sexta-feira, 10 de junho de 2022

DELITTO IN VIA TEULADA, A.K.A. GIALLO A STRISCE (1979 / 1980): Um Giallo Delicioso e Extremamente Obscuro Dirigido por Aldo Lado - Tão Obscuro Que Nem Consta na Relação Giallo da Cine Monstro







 

 

Este post servirá como uma espécie de antídoto para a dobradinha maldita composta pelos horrorosos Crocodilo: A Fera Assassina e O Maníaco do Parque, devidamente massacrados ao extremo na publicação anterior deste blog.

Após realizar o maravilhoso A Breve Noite das Bonecas de Vidro (1971, o meu giallo favorito de todos os tempos, que, inclusive, já foi resenhado aqui no 7NEC; não deixarei porra nenhuma de link - os devidos interessados que usem a barra de busca ali encima para procurar essa postagem de, acredito, 2019), o extremamente frustrante Quem a Viu Morrer? (1972, estrelado pelo otário canastrão do George ''000'' Lazenby e contando na trilha sonora com uma das piores composições do nem sempre genial Ennio Morricone) e muito antes do ainda muito pior Círculo do Medo (1992, um vergonhoso mix de giallo, trama de mafiosos e thriller erótico), Aldo Lado realizou essa curiosa produção Delitto in Via Teulada. (Além desses 4 gialli, Lado fez também duas variações - ou remakes disfarçados - do clássico Aniversário Macabro; que, aliás, já era um remake por conta própria. São eles: o sensacional Assassinatos no Expresso da Meia-Noite, de 1975, e o muito bacana A Noite do Desespero, de 1993. São dois filmes que, erroneamente, até chegam a figurar em algumas listas giallo, como na da Cine Monstro. Porém, o primeiro não tem nada de giallo e, o segundo, apesar duma introdução totalmente nessa linha, e duma certa atmosfera slasher em alguns momentos, também vai para uma outra vibe. Portanto, essa dobradinha aí não merece ser classificada como giallo ou giallesco.)

''Curiosa por quê, tio Marcio?''

Por uma série de motivos.

A principal é o formato incomum de Delitto in Via Teulada. A produção televisiva foi originalmente exibida em 1979 em 15 partes de 5 minutos cada, para, no ano seguinte, ser condensada em um telefilme de 1H03, eliminando algumas coisinhas, entre elas dois assassinatos que contradiziam a revelação WTF final. A versão original em partes-tiras-listras foi intitulada Giallo a Strisce. Já o telefilme de 1980 se chamou Delitto in Via Teulada.

Outro detalhe curioso é a utilização em Delitto da trilha sonora composta por Fabio Frizzi para o clássico Pavor na Cidade dos Zumbis, do mesmo ano. Mas tem um porém: Delitto foi lançado meio ano antes. Curioso, não?

A trama de Delitto, ambientada nos estúdios da RAI,  envolve um filme dentro do filme, no caso um giallo dentro de outro giallo (e é engraçado que o ator que faz o diretor giallo da trama se chama PAOLO BARONI - quase o mesmo nome do carismático trutão do nosso ranzinza favorito Regis Tadeu, o Paulo Baron). Na verdade, existe todo um tsunami de produções e atividades acontecendo ao mesmo tempo dentro da RAI, e, entre esses acontecimentos todos, um assassino misterioso inicia suas estripulias, entre elas um assassinato e outro aqui e ali.

E devo dizer que, apesar de alguns ataques infelizmente meio mal coreografados, Lado consegue sim criar excelentes e atmosféricas situações de suspense e tensão (um dos destaques supremos é uma memorável sequência de stalking que dura dos 21 aos 28 minutos do filme), na linha de algumas das melhores coisas já feitas por Dario Argento em sua época áurea.

Ahh, e, por falar em Argento, é interessante notar os incautos gerais surpresos com o fato de que Black Glasses, o retorno de Argento ao cinema (após o catastrófico Drácula), é um giallo com uma protagonista cega. Bem, eis que Delitto já era um giallo com protagonista cega mais de QUATRO DÉCADAS antes do filme novo do Argento.

A protagonista cega de Delitto é vivida por Auretta Gay (ou Auretta Gai, como é creditada aqui), mais lembrada pelo Zombie (ou Zumbi 2): A Volta dos Mortos, do mestre Lucio Fulci. (Aliás, reza a lenda que ela teria desistido da carreira de atriz por ter sido humilhada por Fulci durante as filmagens daquele clássico de zumbis...)

