SPOILERS SOBRE AMBOS OS FILMES ADIANTE!!! (Só as sinopses aparecem sem spoilers. Todo o resto está repleto de spoilers graves. Fica o aviso de antemão.)
Da seção de curiosidades do Atração Mortal no IMDB:
''Alguns resenhistas debateram semelhanças entre este filme e Massacre no Colégio. Daniel Waters declarou que não havia visto o filme na época em que escreveu o roteiro de Atração Mortal, mas que havia lido uma resenha dele no livro Cult Movies, de Danny Peary, e que tal filme pode ter ''rastejado em alguma parte do meu subconsciente''.''
Como Massacre no Colégio (1976, Rene Daalder) e Atração Mortal (1988, Michael Lehmann) possuem fortes semelhanças, decidi, finalmente, fazer a devida dobradinha com os dois clássicos filmes sobre bullying e assassinatos na escola.
MASSACRE NO COLÉGIO / MASSACRE AT CENTRAL HIGH (1976)
''This is hardly empty.''
A sinopse SEM spoilers:
David (Derrel Maury) não gosta da forma como uma espécie de grupo neonazista causa o terror em sua escola - intimidando, espancando e até estuprando os mais fracos. Dialogar com tais fucking assholes parece não surtir efeito algum, o levando ao seguinte pensamento: a única saída talvez seja mesmo causar um Massacre no Colégio.
Analisando o filme COM spoilers:
Ouvi falar de Rene Daalder, diretor de Massacre no Colégio, pela primeira vez lá no finalzinho dos anos 90. Comprei, em um sebo de São Paulo, uma edição (a única?) da revista oitentista Espantomania, e vi uma notinha sobre o seu Population One (1986), cuja sinopse me deixou muito, muito interessado: um sujeito perturbado agindo como se fosse o único sobrevivente do apocalipse no Planeta Terra. Desenvolvi uma verdadeira obsessão pelo filme, sendo que somente dez anos depois, com o lançamento em DVD duplo do filme nos EUA (pela Cult Epics), pude finalmente assisti-lo.
Nesse intervalo entre descobrir sobre a existência de Population One e finalmente assisti-lo, fui me contentando com informações de seus outros filmes. Pude adquirir a VHS do seu mediano sci-fi Habitat (1996), muito provavelmente o seu único título disponível em home video no Brasil, e, através do You Tube em 2007, conferi o seu cultuado Massacre no Colégio (1976), a obra mais famosa de sua filmografia.
Já havia lido sobre Massacre no Colégio na Fangoria, no começo dos anos 2000, e ficado intrigado com as acusações de plágio que Atração Mortal sofreu por causa do filme de Daalder. Mas admito que não fiquei realmente impactado na primeira vez que assisti Massacre no Colégio. O achei bacana, mas, nesse primeiro instante, não consegui enxergar toda a sua força. E não me perguntem se foi com ou sem cortes, já que não consigo me lembrar.
Até que, em 2012, acabei conhecendo o Anselmo Luís, AKA Spektro, o fã # 1 do filme, que, aos poucos, foi me fazendo notar toda a beleza de Massacre no Colégio.
Recentemente, o Spektro me arranjou um novo DVD-R do filme, um rip integral do seu DVD alemão (mas com a adição da dublagem brasileira, retirada da Globo), totalmente sem cortes, com uma bela qualidade de imagem e todos os seus gloriosos 84 minutos de duração. (O Speks se enganou ao escrever ''74 minutos'' ali, hehehe. Devia estar viajando pensando nos peitões da Kimberly Beck no filme!!!)
E, agora sim, posso dizer que me tornei também um grande fã do filme. E, na última revisão, pude notar que Massacre no Colégio e Atração Mortal não são semelhantes somente nas conclusões, com a explosão do protagonista do lado de fora da escola, mas em algumas outras coisinhas também.
