segunda-feira, 19 de abril de 2021

PARTIAL MASSACRE = Turnê Assassina / Terror on Tour (1980) e o Fetiche Generalizado por Fitas de Filmes Ruins


 

 

Recentemente tive o desprazer de, finalmente, assistir na íntegra o fraquíssimo slasher Turnê Assassina / Terror on Tour (de Don ''Ilsa'' Edmonds, feito em 1980) e já entrego de cara: isso daqui só não é um PURE MASSACRE por causa de alguma eficiência / clima creepy na construção das cenas de assassinato. Tirando isso, Turnê Assassina (AKA Demon Rock) é uma produção extremamente complicada e que beira o desastre total: monótona e repetitiva, com suspense quase inexistente, mortes sem imaginação e repleta de atuações sonolentas, situações nonsense e trilha sonora esquecível. Algo como uma versão muito inferior do posterior - e digno - Rocktober Blood (1984). E também não chega aos pés do hilário guilty pleasure Entrada para o Inferno / Rock N Roll Nightmare (1987), lançado no Brasil em VHS selada pela Alvorada e também em fitinha ''alternativa'' pelos primórdios do ''selo'' Tiozinho da Esquina Home Video.

A ''trama'' envolve uma famosa banda de hard rock chamada The Clowns (interpretada por uma obscura banda real intitulada The Names), que possui visual inspirado no Kiss e performances shock rock a la Alice Cooper - performances essas que, mais adiante, seriam incorporadas de forma mais radical pelo WASP e pelo Lizzy Borden. Uma vez na estrada, prostitutas e groupies são assassinadas por alguém com visual de palhaço from hell - que pode ou não ser um integrante do grupo. (E, como Turnê Assassina é anterior ao momento de explosão do metal farofa, que só rolaria três anos depois graças ao trio Quiet Riot / Def Leppard / Motley Crue, a sonoridade aqui é mais voltada mesma aos anos 70. Portanto, não vá assistir essa semi-desgraça esperando um grupo de hair metal no plot. Fica o aviso.)

A ruindade de Turnê é tão cabulosa que, entre os reviews do filme no IMDB, um dos atores dessa tralha está se desculpando pela sua atuação na bagaça: Larry ''Soup Nazi'' Thomas, que faria depois um outro slasher oitentista (Night Ripper!, de 1986) e também viveria o Osama Bin Laden no insano e divertidão Salve-se Quem Puder! / Postal (2007), do subestimado Uwe Boll, o rei dos filmes de serial-killers.

E é interessante também pensar que, mesmo tendo sido realizado logo no comecinho da 'slasher craze' (1980), o filme parece ter apenas uma meia dúzia de fãs ao redor do mundo.

E uma questão que quero levantar aqui é a seguinte: por que será que filmes tão ruins e genéricos assim conseguem gerar tanto interesse e uma tara quase que sexual nas suas respectivas VHSs? OK, o filme é dirigido por uma suposta lenda do exploitation (responsável pelos dois primeiros Ilsa - que também não são tão bons assim), não foi lançado aqui ou mesmo lá fora em DVD (Blu-ray então nem sonhar) e possui uma capa bem bacana nas suas edições em VHS nacional e da gringolândia. Mas será que esses motivos são o suficiente para justificar um interesse tão grande nessa fita? O Alex Relíquias até dá para entender, já que é fanático por slashers e por Kiss. Mas, de uma maneira geral, simplesmente não consigo entender a obsessão geral pela VHS de um slasher completamente esquecível como esse - que, em leilão do ''Uáts'', certamente teria seu percurso iniciado em abusivos e absurdos três dígitos, e, no Mercenário Livre, possivelmente seria vendido na casa dos quatro fucking dígitos. (Por falar nisso, um outro slasher totalmente vagabundo que não consigo entender o endeusamento encima da sua respectiva VHS é Massacre / The Slumber Party Massacre 2, da UniVídeo. E é um caso até mais grave do que Turnê Assassina. Afinal, Massacre saiu sim em DVD aqui, está disponível num Blu-ray de luxo nos EUA e o mais inacreditável de tudo: consegue ser PIOR do que Turnê. Inclusive, até hoje tento superar o trauma e a extrema vergonha de ter visto Massacre na tela grande em 2017. E olha que eu ainda bebia na época e, mesmo assim, foi uma experiência simplesmente deplorável. No território dos slashers, aquela porra só não é pior do que o quinto Halloween e o Return to Sleepaway Camp...)

