segunda-feira, 19 de abril de 2021

PARTIAL MASSACRE = Turnê Assassina / Terror on Tour (1980) e o Fetiche Generalizado por Fitas de Filmes Ruins


 

 

Recentemente tive o desprazer de, finalmente, assistir na íntegra o fraquíssimo slasher Turnê Assassina / Terror on Tour (de Don ''Ilsa'' Edmonds, feito em 1980) e já entrego de cara: isso daqui só não é um PURE MASSACRE por causa de alguma eficiência / clima creepy na construção das cenas de assassinato. Tirando isso, Turnê Assassina (AKA Demon Rock) é uma produção extremamente complicada e que beira o desastre total: monótona e repetitiva, com suspense quase inexistente, mortes sem imaginação e repleta de atuações sonolentas, situações nonsense e trilha sonora esquecível. Algo como uma versão muito inferior do posterior - e digno - Rocktober Blood (1984). E também não chega aos pés do hilário guilty pleasure Entrada para o Inferno / Rock N Roll Nightmare (1987), lançado no Brasil em VHS selada pela Alvorada e também em fitinha ''alternativa'' pelos primórdios do ''selo'' Tiozinho da Esquina Home Video.

A ''trama'' envolve uma famosa banda de hard rock chamada The Clowns (interpretada por uma obscura banda real intitulada The Names), que possui visual inspirado no Kiss e performances shock rock a la Alice Cooper - performances essas que, mais adiante, seriam incorporadas de forma mais radical pelo WASP e pelo Lizzy Borden. Uma vez na estrada, prostitutas e groupies são assassinadas por alguém com visual de palhaço from hell - que pode ou não ser um integrante do grupo. (E, como Turnê Assassina é anterior ao momento de explosão do metal farofa, que só rolaria três anos depois graças ao trio Quiet Riot / Def Leppard / Motley Crue, a sonoridade aqui é mais voltada mesma aos anos 70. Portanto, não vá assistir essa semi-desgraça esperando um grupo de hair metal no plot. Fica o aviso.)

A ruindade de Turnê é tão cabulosa que, entre os reviews do filme no IMDB, um dos atores dessa tralha está se desculpando pela sua atuação na bagaça: Larry ''Soup Nazi'' Thomas, que faria depois um outro slasher oitentista (Night Ripper!, de 1986) e também viveria o Osama Bin Laden no insano e divertidão Salve-se Quem Puder! / Postal (2007), do subestimado Uwe Boll, o rei dos filmes de serial-killers.

E é interessante também pensar que, mesmo tendo sido realizado logo no comecinho da 'slasher craze' (1980), o filme parece ter apenas uma meia dúzia de fãs ao redor do mundo.

E uma questão que quero levantar aqui é a seguinte: por que será que filmes tão ruins e genéricos assim conseguem gerar tanto interesse e uma tara quase que sexual nas suas respectivas VHSs? OK, o filme é dirigido por uma suposta lenda do exploitation (responsável pelos dois primeiros Ilsa - que também não são tão bons assim), não foi lançado aqui ou mesmo lá fora em DVD (Blu-ray então nem sonhar) e possui uma capa bem bacana nas suas edições em VHS nacional e da gringolândia. Mas será que esses motivos são o suficiente para justificar um interesse tão grande nessa fita? O Alex Relíquias até dá para entender, já que é fanático por slashers e por Kiss. Mas, de uma maneira geral, simplesmente não consigo entender a obsessão geral pela VHS de um slasher completamente esquecível como esse - que, em leilão do ''Uáts'', certamente teria seu percurso iniciado em abusivos e absurdos três dígitos, e, no Mercenário Livre, possivelmente seria vendido na casa dos quatro fucking dígitos. (Por falar nisso, um outro slasher totalmente vagabundo que não consigo entender o endeusamento encima da sua respectiva VHS é Massacre / The Slumber Party Massacre 2, da UniVídeo. E é um caso até mais grave do que Turnê Assassina. Afinal, Massacre saiu sim em DVD aqui, está disponível num Blu-ray de luxo nos EUA e o mais inacreditável de tudo: consegue ser PIOR do que Turnê. Inclusive, até hoje tento superar o trauma e a extrema vergonha de ter visto Massacre na tela grande em 2017. E olha que eu ainda bebia na época e, mesmo assim, foi uma experiência simplesmente deplorável. No território dos slashers, aquela porra só não é pior do que o quinto Halloween e o Return to Sleepaway Camp...)

E, falando em eventuais valores assassinos encima da VHS ''nacional da Nacional'' desse slasher bagaceira (que ainda utiliza uns sons estranhos na linha dos ''KI-KI-MA-MA'' de Sexta-Feira 13 - certamente chupados dos italianos, por mais que toda a glória seja dada ao picareta do Harry Manfredini), vale lembrar que, em Abril de 2015, cheguei muito perto de pagar R$ 45 nela numa negociação que nunca aconteceu com o lastimável Roqueiro Anônimo - que, como já comentei aqui, só não é mais baitola do que o Mel Cabaçon (heroico nos filmes, mal caráter espancador de mulheres na vida real) gritando ''LIBERTINAGEM'' no final do indescritivelmente patético Cuzão Valentão / Bullshit Heart, lixão fantasioso e oscarizado de 1995. Naquela ocasião, decidi no último instante que não iria mais negociar porra nenhuma com esse sujeito nunca mais, por mais que ele tivesse um zilhão de fitas interessantes para possíveis trocas. Afinal, absolutamente nada justifica negociar qualquer coisa com os queimados desse meio. E, de boa, após assistir Turnê agora, fica claro para mim que essa fita valeria somente uns 20-30 reais para mim no máximo do máximo. E, sim, mesmo me considerando um fã hardcore de slashers, não acho nem a pau que essa fita valha um centavo acima de R$ 30.

É isso aí. Turnê Assassina só interessará mesmo aos completistas mais fanáticos dos slashers e/ou aos fãs de filmes com temática rock N roll, os chamados rocksploitations ou metalsploitations; e mesmo essa galera slasher-maníaca / rock N roller / headbanger dificilmente conseguirá encontrar algum mérito nessa tranqueira.