Podemos até dizer que Atração Mortal é um remake disfarçado e livre de Massacre no Colégio. Enquanto em Massacre no Colégio temos os bullies sendo despachados através de assassinatos disfarçados de acidentes, em Atração Mortal as mortes dos bullies são disfarçadas de suicídios. Nos dois filmes há o tema da corrupção do poder, com o bullying seguindo adiante, só que com novos agressores. Nos dois filmes rola a inversão de papéis, com os heróis se transformando em algozes e vice-versa. Por alguma razão, isso me lembra o que algum participante de algum A Casa dos Artistas ou A Fazenda disse uma vez: ''Aqui a gente odeia alguém hoje, e alguém totalmente diferente amanhã.''
E é interessante pensar no Christian Slater, lá no final de Atração Mortal, vestido de sobretudo, munido de revólver e tendo dificuldades em andar. Igualzinho ao David (Derrel Maury) de Massacre no Colégio, ao avisar os personagens de Andrew Stevens e Kimberly Beck que pretende mandar a escola para o lugar que pertence: os ares. Inclusive, em alguns trechos e imagens, o JD de Slater até se parece com o David de Maury.
Ou seja: o diretor e o roteirista de Atração Mortal, ao negarem que assistiram Massacre no Colégio e que se inspiraram no mesmo, fazem a mesma coisa que Sean Cunninghan e Ridley Scott fizeram quase uma década antes - negando terem chupado o grande Mario Bava (em Banho de Sangue e Planeta dos Vampiros) nos seus grandes sucessos Sexta-Feira 13 e Alien: O Oitavo Passageiro, respectivamente.
A grande diferença entre Central High e Heathers é que, enquanto o segundo é mais bem produzido, com um trio de atores à beira do estrelato e todo um forte aparato técnico, o primeiro é marcado por uma crua abordagem punk rock, o baixíssimo orçamento, um visual sujo e atores amadores. Entre eles, os jovens Andrew ''Olhos da Noite'' Stevens, Kimberly ''Sexta-Feira 13: O Capítulo Final'' Beck, Robert ''Agonia e Glória'' Carradine e Steve ''Depredador'' Bond.
Enquanto Heathers possui diálogos bem trabalhados e com referências literárias, Central High está pouco se fodendo para tais ''frescuras''. Tudo aqui é movido a mais pura anarquia e destruição, com uma participação memorável de Derrel Maury como David. Assim como o diretor Daalder, Maury também odeia a trilha sonora do filme (a breguíssima ''You're in the Crossroads of your life, the Crossroads...''), o único ponto fraco deste clássico absoluto setentista. É uma pena não terem conseguido incluir o tema originalmente composto para o filme, intitulado David's Theme - essa faixa sim fortemente defendida por Daalder e Maury.
Talvez o único probleminha de Massacre no Colégio seja alguma deficiência nas coreografias de luta. Mas, caralho, A Noite dos Mortos-Vivos tem o mesmo problema, e ninguém nunca reclama sobre isso. Bem, acho que, em clássicos absolutos do naipe de Massacre at Central High, até dá para perdoar tal falha.
E, para entender melhor o universo de Daalder em geral e Massacre no Colégio em especial, seu documentário Here Is Always Somewhere Else é uma ótima pedida. Assim como em um outro doc de sua autoria, o belo Os Terrestres (exibido na Mostra Internacional de São Paulo), Somewhere Else também se trata de um doc ''dois em um'', por assim dizer: documentários que começam retratando um certo indivíduo para, mais adiante, abordar quem o está retratando. Enquanto Os Terrestres é um doc sobre Tim Leary (que, curiosamente, foi o padrinho da Winona Ryder, atriz principal de Atração Mortal) que se transforma num retrato dos jovens responsáveis por digitalizar seus arquivos, Here Is Always Somewhere Else é, em tese, um retrato de Bas Jan Ader, artista holandês exilado nos EUA; para, a seguir, virar um autorretrato do próprio Daalder, também um holandês radicado em território americano. No doc, Daalder faz uma reflexão dos seus filmes, e também fala sobre a influência da força da gravidade nas mortes de Massacre no Colégio. (Acreditem se quiser: escrevi essa parte final ouvindo Diamonds, da ''Katheryn'' Perry, bem na parte em que ela diz: ''It's like THE FORCE OF GRAVITY in full effect.'' WHAT THE FUCK?!)