Enfim, com ângulos e tomadas bem interessantes, confundindo realidade e ficção, um clima geral de mistério muito eficiente, algumas mortes cabulosas, um dinamismo incrível, um suspense muito bem construído e um plot twist bem absurdo, Delitto in Via Teulada (ou Giallo a Strisce) é uma ótima pedida para os doentes completistas do fascinante universo giallo. Parece mesmo jamais ter sido exibido fora da Itália, e bem que poderia ser descoberto por uma Arrow da vida, e lançado de forma luxuosa em Blu-ray ou pelo menos em DVD. Enquanto isso não acontece, saiba que o filme está disponível no YouTube: já o tinha conferido tempos atrás com o áudio todo esculhambado (desaparecendo de tempos em tempos) e sem nenhum tipo de legenda; mas, agora, o filme já está disponível com o áudio OK e legendas em inglês. Uma boiada e tanto para os entusiastas dos filmes de matança.

PS: Apesar de continuar meio doente, talvez eu vá essa noite em um evento emo com covers de Avril, MCR e Blink. Já vi esse Blink Cover uma vez, e eles só tocaram uma mísera canção da época do line-up original, que foi Dammit - é, pelo menos, optaram pela melhor música ever do Blink. Já o MCR Cover já está me dando nos nervos porque, que a verdade seja dita, eles odeiam o Bullets e raramente tocam algo daquele álbum - a única obra-prima do MCR, e o único disco da banda sem nenhuma faixa ruim (já que o The Black Parade possui três canções ruins e o Revenge possui quatro). Chega a ser ofensivo ver esses caras tocar coisa do Danger Days em TODOS os shows, além das xaropices The Ghost of You e Mama em TODOS os shows também. Isso é tipo um cover de Iron Maiden que toca coisa do Blaze em todos os shows, e também toca Wasting Love e Blood Brothers em todos os shows, mas se recusa a tocar coisa da fase Paul Di'Anno. Já perdi as esperanças com esse cover de MCR e nem peço mais coisa do Bullets para eles (dos quatro shows que vi, tocaram uma só - Vampires Will Never Hurt You - em um show apenas), já que, com eu pedindo, talvez até seja mais difícil deles tocarem alguma do grande álbum do MCR. Já sobre esse cover de Avril... Será o primeiro show ever desse cover específico, e estou curioso com o setlist. No passado assisti um show de um outro cover de Avril, e o setlist foi bem fraco. Se bem que, convenhamos, tem certos bê-á-bás da Avril que são muito mais agradáveis do que certas obviedades do MCR e Blink, e outra: as principais baladas da Avril simplesmente DESTROEM as baladas do MCR e do Blink. Chega a ser ridículo comparar obras-primas como Nobody's Home (uma das canções mais perfeitas de todos os tempos), Fall to Pieces e Innocence com xaropices do tipo The Ghost of You (eu queria tanto NUNCA mais ouvir isso na minha vida - sempre odiei essa música e o clipe dela também) e aquelas baladinhas horrorosas do Blink do quarto disco adiante. (Ahh, e, sobre Mama do MCR, seria lindo demais se o MCR Cover anunciasse essa porra e a discotecagem entrasse com Mama das Spice Girls num volume absurdo, hahahaha. Ou ainda mais apropriado: se o DJ mandasse no lugar Mama do Flyleaf, que, inclusive, também é uma banda de fake emo - ou fake screamo - dos anos 2000 que chegou ao mainstream na época. Aliás, Flyleaf é a única banda cristã badass que já existiu até hoje. Flyleaf é tão legal, tanto com a Lacey quanto com a Kristen, que eu até costumo esquecer que é uma banda cristã.)

6 comentários:

  1. Comentando no esquema de 2 abas.

    Cara, confesso que apesar de estar escrito em italiano, meu cérebro me pregou uma peça e eu tinha lido "Delito na Via Tetuda" kkkk que bosta isso.

    Curiosas essas duas edições que o filme acabou recebendo com títulos diferentes, hein? Interessante.

    Interessante o uso dessa metalinguística dentro do filme.
    Que bom que apesar das falhas nas coreografias no quesito perfeição o filme consegue entregar o clima que promete.