E, falando em eventuais valores assassinos encima da VHS ''nacional da Nacional'' desse slasher bagaceira (que ainda utiliza uns sons estranhos na linha dos ''KI-KI-MA-MA'' de Sexta-Feira 13 - certamente chupados dos italianos, por mais que toda a glória seja dada ao picareta do Harry Manfredini), vale lembrar que, em Abril de 2015, cheguei muito perto de pagar R$ 45 nela numa negociação que nunca aconteceu com o lastimável Roqueiro Anônimo - que, como já comentei aqui, só não é mais baitola do que o Mel Cabaçon (heroico nos filmes, mal caráter espancador de mulheres na vida real) gritando ''LIBERTINAGEM'' no final do indescritivelmente patético Cuzão Valentão / Bullshit Heart, lixão fantasioso e oscarizado de 1995. Naquela ocasião, decidi no último instante que não iria mais negociar porra nenhuma com esse sujeito nunca mais, por mais que ele tivesse um zilhão de fitas interessantes para possíveis trocas. Afinal, absolutamente nada justifica negociar qualquer coisa com os queimados desse meio. E, de boa, após assistir Turnê agora, fica claro para mim que essa fita valeria somente uns 20-30 reais para mim no máximo do máximo. E, sim, mesmo me considerando um fã hardcore de slashers, não acho nem a pau que essa fita valha um centavo acima de R$ 30.

É isso aí. Turnê Assassina só interessará mesmo aos completistas mais fanáticos dos slashers e/ou aos fãs de filmes com temática rock N roll, os chamados rocksploitations ou metalsploitations; e mesmo essa galera slasher-maníaca / rock N roller / headbanger dificilmente conseguirá encontrar algum mérito nessa tranqueira.

Observação adicional: muito infelizmente, essa prática de cobrar preços grotescos-surrealistas-pornográficos por fitinhas de filmes fuleiros de terror não é exclusividade do Brasil, do Mercado Lixo e do What's Up the Ass. Prova disso é o ''precinho camarada'' que estão pedindo na VHS americana de Turnê Assassina na Amazon:

https://www.amazon.com/Terror-Tour-Dave-Galluzzo/dp/B000MC6JCO

 


 

segunda-feira, 12 de abril de 2021

Titio Marcio Sendo Assassinado ao Fazer as Compras... Dobradinha Slasher: Intruder (Violência e Terror, 1989) & Cornered! (Brutal: A Face do Demônio, 2009)



 

 

INTRUDER (4 de 5: muito bom)

CORNERED! (3 de 5: bom)

Recentemente fiz essa divertida dobradinha de slashers com temáticas parecidas: Intruder se passa num supermercado prestes a acabar e Cornered! é situado num mercadinho decadente. E ambos os filmes acontecem durante a noite e possuem uma vibe um tanto cômica. Intruder eu já tinha visto uma série de vezes, mas Cornered! foi mesmo a primeira vez.

INTRUDER (1989)

Sinopse básica: num supermercado que está prestes a ir pro beleléu, seus funcionários noturnos são atacados por um misterioso psicopata.

Lançado em VHS no Brasil pela Globo (fita que tive e fui burro de trocar por Olhos de Fogo, da Jaguar) e em DVD pela Versátil Hype Video (como parte da frustrante coleção Slashers, onde foi o único filme do terceiro volume a não receber algum extra substancial - sendo que, na gringolândia, o filme possui um BD edição especial com muitos extras apetitosos), Intruder é um slasher oitentista que, durante muito tempo, circulou apenas com cortes. Mas, felizmente, a produção foi restaurada em sua cópia integral nos formatos DVD e Blu-ray, podendo, então, ser apreciada em toda a sua ''goria'' uncut.