Observação adicional: muito infelizmente, essa prática de cobrar preços grotescos-surrealistas-pornográficos por fitinhas de filmes fuleiros de terror não é exclusividade do Brasil, do Mercado Lixo e do What's Up the Ass. Prova disso é o ''precinho camarada'' que estão pedindo na VHS americana de Turnê Assassina na Amazon:

https://www.amazon.com/Terror-Tour-Dave-Galluzzo/dp/B000MC6JCO

 


 

segunda-feira, 12 de abril de 2021

Titio Marcio Sendo Assassinado ao Fazer as Compras... Dobradinha Slasher: Intruder (Violência e Terror, 1989) & Cornered! (Brutal: A Face do Demônio, 2009)



 

 

INTRUDER (4 de 5: muito bom)

CORNERED! (3 de 5: bom)

Recentemente fiz essa divertida dobradinha de slashers com temáticas parecidas: Intruder se passa num supermercado prestes a acabar e Cornered! é situado num mercadinho decadente. E ambos os filmes acontecem durante a noite e possuem uma vibe um tanto cômica. Intruder eu já tinha visto uma série de vezes, mas Cornered! foi mesmo a primeira vez.

INTRUDER (1989)

Sinopse básica: num supermercado que está prestes a ir pro beleléu, seus funcionários noturnos são atacados por um misterioso psicopata.

Lançado em VHS no Brasil pela Globo (fita que tive e fui burro de trocar por Olhos de Fogo, da Jaguar) e em DVD pela Versátil Hype Video (como parte da frustrante coleção Slashers, onde foi o único filme do terceiro volume a não receber algum extra substancial - sendo que, na gringolândia, o filme possui um BD edição especial com muitos extras apetitosos), Intruder é um slasher oitentista que, durante muito tempo, circulou apenas com cortes. Mas, felizmente, a produção foi restaurada em sua cópia integral nos formatos DVD e Blu-ray, podendo, então, ser apreciada em toda a sua ''goria'' uncut.

No elenco temos participações de figuras cultuadas do horror como Renee Estevez (a irmã bonitinha-gostosinha de Charlie Sheen e Emilio Estevez, que, nessa mesma época, também apareceu nos cults Atração Mortal / Heathers e Acampamento Sinistro 2 / Sleepaway Camp 2: Unhappy Campers) e, em papéis bem pequenos, o trio Sam Raimi (que ainda era um cara bacana na época e não havia se vendido pro sistema), seu maninho com cara de retardado Ted Raimi (dos também slashers e também sanguinolentos Shadow Woods: O Pesadelo e Skinner: O Maníaco) e o rei dos canastrões Bruce ''Ash'' Campbell, da franquia The Evil Dead.

Falando nisso, Intruder possui sim um estilo parecido com o de Evil Dead 1 & 2, antes do nome ''Evil Dead'' cair ladeira abaixo e virar sinônimo de piada graças a bobagens como Army of Darkness, o remake assumido pelo mesmo bobalhão que matou a saga Millennium e o igualmente ridículo seriado Ash Vs. Evil Dead. Ou seja: personagens palermas, ritmo ágil, humor pastelão, câmera inventiva - com ângulos inusitados e criativos - e, é claro, a presença de um gore cabuloso (cortesia da KNB), que faz do filme um dos slashers mais descaradamente e exageradamente sangrentos daquela década sem noção, finalizando os anos 80 com chave de sangreira. E, como o assassino não usa máscara nenhuma, as belas tomadas tem que tomar todo um cuidado especial para não revelar sua identidade durante seus ataques - algo que o filme faz muito bem.

Com direção de Scott Spiegel (que, futuramente, se queimaria legal com o deplorável Albergue 3), Intruder é um slasher muito bacana e essencial; um clássico do gênero.

E bem que Intruder poderia receber um remake no Brasil, passado na rede Carrefour / Express, com personagens negros sendo ameaçados por um segurança Bozominion truculento. Fica aí a ideia para um Dennison Ramalho, Fernando Rick ou Petter Baiestorf a pôr em prática.

Aviso: para quem não viu Intruder e pretende dar uma conferida nele, fique sabendo que diversos trailers do filme possuem spoilers graves e até entregam a identidade do assassino.

CORNERED!

Sinopse básica: num mercadinho todo fodido e decadente, seus funcionários freakazóides e desajustados (um junkie, uma prostituta, um gordão viciado em donuts, etc) são ameaçados por um enigmático serial-killer mascarado, figura presente dos noticiários da TV. A recompensa para a sua captura é de 500.000 dólares.

Disponível em DVD e Blu-ray no Brasil pela TrashStar com o absurdo título BRUTAL: A FACE DO DEMÔNIO (WTF?!), Cornered! chegou a circular em DVD ''alternativo'' com a sua tradução correta: Encurralado - título que nos remete ao pavoroso suspense de estrada dirigido por Steven Is Pig em 1971, e que possui um dos protagonistas mais insuportáveis daquela década. (Se bem que o personagem principal de Contatos Imediatos do Terceiro Reich consegue ser ainda mais mala. Não adianta: pior do que Spielberg só mesmo um outro Spielberg.) Assim, faz parte dos filmes que, se por um lado receberam títulos equivocados no Brasil por vias oficiais, foram traduzidos corretamente pelo selo Tiozinho da Esquina Home Video - mesmo caso de Prisoners / Prisoneiros (título oficial BR: Os Suspeitos, que já era o título nacional de outro thriller policial) e Wrong Turn / Desvio Errado (título oficial BR: Pânico na Floresta, que também já era o título oficial de outro slasher). É, até a galera do camelô é mais inteligente e sensata do que as nossas distribuidoras porcas de home video... (Sei lá, mas desconfio de que ''Brutal: A Face do Demônio'' foi um título dado pelo mesmo maconheiro mucho luco que, durante os tempos do VHS, traduziu ''The Outcast'' como ''O Exterminador Recrutado pelo Demônio''. Bem, vai saber.)

Contando no elenco com a figurinha carimbada dos anos 80 Steve Gut'em Bad (de Três Solteirões e um Bebê e porras do tipo) e o cultuado James Duval (dos filmes do Gregg Araki e também de outro slasher OK: O Palhaço Assassino / The Clown at Midnight), Cornered! é uma espécie de Intruder dos pobres. Também possui um ritmo bacana e um humor constante, mas não chega nem de longe aos pés do filme de 1989.