    Que zoado isso da atriz que desistiu da profissão. Mas se vc pesquisar no geral, tanto no Brasil quanto lá fora não é tão raro isso do cara que é ator ou atriz, certa hora encher o saco e pular fora e ir fazer outra coisa. Deve ter muita filha da putice nesse meio, pq caso não fosse assim, muita gente aguentaria os perrengues. Pode ver que na música, os caras que vão pro mainstream raramente desistem da carreira de músicos, mas na parte da dramaturgia e cinema volte e meia acontece uma porra dessas. Deve ser um meio altamente tóxico esse.

    Da hora que conseguiram upar o filme pro YT de forma decente.

    Valeu browww,
    Excelente post.

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    1. Há, Delitto in Via Tetuda seria o remake americano com a Maya Hawke e a Billie Eilish como as protagonistas :)

      O mais curioso e bizarro de tudo é o filme ter sido exibido inicialmente dessa forma aí, com várias partes de 5 minutos cada. Totalmente incomum. Sem contar a trilha sonora do Pavor na Cidade dos Zumbis.

      Aldo Lado é um cara de altos e baixos. Às vezes acerta, como aqui, em A Breve Noite das Bonecas de Vidro e Assassinatos no Expresso da Meia-Noite - e, em menor escala, n'A Noite do Desespero. Já em outras ocasiões, como em Quem a Viu Morrer? e Círculo do Medo, o cara mandou super mal. E vou ver se ressuscito a série Dezembro Alternativo para analisar a cópia que ele fez de $tar War$, O Humanoide, em que até usou o pseudônimo George Lewis :)

      Dele em VHS tenho Círculo do Medo, Desobediência, O Humanoide pirata sem capa e a capa avulsa d'A Prima.

      A Auretta Gay tem uma filmografia minúscula e, ao que indica mesmo, caiu fora do showbizz por ter sofrido bullying do Fulci durante as filmagens de Zombie. Incrível como os meus diretores favoritos geralmente são/foram uns fuckin' assholes terminais como seres humanos: Fulci, Kubrick, Todd Solonds... Victor Salva então nem se fala. Aquele lá é a escória da humanidade.

      No mais, tem um filme nacional, que deverá receber uma postagem em breve, que consegue ser infinitamente mais obscuro do que Delitto in Via Teulada. Acho que seguirei nessa vibe mesmo, de só fazer postagem sobre filmes desconhecidos-obscuros - seja para falar bem, mal ou só para comentar a existência mesmo; mesmo porque, esse filme BR aí, de tão absurdamente desconhecido, deve ser quase impossível conseguir uma cópia, e é bem possível que eu morrerei sem conseguir assisti-lo.

      Valeu e até a próxima. Vou te responder lá no post anterior também.

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  2. Fazendo aqui rápidas observações sobre a parte ''P.S.'' do post, que eu deveria ter chamado de ''P.S. OFF-TOPIC'', mas enfim.

    Sobre aquele evento específico, o setlist do MCR Cover (que foi a primeira banda, contradizendo a info prévia de que seria a banda do meio) estava indo de mal a pior, incluindo até uma trinca pavorosa com as horríveis The Ghost of You, Summertime e The World Is Ugly. Mas aí teve uma reviravolta cabulosa que eu jamais poderia prever, ainda mais após essa sessão tripla de atrocidades. Eles tocaram DROWNING MOTHERFUCKIN' LESSONS. Simplesmente a minha segunda favorita do Bullets, após Our Lady of Sorrows. Incrível.

    Já o setlist do Avril Experience contou com três faixas bem inusitadas: Breakaway, I Always Get What I Want e I Can Do Better, mas o grande destaque para mim foi mesmo Nobody's Home.

    E o Blink Cover apresentou um repertório praticamente idêntico ao que eu havia visto dois meses antes. Novamente, a única canção da era Scott Raynor foi Dammit.

    No fim do evento, conheci lá um maluquinho de Curitiba e aproveitei para comentar com ele que o meu melhor amigo é de lá. Quando pegávamos o metrô de volta, ele chegou a comentar ''que baixaria do caralho'' sobre um carinha gay que estava vestido de forma espalhafatosa. O cidadão até olhou feio para ele. Detalhe: ele estava numa turma de uns, sei lá, 15 ou 20 caras (deviam estar voltando de alguma festividade GLS ou coisa do tipo) e, se eles quisessem, poderiam ter se juntado para nos espancar. Foi uma situação bem sem noção.

