental de setlists...)

E, para piorar, as minhas outras duas favoritas, Tyrant e Night Crawler, também não foram tocadas. É bem humilhante tocarem coisa de disco recente (Halls of Valhalla, cujo início até parece uma versão esculhambada e mal tocada da The Sentinel), mas não tocarem clássicos absolutos como Tyrant ou Night Crawler - ou Screaming for Vengeance.

E, para frustrar mais ainda, o setlist foi quase igual o de dois meses atrás, já comentado aqui no 7NEC.

Se bem que, pelo menos, tocaram as sensacionais Hell Patrol e Beyond the Realms of Death. Pelo menos isso.

É isso por enquanto. E, em um post futuro, comentarei em detalhes o rolê-garimpo da última Terça, também em parceria com o Alex. (Post escrito ao som de Sinergy e Stage Dolls, as minhas duas bandas favoritas da Escandinávia. Aliás, adianto que estou preparando aqui um post para relembrar a única vez na vida em que trombei um item original do Stage Dolls, lá no longínquo ano de 2003, literalmente apenas algumas semanas após eu ter tido o meu primeiro contato com o grupo através da canção-título do debut Soldier's Gun - disco esse que é uma das coisas mais maravilhosas da história da humanidade.)






sexta-feira, 10 de junho de 2022

DELITTO IN VIA TEULADA, A.K.A. GIALLO A STRISCE (1979 / 1980): Um Giallo Delicioso e Extremamente Obscuro Dirigido por Aldo Lado - Tão Obscuro Que Nem Consta na Relação Giallo da Cine Monstro







 

 

Este post servirá como uma espécie de antídoto para a dobradinha maldita composta pelos horrorosos Crocodilo: A Fera Assassina e O Maníaco do Parque, devidamente massacrados ao extremo na publicação anterior deste blog.

Após realizar o maravilhoso A Breve Noite das Bonecas de Vidro (1971, o meu giallo favorito de todos os tempos, que, inclusive, já foi resenhado aqui no 7NEC; não deixarei porra nenhuma de link - os devidos interessados que usem a barra de busca ali encima para procurar essa postagem de, acredito, 2019), o extremamente frustrante Quem a Viu Morrer? (1972, estrelado pelo otário canastrão do George ''000'' Lazenby e contando na trilha sonora com uma das piores composições do nem sempre genial Ennio Morricone) e muito antes do ainda muito pior Círculo do Medo (1992, um vergonhoso mix de giallo, trama de mafiosos e thriller erótico), Aldo Lado realizou essa curiosa produção Delitto in Via Teulada. (Além desses 4 gialli, Lado fez também duas variações - ou remakes disfarçados - do clássico Aniversário Macabro; que, aliás, já era um remake por conta própria. São eles: o sensacional Assassinatos no Expresso da Meia-Noite, de 1975, e o muito bacana A Noite do Desespero, de 1993. São dois filmes que, erroneamente, até chegam a figurar em algumas listas giallo, como na da Cine Monstro. Porém, o primeiro não tem nada de giallo e, o segundo, apesar duma introdução totalmente nessa linha, e duma certa atmosfera slasher em alguns momentos, também vai para uma outra vibe. Portanto, essa dobradinha aí não merece ser classificada como giallo ou giallesco.)

''Curiosa por quê, tio Marcio?''

Por uma série de motivos.

A principal é o formato incomum de Delitto in Via Teulada. A produção televisiva foi originalmente exibida em 1979 em 15 partes de 5 minutos cada, para, no ano seguinte, ser condensada em um telefilme de 1H03, eliminando algumas coisinhas, entre elas dois assassinatos que contradiziam a revelação WTF final. A versão original em partes-tiras-listras foi intitulada Giallo a Strisce. Já o telefilme de 1980 se chamou Delitto in Via Teulada.

Outro detalhe curioso é a utilização em Delitto da trilha sonora composta por Fabio Frizzi para o clássico Pavor na Cidade dos Zumbis, do mesmo ano. Mas tem um porém: Delitto foi lançado meio ano antes. Curioso, não?

A trama de Delitto, ambientada nos estúdios da RAI,  envolve um filme dentro do filme, no caso um giallo dentro de outro giallo (e é engraçado que o ator que faz o diretor giallo da trama se chama PAOLO BARONI - quase o mesmo nome do carismático trutão do nosso ranzinza favorito Regis Tadeu, o Paulo Baron). Na verdade, existe todo um tsunami de produções e atividades acontecendo ao mesmo tempo dentro da RAI, e, entre esses acontecimentos todos, um assassino misterioso inicia suas estripulias, entre elas um assassinato e outro aqui e ali.

