''And then...
We'll solve...
The mystery...
OF LA-CE-RA-TION GRA-VI-TY.
This riddle...
OF REVENGE.
Please understand:
It has to be this way.''
MCR: ''Nossa Senhora das Mágoas''
Colecionar VHS não é para os fracos. E, talvez, nem para os fortes. Será que é para alguém? Não vejo como alguém conseguiria colecionar o formato sem ter grandes motivos para tal.
Pensando alto sobre o ato de colecionar VHS, em postagem escrita em tempo real...
Não sei direito como farei esse post, portanto simplesmente sairei falando livremente sobre o assunto, mesmo correndo o risco de deixar a postagem bastante desorganizada.
Foi em Fevereiro de 1999 que adquiri a minha primeira VHS, no finado Sebo do Henrique, localizado na Rua da Moóca. Fiquei na dúvida entre adquirir o OK A Metade Negra, então o último filme de George Romero, e o patético quarto filme da desoladora franquia Halloween. Acabei optando mesmo por A Metade Negra, que custou 5 mangos.
De lá para cá fui adquirindo outras VHS e, atualmente, estou com mais de 2000 fitas. A maioria esmagadora é formada por VHS originais, mas também possuo pouco mais de duas dezenas de fitas piratas-oficiais (AKA alternativas, AKA ''trepadas''), além de cerca de duas ou três dezenas de fitas com conteúdo gravado da TV aberta entre 1997 e 2007 - na maioria, filmes e videoclipes. Possuo também mais ou menos 15 fitas Betamax, o primo pobre e fodido do VHS.
De 1999 a 2012 fui um colecionador quase que casual de VHS. Pelo menos é uma descrição que posso fazer se comparar aquela época com o que me tornei a partir de Outubro de 2013, quando virei um colecionador mega-hardcore do formato. O auge da obsessão foi mesmo entre 2014 e 2017, sendo que, só nos meses de Fevereiro e Março de 2017, adquiri mais de 300 VHS.
E o que posso dizer é que, hoje em dia, estou um tanto desencantado e desiludido com o colecionismo de VHS, e não o recomendo para absolutamente NINGUÉM. Na verdade, o colecionismo em geral é uma doença maldita que não recomendo para qualquer ser humano. A finada parceria entre o Hulkboy e o Oswaldo Potenza, inclusive, rendeu dois ótimos podcasts - deletados da internet - sobre o lado negro do colecionismo.
Alguns colecionadores de VHS argumentam que, um dos baratos de colecionar o formato, é o apreço pelo seu valor histórico. Não vejo muito sentido nisso. Acho que, pelo lado do valor histórico, você pode recorrer aos recursos da internet e a informações retiradas de guias relevantes de VHS. Não é preciso colecionar o formato para isso.
Outros dizem que o legal de colecionar VHS é o lance da nostalgia aliada a magia geral do negócio: capas geralmente lindas; uma caralhada de coisa indisponível em DVD nacional (Blu-ray então nem se fala) ou disponível apenas em frustrantes combos por empresas ultra-hypadas como Versátil Hype Vídeo e Obras-Porcas do Cinema; e o prazer e a diversão de se adquirir algo que não é mais fabricado faz mais de uma década.
Sobre essa parte da ''nostalmagia'', eu até vejo sentido. A nostalgia a la Em Algum Lugar do Passado somada a beleza do VHS tem o seu apelo com certeza. E é um dos motivos pelos quais eu colecionei o formato radicalmente de final de 2013 até todo o ano de 2017. Toda essa coisa de dar um rolê ''down the memory lane'', relembrando a época em que éramos crianças ingênuas e cheias de esperança, em nossas idas old school até as locadoras, é um atrativo e tanto. O desejo impossível de ter uma segunda chance sempre desperta um fascínio em todos nós, não?