Assim sendo, os grandes destaques são as bizarras cenas dos sintomas de abstinência do personagem de Duval, o que faz uma ligação de Cornered! com clássicos dos ''junkie movies'' como Christiane F e Diário de um Adolescente, e, é claro, a ótima conclusão, que se mantêm acima da média dos finais de slashers pós-anos 80.

Dirigido por um tal Daniel Maze, Cornered! poderá sim ser uma boa pedida para os completistas dos slashers. Vale uma espiada.

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TÍTULOS VARIADOS EM PORTUGUÊS E INGLÊS:

INTRUDER

Brasil: Violência e Terror
Portugal: Terror Fora de Horas

AKAs em inglês:
Bloodnight
Nerve Endings
Night Crew
Night Crew: The Final Checkout
Night of the Intruder

CORNERED!

Brasil:
Brutal: A Face do Demônio (título oficial em DVD e Blu-ray)
Encurralado (título do DVD ''alternativo'')

AKA em inglês: Saw Executioner

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PS: Para compensar que não consegui publicar nenhuma postagem na semana passada, poderei fazer um outro post ainda nessa semana agora.

(...)

E
A
S
T
E
R

E
G
G

Ao pesquisar alguns nomes que desconhecia no elenco desses filmes, tive uma surpresa ao descobrir que a protagonista feminina do Cornered!, a Elizabeth Nicole (AKA Elizabeth Abrams) trocou a carreira de atriz por uma bem-sucedida jornada como cantora de pop e R&B, sob a alcunha Liz, AKA Liz Y2K. Eis o canal oficial dela no YT:

https://www.youtube.com/user/LIZY2K/videos

Dei uma conferida nos clipes dela e curti Pandemonium (que até possui uma referência ao VHS: ''I make it pop like a VHS''), mas achei When I Rule the World horrível.

E, ao olhar a página dela no Wikipedia, descobri duas coisas bem curiosas:

1) Ela abriu shows da Charli XCX durante a tour do álbum True Romance. Sim, ela mesma: CXCX, a xaropeta feminazi responsável pelo PIOR SHOW QUE EU VI NA MINHA VIDA INTEIRA, que ainda contou com a abertura da ''simpaticíssima'' Karol com KKK, recém-saída do Big Bordel Brasil. (Com isso dito, reconheço que, sim, True Romance e Sucker são grandes álbuns do pop 2010, com uma série de canções clássicas em ambos os registros. Mas esse show da CXCX - com a abertura da BlacKKKlanswoman - foi uma aberração sem precedentes, com um setlist simplesmente pavoroso e diversas presepadas na performance geral dessa mala do caralho, em parceria duma cospobre da Harlequina.)

2) Ela fez um dueto - numa canção chamada Live Forever - com o Travis Barker. Sim, ele mesmo: o bobalhão que está no Blink Chupa 182 Bolas desde o exato instante em que a banda ficou ruim. (OK, o batera original era bastante limitado, tecnicamente falando, mas a banda era legal pra caralho naquela época dos dois primeiros álbuns. Hail Cheshire Cat e Dude Ranch. RIP Blink.)

 



 

sexta-feira, 2 de abril de 2021

Berlin: Bands Reunited (2004, 42 minutos) + Berlin: Take My Breath Away (2013, 29 minutos) / Dobradinha de Ótimos Curtos Documentários Sobre os Mestres do New Wave


 

 

Berlin: Bands Reunited (***** / excelente)

Berlin: Take My Breath Away (**** / muito bom)

Para os interessados, no YouTube é possível assistir esses dois grandes docs da excelente banda ''one-hit wonder'' Berlin - só que não, já que, ao menos na década de 80, No More Words, The Metro e Sex (I'm a...) também foram hits.

Faço aqui algumas observações sobre os dois docs, ambos recomendadíssimos pelo blog que vocês amam odiar.

BERLIN: BANDS REUNITED (2004)

É interessante pensar que Berlin é daqueles grupos tipo Crashdiet: bandas que jamais tiveram um mísero integrante fixo que esteve presente em todas as fases da banda. O primeiro line-up do grupo - ainda como The Toys - contava com o fundador e líder John Crawford, o guitarrista Chris Ruiz-Velasco (o compositor da maravilhosa Masquerade, a melhor faixa da banda), o finado baterista Dan Van Patten e o vocalista homem Ty(son) Cobb. Com exceção de Cobb, já devidamente trocado pela Terri Nunn, foi essa formação que gravou o single e o videoclipe de A Matter of Time, em 1979.

Mas esse documentário da VH1 busca reformar um outro line-up do Berlin, que é a formação da era Pleasure Victim: Terri Nunn (vocal), John Crawford (baixo), Ric Olsen (guitarra), Rod Learned (bateria) e os tecladistas Dave Diamond (sem relação alguma com o ''Diamond Dave'' David Lee Roth) e Matt Reid. Será que a VH1 conseguirá cumprir essa ''Missão: Berlin''? Ou será que - pelo menos - um desses integrantes recusará voltar com a banda?

Vale lembrar que, nessa época, o Berlin atual contava com a Terri acompanhada de uns ''scabs'' paraquedistas, fazendo assim uma espécie da versão feminina dos Cunts N Posers. Além da Terri, tinha um cidadão chamado Chris Olivas (sem nenhuma relação com o quase homônimo Chris Oliva, maluquinho do Savatage - AKA Pior Nome de Banda Ever - que morreu tragicamente) e um carinha lá fazendo a linha ''goth metal rocker'', que poderia muito bem estar tocando no Nine Inch Nails ou Marilyn Manson.

É interessante notar que, além da Terri, o único outro integrante desses seis membros do Berlin clássico que continuava na música era mesmo o tecladista Matt Reid, que estava se virando com performances de covers em bares, festas e casamentos.

Ponto curioso do doc: a inclusão da canção We Used to Be Friends dos Dandy Warhols na trilha sonora.

Frase de destaque do doc:

''[As composições do John Crawford para o Berlin] não são restritas para garotos ou garotas. São para seres humanos se sentindo miseráveis.'' - Terri Nunn

Essa declaração realça uma certa faceta gótica da banda, que, de maneira alguma, era só mais um mero grupo new wave - e que possui muito, muito, muito mais a oferecer do que a xaropeta Take My Breath Away.

