(A princípio eu só ia dizer ''o único filme da Doona Bae disponível em VHS no Brasil'', mas daí fui fazendo observação atrás de observação, e quando fui ver… Sei lá, acho que é mais fácil comentar filmes ''nada demais'', já que aí não rola uma forte auto-cobrança de fazer algo realmente sério.)
''As duas coisas que eu mais odeio são dinheiro e ser chamada de vadia estúpida. Quer morrer?''
Túnel da Morte (Tube, 2003), o único trabalho do diretor Woon-Hak Baek, tem como seu maior atrativo internacional o fato de ser estrelado pelo símbolo sexual Doona Bae. O filme que (até onde sei) é o único dela lançado em VHS no Brasil (lançamento simultâneo em VHS e DVD pela Alpha em 2003), não está entre os mais famosos trabalhos da celebrada atriz sul-coreana (de Ring Virus, Mr. Vingança, The Doomsday Book e vários outros, além do seriado Sense 8), que tem a curiosidade de circular entre os cinemas local, japonês (o seu melhor filme, o sensacional Linda Linda Linda, foi filmado em território nipônico – onde ela também atuou no poético e melancólico Air Doll, interpretando uma boneca inflável que ganha vida; pode soar cômico, mas definitivamente não é: o filme de Hirokazu Kore-Eda é extremamente triste, e com tendências suicidas) e Hollywoodiano – onde ela fez A Viagem, dirigido por maninho e maninha Wachowsky (sim, eles mesmo: os picaretas responsáveis pela superestimada trilogia Matrix).
Entrando de gaiato na história, a personagem dela, Kay (''Jay e Kay, que bonitinho!''), pelo seu charme, estilo e situações, remete imediatamente à Lady Pickpocket do filme homônimo de Yasuzo Masumura. Por ser algo como uma freak delinquente vivendo à margem da sociedade, pode ser dito que também lembra sua outsider de Mr. Vingança, que a atriz havia acabado de interpretar.
Túnel da Morte situa sua ação frenética e movida por adrenalina – típica dos filmes do gênero feitos na Coréia do Sul, principalmente nesse período pós-Shiri: Missão Terrorista (sucesso estrondoso curiosamente estrelado por outra coreana conhecida no Ocidente: Yunjin Kim, a Sun daquela xaropice chamada Lost) – em uma estação de metrô. Isso mesmo, pertence aquele subgênero dos ''filmes de metrô/trem''.
''O meu único compromisso é te cobrir de porrada.''
Dentro dessa linha da aventura nos trilhos, acontece uma trama de vingança comum na Coréia (mas NÃO é um ''filme de vingança'' estilo Trilogia da Vingança, Eu Vi o Diabo e similares; é outra pegada, mais convencional e menos psicótica), ou seja, de dois protagonistas algo fucking assholes (um ''do bem'', outro ''do mal'') que se odeiam até a morte (o motivo é mostrado na abertura), e farão de tudo para acabar um com o outro. Algo assim meio Viver e Morrer em Los Angeles, onde a retribuição, a postura máscula e as ambiguidades tomam conta de tudo, e fica difícil separar ''mocinho'' de ''bandido''. Podem reparar que o protagonista Jay – um fumante compulsivo que nunca fuma – é puro ''MAMÃE, QUERO SER RICHARD CHANCE'': mas não esperem o conteúdo artístico e misterioso do melhor momento de William Friedkin. Aqui é cinema de entretenimento sem nenhuma ambição de profundidade; reservar uma crítica de fundo político – novamente refletindo uma possível influência de blockbusters comercialmente devastadores como Shiri e Zona de Risco – é o mais longe que este Túnel da Morte se desvia do caminho.
(Em sua esclarecedora vinda ao Brasil em 2013, Park Chan-Wook – dos já citados Zona de Risco e Trilogia da Vingança, formada por Mr. Vingança, Oldboy e Lady Vingança – explicou muito bem essa necessidade dos cineastas sul-coreanos de expurgar toda a repressão e traumas da época da Ditadura Militar em seus filmes, mesmo que em pequenos detalhes. Com a deixa, ele se mostrou bastante perturbado quando perguntei a opinião dele sobre o degradante Segurança Nacional: http://www.imdb.com/title/tt2466786/?ref_=fn_al_tt_2)
Túnel da Morte é uma ótima pedida para fãs de ação descompromissada, desenfreada e desgovernada. Preparem-se para cabulosas sequências de perseguições, tiros, pancadaria (com direito a voadora de dois pés, algo sempre ÉPICO de se ver) e diálogos hilários: ''Não está cansado de levar esporro de um velho bosta como eu?'' – não via diálogos tão engraçados desde a notável desgraça Romeu Tem Que Morrer, com o abominável Jet Li pagando de adolescente malandro. Para aumentar o valor cômico, tem ainda um bully idiota (olha o pleonasmo aí) que lembra muito aquele valentão gordinho do Power Rangers.
E, felizmente, aqui os dois sujeitos não possuem aparência nem de emos e nem de integrantes de boy bands, caso de diversos outros filmes comerciais recentes feitos na Ásia.