Mas a minha verdadeira ''driving force'' para colecionar VHS não foi a ''nostalmagia'' e sim uma possível visão, ou premonição, ou seja lá o que diabos foi aquilo, que tive no final de Março de 2013. ''Aquilo'' basicamente me disse que eu precisava adquirir a VHS - da Vídeo Mídia e/ou Pole Vídeo - do giallo Premonição, AKA 7 Notas Fatais, que o mestre supremo Lucio Fulci realizou em 1977; o mesmo ano em que a extremamente deplorável dupla Steven Is Pig / George Lickass assassinou em definitivo Hollywood.
Naquele ''momento de claridade'', ou visão do além, ou seja lá o que for que aconteceu, percebi que o meu destino no Planeta Terra é caçar tal VHS. É claro que não tenho certeza disso, mas é a melhor pista que tive desde então: que, ao caçar e, eventualmente, conseguir a VHS de Premonição, conseguirei me vingar de todas as coisas que atrapalham a minha estadia nesse mundo. Que ao adquirir tal fita da maneira correta - jamais recorrendo a cuspível dobradinha internet + correio - conseguirei realizar a vingança que tanto desejei durante a minha vida, em especial nessa década horrível.
A princípio, eu nem pretendia conseguir a fita para mim. A ideia era conseguir a fita, ficar com ela durante menos de um mês, e, a seguir, passá-la para o Albino; que se revelaria o maior câncer do meio do VHS, conseguindo ser ainda pior do que o também catastrófico Rafael Jader Gonçalves, AKA Cinéfilos e Coleções, AKA Sick Fuck.
Aliás, abro aqui um parêntese. O meio do VHS é o mais amaldiçoado possível. O apelidei de ''Big VHS Brother Brasil'', já que esse meio é tão detestável quanto o universo dos reality shows: um jogo de aparências onde vale tudo para arrancar as fitinhas alheias. No BBB versão VHS temos de tudo: os tipos mau-caráter que estão nessa em nome da cretinice e do estelionato (Albino, Sick Fuck), os freaks terminais que fodem com o psicológico alheio (Fabiano ''Block-Unblock-Block-Unblock'' Bizzar, AKA Doentão do Caralho), vendedores nada recomendados (Ricardo Libido's, Sra. X / Mulher Xaropeta) e até mesmo viados pervertidos (Roqueiro Anônimo) que tentarão te ''estrupar'' enquanto você estiver ocupado procurando alguma raridade em VHS.
Enfim, no começo da ''visão'', eu tinha sim o plano de, após conseguir a VHS de Premonição, a passar para o Albino - para quem eu perdi a VHS Porta para o Silêncio (o último Fulci, lançado aqui pela Sato), na mesma época. Após o conhecer de verdade, percebi o quanto essa seria uma péssima ideia.
Após perceber que Premonição é sim uma fita que eu precisaria adquirir para mim, e a guardar com carinho até a minha morte (se é que um dia irei consegui-la...), cheguei também a decisão de ter todas as 30+ fitas - contando com os relançamentos - do Fulci lançadas no nosso mercado de vídeo.
Até aí tudo bem, mas o problema é que perdi o foco em algum momento durante o percurso. De Outubro de 2013 para cá, peguei somente fitas que sejam ao menos minimamente interessantes para mim. Mas convenhamos: VHS é algo grande e pesado, além de tecnicamente problemático, portanto o ideal é somente adquirir coisas especiais no formato, e não qualquer coisa remotamente interessante. Não a toa, estou me livrando de mais de 100 fitas bem pouco interessantes, que irão direto para o lixo reciclável.
Atualmente pego muito pouco VHS. Não há nada nesse mundo que possa me convencer a comprar fita pela dobradinha net + correio, e, como estou bastante focado em pegar somente coisas que se destaquem de verdade, adquiri somente umas 50 fitas ou menos durante todo a ano de 2018 - sendo grande parte dessas fitas adquiridas através de troca. Outro fator que me ajuda a pegar pouca VHS é o fato de que estamos na mais pura decadência das fontes físicas de VHS. Como decorrência disso tudo, até agora não comprei absolutamente nenhuma VHS em 2019.
Acho que, antes de colecionar QUALQUER COISA, é preciso questionar se vale mesmo a pena colecionar essas porras todas. Tipo, quanto isso irá me custar? Eu posso gastar essa grana toda com isso? Eu tenho espaço para armazenar essa caralhada toda? E será que isso REALMENTE faz sentido colecionar? Por quê?