No elenco temos participações de figuras cultuadas do horror como Renee Estevez (a irmã bonitinha-gostosinha de Charlie Sheen e Emilio Estevez, que, nessa mesma época, também apareceu nos cults Atração Mortal / Heathers e Acampamento Sinistro 2 / Sleepaway Camp 2: Unhappy Campers) e, em papéis bem pequenos, o trio Sam Raimi (que ainda era um cara bacana na época e não havia se vendido pro sistema), seu maninho com cara de retardado Ted Raimi (dos também slashers e também sanguinolentos Shadow Woods: O Pesadelo e Skinner: O Maníaco) e o rei dos canastrões Bruce ''Ash'' Campbell, da franquia The Evil Dead.

Falando nisso, Intruder possui sim um estilo parecido com o de Evil Dead 1 & 2, antes do nome ''Evil Dead'' cair ladeira abaixo e virar sinônimo de piada graças a bobagens como Army of Darkness, o remake assumido pelo mesmo bobalhão que matou a saga Millennium e o igualmente ridículo seriado Ash Vs. Evil Dead. Ou seja: personagens palermas, ritmo ágil, humor pastelão, câmera inventiva - com ângulos inusitados e criativos - e, é claro, a presença de um gore cabuloso (cortesia da KNB), que faz do filme um dos slashers mais descaradamente e exageradamente sangrentos daquela década sem noção, finalizando os anos 80 com chave de sangreira. E, como o assassino não usa máscara nenhuma, as belas tomadas tem que tomar todo um cuidado especial para não revelar sua identidade durante seus ataques - algo que o filme faz muito bem.

Com direção de Scott Spiegel (que, futuramente, se queimaria legal com o deplorável Albergue 3), Intruder é um slasher muito bacana e essencial; um clássico do gênero.

E bem que Intruder poderia receber um remake no Brasil, passado na rede Carrefour / Express, com personagens negros sendo ameaçados por um segurança Bozominion truculento. Fica aí a ideia para um Dennison Ramalho, Fernando Rick ou Petter Baiestorf a pôr em prática.

Aviso: para quem não viu Intruder e pretende dar uma conferida nele, fique sabendo que diversos trailers do filme possuem spoilers graves e até entregam a identidade do assassino.

CORNERED!

Sinopse básica: num mercadinho todo fodido e decadente, seus funcionários freakazóides e desajustados (um junkie, uma prostituta, um gordão viciado em donuts, etc) são ameaçados por um enigmático serial-killer mascarado, figura presente dos noticiários da TV. A recompensa para a sua captura é de 500.000 dólares.

Disponível em DVD e Blu-ray no Brasil pela TrashStar com o absurdo título BRUTAL: A FACE DO DEMÔNIO (WTF?!), Cornered! chegou a circular em DVD ''alternativo'' com a sua tradução correta: Encurralado - título que nos remete ao pavoroso suspense de estrada dirigido por Steven Is Pig em 1971, e que possui um dos protagonistas mais insuportáveis daquela década. (Se bem que o personagem principal de Contatos Imediatos do Terceiro Reich consegue ser ainda mais mala. Não adianta: pior do que Spielberg só mesmo um outro Spielberg.) Assim, faz parte dos filmes que, se por um lado receberam títulos equivocados no Brasil por vias oficiais, foram traduzidos corretamente pelo selo Tiozinho da Esquina Home Video - mesmo caso de Prisoners / Prisoneiros (título oficial BR: Os Suspeitos, que já era o título nacional de outro thriller policial) e Wrong Turn / Desvio Errado (título oficial BR: Pânico na Floresta, que também já era o título oficial de outro slasher). É, até a galera do camelô é mais inteligente e sensata do que as nossas distribuidoras porcas de home video... (Sei lá, mas desconfio de que ''Brutal: A Face do Demônio'' foi um título dado pelo mesmo maconheiro mucho luco que, durante os tempos do VHS, traduziu ''The Outcast'' como ''O Exterminador Recrutado pelo Demônio''. Bem, vai saber.)

Contando no elenco com a figurinha carimbada dos anos 80 Steve Gut'em Bad (de Três Solteirões e um Bebê e porras do tipo) e o cultuado James Duval (dos filmes do Gregg Araki e também de outro slasher OK: O Palhaço Assassino / The Clown at Midnight), Cornered! é uma espécie de Intruder dos pobres. Também possui um ritmo bacana e um humor constante, mas não chega nem de longe aos pés do filme de 1989.