BERLIN: TAKE MY BREATH AWAY (2013)

Não se deixem broxar por causa do título desse documentário. O doc em questão é interessantíssimo até para as pessoas sensatas que odeiam Take My Breath Away - que, com a mais absoluta certeza, está sim no meu TOP 5 das piores canções do Berlin oitentista, ao lado de outras presepadas como Torture (que faz jus ao título), You Don't Know (inexplicavelmente também lançada como single e videoclipe), Pink and Velvet (também lançada como single) e a seriamente obscura e estranha French Reggae, que é a menos pior dessas 5 pataquadas.

O doc já abre com a seguinte declaração:

''Take My Breath Away. Todos nós já a ouvimos, querendo ou não. Mas... Berlin? Quem são eles? Pelo menos o nome soa europeu...''

E aí o doc começa uma jornada pelos primórdios do Berlin, a partir da entrada da cantora-atriz Terri Nunn na banda, e COMPLETAMENTE ignorando qualquer menção aos outros três vocalistas que passaram pelo grupo: Ty(son) Cobb (sim, no início, o Berlin - então chamado The Toys - contava com um HOMEM no vocal), Toni Childs e a sensacional Virginia Macolino (ex-Virginia Macolino and the Slims e futura frontwoman do Beast of Beast), com quem o Berlin gravou o subestimado e esquecido debut Information, de 1980, disponível apenas num raríssimo vinil. Bem, quem sabe um dia nós teremos um documentário intitulado BERLIN: THE COMPLETE HISTORY OF THE OTHER THREE SINGERS, né? É, vai sonhando...

Desse período underground, o doc mostra um trecho do clipe oficial (ou mera performance de TV - sim, existem controvérsias nessa questão) de A Matter of Time na versão com a Terri, o primeiro single do grupo. Mas rola um erro ali: a legenda diz ''1981'' quando, na verdade, o vídeo é de 1979.

E, por falar em vídeos obscuros, o doc revela uma excelente sacada ao mostrar um trecho do seriamente obscuro PRIMEIRO clipe de The Metro, de 1981. É um vídeo bem mais ousado do que a segunda versão (e a terceira, e a quarta...), apelando no sex appeal e no aspecto ''dark'' da parada, mostrando até um pouco de sangue e morte. Sensacional e, provavelmente, o meu clipe favorito entro todos do Berlin.

Após passar pelo período Pleasure Victim (1982), o primeiro disco com a Terri, o doc aborda a primeira relação do bobalhão Giorgio Moroder com o Berlin, através da sua participação como produtor no maior hit do Berlin pré-Top Scum: No More Words, o principal single do LP Love Life (1984), segundo álbum de estúdio com a Terri. É curioso reparar as semelhanças desse clipe - que mostra a banda como gangsters durante a Grande Depressão - com um outro clipe mainstream do mesmo período: Wanted Man, dos farofeiros adoráveis do Ratt. (Interessante isso do Ratt, já que o John Crawford está a cara do finado Robbin Crosby no clipe da Like Flames.)

Aí vamos para o maior hit do Berlin, a mega-melosa xaropice da trilha sonora daquele filme imbecil, que acabou de vez com a banda.

Nessa parte, o doc também mostra uma entrevista com a Martha Davis (The Motels), a primeira opção para cantar Take My Breath Away. Até mostram trechos do primeiro clipe de TMBA, nessa versão da cantora do The Motels. Não satisfeitos com a performance dela, ofereceram a canção para a Terri Nunn - cuja versão agradou a todos os presentes. Quer dizer, todos não, já que o resto do Berlin na época - o baixista e líder John Crawford e o baterista Rob Brill - odiaram a canção, já que ela não foi composta por ninguém da banda e não tinha nada a ver com a sonoridade do grupo.

''Foi aí que o Berlin perdeu o foco. (...) [TMBA] nos separou, basicamente.'' - John Crawford.

Os dois detestavam ter que tocar ela em todos os shows e, para piorar, a canção foi incluída no disco (Count Three and Pray, 1986) por pressão da Geffen. Graças a TMBA, fillers variados e apenas três grandes canções (Like Flames, Trash e Will I Ever Understand You?), posso dizer que, entre os quatro discos oitentistas do Berlin, C3&P é o único que não é uma obra-prima.

Mas, apesar de todos os pesares, a Terri, muito curiosamente, sempre foi uma grande defensora de TMBA. Vai entender. Eis o trecho de um depoimento dela no doc: ''Essa canção é uma dádiva. (...) Naquela época eu não tinha amor na minha vida e não transava fazia quatro anos. É por isso que eu cantei aquela música com tanta sinceridade e tristeza.''

No mais, um trecho engraçado do doc é quando a narração diz ''em 1986 até mesmo grupos de hard rock estavam fazendo uso dos sintetizadores'' e, daí, entra a cafonice master chamada The Final Countdown - faixa título de um álbum pavoroso - na trilha sonora :) (E é curioso pensar que, naquele ano, até mesmo a Donzela Ferrada se rendeu aos sintetizadores no LP Somewhore in Time - disco chato pacaray inspirado em um filme chato pacaray, Blade Bummer: O Caçador de Andróginos.)

(...)

Enfim, esse foi o meu primeiro post sobre Berlin, que se tornou a minha banda ocidental favorita dos anos 80.

Para finalizar, eis o meu TOP 10 Berlin:

(INFORMATION, 1980)

Information

Overload (na versão Virginia Macolino)

(PLEASURE VICTIM, 1982)

Masquerade

The Metro

(LOVE LIFE, 1984)

Dancing in Berlin (cover de Farenheit, projeto desenvolvido pelo John Crawford durante a fase Virginia Macolino - cujo clipe original, by Farenheit, é uma das coisas mais toscas, bizarras, engraçadas e sensacionais já postadas no Tubão)

Pictures of You

Touch

(COUNT THREE AND PRAY, 1986)

Like Flames

Trash

Will I Ever Understand You?

 


 

sexta-feira, 26 de março de 2021

PURE MASSACRE = Melancholie der Engel (''Marian Dora'', 2009), Desgraça Nível Extra Hard Que É, Simplesmente, um dos Filmes Mais Insuportáveis e Intermináveis Já Feitos


 

 

Após Der Fan (1982) e Nekromantik 2 (1991), dou sequência a minha viagem pelo cinema alemão from hell, finalmente assistindo Melancholie der Engel (Angel's Melancholia / Angel's Melancholy), atrocidade terminal da qual meio que sempre estive ciente, mas que só agora fui desperdiçar 2H40 (!) assistindo.