É também preciso pensar nas formas de colecionar as coisas. E é preciso ter muito bom senso e personalidade na hora de tomar decisões colecionísticas. Certa vez li um relato no BJC bastante interessante, de um colecionador de Blu-ray falando que não vê sentido em colecionar sagas ''completas'' (mesmo porque, como bem sabemos, nunca existirá saga completa de nada): disse que, por exemplo, se tratando da vexatória trilogia do Cavaleiro das Trevas, ele só possui o BD do segundo filme, já que não gosta das partes 1 e 3. Faz sentido: se não gosta das partes 1 e 3, para que ter essas porras? Para ter a trilogia completa? Que se foda isso, o importante é gastar o mínimo de dinheiro, e ter o máximo de espaço possível disponível. Eu, por exemplo, jamais teria a franquia Halloween completa em ''Rai-azul''. Só as partes 1, 2 e H20 - que, para mim, formam uma verdadeira trilogia, além de ser os três exemplares realmente bons da saga. Para falar a verdade, talvez até pegaria também o subestimado terceiro filme; mas JAMAIS teria os BDs das partes 4, 5, 6 e 8, além dos dois do Rob Zombie e o Halloween 2018.
Acho que é muito importante pensar bem antes de pegar algum item colecionístico, já que espaço é um assunto bastante delicado. É aí também que reside o apelo do streaming, onde você pode armazenar um grande catálogo de filmes e séries sem ocupar espaço físico. OK, o conteúdo ficará numa nuvem e necessitará da internet para ser acessado, além dos títulos ali poderem desaparecer a qualquer instante. Mas só o fato de ter um grande acervo de filmes e seriados a sua disposição, sem foder com o seu espaço físico, já é um alívio.
Sei lá, outra coisa que me desanima um pouco em colecionar coisas é pensar que não terei alguém para deixar as minhas coleções de VHS, singles, Blu-rays, Miley-teca (aumentando cada vez mais) e outras coisas, já que não possuo nenhum interesse em ter filho. Acho que para quem tem filho - ou pretende ter - faz mais sentido colecionar, já que você terá um herdeiro para passar suas coleções. Mesmo que o seu filho não tenha nenhum interesse em manter suas tralhas, e acabe se livrando de todas elas, já é um adicional.
Outra coisa que não faz sentido é adquirir coisas simplesmente por estarem baratas e/ou serem raras. Eu não coleciono por raridade, e, hoje em dia, simplesmente me recusaria a pegar uma fita que não seja interessante o suficiente só por custar pouco, ou até muito pouco. Seria capaz de pagar até 90 reais na Vampyres: As Filhas de Drácula em bom estado e com a capa-estojo de papelão na íntegra, mas não pagaria nem 5 pilas numa fita apenas levemente interessante. Tipo, por exemplo, uma Corrosão: Ameaça em Seu Corpo é uma VHS que eu até recuperaria, mas na qual sou capaz de pagar apenas 3 reais no máximo. O Paul (Analog Archivist / VHS Collector) que bem disse certa vez: VHS só é divertido de colecionar quando você não precisa pagar altos valores - tipo 40, 50 ou mais dinheiros - numa fita. Na real, 90 reais é o máximo do máximo do máximo que eu pagaria em alguma VHS; e teria que ser algo muito, MUITO especial para eu pagar de 40 pilas para cima. E Premonição é a ÚNICA fita que me faria chegar nos três dígitos.
OK, acho que agora disse tudo que queria sobre o assunto. E demorei a voltar pra net porque, após a vitória para presidente do pior de todos os candidatos (sem contar que também elegeram o Juão Dólar aqui em SP), fiquei um tanto desanimado para voltar a postar coisa na rede. Por um lado, falar sobre política se tornou um tanto utópico e cansativo, e, por outro, falar de outros assuntos seria como ignorar a horrível situação política do país.
Por isso - e outras coisas - demorei tanto para voltar a fazer postagem aqui. Mas, para a infelicidade da nação, titio Marcio está de volta. Ao menos por enquanto.