Apesar de longo (duas horas), é bastante divertido. Mas não espere (muito) além disso.
''A melhor forma de pegar um louco desgraçado é mandando outro louco desgraçado.''
''As duas coisas que eu mais odeio são dinheiro e ser chamada de vadia estúpida. Quer morrer?''
Túnel da Morte (Tube, 2003), o único trabalho do diretor Woon-Hak Baek, tem como seu maior atrativo internacional o fato de ser estrelado pelo símbolo sexual Doona Bae. O filme que (até onde sei) é o único dela lançado em VHS no Brasil (lançamento simultâneo em VHS e DVD pela Alpha em 2003), não está entre os mais famosos trabalhos da celebrada atriz sul-coreana (de Ring Virus, Mr. Vingança, The Doomsday Book e vários outros, além do seriado Sense 8), que tem a curiosidade de circular entre os cinemas local, japonês (o seu melhor filme, o sensacional Linda Linda Linda, foi filmado em território nipônico – onde ela também atuou no poético e melancólico Air Doll, interpretando uma boneca inflável que ganha vida; pode soar cômico, mas definitivamente não é: o filme de Hirokazu Kore-Eda é extremamente triste, e com tendências suicidas) e Hollywoodiano – onde ela fez A Viagem, dirigido por maninho e maninha Wachowsky (sim, eles mesmo: os picaretas responsáveis pela superestimada trilogia Matrix).
Entrando de gaiato na história, a personagem dela, Kay (''Jay e Kay, que bonitinho!''), pelo seu charme, estilo e situações, remete imediatamente à Lady Pickpocket do filme homônimo de Yasuzo Masumura. Por ser algo como uma freak delinquente vivendo à margem da sociedade, pode ser dito que também lembra sua outsider de Mr. Vingança, que a atriz havia acabado de interpretar.
Túnel da Morte situa sua ação frenética e movida por adrenalina – típica dos filmes do gênero feitos na Coréia do Sul, principalmente nesse período pós-Shiri: Missão Terrorista (sucesso estrondoso curiosamente estrelado por outra coreana conhecida no Ocidente: Yunjin Kim, a Sun daquela xaropice chamada Lost) – em uma estação de metrô. Isso mesmo, pertence aquele subgênero dos ''filmes de metrô/trem''.
''O meu único compromisso é te cobrir de porrada.''
Dentro dessa linha da aventura nos trilhos, acontece uma trama de vingança comum na Coréia (mas NÃO é um ''filme de vingança'' estilo Trilogia da Vingança, Eu Vi o Diabo e similares; é outra pegada, mais convencional e menos psicótica), ou seja, de dois protagonistas algo fucking assholes (um ''do bem'', outro ''do mal'') que se odeiam até a morte (o motivo é mostrado na abertura), e farão de tudo para acabar um com o outro. Algo assim meio Viver e Morrer em Los Angeles, onde a retribuição, a postura máscula e as ambiguidades tomam conta de tudo, e fica difícil separar ''mocinho'' de ''bandido''. Podem reparar que o protagonista Jay – um fumante compulsivo que nunca fuma – é puro ''MAMÃE, QUERO SER RICHARD CHANCE'': mas não esperem o conteúdo artístico e misterioso do melhor momento de William Friedkin. Aqui é cinema de entretenimento sem nenhuma ambição de profundidade; reservar uma crítica de fundo político – novamente refletindo uma possível influência de blockbusters comercialmente devastadores como Shiri e Zona de Risco – é o mais longe que este Túnel da Morte se desvia do caminho.
(Em sua esclarecedora vinda ao Brasil em 2013, Park Chan-Wook – dos já citados Zona de Risco e Trilogia da Vingança, formada por Mr. Vingança, Oldboy e Lady Vingança – explicou muito bem essa necessidade dos cineastas sul-coreanos de expurgar toda a repressão e traumas da época da Ditadura Militar em seus filmes, mesmo que em pequenos detalhes. Com a deixa, ele se mostrou bastante perturbado quando perguntei a opinião dele sobre o degradante Segurança Nacional: http://www.imdb.com/title/tt2466786/?ref_=fn_al_tt_2)
Túnel da Morte é uma ótima pedida para fãs de ação descompromissada, desenfreada e desgovernada. Preparem-se para cabulosas sequências de perseguições, tiros, pancadaria (com direito a voadora de dois pés, algo sempre ÉPICO de se ver) e diálogos hilários: ''Não está cansado de levar esporro de um velho bosta como eu?'' – não via diálogos tão engraçados desde a notável desgraça Romeu Tem Que Morrer, com o abominável Jet Li pagando de adolescente malandro. Para aumentar o valor cômico, tem ainda um bully idiota (olha o pleonasmo aí) que lembra muito aquele valentão gordinho do Power Rangers.
E, felizmente, aqui os dois sujeitos não possuem aparência nem de emos e nem de integrantes de boy bands, caso de diversos outros filmes comerciais recentes feitos na Ásia.
Apesar de longo (duas horas), é bastante divertido. Mas não espere (muito) além disso.
''A melhor forma de pegar um louco desgraçado é mandando outro louco desgraçado.''
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