PS: E sobre o Blu-ray do filme pela Synapse... Sai ou não sai?
''Posso dizer que vocês se tornaram tão ruins quanto os que eu matei.''
///
ATRAÇÃO MORTAL / HEATHERS (1988)
''You really think you're a rebel, don't you? You're not a rebel. You're a fucking psycho.''
A sinopse SEM spoilers:
O colégio Westerburg é dominado pelas Heathers (Shannen Doherty, Lizanne Falk e Kim Walker), as três patricinhas que ditam as regras e humilham os nerds, os freaks, os obesos e os outsiders locais. Veronica (Winona Ryder) não concorda com elas, mas reprime sua revolta para não ficar em desvantagem. Mas, com a chegada do rebelde-sociopata JD (Christian Slater), suas fantasias de acabar com as Heathers, com os atletas imbecis e com todos os bullies scumbags em geral, parecem, finalmente, terem uma chance de se concretizarem. Será que teremos, assim, mais um Massacre no Colégio?
Analisando o filme COM spoilers:
Heathers (completando 30 anos agora em 2018), por muito pouco, não foi o meu primeiro Blu-ray, lá no começo de 2011. Só não o adquiri pela cópia em questão ser um combo com As Muitas Mulheres da Minha Vida (Sex and Death 101, estreia de Daniel Waters na direção, e estrelado por Winona Ryder). Como eu NÃO gosto de combos (fuck you, Versátil Hype Video) e, para piorar, Sex and Death 101 não me parecer um filme muito interessante, deixei tal edição azul - custando 30 mangos - passar batida.
Seja como for, Heathers é um filme que eu sempre adorei, desde que o vi pela primeira vez no longínquo ano de 2002. Tenho as duas VHS dele lançadas aqui, e também os dois DVDs. E também o tenho numa VHS com o filme gravado da TV paga em 2002.
Mas, hoje em dia, após me familiarizar com Massacre no Colégio, posso ver que Heathers não é tão original assim. E, me informando de todos os bastidores e afins, é um tanto decepcionante pensar que o diretor Michael Lehmann não teve coragem de rodar o final original, com a escola e todos os personagens indo pro saco. Em seguida, teríamos uma festa no céu, para comprovar o que Jason ''JD'' Dean (o personagem de Christian Slater) diz em um certo momento: ''O único lugar onde as pessoas se dão bem é no céu.''
Arrisco dizer que as grandes diferenças entre os dois são, além do que já foi dito no review acima, o fato de que:
1) Heathers é, ao contrário de Massacre no Colégio, bastante pomposo e polido (mas não de forma pejorativa).
2) O filme de 1988 até que mostra bastante os pais dos personagens - sendo que, em Massacre no Colégio, os adultos só aparecem na cena final, da festa de formatura.
Ainda assim, é um filme que eu continuo adorando. As atuações, a direção, o roteiro, a trilha sonora, os diálogos, o ar nostálgico e deprê ao mesmo tempo, mesclado com um humor negro generalizado... Tudo funciona perfeitamente em Heathers, filme que já assisti dezenas e dezenas de vezes. E até acho que o final, chupado de Massacre no Colégio, com JD se explodindo ao invés de explodir a escola, traz um eficiente clímax melancólico a trama.
Pensar que Winona Ryder (Milfona Ryder nos tempos atuais?) já foi fodástica ao extremo... Ao contrário da sua atuação insuportável em Stranger Fags, ela aqui está impecável como Veronica Sawyer, com seu sex appeal e suas fantasias homicidas. No mesmo ano, Winona também esteve n'Os Fantasmas Se Divertem, aparecendo, em seguida, em Edward Mãos de Tesoura, alguns de seus papéis mais lembrados.
Já Slater passa o filme chupando Jack Nicholson, o que faz muito bem. Uma década e meia mais tarde, Slater interpretaria outro personagem chamado JD no surpreendente slasher Caçadores de Mentes, de Renny Harlin.