PS: Sintam-se livres para comentar sobre o sentido - ou falta de - em colecionar coisas, e os métodos para tal. É o propósito do post: discutir o colecionismo; não só de VHS, mas geral. Respondam se puderem: qual é o sentido do colecionismo para você? E vale a pena? Mesmo que vocês não queiram comentar aqui comigo, sugiro que vocês pensem a respeito. Já nas imagens do post, o Blu-ray americano recém-lançado de Premonição. (Curiosamente, Blu-ray é algo que faz bastante sentido em colecionar, ao menos para mim: alta qualidade de imagem e áudio, disco bem resistente e estojo ainda menor que o do DVD - ou seja, ocupa pouco espaço, além de ser levinho. Tem também todo o espaço restante no disco para material extra. BD é tudo de bom, e acho simplesmente chocante não ter decolado como deveria, já que o povo em geral preferiu se conformar com uma mídia inferior, o DVD. Como já disse em outras ocasiões, o DVD não tem nem o valor ''nostalmágico'' do VHS e nem a forte qualidade técnica do BD.) Aliás, no mês passado eu quebrei a regra de só ver Premonição se conseguisse adquirir sua VHS, e acabei assistindo o filme - em rip do DVD da Versátys: Os Filhos de Crápula - pela primeira vez na vida. Já o considero de imediato um dos melhores gialli que assisti.
OUR LADY OF SORROWS
We could be perfect one laaaaast night
And die like star-crossed lovers
When we fight
And we could settle THIS AFFAIR
If you would shed your yellow
Take my hand
And then we'll solve the mystery of...
LA-CE-RA-TION GRA-VI-TY
This riddle...
OF REVENGE
Please understand
It has to be this way
STAND
Up fucking tall
Don't let them see your back
AND TAKE
My fucking hand
And never be afraid again
We've only got one chance
To put this at an end
And cross the patron saint
Of switchblade fights
You said...
We're not...
Celebrities
WE SPARK AND FADE
THEY DIE BY THREES
I'll make you UNDERSTAND
And you can trade me for an apparition
STAND
Up fucking tall
Don't let them see your back
AND TAKE
My fucking hand
And never...
Trust
You said
Who put the words in your head?
Oh, how wrong we were to think
That immortality meant never dying
STAND
Take my fucking hand
Take my fucking...
STAND
Up fucking tall
Don't let them see your back
AND TAKE
My fucking hand
And never be afraid AGAIN
JUST
BE-CAUSE
MY
HAND'S
A-ROUND
YOUR THROAT
We'll solve...
The mystery...
OF LA-CE-RA-TION GRA-VI-TY.
This riddle...
OF REVENGE.
Please understand:
It has to be this way.''
MCR: ''Nossa Senhora das Mágoas''
Colecionar VHS não é para os fracos. E, talvez, nem para os fortes. Será que é para alguém? Não vejo como alguém conseguiria colecionar o formato sem ter grandes motivos para tal.
Pensando alto sobre o ato de colecionar VHS, em postagem escrita em tempo real...
Não sei direito como farei esse post, portanto simplesmente sairei falando livremente sobre o assunto, mesmo correndo o risco de deixar a postagem bastante desorganizada.
Foi em Fevereiro de 1999 que adquiri a minha primeira VHS, no finado Sebo do Henrique, localizado na Rua da Moóca. Fiquei na dúvida entre adquirir o OK A Metade Negra, então o último filme de George Romero, e o patético quarto filme da desoladora franquia Halloween. Acabei optando mesmo por A Metade Negra, que custou 5 mangos.
De lá para cá fui adquirindo outras VHS e, atualmente, estou com mais de 2000 fitas. A maioria esmagadora é formada por VHS originais, mas também possuo pouco mais de duas dezenas de fitas piratas-oficiais (AKA alternativas, AKA ''trepadas''), além de cerca de duas ou três dezenas de fitas com conteúdo gravado da TV aberta entre 1997 e 2007 - na maioria, filmes e videoclipes. Possuo também mais ou menos 15 fitas Betamax, o primo pobre e fodido do VHS.