E devo dizer que, apesar de alguns ataques infelizmente meio mal coreografados, Lado consegue sim criar excelentes e atmosféricas situações de suspense e tensão (um dos destaques supremos é uma memorável sequência de stalking que dura dos 21 aos 28 minutos do filme), na linha de algumas das melhores coisas já feitas por Dario Argento em sua época áurea.

Ahh, e, por falar em Argento, é interessante notar os incautos gerais surpresos com o fato de que Black Glasses, o retorno de Argento ao cinema (após o catastrófico Drácula), é um giallo com uma protagonista cega. Bem, eis que Delitto já era um giallo com protagonista cega mais de QUATRO DÉCADAS antes do filme novo do Argento.

A protagonista cega de Delitto é vivida por Auretta Gay (ou Auretta Gai, como é creditada aqui), mais lembrada pelo Zombie (ou Zumbi 2): A Volta dos Mortos, do mestre Lucio Fulci. (Aliás, reza a lenda que ela teria desistido da carreira de atriz por ter sido humilhada por Fulci durante as filmagens daquele clássico de zumbis...)

Enfim, com ângulos e tomadas bem interessantes, confundindo realidade e ficção, um clima geral de mistério muito eficiente, algumas mortes cabulosas, um dinamismo incrível, um suspense muito bem construído e um plot twist bem absurdo, Delitto in Via Teulada (ou Giallo a Strisce) é uma ótima pedida para os doentes completistas do fascinante universo giallo. Parece mesmo jamais ter sido exibido fora da Itália, e bem que poderia ser descoberto por uma Arrow da vida, e lançado de forma luxuosa em Blu-ray ou pelo menos em DVD. Enquanto isso não acontece, saiba que o filme está disponível no YouTube: já o tinha conferido tempos atrás com o áudio todo esculhambado (desaparecendo de tempos em tempos) e sem nenhum tipo de legenda; mas, agora, o filme já está disponível com o áudio OK e legendas em inglês. Uma boiada e tanto para os entusiastas dos filmes de matança.

PS: Apesar de continuar meio doente, talvez eu vá essa noite em um evento emo com covers de Avril, MCR e Blink. Já vi esse Blink Cover uma vez, e eles só tocaram uma mísera canção da época do line-up original, que foi Dammit - é, pelo menos, optaram pela melhor música ever do Blink. Já o MCR Cover já está me dando nos nervos porque, que a verdade seja dita, eles odeiam o Bullets e raramente tocam algo daquele álbum - a única obra-prima do MCR, e o único disco da banda sem nenhuma faixa ruim (já que o The Black Parade possui três canções ruins e o Revenge possui quatro). Chega a ser ofensivo ver esses caras tocar coisa do Danger Days em TODOS os shows, além das xaropices The Ghost of You e Mama em TODOS os shows também. Isso é tipo um cover de Iron Maiden que toca coisa do Blaze em todos os shows, e também toca Wasting Love e Blood Brothers em todos os shows, mas se recusa a tocar coisa da fase Paul Di'Anno. Já perdi as esperanças com esse cover de MCR e nem peço mais coisa do Bullets para eles (dos quatro shows que vi, tocaram uma só - Vampires Will Never Hurt You - em um show apenas), já que, com eu pedindo, talvez até seja mais difícil deles tocarem alguma do grande álbum do MCR. Já sobre esse cover de Avril... Será o primeiro show ever desse cover específico, e estou curioso com o setlist. No passado assisti um show de um outro cover de Avril, e o setlist foi bem fraco. Se bem que, convenhamos, tem certos bê-á-bás da Avril que são muito mais agradáveis do que certas obviedades do MCR e Blink, e outra: as principais baladas da Avril simplesmente DESTROEM as baladas do MCR e do Blink. Chega a ser ridículo comparar obras-primas como Nobody's Home (uma das canções mais perfeitas de todos os tempos), Fall to Pieces e Innocence com xaropices do tipo The Ghost of You (eu queria tanto NUNCA mais ouvir isso na minha vida - sempre odiei essa música e o clipe dela também) e aquelas baladinhas horrorosas do Blink do quarto disco adiante. (Ahh, e, sobre Mama do MCR, seria lindo demais se o MCR Cover anunciasse essa porra e a discotecagem entrasse com Mama das Spice Girls num volume absurdo, hahahaha. Ou ainda mais apropriado: se o DJ mandasse no lugar Mama do Flyleaf, que, inclusive, também é uma banda de fake emo - ou fake screamo - dos anos 2000 que chegou ao mainstream na época. Aliás, Flyleaf é a única banda cristã badass que já existiu até hoje. Flyleaf é tão legal, tanto com a Lacey quanto com a Kristen, que eu até costumo esquecer que é uma banda cristã.)