Assim sendo, os grandes destaques são as bizarras cenas dos sintomas de abstinência do personagem de Duval, o que faz uma ligação de Cornered! com clássicos dos ''junkie movies'' como Christiane F e Diário de um Adolescente, e, é claro, a ótima conclusão, que se mantêm acima da média dos finais de slashers pós-anos 80.

Dirigido por um tal Daniel Maze, Cornered! poderá sim ser uma boa pedida para os completistas dos slashers. Vale uma espiada.

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TÍTULOS VARIADOS EM PORTUGUÊS E INGLÊS:

INTRUDER

Brasil: Violência e Terror
Portugal: Terror Fora de Horas

AKAs em inglês:
Bloodnight
Nerve Endings
Night Crew
Night Crew: The Final Checkout
Night of the Intruder

CORNERED!

Brasil:
Brutal: A Face do Demônio (título oficial em DVD e Blu-ray)
Encurralado (título do DVD ''alternativo'')

AKA em inglês: Saw Executioner

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PS: Para compensar que não consegui publicar nenhuma postagem na semana passada, poderei fazer um outro post ainda nessa semana agora.

(...)

E
A
S
T
E
R

E
G
G

Ao pesquisar alguns nomes que desconhecia no elenco desses filmes, tive uma surpresa ao descobrir que a protagonista feminina do Cornered!, a Elizabeth Nicole (AKA Elizabeth Abrams) trocou a carreira de atriz por uma bem-sucedida jornada como cantora de pop e R&B, sob a alcunha Liz, AKA Liz Y2K. Eis o canal oficial dela no YT:

https://www.youtube.com/user/LIZY2K/videos

Dei uma conferida nos clipes dela e curti Pandemonium (que até possui uma referência ao VHS: ''I make it pop like a VHS''), mas achei When I Rule the World horrível.

E, ao olhar a página dela no Wikipedia, descobri duas coisas bem curiosas:

1) Ela abriu shows da Charli XCX durante a tour do álbum True Romance. Sim, ela mesma: CXCX, a xaropeta feminazi responsável pelo PIOR SHOW QUE EU VI NA MINHA VIDA INTEIRA, que ainda contou com a abertura da ''simpaticíssima'' Karol com KKK, recém-saída do Big Bordel Brasil. (Com isso dito, reconheço que, sim, True Romance e Sucker são grandes álbuns do pop 2010, com uma série de canções clássicas em ambos os registros. Mas esse show da CXCX - com a abertura da BlacKKKlanswoman - foi uma aberração sem precedentes, com um setlist simplesmente pavoroso e diversas presepadas na performance geral dessa mala do caralho, em parceria duma cospobre da Harlequina.)

2) Ela fez um dueto - numa canção chamada Live Forever - com o Travis Barker. Sim, ele mesmo: o bobalhão que está no Blink Chupa 182 Bolas desde o exato instante em que a banda ficou ruim. (OK, o batera original era bastante limitado, tecnicamente falando, mas a banda era legal pra caralho naquela época dos dois primeiros álbuns. Hail Cheshire Cat e Dude Ranch. RIP Blink.)

 



 

sexta-feira, 2 de abril de 2021

Berlin: Bands Reunited (2004, 42 minutos) + Berlin: Take My Breath Away (2013, 29 minutos) / Dobradinha de Ótimos Curtos Documentários Sobre os Mestres do New Wave


 

 

Berlin: Bands Reunited (***** / excelente)

Berlin: Take My Breath Away (**** / muito bom)

Para os interessados, no YouTube é possível assistir esses dois grandes docs da excelente banda ''one-hit wonder'' Berlin - só que não, já que, ao menos na década de 80, No More Words, The Metro e Sex (I'm a...) também foram hits.

Faço aqui algumas observações sobre os dois docs, ambos recomendadíssimos pelo blog que vocês amam odiar.

