A notoriedade que Umberto Lenzi (um sujeito que tinha sérios problemas de ilusões de grandeza, e se achava um gênio a la Kubrick ou Hitchcock, mesmo sem nunca ter dirigido uma única obra-prima na carreira) recebeu dentro do giallo (que os noobies dizem ser o pai do slasher, mesmo vindo bem depois de Psicose, de 1960, e O Vingador Invisível, de 1945 - vai entender) pode ter mais a ver com o fato dele pertencer ao grupo de cineastas que fez uma grande quantidade de obras dentro do subgênero, do que com a qualidade frequentemente duvidosa dos seus 10 (!) exemplares do estilo. E só para constar: esse grupo de diretores que se dedicaram um pouco demais ao giallo também inclui Dario Argento, Sergio Martino, Lucio Fulci e, é claro, Bava Pai e Bava Filho. (E, se vocês considerarem aquelas duas variações - ou homenagens - que Aldo Lado fez de Aniversário Macabro como sendo gialli, ''giallish'' ou ''giallescos'', então Lado fez 6 gialli no total e também pode ser incluído nesse grupo de carcamanos que ''giallogaram'' com esse tipo de cinema ''way too many times.'')
O problema é que, de todos esses caras, Lenzi apresentou os piores resultados. Até mesmo Martino, um canastrão por natureza que dirigiu um monte de tranqueira (algumas que até figuram entre os piores filmes da história do cinema, como o já massacrado por aqui Crocodilo: A Fera Assassina e 2019: Após a Queda de Nova York - duas desgraças nível extreme que eu tento esquecer DIARIAMENTE que já assisti) conseguiu realizar uma obra-prima como seu debut no thriller made in Italy, O Estranho Vício da Sra. Wardh.
Mas Lenzi, por sua vez, dentro ou fora do giallo, nunca conseguiu ultrapassar a barreira do ''bem bacana'', mesmo em seus melhores momentos. (Até chegar na sua última película do tipo, A Passageira, revisitado recentemente por esse que vos fala. Inclusive, A Passageira é uma VHS muito caçada - sem nenhum motivo fora o hype de ''fita rara'' - pelos Zé Fitas de plantão. E é curioso que eu me lembrava daquele filme sendo bem fraquinho, mas, cara, admito sim que me enganei quanto a isso, e o filme não é fraco não. Ele teria que MELHORAR MUITO para ser fraco, isso sim. A Passageira é uma das maiores bobagens já feitas se tratando de variações do giallo, e tem uma cena de luta que figura entre as maiores atrocidades já filmadas desde a invenção da câmera de vídeo. É uma sequência que poderia facilmente levar o ''Troféu Harrishole Ford de Abominação Cinematográfica''. Bem, um dia ainda deverei falar detalhadamente dele em um muito merecido PURE MASSACRE. E não é a toa que, depois d'A Passageira, o Lenzi nem se atreveu mais a pagar de diretor de giallo ou qualquer coisa do naipe.)
Enfim, Sete Orquídeas Manchadas de Sangue foi um dos seus gialli iniciais, feito em 1972, o mesmo ano em que Lenzi também rodou A Lâmina de Aço (cuja VHS da Mac é considerada uma baita raridade, mesmo tendo pelo menos uma meia dúzia de donos - VHS essa que poderá aparecer à venda em um desses leilões mercenários e bloodsuckers net afora, custando algo entre R$ 100 e R$ 1500).
Eis a sinopse de 7 Orquídeas na contracapa de um daqueles DVD-boxes bagunçados da Versátil (que também, ao invés de se concentrar em extras substanciais, ficam atirando uma porrada de desnecessários trailers nas nossas fuças - e, mesmo assim, só recebem comentários e reviews chapa branca em tudo que é canto da internet):
''Um misterioso assassino está matando jovens mulheres com violência, deixando sempre um adorno em formato de meia-lua junto aos cadáveres. Um exemplo clássico de giallo de um importante diretor do gênero.''
Clássico? Hum, não exatamente, para dizer o mínimo. Diretor importante? Em quantidade pode ser, mas qual é o grande giallo do Lenzi? Pois é.
OK, vamos lá.
7 Orquídeas tem sim algumas mortes interessantes, bem filmadas e com uma certa atmosfera. Mas também tem alguns problemas nesses momentos de maior intensidade, principalmente mais pro final - com uma resolução bem embaraçosa, e que, inclusive, é parecida com o ''plot twist'' de OUTRO giallo do próprio Lenzi! ''Umberto Lazy'', hehehe.