segunda-feira, 6 de junho de 2022

PURE DOUBLE MASSACRE = CROCODILO: A FERA ASSASSINA (de Sergio Martino) e O MANÍACO DO PARQUE (de Alex Prado), Duas Trasheiras Desgraçadas e Imbecis Que Figuram Entre os Piores Filmes Já Feitos






 

 

CROCODILO: A FERA ASSASSINA (1979)

Trama: Zé Bucetas acidentalmente desrespeitam tribo indígena (possíveis desertores d'A Montanha dos Canibais, outra trasheira feita pelo mesmo paspalho que dirigiu isso daqui) e, assim, causam a ira do personagem título, que não irá sossegar até despachar todo o elenco de canastrões deste que é uma das piores atrocidades já cometidas desde que o cinema foi inventado no final dos anos 1800.

Como bem disse o poeta:

''Sergio Martino não dirige filmes. Ele os comete.''

Caralho, puta que pariu, nem faço ideia de como ou por onde começar o massacre dessa ABOMINAÇÃO aqui, cuja VHS local (uma parceria entre a Poletel, a VideoCast, a Vídeo Mídia e o Diabo) a galera do Big VHS Brother Brasil caça incansavelmente sem nem saber o motivo - o que não é nada surpreendente, já que esse meio está longe de ser minimamente racional. VHS essa que pelo menos dois seres possuem, sendo um do Rio de Janeiro e um de São Paulo. A fita no Rio está com a capa-estojo de papelão recortada, enquanto a de SP está com a capa intacta, e até a cheguei a ter nas mãos em 2015, antes do seu vendedor tentar me ''estrupar''. Sim, esse vendedor é um sujeito tão deplorável quanto a qualidade cinematográfica de Crocodilo: A Fera Assassina.

''Croc'' é um filme tão ridículo, mas tão ridículo que consegue ser muito mais Spielbergiano do que o próprio Tubarão, sua fonte de inspiração. (É, como Sergio Martino é um ''talentless hack'' nato, a saída é tentar pegar carona na onda giallo de Bava e Argento, tentar surfar na onda canibal de Lenzi e Deodato, ou então tentar emular o estilo dos sucessos mainstream de fora da Itália, como o Tubarão do Steven Is Pig ou a onda post nuke de Mad Max - sendo que, nessa última pegada, Martino fez aquele que, muito provavelmente, é o P-I-O-R exemplar do gênero, a desgraça inominável 2019: Após a Queda de Nova York, um lixo absoluto que me deixará traumatizado até o dia da minha morte.)

''Croc'' é mais Spielbergiano do que o próprio Tubarão por alguns motivos. Acima de tudo, Tubarão é bom justamente por não parecer filme do Spielberg. Foi feito dois anos antes do judeu escroto virar um dos sujeitos mais detestáveis de todos os tempos, com o indefensável Contatos Retardados do Terceiro Reich, uma das maiores aberrações já cuspidas por alguém na história da Sétima Arte mundial. Mas Tubarão possui um ritmo dinâmico, uma boa tensão e até mesmo um certo sadismo. É o único filme desse sujeito que realmente gosto.

Já ''Croc'' é mega-infantil, demasiadamente previsível (nós sabemos de cara quais personagens poderão morrer e quais não irão morrer nem a pau - uma característica puramente Spielbergiana, e um dos grandes motivos de eu odiar tanto aquele otário de Hollywood), chato pra caralho, recheado de atuações canastronas (apesar de alguns nomes de peso no elenco: Bobby Rhodes, Mel Ferrer, Richard Johnson e Claudio Cassinelli - que, anos depois, morreria durante as filmagens de outro lixo nuclear do Martino; é, o cinema do Martino é tão ruim que pode até te matar!), aparições fuckin' boring e inofensivas do bichão Zé Mané, uns batuques insuportáveis na sua trilha sonora pavorosa, roteiro débil e cheio de problemas (que contou com a colaboração do canastrão em todos os quesitos Luigi Montefiore, AKA George ''Antropophagus'' Eastman, e também de Ernesto Gastaldi, que já havia feito o também retardado e vexaminoso roteiro do problemático A Cauda do Escorpião - outra VHS que os Zé Fitas locais caçam alucinadamente sem dar a mínima pro seu conteúdo esculhambado em si) e diversos outros problemas. São tantos equívocos, aliás, que nem sei direito como organizar os meus malhos nessa afronta fílmica.