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    1. Em um papo similar, daqui a pouco deverei ir nos covers de Padre Judas e Mano de Guerra.

      Eis o meu TOP 10 Manowar, e veremos quais dessas irão rolar no show:

      Battle Hymn

      Black Wind, Fire and Steel

      Blood of My Enemies

      Hail and Kill

      Kill with Power

      MARCH FOR REVENGE (BY THE SOLDIERS OF DEATH)

      The Oath

      The Power of Thy Sword

      Sign of the Hammer

      Thor (The Powerhead)

      E, por outro lado, eis as músicas do Manowar que não curto nem a pau, e que espero que não entrarão no setlist:

      All Men Play on 10
      The Crown and the Ring (Lament of the Gods)
      The Demon's Whip
      The Glory of Achilles
      Hail, Kill and Die
      Hail to England
      Kingdom Come
      Violence and Bloodshed (essa daqui tem a segunda letra mais ridícula de todos os tempos - digo segunda porque não é humanamente possível ser pior do que Faggot of Icarus da Donzela Ferrada)

      E é uma pena que o Alex Relíquias do Trem AOR teve um imprevisto e não poderá ir nesse show comigo. Seria engraçado ele com camiseta do Cinderella e eu com camiseta do MCR em um evento de fãs de Manowar. Ficaria a dúvida de quanto tempo sobreviveríamos lá dentro até sermos mortos pelos Brothers of Metal...

      No mais, o grande problema será a abertura, com o cover de Grave Digger, uma banda '''''meio''''' ridícula.

      Anyway, depois relatarei esse evento aqui. E também tem outros posts que estão em andamento, ligados a garimpos (de VHS, Beta, CD full-length, um CD single simplesmente maravilindo e Laser Disc) e outros shows covers que rolaram por aí, de emo e de metal espadinha.

      See ya, fucks, digo, folks.

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  3. Será que a Billie Elish fez um Onlyfans para prestigiar seus fãs que vivem "Only in hands" por ela (se é que me entende kkkk) kkk ?

    É curioso também o nome do diretor, Aldo Lado, porque nos vêm à mente aqueles trocadilhos babacas e insanos do tipo Aldo Frente, Aldo Costa, Aldo Meio, etc.

    George Lewis foi foda kkkkkkkkkkkkkkkk

    Esse Kubrick não é aquele que fez os filmes dos pássaros lá? kkkk
    Acho que ouvi a estória e aquele outro da mulher pelada no banho sendo assassinada à facadas também ?

    Opa. Valeu!
    Em breve quando der tempo respondo lá nos emails também.

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    1. Cara, eu acho a Billie Eilish mó tesão: gata, gostosa, absurdamente - e naturalmente - peituda e, ao que indica, bem safada também. Já o som acho apenas OK :) Mas eu veria um show dela fácil. Mesmo porque estaria cheio de mina.

      ''Aldo Lado'' parece pseudônimo. Mesmo porque ''Lado'' é anagrama de ''Aldo''. Puta nome curioso. Ele até retornou a direção de cinema com um filme que não assisti ainda, sobre um sequestrador de crianças. Passou bem batido mundialmente e é bastante obscuro.

      Sou totalmente a favor desses diretores lucrando uns trocados encima do palhaço do George Lucas, um dos sujeitos mais detestáveis da história do cinema. Lucas começou criticando o capitalismo e o consumismo em THX, para, alguns anos mais tarde, se mostrar extremamente capitalista, promovendo um consumismo desenfreado de produtos da horrorosa franquia Starless Whores. (Só que, se tratando de diretores fazendo cópias de $tar War$ em nome da grana, uma coisa deve ser dita: o japonês Mensagem do Espaço é um treco tão pavoroso que consegue ser tão sofrível quanto sua fonte de inspiração.)

      Cara, Os Pássaros e Psicose são dirigidos pelo Hitchcock. Kubrick fez 2001, Laranja Mecânica, O Iluminado e De Olhos Bem Fechados.

      Opa, vi lá que você respondeu os emails. Da hora! É sempre bom debater ''assuntos bucetóides'' com você, hehe :)

      Valeu!

      PS: Estou preparando um post sobre outro giallo do século passado com protagonista cega.

      PS: Acabei de rever O Quebra-Cabeça, giallo meia-boca do Lamberto Bava, e, nos créditos finais, reparei que tem no elenco esse mesmo Paolo Baroni aí do Delitto in Via Teulada.

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