De 1999 a 2012 fui um colecionador quase que casual de VHS. Pelo menos é uma descrição que posso fazer se comparar aquela época com o que me tornei a partir de Outubro de 2013, quando virei um colecionador mega-hardcore do formato. O auge da obsessão foi mesmo entre 2014 e 2017, sendo que, só nos meses de Fevereiro e Março de 2017, adquiri mais de 300 VHS.
E o que posso dizer é que, hoje em dia, estou um tanto desencantado e desiludido com o colecionismo de VHS, e não o recomendo para absolutamente NINGUÉM. Na verdade, o colecionismo em geral é uma doença maldita que não recomendo para qualquer ser humano. A finada parceria entre o Hulkboy e o Oswaldo Potenza, inclusive, rendeu dois ótimos podcasts - deletados da internet - sobre o lado negro do colecionismo.
Alguns colecionadores de VHS argumentam que, um dos baratos de colecionar o formato, é o apreço pelo seu valor histórico. Não vejo muito sentido nisso. Acho que, pelo lado do valor histórico, você pode recorrer aos recursos da internet e a informações retiradas de guias relevantes de VHS. Não é preciso colecionar o formato para isso.
Outros dizem que o legal de colecionar VHS é o lance da nostalgia aliada a magia geral do negócio: capas geralmente lindas; uma caralhada de coisa indisponível em DVD nacional (Blu-ray então nem se fala) ou disponível apenas em frustrantes combos por empresas ultra-hypadas como Versátil Hype Vídeo e Obras-Porcas do Cinema; e o prazer e a diversão de se adquirir algo que não é mais fabricado faz mais de uma década.
Sobre essa parte da ''nostalmagia'', eu até vejo sentido. A nostalgia a la Em Algum Lugar do Passado somada a beleza do VHS tem o seu apelo com certeza. E é um dos motivos pelos quais eu colecionei o formato radicalmente de final de 2013 até todo o ano de 2017. Toda essa coisa de dar um rolê ''down the memory lane'', relembrando a época em que éramos crianças ingênuas e cheias de esperança, em nossas idas old school até as locadoras, é um atrativo e tanto. O desejo impossível de ter uma segunda chance sempre desperta um fascínio em todos nós, não?
Mas a minha verdadeira ''driving force'' para colecionar VHS não foi a ''nostalmagia'' e sim uma possível visão, ou premonição, ou seja lá o que diabos foi aquilo, que tive no final de Março de 2013. ''Aquilo'' basicamente me disse que eu precisava adquirir a VHS - da Vídeo Mídia e/ou Pole Vídeo - do giallo Premonição, AKA 7 Notas Fatais, que o mestre supremo Lucio Fulci realizou em 1977; o mesmo ano em que a extremamente deplorável dupla Steven Is Pig / George Lickass assassinou em definitivo Hollywood.
Naquele ''momento de claridade'', ou visão do além, ou seja lá o que for que aconteceu, percebi que o meu destino no Planeta Terra é caçar tal VHS. É claro que não tenho certeza disso, mas é a melhor pista que tive desde então: que, ao caçar e, eventualmente, conseguir a VHS de Premonição, conseguirei me vingar de todas as coisas que atrapalham a minha estadia nesse mundo. Que ao adquirir tal fita da maneira correta - jamais recorrendo a cuspível dobradinha internet + correio - conseguirei realizar a vingança que tanto desejei durante a minha vida, em especial nessa década horrível.
A princípio, eu nem pretendia conseguir a fita para mim. A ideia era conseguir a fita, ficar com ela durante menos de um mês, e, a seguir, passá-la para o Albino; que se revelaria o maior câncer do meio do VHS, conseguindo ser ainda pior do que o também catastrófico Rafael Jader Gonçalves, AKA Cinéfilos e Coleções, AKA Sick Fuck.