Uma gordinha Shannen Doherty também brilha como uma das três Heathers. Logo em seguida, Shannen faria o seriado Barrados no Baile, vivendo seus dias de Beatlemania.
É interessante notar que tal trio Ryder-Slater-Doherty, lançados ao estrelato inicialmente por este filme, se tornaria uma trinca de troublemakers viciados em drogas em seguida. Já hoje em dia, enquanto Ryder e Slater foram ressuscitados por seriados televisivos (Ryder no superestimado ao extremo It's Tranny Things, Slater no genial Mr. Robot - ''Sociedade Hacker'', vexame total o subtítulo nacional), Doherty se encontra enfrentando o câncer.
Um destino ainda mais cruel foi reservado a Jeremy Applegate e Kim Walker, que tiveram mortes um tanto quanto ''profetizadas'' pelo filme, como diz no IMDB. O personagem certinho de Applegate, ao atender o funeral da Heather líder (Walker), reza para que nunca acabe se matando na vida. Foi exatamente isso que aconteceu com seu intérprete: Applegate tirou a própria vida em Março de 2000. Já um ano depois, em Março de 2001, foi a vez de Walker. Na cena em que Veronica e JD estão prestes a matá-la com uma ''bebida mortal'', por assim dizer, a personagem de Walker pergunta para eles se eles comeram um tumor cerebral no café da manhã. E foi precisamente essa a causa da morte de Walker: tumor no cérebro.
Vejamos: os três atores principais tiveram fortes problemas com as drogas, e dois outros membros do elenco tiveram mortes macabras com ligações com o próprio filme. Soma-se a isso o fato de Michael Lehmann nunca ter tido outro acerto no cinema, sendo este filme aqui o seu único motivo de orgulho. De boa...
Seria Heathers um filme maldito?
PS: Curiosamente, tem uma sequência em Heathers que é muito parecida com uma cena do contemporâneo Fear, Anxiety and Depression, estreia de Todd Solondz na direção de longas-metragens.
''ES... QUI... MÓ.''
Cotações:
Massacre no Colégio: ***** (excelente)
Atração Mortal: ***** (excelente)
Veredito:
Então, qual dos dois filmes é melhor? Sinceramente não sei. Amo os dois e recomendo ambos ao extremo. Ahh, e essa é a hora de explorar as filmografias de ambos Rene Daalder e Michael Lehmann.
(E, sim, fui muito burro por não comprar o Blu-ray gringo de Atração Mortal - mesmo sendo um fucking combo. E é vergonhoso pensar que até hoje não assisti As Muitas Mulheres da Minha Vida, o reencontro entre Daniel Waters e Winona Ryder.)
Da seção de curiosidades do Atração Mortal no IMDB:
''Alguns resenhistas debateram semelhanças entre este filme e Massacre no Colégio. Daniel Waters declarou que não havia visto o filme na época em que escreveu o roteiro de Atração Mortal, mas que havia lido uma resenha dele no livro Cult Movies, de Danny Peary, e que tal filme pode ter ''rastejado em alguma parte do meu subconsciente''.''
Como Massacre no Colégio (1976, Rene Daalder) e Atração Mortal (1988, Michael Lehmann) possuem fortes semelhanças, decidi, finalmente, fazer a devida dobradinha com os dois clássicos filmes sobre bullying e assassinatos na escola.
MASSACRE NO COLÉGIO / MASSACRE AT CENTRAL HIGH (1976)
''This is hardly empty.''
A sinopse SEM spoilers:
David (Derrel Maury) não gosta da forma como uma espécie de grupo neonazista causa o terror em sua escola - intimidando, espancando e até estuprando os mais fracos. Dialogar com tais fucking assholes parece não surtir efeito algum, o levando ao seguinte pensamento: a única saída talvez seja mesmo causar um Massacre no Colégio.
Analisando o filme COM spoilers:
Ouvi falar de Rene Daalder, diretor de Massacre no Colégio, pela primeira vez lá no finalzinho dos anos 90. Comprei, em um sebo de São Paulo, uma edição (a única?) da revista oitentista Espantomania, e vi uma notinha sobre o seu Population One (1986), cuja sinopse me deixou muito, muito interessado: um sujeito perturbado agindo como se fosse o único sobrevivente do apocalipse no Planeta Terra. Desenvolvi uma verdadeira obsessão pelo filme, sendo que somente dez anos depois, com o lançamento em DVD duplo do filme nos EUA (pela Cult Epics), pude finalmente assisti-lo.