BERLIN: BANDS REUNITED (2004)

É interessante pensar que Berlin é daqueles grupos tipo Crashdiet: bandas que jamais tiveram um mísero integrante fixo que esteve presente em todas as fases da banda. O primeiro line-up do grupo - ainda como The Toys - contava com o fundador e líder John Crawford, o guitarrista Chris Ruiz-Velasco (o compositor da maravilhosa Masquerade, a melhor faixa da banda), o finado baterista Dan Van Patten e o vocalista homem Ty(son) Cobb. Com exceção de Cobb, já devidamente trocado pela Terri Nunn, foi essa formação que gravou o single e o videoclipe de A Matter of Time, em 1979.

Mas esse documentário da VH1 busca reformar um outro line-up do Berlin, que é a formação da era Pleasure Victim: Terri Nunn (vocal), John Crawford (baixo), Ric Olsen (guitarra), Rod Learned (bateria) e os tecladistas Dave Diamond (sem relação alguma com o ''Diamond Dave'' David Lee Roth) e Matt Reid. Será que a VH1 conseguirá cumprir essa ''Missão: Berlin''? Ou será que - pelo menos - um desses integrantes recusará voltar com a banda?

Vale lembrar que, nessa época, o Berlin atual contava com a Terri acompanhada de uns ''scabs'' paraquedistas, fazendo assim uma espécie da versão feminina dos Cunts N Posers. Além da Terri, tinha um cidadão chamado Chris Olivas (sem nenhuma relação com o quase homônimo Chris Oliva, maluquinho do Savatage - AKA Pior Nome de Banda Ever - que morreu tragicamente) e um carinha lá fazendo a linha ''goth metal rocker'', que poderia muito bem estar tocando no Nine Inch Nails ou Marilyn Manson.

É interessante notar que, além da Terri, o único outro integrante desses seis membros do Berlin clássico que continuava na música era mesmo o tecladista Matt Reid, que estava se virando com performances de covers em bares, festas e casamentos.

Ponto curioso do doc: a inclusão da canção We Used to Be Friends dos Dandy Warhols na trilha sonora.

Frase de destaque do doc:

''[As composições do John Crawford para o Berlin] não são restritas para garotos ou garotas. São para seres humanos se sentindo miseráveis.'' - Terri Nunn

Essa declaração realça uma certa faceta gótica da banda, que, de maneira alguma, era só mais um mero grupo new wave - e que possui muito, muito, muito mais a oferecer do que a xaropeta Take My Breath Away.

BERLIN: TAKE MY BREATH AWAY (2013)

Não se deixem broxar por causa do título desse documentário. O doc em questão é interessantíssimo até para as pessoas sensatas que odeiam Take My Breath Away - que, com a mais absoluta certeza, está sim no meu TOP 5 das piores canções do Berlin oitentista, ao lado de outras presepadas como Torture (que faz jus ao título), You Don't Know (inexplicavelmente também lançada como single e videoclipe), Pink and Velvet (também lançada como single) e a seriamente obscura e estranha French Reggae, que é a menos pior dessas 5 pataquadas.

O doc já abre com a seguinte declaração:

''Take My Breath Away. Todos nós já a ouvimos, querendo ou não. Mas... Berlin? Quem são eles? Pelo menos o nome soa europeu...''

E aí o doc começa uma jornada pelos primórdios do Berlin, a partir da entrada da cantora-atriz Terri Nunn na banda, e COMPLETAMENTE ignorando qualquer menção aos outros três vocalistas que passaram pelo grupo: Ty(son) Cobb (sim, no início, o Berlin - então chamado The Toys - contava com um HOMEM no vocal), Toni Childs e a sensacional Virginia Macolino (ex-Virginia Macolino and the Slims e futura frontwoman do Beast of Beast), com quem o Berlin gravou o subestimado e esquecido debut Information, de 1980, disponível apenas num raríssimo vinil. Bem, quem sabe um dia nós teremos um documentário intitulado BERLIN: THE COMPLETE HISTORY OF THE OTHER THREE SINGERS, né? É, vai sonhando...

Desse período underground, o doc mostra um trecho do clipe oficial (ou mera performance de TV - sim, existem controvérsias nessa questão) de A Matter of Time na versão com a Terri, o primeiro single do grupo. Mas rola um erro ali: a legenda diz ''1981'' quando, na verdade, o vídeo é de 1979.