Por que diabos sinto essa necessidade doentia de caçar e conferir tudo que é cinema extremo? Talvez para lidar com tudo que há de sombrio na trinca de horrores formada por humanidade + existência + Planeta Terra, encarando obras fílmicas que reflitam esse mundo pavoroso que - com ou sem pandemia - é, sempre foi e sempre será algo que beira o inabitável. Talvez pela mórbida curiosidade de seguir me aventurando por tudo que for extremo e bizarro dentro da sétima arte. Talvez para ver se irei me deparar com um filme tão extremo, mas tão extremo que não irei conseguir chegar ao fim dele ou superá-lo. Ou talvez pelo meu lado completista, de querer experimentar uma caralhada de coisas cabulosas dentro do cinema de horror mundial.

E, em meio a tudo isso, eventualmente trombo coisas traumatizantes como Closet Land e Evil: Raízes do Mal, e também coisas vergonhosas como esse ''Melancolia do Anjo''. É o risco que corro sempre.

A primeira vez que - ao menos conscientemente - ouvi falar dessa desgraça nada recomendável foi em meados de 2012, quando o ''finado'' Shakra veio reclamar para mim que havia assistido essa porcaria cinematográfica graças a uma recomendação minha. WTF?! Como assim? Como eu poderia recomendar algo que nunca havia conferido na vida? Óbvio que ele havia se confundido totalmente. Normal para um Bozominion movido a maconha.

Assim, foi só agora mesmo, nessa Sexta 26, que dei play nessa produção underground germânica do final dos anos 2000 - lançada em 2009, mas aparentemente filmada em 2006. E posso dizer que foi um dos trecos mais chatos e intragáveis que já conferi na vida inteira, rivalizando em tédio com aberrações do tipo Elemento de um Crime / Elementos de um Crime / Elemento do Crime e A Idade da Terra - dos ''gênios'' Lars Von Hitler e Glauber Rocha, respectivamente.

Inclusive, nesse campo extremo, Melancholie é um porre tão forte quanto Atroz, The Bunny Game e a franquia August Underground. Chato pra caralho.

A ''história'' (hahahahaha) de Melancholie der Engel é a seguinte: dois Zé Ruelas se reencontram após um bom tempo afastados, e acabam levando duas jovens para uma fazenda no meio do nada, um lugar supostamente assombrado, para praticar todo tipo de crueldade inimaginável com elas. Juntam-se a eles um velho igualmente xaropeta, uma ninfomaníaca sadomasoquista e uma cadeirante. A seguir teremos situações que lembrarão diversos outros filmes, nem sempre bons porém sempre melhores do que Melancholie: Aniversário Macabro / The Last House on the Left (1972), Assassinatos no Expresso da Meia-Noite / Night Train Murders (1975), Saló: Os 120 Dias de Sodoma / Saló and the 120 Days of Sodom (1975), Doce Vingança, AKA A Vingança de Jennifer / Day of the Woman, AKA I Spit on Your Grave (1978), Violência Gratuita / Funny Games (1997), Um Vazio no Coração / A Hole in My Heart (2002) e até mesmo as podreiras do Petter Baiestorf, como a dobradinha Arrombada: Eu Vou Mijar na Porra do Seu Túmulo e Vadias do Sexo Sangrento, ambos da mesma época de Melancholie. Por falar nisso, o filme com o qual Melancholie se parece mais é brasileiro mesmo: o simplesmente absurdo Bicharada, AKA O Come Tudo, AKA Alucinações de um Gozador (1986), do orgulho nacional Sady Baby. Podemos dizer que essa porra de Melancholie é um remake bagaceiro, metido a besta - cheio de momentos oníricos e afins se misturando com as cenas extremas - e disfarçado do icônico O Come Tudo; mais uma obra do Sady que não circula em sua versão integral, sendo disponível apenas na sua raríssima VHS cortada, da Frenesi, sob o título Alucinações de um Gozador.

Eu vejo dessa forma: para um filme extremo ser eficiente, é preciso de um mínimo comprometimento depositado nele. É preciso que o filme seja minimamente bem realizado, e que haja algum tipo de abordagem séria-sóbria no tratamento com o tema apresentado. São esses elementos que fazem com que obras como Mártires e Bullying: Provocação sem Limites sejam tão perturbadoras. E é a ausência delas, aliada ao desespero para chocar o espectador de qualquer forma, custe o que custar, que faz com que Melancholie seja um fracasso total. Inclusive, existem filme infinitamente menos gráficos do que Melancholie que conseguem, sim, serem bem mais desagradáveis e impactantes: os clássicos políticos A Batalha de Argel e Estado de Sítio, por exemplo, são dois exemplos perfeitos.

E, no lado barra-pesada levado às últimas consequências, A Serbian Film: Terror sem Limites é bem melhor. Já no território blasfemo-surrealista-niilista, Subconscious Cruelty é muito superior.

Os únicos pontos realmente devastadores de Melancholie são as cenas de crueldade animal. A do porco, por exemplo, é bem intensa. Ou melhor dizendo: seria bem intensa se decentemente filmada. Mas, como a cena é intercalada lá com as baboseiras acontecendo com a freira (prefira ver O Ônibus da Suruba 2 e vários nunsploitations) e um aparente estupro, e editada de maneira esquizofrênica e ''flashy'', parecendo um videoclipe ruim de música industrial da década de 1990, até aqui Melancholie também vira ser um EPIC FAIL. Assim como outras coisas no filme, também acontece de forma relâmpago e com a câmera um tanto fora de foco - mostrando que Melancholie não é tão bem filmado assim quanto alguns reviews online te fariam acreditar.

O filme é um desastre visto por qualquer ponto de vista. E todo esse papo de que foi proibido em trocentos países é uma palhaçada sem limites. Se você quer um filme REALMENTE proibido no mundo inteiro, vá atrás de uma produção italiana chamada Maladolescenza, de 1977, o tratado definitivo e totalmente sem pudores do bullying na infância.

Caray, nem sei mais o que dizer. Melancholie der Engel é uma tranqueira absoluta com 2H40 que, ao apresentar tantas cenas de animais mortos, demonstra uma possível tendência psicopata do diretor ''Marian Dora'' - pseudônimo desse cuzão do caralho, que nem tem a coragem de revelar sua real identidade. Além de Melancholie, ele dirigiu outros espetáculos freakshow cultuados pelos degenerados de plantão, como Cannibal e Carcinoma.