Nesse intervalo entre descobrir sobre a existência de Population One e finalmente assisti-lo, fui me contentando com informações de seus outros filmes. Pude adquirir a VHS do seu mediano sci-fi Habitat (1996), muito provavelmente o seu único título disponível em home video no Brasil, e, através do You Tube em 2007, conferi o seu cultuado Massacre no Colégio (1976), a obra mais famosa de sua filmografia.
Já havia lido sobre Massacre no Colégio na Fangoria, no começo dos anos 2000, e ficado intrigado com as acusações de plágio que Atração Mortal sofreu por causa do filme de Daalder. Mas admito que não fiquei realmente impactado na primeira vez que assisti Massacre no Colégio. O achei bacana, mas, nesse primeiro instante, não consegui enxergar toda a sua força. E não me perguntem se foi com ou sem cortes, já que não consigo me lembrar.
Até que, em 2012, acabei conhecendo o Anselmo Luís, AKA Spektro, o fã # 1 do filme, que, aos poucos, foi me fazendo notar toda a beleza de Massacre no Colégio.
Recentemente, o Spektro me arranjou um novo DVD-R do filme, um rip integral do seu DVD alemão (mas com a adição da dublagem brasileira, retirada da Globo), totalmente sem cortes, com uma bela qualidade de imagem e todos os seus gloriosos 84 minutos de duração. (O Speks se enganou ao escrever ''74 minutos'' ali, hehehe. Devia estar viajando pensando nos peitões da Kimberly Beck no filme!!!)
E, agora sim, posso dizer que me tornei também um grande fã do filme. E, na última revisão, pude notar que Massacre no Colégio e Atração Mortal não são semelhantes somente nas conclusões, com a explosão do protagonista do lado de fora da escola, mas em algumas outras coisinhas também.
Podemos até dizer que Atração Mortal é um remake disfarçado e livre de Massacre no Colégio. Enquanto em Massacre no Colégio temos os bullies sendo despachados através de assassinatos disfarçados de acidentes, em Atração Mortal as mortes dos bullies são disfarçadas de suicídios. Nos dois filmes há o tema da corrupção do poder, com o bullying seguindo adiante, só que com novos agressores. Nos dois filmes rola a inversão de papéis, com os heróis se transformando em algozes e vice-versa. Por alguma razão, isso me lembra o que algum participante de algum A Casa dos Artistas ou A Fazenda disse uma vez: ''Aqui a gente odeia alguém hoje, e alguém totalmente diferente amanhã.''
E é interessante pensar no Christian Slater, lá no final de Atração Mortal, vestido de sobretudo, munido de revólver e tendo dificuldades em andar. Igualzinho ao David (Derrel Maury) de Massacre no Colégio, ao avisar os personagens de Andrew Stevens e Kimberly Beck que pretende mandar a escola para o lugar que pertence: os ares. Inclusive, em alguns trechos e imagens, o JD de Slater até se parece com o David de Maury.
Ou seja: o diretor e o roteirista de Atração Mortal, ao negarem que assistiram Massacre no Colégio e que se inspiraram no mesmo, fazem a mesma coisa que Sean Cunninghan e Ridley Scott fizeram quase uma década antes - negando terem chupado o grande Mario Bava (em Banho de Sangue e Planeta dos Vampiros) nos seus grandes sucessos Sexta-Feira 13 e Alien: O Oitavo Passageiro, respectivamente.
A grande diferença entre Central High e Heathers é que, enquanto o segundo é mais bem produzido, com um trio de atores à beira do estrelato e todo um forte aparato técnico, o primeiro é marcado por uma crua abordagem punk rock, o baixíssimo orçamento, um visual sujo e atores amadores. Entre eles, os jovens Andrew ''Olhos da Noite'' Stevens, Kimberly ''Sexta-Feira 13: O Capítulo Final'' Beck, Robert ''Agonia e Glória'' Carradine e Steve ''Depredador'' Bond.