Aliás, abro aqui um parêntese. O meio do VHS é o mais amaldiçoado possível. O apelidei de ''Big VHS Brother Brasil'', já que esse meio é tão detestável quanto o universo dos reality shows: um jogo de aparências onde vale tudo para arrancar as fitinhas alheias. No BBB versão VHS temos de tudo: os tipos mau-caráter que estão nessa em nome da cretinice e do estelionato (Albino, Sick Fuck), os freaks terminais que fodem com o psicológico alheio (Fabiano ''Block-Unblock-Block-Unblock'' Bizzar, AKA Doentão do Caralho), vendedores nada recomendados (Ricardo Libido's, Sra. X / Mulher Xaropeta) e até mesmo viados pervertidos (Roqueiro Anônimo) que tentarão te ''estrupar'' enquanto você estiver ocupado procurando alguma raridade em VHS.
Enfim, no começo da ''visão'', eu tinha sim o plano de, após conseguir a VHS de Premonição, a passar para o Albino - para quem eu perdi a VHS Porta para o Silêncio (o último Fulci, lançado aqui pela Sato), na mesma época. Após o conhecer de verdade, percebi o quanto essa seria uma péssima ideia.
Após perceber que Premonição é sim uma fita que eu precisaria adquirir para mim, e a guardar com carinho até a minha morte (se é que um dia irei consegui-la...), cheguei também a decisão de ter todas as 30+ fitas - contando com os relançamentos - do Fulci lançadas no nosso mercado de vídeo.
Até aí tudo bem, mas o problema é que perdi o foco em algum momento durante o percurso. De Outubro de 2013 para cá, peguei somente fitas que sejam ao menos minimamente interessantes para mim. Mas convenhamos: VHS é algo grande e pesado, além de tecnicamente problemático, portanto o ideal é somente adquirir coisas especiais no formato, e não qualquer coisa remotamente interessante. Não a toa, estou me livrando de mais de 100 fitas bem pouco interessantes, que irão direto para o lixo reciclável.
Atualmente pego muito pouco VHS. Não há nada nesse mundo que possa me convencer a comprar fita pela dobradinha net + correio, e, como estou bastante focado em pegar somente coisas que se destaquem de verdade, adquiri somente umas 50 fitas ou menos durante todo a ano de 2018 - sendo grande parte dessas fitas adquiridas através de troca. Outro fator que me ajuda a pegar pouca VHS é o fato de que estamos na mais pura decadência das fontes físicas de VHS. Como decorrência disso tudo, até agora não comprei absolutamente nenhuma VHS em 2019.
Acho que, antes de colecionar QUALQUER COISA, é preciso questionar se vale mesmo a pena colecionar essas porras todas. Tipo, quanto isso irá me custar? Eu posso gastar essa grana toda com isso? Eu tenho espaço para armazenar essa caralhada toda? E será que isso REALMENTE faz sentido colecionar? Por quê?
É também preciso pensar nas formas de colecionar as coisas. E é preciso ter muito bom senso e personalidade na hora de tomar decisões colecionísticas. Certa vez li um relato no BJC bastante interessante, de um colecionador de Blu-ray falando que não vê sentido em colecionar sagas ''completas'' (mesmo porque, como bem sabemos, nunca existirá saga completa de nada): disse que, por exemplo, se tratando da vexatória trilogia do Cavaleiro das Trevas, ele só possui o BD do segundo filme, já que não gosta das partes 1 e 3. Faz sentido: se não gosta das partes 1 e 3, para que ter essas porras? Para ter a trilogia completa? Que se foda isso, o importante é gastar o mínimo de dinheiro, e ter o máximo de espaço possível disponível. Eu, por exemplo, jamais teria a franquia Halloween completa em ''Rai-azul''. Só as partes 1, 2 e H20 - que, para mim, formam uma verdadeira trilogia, além de ser os três exemplares realmente bons da saga. Para falar a verdade, talvez até pegaria também o subestimado terceiro filme; mas JAMAIS teria os BDs das partes 4, 5, 6 e 8, além dos dois do Rob Zombie e o Halloween 2018.