Enfim...

Como curiosidade, tenho três coisas para apontar no elenco e ficha técnica de Melancholie:

1) O protagonista dessa bobagem nível extra hard é Zenza Raggi, figura carimbada do mundo pornô. Ao vê-lo em cena, a primeira coisa que me vem à cabeça é a abertura de um dos filmes da franquia XXX ThASSit!, especializada em sexo anal. A obra em questão já abre com a cara do Raggi disparando a seguinte pérola: ''TUDO BEM SE ELA NÃO DAR A BUCETA. AFINAL, HOJE É DIA DE CU.'' Hahahahaha. Igualmente engraçado é o vídeo do Melancholie feito pelo Refúgio Click Bait, digo, Refúgio Cult, em que o apresentador chama o personagem de Raggi de ''Los Hermanos'' :) (Se bem que o vídeo do Getro sobre MDE também é bem divertido.) Certamente é um papel que, em tempos passados, seria brilhantemente vivido pelo finado David Hess, o algoz principal de clássicos como Aniversário Macabro e outros.

2) Há, falando em David Hess, o próprio - alguns poucos anos antes de morrer - fez a trilha sonora de Melancholie. São canções lentas e tristes, que surgem em cena num efeito de contraste a la Cannibal Holocaust, parecendo lamentar a extrema maldade mostrada na tela.

3) A voz em off de Melancholie é feita pelo veterano cineasta Ulli Lommel, mais conhecido pelo cultuado slasher A Força Assassina / The Boogey Man. Não entendo como um diretor relativamente cultuado pode se envolver com um lixo sem nenhum mérito como Melancholie. Aliás, assim como Hess, Lommel também não está mais entre nós. Vai ver ele e o Hess morreram de desgosto por terem se envolvido com Melancholie... (Outro que deve ter literalmente morrido de vergonha por fazer Melancholie é o ator Peter Martell, o intérprete do Heinrich, o velho louco que se junta aos lunáticos. Martell morreu logo após fazer Melancholie - seu penúltimo filme.)

Bem, é isso aí. Não recomendo esse filme para ninguém, nem mesmo para fãs completistas de cinema extremo. Não consegue envolver o espectador, apresenta uma série de personagens desinteressantes com os quais a gente não se importa, apela para uma série de mortes de animais (ao que tudo indica, infelizmente reais) e desperdiça quase três horas da sua vida. Soma-se a isso papos nonsense e francamente psicóticos, de que a crueldade infligida aos outros é algo transcendental - o que levanta a minha suspeita de que o tal Marian Dora talvez seja mesmo meio psicopata.

A minha nota para isso é 0. E seria melhor até rever Crepúsculo ou 50 Tons de Cinza do que assistir esse lixo total uma segunda vez.

 


 

sábado, 13 de março de 2021

13 - Março - 2021 (25 Anos sem Lucio Fulci, AKA HAIL FULCI. DIE, HOLLYWOOD, DIE.)


 

 

RELAÇÃO DAS FITAS VHS LANÇADAS NO BRASIL

1966 Tempo de Massacre (Century) (TENHO)

* (relançado pela Studio T)

1972 O Deputado Erótico (DIF)

1973 Caninos Brancos (Reserva Especial)

1975 Os Quatro do Apocalipse (Vídeo Mídia)

* (relançado pela Look)
* (relançado pela Poletel)
* (relançado pela Poletel + New Line)
* (relançado pela Studio T)

1977 Premonição (Vídeo Mídia - dublado?)

* (relançado legendado pela Poletel?)

1978 Sela de Prata (Vídeo Mídia)

* (relançado pela Cine Art)
* (relançado pela Look) (TENHO)
* (relançado pela Poletel)
* (relançado pela Reserva Especial)

1980 Luca: O Contrabandista (DIF)

1980 Pavor na Cidade dos Zumbis (Dado Group) (TENHO)

1981 Terror nas Trevas (Dado Group)

* (relançado pela Dado Group + Mac) (TENHO)
* (relançado como A Casa do Além pela Reserva Especial)

1982 A Casa dos Mortos-Vivos (Dado Group) (TENHO)

* (relançado pela Dado Group + Mac)
* (relançado como A Casa do Cemitério pela Reserva Especial) (TENHO)

1982 O Estripador de Nova Iorque (pirata-oficial)

* (também lançado selado pela Dado Group?)

1982 Manhattan Baby (Vídeo Ban) (TENHO)

* (também lançado selado pela VideoCast)

1984 Nova York: Cidade Violenta (AB)

1987 Enigma do Pesadelo (Universo) (TENHO)

1991 Porta para o Silêncio (Sato)

DIREÇÃO ASSOCIADA

Balas para Sandoval (Tocantins)

Zombiethon (Top Tape)

ALGUMA OUTRA ASSOCIAÇÃO

A Maldição: Raízes do Terror (Alvorada)

O Museu dos Horrores (legendado & dublado) (Alpha)
(PS: Fulci seria o diretor, mas, como morreu antes, a direção acabou indo para o maquiador Sergio Stivaletti. Mas, de qualquer forma, o roteiro teve colaboração do mestre.) (TENHO A LEGENDADA)

O Sexo dos Monges (Ecstasy)
(PS: Fulci revelou para a Fangoria, em 1995, que não teve nenhum tipo de relação com o filme: ''Antes de seu lançamento em vídeo, eu nunca tinha ouvido falar deste filme - que, por sinal, é horrível.'' Ainda assim, faz parte dos filmes ''apresentados'' por ele.)

TENHO NO TOTAL = 9

 


 



sábado, 27 de fevereiro de 2021

10-02-2021 = Guarulhos (RYOKO N ROLL)


 

 

Aqui estou eu, finalmente relatando a histórica ida a Guarulhos do dia 10 desse mês. Bem, antes tarde do que nunca.

 

No dia em questão, uma Quarta, me encontrei com o Gabriel ''Dado'' Caroccia para irmos a Guarulhos. Eu não pisava lá desde Abril de 2012, quando encerrei em definitivo meus problemas relacionados aos meus dias de funcionário da ultra-hiper-mega-detestável Proguaru. Já o Caroccia jamais havia estado lá na vida.