Enquanto Heathers possui diálogos bem trabalhados e com referências literárias, Central High está pouco se fodendo para tais ''frescuras''. Tudo aqui é movido a mais pura anarquia e destruição, com uma participação memorável de Derrel Maury como David. Assim como o diretor Daalder, Maury também odeia a trilha sonora do filme (a breguíssima ''You're in the Crossroads of your life, the Crossroads...''), o único ponto fraco deste clássico absoluto setentista. É uma pena não terem conseguido incluir o tema originalmente composto para o filme, intitulado David's Theme - essa faixa sim fortemente defendida por Daalder e Maury.
Talvez o único probleminha de Massacre no Colégio seja alguma deficiência nas coreografias de luta. Mas, caralho, A Noite dos Mortos-Vivos tem o mesmo problema, e ninguém nunca reclama sobre isso. Bem, acho que, em clássicos absolutos do naipe de Massacre at Central High, até dá para perdoar tal falha.
E, para entender melhor o universo de Daalder em geral e Massacre no Colégio em especial, seu documentário Here Is Always Somewhere Else é uma ótima pedida. Assim como em um outro doc de sua autoria, o belo Os Terrestres (exibido na Mostra Internacional de São Paulo), Somewhere Else também se trata de um doc ''dois em um'', por assim dizer: documentários que começam retratando um certo indivíduo para, mais adiante, abordar quem o está retratando. Enquanto Os Terrestres é um doc sobre Tim Leary (que, curiosamente, foi o padrinho da Winona Ryder, atriz principal de Atração Mortal) que se transforma num retrato dos jovens responsáveis por digitalizar seus arquivos, Here Is Always Somewhere Else é, em tese, um retrato de Bas Jan Ader, artista holandês exilado nos EUA; para, a seguir, virar um autorretrato do próprio Daalder, também um holandês radicado em território americano. No doc, Daalder faz uma reflexão dos seus filmes, e também fala sobre a influência da força da gravidade nas mortes de Massacre no Colégio. (Acreditem se quiser: escrevi essa parte final ouvindo Diamonds, da ''Katheryn'' Perry, bem na parte em que ela diz: ''It's like THE FORCE OF GRAVITY in full effect.'' WHAT THE FUCK?!)
PS: E sobre o Blu-ray do filme pela Synapse... Sai ou não sai?
''Posso dizer que vocês se tornaram tão ruins quanto os que eu matei.''
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ATRAÇÃO MORTAL / HEATHERS (1988)
''You really think you're a rebel, don't you? You're not a rebel. You're a fucking psycho.''
A sinopse SEM spoilers:
O colégio Westerburg é dominado pelas Heathers (Shannen Doherty, Lizanne Falk e Kim Walker), as três patricinhas que ditam as regras e humilham os nerds, os freaks, os obesos e os outsiders locais. Veronica (Winona Ryder) não concorda com elas, mas reprime sua revolta para não ficar em desvantagem. Mas, com a chegada do rebelde-sociopata JD (Christian Slater), suas fantasias de acabar com as Heathers, com os atletas imbecis e com todos os bullies scumbags em geral, parecem, finalmente, terem uma chance de se concretizarem. Será que teremos, assim, mais um Massacre no Colégio?
Analisando o filme COM spoilers:
Heathers (completando 30 anos agora em 2018), por muito pouco, não foi o meu primeiro Blu-ray, lá no começo de 2011. Só não o adquiri pela cópia em questão ser um combo com As Muitas Mulheres da Minha Vida (Sex and Death 101, estreia de Daniel Waters na direção, e estrelado por Winona Ryder). Como eu NÃO gosto de combos (fuck you, Versátil Hype Video) e, para piorar, Sex and Death 101 não me parecer um filme muito interessante, deixei tal edição azul - custando 30 mangos - passar batida.