E sem contar que Martino é um cidadão sem carisma nenhum. Pelo menos o David Prior e o Bruno Mattei fazem tralhas divertidas, engraçadas e simpáticas. Já as tranqueiras do Martino não possuem graça nenhuma. Esse ''camarada'' fez uma única obra-prima na carreira, O Estranho Vício da Sra. Wardh, mas, com a exceção daquele clássico giallo, só realizou filmes que variam entre o apenas OK e o absolutamente péssimo.

Sem contar também as musas do cidadão, PQP, que já entregam de cara que seus filmes provavelmente chuparão muitas bolas e serão uma furada das grandes. Por exemplo, Barbara Bach (a estrela desse troço aqui) e Edwige Fenech, duas mulheres absolutamente desprovidas de talento que só subiram na carreira porque...

1) Eram gostosas pra caralho.

2) Sabiam explorar esse sex appeal delas.

3) Traçaram os caras certos para subir no topo. Uma se casou com um Beatle e, a outra, com o irmão do Martino, que produzia essas tranqueiras dirigidas pelo maninho incompetente.

Bem, o que mais dizer aqui...

Tentarei ser um pouco cronológico agora ao tecer alguns pitacos sobre os acontecimentos do filme, porém sem entregar spoilers - se bem que talvez não seria mesmo possível dar spoiler de um filme em que nada acontece.

O primeiríssimo ataque do ''Croc'' (após o que mais parece uma eternidade de acontecimentos whatever, incluindo os péssimos diálogos nonsense que permeiam a porra do filme inteiro) é simplesmente uma enorme piada, que só não é mais sem noção do que a vez que o Martino tentou fazer uma versão giallo d'O Bebê de Rosemary em Todos os Crimes do Canastrão, digo, Todas as Cores da Escuridão, seu mais problemático giallo dos anos 70 (mas é claro que Martino faria gialli ainda mais problemáticos nas décadas de 80, 90 e 2000!!!). Pior do que o Martino só mesmo o Martino!

Aí, mais adiante, teremos referências bem nonsense a O Homem de Palha, e também a presença duma criança chata pra caralho - curiosamente, a mesma menininha d'A Casa do Cemitério, que, ao contrário daqui, até estava suportável naquele filme.

E, lá pro final, o filme tenta, desesperadamente, criar tensão. Mas o roteiro retardado, a falta de paciência do público a essa altura do campeonato e a previsibilidade geral colocam tudo a perder. (Novamente, nós sabemos muito bem que o Steven Is Pig carcamano aqui não terá coragem de matar certos personagens da trama. Então é inútil tentar criar situações de suposto perigo com elas. É por isso que eu venero caras como Fulci e Friedkin: entre outros motivos, é um tipo de cinema sem regras, em que nenhum personagem está a salvo e todo mundo pode tomar no cu e reservar um lugar no colo do Capeta.)

Crocodilo: A Fera Assassina, um treco insuportável e sem nenhum valor artístico ou mesmo curiosidade. Fuck this movie.

(...)

O MANÍACO DO PARQUE (2002-2009)

Trama: Francisco de Assis Pereira, o Maníaco do Parque, após uma juventude de traumas e o escambau, decide descontar a raiva matando e estuprando mulheres que não tiveram nada a ver com suas infelicidades do passado.

Lá vamos nós de novo...

Tem um trecho da minha entrevista em vídeo ao Fora de Sintonia em que coloquei o cineasta Rubens da Silva Prado (AKA Alex Prado) entre os grandes deuses do formato VHS. OK, até faz sentido, mas, PQP, após conferir O Maníaco do Parque, será difícil voltar a pensar em Prado de maneira minimamente positiva. Em outras palavras, esse desperdício de filmagem aqui conseguiu, sozinho, retirar o nome de Prado daquela relação.

Novamente, por onde começar o massacre...