 

Após almoçarmos na estação Tucuruvi, pegamos o ônibus em direção de Guarulhos. E a nossa primeira parada foi a antiga casa do Alex, onde peguei um pacote muito apetitoso com a simpática mãe dele.

 

Paramos ali perto para ver o que havia no pacote. Claro que já sabia que teria o inacreditável single Jeans, da Ryoko Hirosue, finalizando, assim, toda uma jornada de busca oficialmente iniciada em 2 de Abril de 2012, quando, basicamente, tive uma versão menor - porém bastante impactante também - da visão que eu teria praticamente um ano depois com a VHS Premonição. Mal sabia eu que levaria quase oito anos para adquirir o single Daisuki! (https://7noites7.blogspot.com/2020/01/suck-this-fucked-up-curse-fc-scumbags.html?zx=1e731399eeceed11), e quase 9 para conseguir Jeans.

 

Basicamente foi assim: no dia 2 de Abril de 2012, tive uma espécie de visão, premonição ou sei lá o que diabos, que me informou que, conseguindo os singles Daisuki! e Jeans (que eu já caçava sem sucesso desde a metade de 2007, quando ouvi o B-side Private e virei fã da Ryoko - que antes só conhecia como atriz), eu finalmente teria o que mais procuro na vida. Aí, quase um ano depois, em 28 de Março de 2013, tive uma outra visão, na mesma linha porém muito mais intensa, de que, para atingir aquele mesmo objetivo da visão anterior, eu teria que adquirir a VHS Premonição (7 Notes in Black ou The Psychic).

 

O problema é que, antes de adquirir Daisuki! em Janeiro do ano passado, eu meio que não havia entendido que a minha missão de vida não era apenas conseguir Premonição; e sim conseguir a dobradinha de singles da Ryoko antes, me dando, assim, a permissão adequada para sair na caça de Premonição.

 

OK, quem estiver lendo isso deve pensar que eu sou totalmente biruta ou algo do tipo. Vocês teriam que estar no meu lugar para entender do que estou falando.

 

Mas, para encurtar tudo, agora que eu tenho ambos Daisuki! e Jeans, finalmente conquistei o direito de, por fim, sair no encalço da VHS Premonição.

 

E, sobre Jeans, uma coisa é certa: só conseguirei recompensar o Alex à altura caso eu o consiga, um dia, ao menos uma das três fitas que ele mais deseja: os slashers guilty pleasure Turnê Assassina (Nacional), O Mistério no Colégio Brasil (Manchete) e A Praia do Pesadelo (LK-Tel + 20-20 Vision).

 

E eis que, além de Jeans (que possui Private como lado B - a melhor canção da curta carreira de cantora da Ryoko), veio ainda duas surpresas no pacote.

 

Uma era o Blu-ray Blood Rage, lançado em VHS no Brasil pela Wera's. (E também num broxante DVD pela Vexátil Hype Vírus, empresa que canais questionáveis do YT, como Cinema Ferox e outros, adoram encher a bola e tentar convencer seus inscritos a jogar dinheiro fora nos seus produtos frustrantes.)

 

Blood Rage, AKA Shadow Woods: O Pesadelo, é a minha primeira edição da luxuosa Arrow. O slasher também conhecido como Slasher (!) cresceu ainda mais nessa incrível edição azul, que ainda possui extras muito deliciosos. Simplesmente sensacional.

 

E o outro item  foi o CD debut do Shotgun Messiah, hard rock escandinavo (sueco, para ser mais específico) que agradará em cheio os fãs de bandas como Pretty Boy Floyd, Faster Pussycat, Dangerous Toys (a banda favorita da Karen do Violet Soda, hahahahahaha), Vain , os nossos Bastardz e, principalmente, TIGERFUCKIN'TAILZ, é claro!


Os grandes destaques desse disco extremamente divertido são os carros chefes Don't Care 'Bout Nothin' (canções metralhando escolas ou faculdades - ou as duas coisas - são sempre bem-vindas), Shout It Out (que possui uma pegada hip hop, meio Beastie Boys até, e muito mais empolgante do que a superestimada Dr. Feelgood, do Motley Crue já totalmente vendido ao mainstream), Nowhere Fast (que não possui afiliação a canção homônima do Fire Inc., presente na trilha sonora do ultraestimado Ruas de Fogo - aliás, Nowhere Fast é a única coisa realmente boa daquele filme) e a seriamente nostálgica Nervous. Essa última, para mim, permanece mesmo entre as canções mais nostálgicas do gênero, ao lado de outros petardos maravilhosos, como Fallen Angel do Poison, e a dobradinha Toast of the Town + Holdin' on for Love (na versão demo), dos já citados Motley Crue e Vain.

 

E uma coisa bem curiosa: nos meus tempos de ''rockstar'' cheguei a compor uma faixa chamada We Don't Care 'Bout Nothin, sem saber na época que o SM tinha uma canção com o nome praticamente homônimo, até na grafia - canção essa que só fui descobrir algum tempo depois, lá nos idos de 2007.


Enfim...

 

Depois desse pacote incrível, é claro que qualquer coisa que encontrássemos em sebos seria uma gigantesca decepção para mim. Óbvio.


Ainda assim, rumamos a dois endereços sebísticos da cidade. (Aliás, eu fiz confusão aqui e perdi a relação dos CDs adquiridos pelo GC nesse dia. Portanto, Gabriel, sinta-se livre caso queira compartilhar essa relação com a galera. Lembro que teve um CD japa do A-Ha, mas não recordo mais nada das suas aquisições do dia.)


Portanto, dentro do primeiro sebo, acabei não levando absolutamente nada. Nós até encontramos uma dupla de CDs gringos de um tal Carnival Art, mas deixamos passar. E, nos compactos, não havia nada também. (Leia-se: não havia nada do Berlin, o único grupo do qual eu compraria compactos.)


Fomos então ao segundo e último sebo do rolê.