Seja como for, Heathers é um filme que eu sempre adorei, desde que o vi pela primeira vez no longínquo ano de 2002. Tenho as duas VHS dele lançadas aqui, e também os dois DVDs. E também o tenho numa VHS com o filme gravado da TV paga em 2002.
Mas, hoje em dia, após me familiarizar com Massacre no Colégio, posso ver que Heathers não é tão original assim. E, me informando de todos os bastidores e afins, é um tanto decepcionante pensar que o diretor Michael Lehmann não teve coragem de rodar o final original, com a escola e todos os personagens indo pro saco. Em seguida, teríamos uma festa no céu, para comprovar o que Jason ''JD'' Dean (o personagem de Christian Slater) diz em um certo momento: ''O único lugar onde as pessoas se dão bem é no céu.''
Arrisco dizer que as grandes diferenças entre os dois são, além do que já foi dito no review acima, o fato de que:
1) Heathers é, ao contrário de Massacre no Colégio, bastante pomposo e polido (mas não de forma pejorativa).
2) O filme de 1988 até que mostra bastante os pais dos personagens - sendo que, em Massacre no Colégio, os adultos só aparecem na cena final, da festa de formatura.
Ainda assim, é um filme que eu continuo adorando. As atuações, a direção, o roteiro, a trilha sonora, os diálogos, o ar nostálgico e deprê ao mesmo tempo, mesclado com um humor negro generalizado... Tudo funciona perfeitamente em Heathers, filme que já assisti dezenas e dezenas de vezes. E até acho que o final, chupado de Massacre no Colégio, com JD se explodindo ao invés de explodir a escola, traz um eficiente clímax melancólico a trama.
Pensar que Winona Ryder (Milfona Ryder nos tempos atuais?) já foi fodástica ao extremo... Ao contrário da sua atuação insuportável em Stranger Fags, ela aqui está impecável como Veronica Sawyer, com seu sex appeal e suas fantasias homicidas. No mesmo ano, Winona também esteve n'Os Fantasmas Se Divertem, aparecendo, em seguida, em Edward Mãos de Tesoura, alguns de seus papéis mais lembrados.
Já Slater passa o filme chupando Jack Nicholson, o que faz muito bem. Uma década e meia mais tarde, Slater interpretaria outro personagem chamado JD no surpreendente slasher Caçadores de Mentes, de Renny Harlin.
Uma gordinha Shannen Doherty também brilha como uma das três Heathers. Logo em seguida, Shannen faria o seriado Barrados no Baile, vivendo seus dias de Beatlemania.
É interessante notar que tal trio Ryder-Slater-Doherty, lançados ao estrelato inicialmente por este filme, se tornaria uma trinca de troublemakers viciados em drogas em seguida. Já hoje em dia, enquanto Ryder e Slater foram ressuscitados por seriados televisivos (Ryder no superestimado ao extremo It's Tranny Things, Slater no genial Mr. Robot - ''Sociedade Hacker'', vexame total o subtítulo nacional), Doherty se encontra enfrentando o câncer.
Um destino ainda mais cruel foi reservado a Jeremy Applegate e Kim Walker, que tiveram mortes um tanto quanto ''profetizadas'' pelo filme, como diz no IMDB. O personagem certinho de Applegate, ao atender o funeral da Heather líder (Walker), reza para que nunca acabe se matando na vida. Foi exatamente isso que aconteceu com seu intérprete: Applegate tirou a própria vida em Março de 2000. Já um ano depois, em Março de 2001, foi a vez de Walker. Na cena em que Veronica e JD estão prestes a matá-la com uma ''bebida mortal'', por assim dizer, a personagem de Walker pergunta para eles se eles comeram um tumor cerebral no café da manhã. E foi precisamente essa a causa da morte de Walker: tumor no cérebro.
Vejamos: os três atores principais tiveram fortes problemas com as drogas, e dois outros membros do elenco tiveram mortes macabras com ligações com o próprio filme. Soma-se a isso o fato de Michael Lehmann nunca ter tido outro acerto no cinema, sendo este filme aqui o seu único motivo de orgulho. De boa...
Seria Heathers um filme maldito?