Sempre ouvi falar que O Maníaco do Parque era um filme ruim, mas nada poderia me preparar para o nível de ruindade da bagaça. Para início de conversa, se trata de um filme cristonto (!) que, praticamente, apesar da forçação de barra voice over do final, diz que o biografado ficou perturbado por causa da juventude fodida (como se isso fosse justificável - se fosse assim, eu também teria virado serial-killer) e, também, por causa de possessão demoníaca. Sim, isso mesmo. Durante diversos momentos, temos o Cão aparecendo em cena, como se estivesse possuindo nosso estimado Chicão, uma ''pobre vítima da sociedade''. Caralho, que lixo de filme... E absolutamente nada poderá te preparar para a ruindade da cena do exorcismo...

E sem falar que o treco é repetitivo e cansativo pra cacete, com uma longa sucessão de cenas de estupro (sendo que tem até um outro estuprador à solta, levando as vítimas pro mesmo parque), de assassinato e de necrofilia - tudo porcamente filmado.

OK, Experiências Sexuais de um Cavalo, do mesmo diretor, com o índio rédibenga lá (Kamoa, '''''interpretado''''' pelo próprio Prado) estuprando e matando tudo que for encontrando (há, pareceu letra de música dos Zumbis do Espaço agora), também era extremamente repetitivo. Mas, pelo menos, tinha toda uma pegada WTF, um gore inconsequente, o sexo explícito repelente, algo de zoofilia e, lá pro final, um curioso plot twist, além da participação no fim do sempre carismático Renalto Alves (parceiro habitual de Sady Baby e de Prado).

Mas O Maníaco do Parque é simplesmente repetitivo sem nenhuma compensação ao espectador. Honestamente é melhor assistir Coca: O Preço de uma Vida duas vezes ou Experiências Sexuais de um Cavalo dez vezes do que conferir O Maníaco do Parque uma única vez.

Inconsequente, imoral e irresponsável (mas não de maneiras que tragam algum valor transgressor a obra), além de estressante e porcamente realizado, O Maníaco do Parque começou a ser filmado em 2002 e, após algumas infelicidades que deram uma certa aura maldita a produção (Prado descobriu um tumor no cérebro e teve ainda a morte num acidente de trânsito de Cleber Armeloni, que fez o maníaco na infância - aliás, esses momentos iniciais da infância também são vergonha alheia total), só foi finalizado em 2009, pela Heco Produções, para que pudesse ser exibido numa mostra de horror brasileiro. E permanece inédito no circuito comercial até o presente momento.

1H13 de duração que mais parecem uma eternidade. Filmeco insuportável. Mas, como curiosidade, é outra espécie de slasher tupiniquim anterior ao mediano Condado Macabro.

E, no mais, vamos torcer para que o Maníaco do Parque real não seja solto em 2028, como está previsto.

(...)

VEREDITO:

Dois lixões terminais que nem valem a pena assistir. Nem sei dizer qual dos dois é o pior, porque nenhum dos dois possui nada a oferecer. Essa dobradinha vai contra aquela filosofia de que todos os filmes merecem ser vistos. É sério: como diabos eu aguento assistir essas porras do início ao fim... Acho que, futuramente, quando eu estiver mais velho, com 40 anos ou mais, eu simplesmente desistirei de assistir porcarias desse naipe do começo ao fim. Puta desperdício de vida.

PS: Além da cinebiografia d'O Maníaco do Parque, Alex Prado pode ter cometido outro crime em vida:

http://mundo-cane.blogspot.com/2009/07/atriz-lancada-por-david-cardoso-morre.html

PS: É, esse é mesmo o fim do post, galera. Agora vocês já podem ir lá em algum lugar fétido da internet pagar 3 ou 4 dígitos na VHS de Crocodilo: A Fera Assassina sendo vendida por algum mercenário ganancioso de plantão. É, vão lá apoiar uma tática mal-intencionada dessas, que fode de vez com todo esse meio de VHS... (É por essas e outras que não quero absolutamente nenhuma associação com o BBB VHS, e sigo mantendo a mais pura distância. Parei de clicar nos vídeos de certos canais do YT em meados de Janeiro desse ano, prometendo para mim mesmo que, a partir de então, sob a hipótese que for, eu jamais voltarei ao ato masoquista de dar play nesses vídeos desses canais. E me mantenho também totalmente afastado das redes sociais desde Dezembro de 2019. Esse meio do VHS BR é todo focado em acobertar mal caráter, em passar pano para estelionatário-golpista, em desfiles de ostentações hipsters, em criar fake news dos mais variados tipos contra quem ousar expor os males do nicho e, é claro, em tentar convencer os incautos-novatos gerais a se prostituírem para pagar 3 ou 4 dígitos em fitas aleatórias e '''''raras'''''. EU TÔ FORA.)