No caminho, paramos num barzinho, onde o dono havia sumido, deixando apenas um tiozinho muito louco - e bebum - para tomar conta da bagaça. Eu e o GC só queríamos mesmo tomar um pouco de suco, antes de irmos pro próximo sebo. Como não avistei nenhum álcool gel por perto, perguntei pro tiozinho lá (que parecia ser chegado do dono ausente) pelo barato. Aí o animal diz que tem sim, e me oferece ÁLCOOL PURO para lavar as mãos. Un-fucking-belUweBoll. Se não fosse o suficiente, ao pedirmos nossos sucos de 500ML (o maior tamanho disponível), o sujeito olha pros copos do recinto e entra num piripaque tipo Chaves, saca? O cara simplesmente não sabia o que fazer e entrou em estado catatônico, PUTA QUE PARIU. Aí o Caroccia tacou uma ''É O COPO MAIOR'', o que deixou o tiozinho xarope um tanto puto, hahahahaha.

Após o suco não muito bom, entramos, finalmente, no sebo da saídeira.


Sendo recebidos por um tiozão que se revelaria meio mala, descobrimos de cara que o lugar tinha sim uma pequena seção de VHS. Mas, além das fitas não serem tão boas, os preços estavam dignos de leilão do What's App, o que nos broxou de vez. Por exemplo: aquela Deadline, da AB, que a gente havia acabado de trombar em SP por R$ 5, estava 50 mangos por lá.


Já em outras seções do recinto, achei uma curiosidade: a edição argentina do CD Hannah Montana: O Filme, com as magníficas Spotlight e Let's Get Crazy na trilha. Não peguei por estar satisfeito com o CD nacional e também por não ser tão obsessivamente fanático por ''all things Miley'' quanto as pessoas pensam que eu sou.


No fim, acabei levando apenas dois Blu-rays de lá, sendo um deles aberto e gringo (O Escritor Fantasma, R$ 15), e um nacional e lacrado (Hanna, R$ 12). Foram raros exemplos de coisas custando um preço digno por lá. De resto, tudo muito caro, e até CD pirata (pirata mesmo, cópia de original em CD-R - nada a ver com bootlegs) tinha lá à venda.


De quebra, ouvimos o tiozão lá resmungando baixinho da gente para um funcionário do local. Acho que ele esperava que a gente comprasse mais coisa ou sei lá que porra. É: esse velho só não foi mais xarope do que um gayzão chato pra caralho que veio me encher o saco pouco antes disso, tentando puxar assunto sobre o ridículo seriado Ash Vs. Evil Dead e outras pataquadas. O Caroccia tá de prova disso, inclusive. (É foda: nenhuma mina minimamente gostosa vem se jogar pra cima de mim. É sempre só essas bichas assediadoras filhas da puta enchendo o saco, vai tomar no cu. Bem... Por mais que o Albino seja um mal caráter que estraga o meio do VHS, me lembrei agora duma vez em que ele estava reclamando, falando que estava de saco cheio por ser um ''para-raio de viado'' - algo que eu, bizarramente, presenciei num sebo de SP, quando um maluquinho claramente ''alegre'' passou a dar em cima dele. E, por mais que eu odeie admitir, terei que concordar com o Albino dessa vez: é foda ter que aguentar essa galera LGBTWhatever+ nos assediando e nos incomodando forevermore. Meus dias politicamente corretos acabaram: VÃO TOMAR NO OLHO DO CU.)


OK, digressões homofóbicas (hehehe) a parte, esse foi o rolê em Guarulhos :)


Já na volta para SP, já dentro do ônibus, presenciamos uma chuvarada absurda, o que fez o percurso demorar muito mais, além de causar um acidente a um motoqueiro local. Cabuloso.


Até teria mais algumas coisinhas para dizer aqui, mas, qualquer coisa, é só complementar via comments. E, quanto a um ou outro eventual detalhe incômodo do garimpo, uma coisa é certa: Jeans compensou e muito por tudo. É a permissão oficial para, agora, eu revirar SP de cabeça pra baixo atrás da VHS Premonição.


FUI.




quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Girls Nite Out / The Scaremaker (1982): Mediano Slasher Oitentista Aparentemente Inédito no Brasil

 


 

 

''Let's go: GNO. Let's go: GNO. Let's go: GNO. Let's go... It's a girls night.''

 

Recentemente, o Alex fez um vídeo-review desse slasher menos conhecido de 1982, que, aparentemente, não foi lançado no Brasil de maneira alguma - se bem que pode muito bem ter saído em fita pirata.

 

E, ao perceber que o mesmo se encontra completão no YT, decidi dar uma conferida nele...

 

E não curti muito não.

 

Já não esperava algo muito bom pela frente graças a longa - para um slasher - duração de 1H37. Se não fosse o suficiente, somos apresentados a um bando de personagens nada memoráveis que agem como piadistas da pior espécie. Além disso, há o xerife interpretado por Hal ''Creepshow'' Holbrook, que passa o filme inteiro no telefone, e só contracena com alguém em uma mísera cena. Como o ator recentemente faleceu, tendo uma ''morte prematura'' aos quase 100 anos, talvez dê para dizer que tanto esse post aqui quanto o vídeo do Relíquias acabam prestando uma homenagem a ele. Ou não, sei lá.


Mas, apesar da longa duração e das piadas bestas em profusão, nem tudo está perdido aqui.


O assassino com fantasia de urso - e línguona pra fora - é bem adorável, sendo o precursor de outros psychos ''bonitinhos'' em slashers obscuros, tipo o vilão do ainda menos conhecido - e também cômico - Famine.


E GNO acaba até sendo meio original por dois outros fatores: a ausência de um personagem principal (culminando na ausência de uma final girl), e um final bem badass, freak e impactante. Não esperava mesmo um final tão eficiente em um slasher tão medíocre e problemático, em que raramente há mortes minimamente memoráveis.


Eis a minha cotação:

 

2.5 de 5 (mediano)


E, apesar de não ter curtido o filme tanto quanto o Alex, recomendo sim vocês darem uma olhada no vídeo dele. Ficou muito legal, e é certamente bem superior ao vídeo da Boca do Inferno. Por mais que a minha opinião do filme esteja mais próxima da do vídeo da Boca, o vídeo do Relíquias é muito mais caprichado, e explora mais o filme. (E, além de tudo, a Boca vacilou ao malhar o final de GNO - que não é genérico nem a pau.)

 

PS: Ahh, quase me esqueci. A misoginia e perversão do serial-killer são tão doentias que até me lembraram os bons e velhos gialli - que alguns insistem em chamar de ''avô do slasher'', apesar de terem vindo depois do slasher. (Vai entender.)