E, por falar em vídeos obscuros, o doc revela uma excelente sacada ao mostrar um trecho do seriamente obscuro PRIMEIRO clipe de The Metro, de 1981. É um vídeo bem mais ousado do que a segunda versão (e a terceira, e a quarta...), apelando no sex appeal e no aspecto ''dark'' da parada, mostrando até um pouco de sangue e morte. Sensacional e, provavelmente, o meu clipe favorito entro todos do Berlin.

Após passar pelo período Pleasure Victim (1982), o primeiro disco com a Terri, o doc aborda a primeira relação do bobalhão Giorgio Moroder com o Berlin, através da sua participação como produtor no maior hit do Berlin pré-Top Scum: No More Words, o principal single do LP Love Life (1984), segundo álbum de estúdio com a Terri. É curioso reparar as semelhanças desse clipe - que mostra a banda como gangsters durante a Grande Depressão - com um outro clipe mainstream do mesmo período: Wanted Man, dos farofeiros adoráveis do Ratt. (Interessante isso do Ratt, já que o John Crawford está a cara do finado Robbin Crosby no clipe da Like Flames.)

Aí vamos para o maior hit do Berlin, a mega-melosa xaropice da trilha sonora daquele filme imbecil, que acabou de vez com a banda.

Nessa parte, o doc também mostra uma entrevista com a Martha Davis (The Motels), a primeira opção para cantar Take My Breath Away. Até mostram trechos do primeiro clipe de TMBA, nessa versão da cantora do The Motels. Não satisfeitos com a performance dela, ofereceram a canção para a Terri Nunn - cuja versão agradou a todos os presentes. Quer dizer, todos não, já que o resto do Berlin na época - o baixista e líder John Crawford e o baterista Rob Brill - odiaram a canção, já que ela não foi composta por ninguém da banda e não tinha nada a ver com a sonoridade do grupo.

''Foi aí que o Berlin perdeu o foco. (...) [TMBA] nos separou, basicamente.'' - John Crawford.

Os dois detestavam ter que tocar ela em todos os shows e, para piorar, a canção foi incluída no disco (Count Three and Pray, 1986) por pressão da Geffen. Graças a TMBA, fillers variados e apenas três grandes canções (Like Flames, Trash e Will I Ever Understand You?), posso dizer que, entre os quatro discos oitentistas do Berlin, C3&P é o único que não é uma obra-prima.

Mas, apesar de todos os pesares, a Terri, muito curiosamente, sempre foi uma grande defensora de TMBA. Vai entender. Eis o trecho de um depoimento dela no doc: ''Essa canção é uma dádiva. (...) Naquela época eu não tinha amor na minha vida e não transava fazia quatro anos. É por isso que eu cantei aquela música com tanta sinceridade e tristeza.''

No mais, um trecho engraçado do doc é quando a narração diz ''em 1986 até mesmo grupos de hard rock estavam fazendo uso dos sintetizadores'' e, daí, entra a cafonice master chamada The Final Countdown - faixa título de um álbum pavoroso - na trilha sonora :) (E é curioso pensar que, naquele ano, até mesmo a Donzela Ferrada se rendeu aos sintetizadores no LP Somewhore in Time - disco chato pacaray inspirado em um filme chato pacaray, Blade Bummer: O Caçador de Andróginos.)

(...)

Enfim, esse foi o meu primeiro post sobre Berlin, que se tornou a minha banda ocidental favorita dos anos 80.

Para finalizar, eis o meu TOP 10 Berlin:

(INFORMATION, 1980)

Information

Overload (na versão Virginia Macolino)

(PLEASURE VICTIM, 1982)

Masquerade

The Metro

(LOVE LIFE, 1984)

Dancing in Berlin (cover de Farenheit, projeto desenvolvido pelo John Crawford durante a fase Virginia Macolino - cujo clipe original, by Farenheit, é uma das coisas mais toscas, bizarras, engraçadas e sensacionais já postadas no Tubão)

Pictures of You

Touch

(COUNT THREE AND PRAY, 1986)

Like Flames

Trash

Will I Ever Understand You?