PS: Curiosamente, tem uma sequência em Heathers que é muito parecida com uma cena do contemporâneo Fear, Anxiety and Depression, estreia de Todd Solondz na direção de longas-metragens.
''ES... QUI... MÓ.''
Cotações:
Massacre no Colégio: ***** (excelente)
Atração Mortal: ***** (excelente)
Veredito:
Então, qual dos dois filmes é melhor? Sinceramente não sei. Amo os dois e recomendo ambos ao extremo. Ahh, e essa é a hora de explorar as filmografias de ambos Rene Daalder e Michael Lehmann.
(E, sim, fui muito burro por não comprar o Blu-ray gringo de Atração Mortal - mesmo sendo um fucking combo. E é vergonhoso pensar que até hoje não assisti As Muitas Mulheres da Minha Vida, o reencontro entre Daniel Waters e Winona Ryder.)
Pois é eu me enganei mesmo ,esta tão obcecado em grava-lo para você que coloquei á metragem do filme errado me desculpe por isso ,gostei desse frase distraído pelos peitões da Kimberly Beck e que não ficaria , hein ! :) Outra frase legal do Massacre no Colégio.
ResponderExcluirMark fala - David ,que você pensa que é ,deus ?
E ele responde - Não, apenas um homem louco.
Eita ! filmaço :)
Ótimo post de comparações dentre esse filme original e o seu plagio, apesar que o diretor vira e mexe desmente que o fez.
Um Abraço de Spektro 72.
Teria ainda mais coisas para dizer sobre a dobradinha Massacre no Colégio + Atração Mortal... Inclusive, você chegou a assistir o Heathers? Se sim, o que tu achou do filme?
ExcluirRecentemente descobri um tal The Curve, AKA Dead Man's Curve, com o Matthew Lillard, que presta uma homenagem clara ao Heathers. O legal é que ele foi feito logo após o primeiro Pânico, aproveitando o sucesso repentino do Lillard. É um filme mais curioso do que propriamente interessante, mas fica a recomendação.
Acredite ate agora não assisti o filme "Atração Mortal " sem tempo nenhum .. cara tá foda tô com mania de sair de madrugada atrás de mulher hora tem hora que me dou bem e hora eu me fodo ,se contar o que aconteceu comigo nesses dois meses você não acreditaria daria um pagina maior do que as suas criticas nesse blog.. mas eu vou assisti-lo nesses dias e dai debatemos e comparamos um como o outro ,ok !
ResponderExcluirUm Abraço de Spektro 72
''Spek's Noites em Claro'' :)
ExcluirQualquer hora você podia contar essa história aí, que deve ter sido bem interessante.
Ahh, e recentemente descobri que a Arrow lançou Atração Mortal em Blu-ray na Inglaterra. A capinha é sensacional, a melhor que já vi para o filme: recomendo uma olhada nela via Google Imagens. (A única coisa ruim é o maldito ''15'' na capinha. Mas, felizmente, a Arrow tem o costume de incluir capas internas sem a classificação otária - algo que, muito tristemente, não é comum aqui no Brasil. Essas empresas fajutas que temos aqui nem se tocam que colecionador nenhum gosta de ver cotação otária na porra da capa.)
Assisti o Atração Mortal realmente ele lembra muito Massacre No Colégio - 1976 até cena final não igual mais muito parecida o filme é bom as atuações estão excelente ,apesar que eu acho o David do Massacre no Colégio ,mas assustador tanto ator quanto personagem te prende que filme posso assistir mil vezes e as mil vezes ele ira me impressionar .
ResponderExcluirSobre as minhas andanças noturna dei uma parada já faz um mês que não saio de casa ,pois já fui enganado por essas putas duas vezes eu tenho a mania besta de pagar antes do sexo de depois me fodo ,pois eles somem ou ficam enrolando para dar á merda da buceta e eu fico enfurecido e volto pra casa na mão ,que essas vacas se danem também ,da vontade de falar " Pega essa buceta e enfia no seu cu " mas como eu seu um cavalheiro deixo passar ,que raiva ! dessas putas malditas e drogadas ,Grrr !