Acho que é muito importante pensar bem antes de pegar algum item colecionístico, já que espaço é um assunto bastante delicado. É aí também que reside o apelo do streaming, onde você pode armazenar um grande catálogo de filmes e séries sem ocupar espaço físico. OK, o conteúdo ficará numa nuvem e necessitará da internet para ser acessado, além dos títulos ali poderem desaparecer a qualquer instante. Mas só o fato de ter um grande acervo de filmes e seriados a sua disposição, sem foder com o seu espaço físico, já é um alívio.
Sei lá, outra coisa que me desanima um pouco em colecionar coisas é pensar que não terei alguém para deixar as minhas coleções de VHS, singles, Blu-rays, Miley-teca (aumentando cada vez mais) e outras coisas, já que não possuo nenhum interesse em ter filho. Acho que para quem tem filho - ou pretende ter - faz mais sentido colecionar, já que você terá um herdeiro para passar suas coleções. Mesmo que o seu filho não tenha nenhum interesse em manter suas tralhas, e acabe se livrando de todas elas, já é um adicional.
Outra coisa que não faz sentido é adquirir coisas simplesmente por estarem baratas e/ou serem raras. Eu não coleciono por raridade, e, hoje em dia, simplesmente me recusaria a pegar uma fita que não seja interessante o suficiente só por custar pouco, ou até muito pouco. Seria capaz de pagar até 90 reais na Vampyres: As Filhas de Drácula em bom estado e com a capa-estojo de papelão na íntegra, mas não pagaria nem 5 pilas numa fita apenas levemente interessante. Tipo, por exemplo, uma Corrosão: Ameaça em Seu Corpo é uma VHS que eu até recuperaria, mas na qual sou capaz de pagar apenas 3 reais no máximo. O Paul (Analog Archivist / VHS Collector) que bem disse certa vez: VHS só é divertido de colecionar quando você não precisa pagar altos valores - tipo 40, 50 ou mais dinheiros - numa fita. Na real, 90 reais é o máximo do máximo do máximo que eu pagaria em alguma VHS; e teria que ser algo muito, MUITO especial para eu pagar de 40 pilas para cima. E Premonição é a ÚNICA fita que me faria chegar nos três dígitos.
OK, acho que agora disse tudo que queria sobre o assunto. E demorei a voltar pra net porque, após a vitória para presidente do pior de todos os candidatos (sem contar que também elegeram o Juão Dólar aqui em SP), fiquei um tanto desanimado para voltar a postar coisa na rede. Por um lado, falar sobre política se tornou um tanto utópico e cansativo, e, por outro, falar de outros assuntos seria como ignorar a horrível situação política do país.
Por isso - e outras coisas - demorei tanto para voltar a fazer postagem aqui. Mas, para a infelicidade da nação, titio Marcio está de volta. Ao menos por enquanto.
PS: Sintam-se livres para comentar sobre o sentido - ou falta de - em colecionar coisas, e os métodos para tal. É o propósito do post: discutir o colecionismo; não só de VHS, mas geral. Respondam se puderem: qual é o sentido do colecionismo para você? E vale a pena? Mesmo que vocês não queiram comentar aqui comigo, sugiro que vocês pensem a respeito. Já nas imagens do post, o Blu-ray americano recém-lançado de Premonição. (Curiosamente, Blu-ray é algo que faz bastante sentido em colecionar, ao menos para mim: alta qualidade de imagem e áudio, disco bem resistente e estojo ainda menor que o do DVD - ou seja, ocupa pouco espaço, além de ser levinho. Tem também todo o espaço restante no disco para material extra. BD é tudo de bom, e acho simplesmente chocante não ter decolado como deveria, já que o povo em geral preferiu se conformar com uma mídia inferior, o DVD. Como já disse em outras ocasiões, o DVD não tem nem o valor ''nostalmágico'' do VHS e nem a forte qualidade técnica do BD.) Aliás, no mês passado eu quebrei a regra de só ver Premonição se conseguisse adquirir sua VHS, e acabei assistindo o filme - em rip do DVD da Versátys: Os Filhos de Crápula - pela primeira vez na vida. Já o considero de imediato um dos melhores gialli que assisti.
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STAND
Up fucking tall
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My fucking hand
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You said...
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Up fucking tall
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Up fucking tall
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