''Eu quero que você foda todo mundo. Eu quero que o mundo se foda.''
E o massacre continua...
Algumas palavras sobre mais uma pérola do Sady, ex-jogador de futebol, atual presidiário e eterna lenda do cinema brasileiro em geral, e da Boca do Lixo em particular:
Após citar muito brevemente (mais na seção de comentários, é verdade) o alegre (pros padrões Sadybabyanos) O Ônibus da Suruba, além de comentar o cruel No Calor do Buraco, chega a hora de confrontar outra atrocidade (de toques geniais à sua própria maneira) cometida por Sady Baby: Emoções Sexuais de um Jegue (1986 - ou seria 1987?), ou, se preferir, ''o filme do ataque Leatherfaciano''; provando que você não precisa ir ao Texas para encontrar um massacre a base de moto-serra: ''tio'' Sady pode providenciá-lo pra você aqui no Brasil mesmo.
Novamente com a co-direção de Renalto Alves, Emoções já inicia de forma impecável, dizendo ao que veio. O que podemos falar duma desgraça que já começa com Sady comendo um osso que arrancou da boca de um cachorro?
Sady é o bandidão Gavião, um aidético que fugiu da prisão e que, uma vez mais, irá se misturar a toda sorte de freaks escrotos, numa jornada de violência, ofensas (tem uma parte em que Sady desfere uma sequência de murros na barriga duma grávida; mas as mulheres da trama não se sentem enojadas com Sady - pelo contrário até, já que demonstram prazer ao serem estupradas por ele) e choques gratuitos (ou não?), nojeiras variadas, sexo doente (literalmente), bissexualismo (com mais homossexualismo do que costume), animais falantes e, claro, músicas sem direito autoral. Tudo marca registrada do diretor-ator. (Claro que a parte das trilhas picaretas não é exclusividade de Sady, já que, na gringa, caras como Tsui Hark, Luigi Cozzi, Bruno Mattei e Andreas Schnaas, entre outros, também aproveitaram o uso das músicas sem copyright. A diferença primordial é que Sady usa MUITAS músicas, sem repetir a mesma canção, e durante toda a projeção.)
O objetivo da vez é caçar seu pai, que engravidou sua mulher enquanto Gavião era comido na prisão: ''CADÊ O PAÇOCA, CARALHO? AQUELE VELHO FILHO DA PUTA.''
Como outros já apontaram, o sexo nos filmes do Sady, além de não excitar, acaba sendo algo repulsivo, e atrapalha o fluxo narrativo. Como em No Calor do Buraco, somos presenteados aqui com uma longa orgia bissexual durante a segunda metade de Emoções. Pensando bem, os dois filmes são bem parecidos, quase que variações um do outro em partes diferentes: em ambos há um trauma carregado por Sady (o assassinato da família em Calor, o porte de AIDS em Emoções), que servirá como motivo/desculpa para o mesmo se dedicar em sua missão de destruir os infelizes que cruzarem seu caminho. Se lá o grande destaque era o Sady tacando fogo nos incautos pervertidos, aqui a menção especial vai para o ataque com moto-serra, acabando com a alegria de outros incautos pervertidos: ''EU VOU MOSTRAR PRA VOCÊS QUEM É AIDÉTICO. É O SANGUE. O SANGUE.'' Nota: Podem reparar que o ator que faz a vítima nessa cena está desesperado DE VERDADE, graças às técnicas cruéis de realismo que Sady usa nas sequências violentas (algo parecido com a cena do maçarico no final de Emoções). Leatherface é brincadeira de criança perto do nosso patrimônio nacional chamado Sady Baby, o mestre do udigrudi.
Tanto nos fatores bons quanto nos ruins, este trabalho de Sady é mais um autêntico antídoto para rebater as caretices intragáveis da Globo Filmes, perita em fazer cinema televisivo sem nenhum culhão, questionamento, criatividade ou qualquer outra qualidade.
Para a alegria dos corajosos e malucos por natureza, Emoções Sexuais de um Jegue também se encontra disponível no XVideos.
Para terminar, posto aqui os comentários mal-humorados do Guia de Vídeo da Nova Cultural, sobre a produção lançada em VHS pela Reserva Especial (zero estrelas, obviamente):
''Foragido da justiça ataca povoado. Produção lastimável que desperdiça algumas moças bonitas. Há, sim, o coitado de um jegue e um cavalo que deveriam ser protegidos pela Sociedade Protetora dos Animais.''
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