A trilha sonora de Riz Ortolani - parte reciclada de outro giallo do Lenzi... - é boa, mas não está tão presente quanto deveria. Dá até para dizer que, nos momentos em que ela surge, ela meio que salva um filme com um ritmo quase morto.
A história poderia ser boa se fosse bem trabalhada, mas os personagens - com atuações apenas toleráveis - são super fuckin' boring, assim como também é a investigação de 7 Orquídeas.
E, mesmo com 1H33Ms, o filme é bem mais longo do que deveria ser. Chega uma hora que não dá mais para aguentar, e a gente já está implorando para que a porra do filme termine logo.
Ou seja, tirando a trilha musical e alguns bons momentos de ataque do maníaco, 7 Orquídeas meio que não tem nada a oferecer, além de queimar bastante o filme em alguns momentos.
OK, acho que é tudo por hoje. Ainda pretendo voltar aqui para analisar TODOS os outros gialli do Lenzi - incluindo até mesmo A Praia do Pesadelo, já resenhado uma vez aqui. E, quando chegar a hora d'A Passageira, tentarei ficar o mais calmo possível para não fazer o PURE MASSACRE mais extremo da história do 7 Noites em Claro, já que aquilo lá é uma aberração sem precedentes na história do cinema mundial - mais uma abominação cinematográfica que terei que batalhar e muito para tentar apagar da minha memória.
Naquele esquema topzeira de sempre!
ResponderExcluirUma aba leio na outra eu comento.
E pros reacionários eu digo: Lula presidento!
Hehe, confesso que sou meio ignorante, no sentido de entender, a respeito dos maiores diretores de destaque no gênero giallo.
Não sei o nome original da obra, mas a versão em PT/BR pelo menos ganhou um título interessante.
Bom ainda bem que de certa forma, pelo relatado nesse trecho, não é tudo puro lixo e as mortes foram bem filmadas.
Putz, filme cansativo não dá.
Já me lembra aquela porra da Winslet e o Leotário di Caprio (um dos atores mais superestimados de Hollywood, apesar de sua atuação horrorosa) de "Foi Apenas Um Sonho" (não lembro o que Road no nome original).
É complicado mesmo , amigo.
Bom, enfim, mais um excelente post, #tmj
E dia 30 é buscar derrubar o fascismo nas urnas.
Há, eu queria mesmo era assistir todos os gialli e slashers e thrillers de serial-killer e afins já feitos, mas isso provavelmente não é humanamente possível :) Mas seguirei tentando!
ResponderExcluirA importância que o Lenzi (cidadão que plagia a si mesmo, plagia outros italianos e também plagia diretores de outras nacionalidades) recebe dentro do giallo, além dos motivos que apontei no post, pode também ter a ver com o culto que ele recebe por aquela trinca de filmes de canibalismo (bem bacanas, sim, mas não tão bons quanto os dois primeiros do Deodato nessa vertente - Deodato esse que se perdeu no seu terceiro e último filme do estilo, Inferno ao Vivo, AKA Cut and Run, que, assim como Canibal Holocausto, AKA Holocausto Canibal, também saiu no Brasil em VHS ''extra-oficial'') e Cidade Maldita. Aí, o status cult dessas outras obras acabam também sendo transferidos para os filmes do Lenzi em outros estilos e contextos, já que são puxados pela fama exploitation desse quarteto aí. (No mais, OK, Lenzi iniciou o ciclo dos canibais italianos, mas foi o Deodato que aperfeiçoou essa porra toda... Até se queimar em partes com o já parcialmente massacrado por mim nesse blog Inferno ao Vivo.)
Ahh, e outra coisa que acaba contando como ponto para ele é o fato dele ter iniciado suas experimentações no giallo antes do Argento lançar o seu debut, que foi o verdadeiro estouro inicial do estilo, e ajudou a estabelecer mais fortemente as regras do gênero. Curiosamente, o Fulci também fez seu primeiro giallo antes do Argento. E, mais curiosamente ainda, o futuro mestre do erotismo Tinto Brass fez o seu único giallo antes de todos esses caras (Lenzi, Fulci, Argento). E vou te falar: se o filme do post anterior, O Filho de Satã, provavelmente é o slasher mais bizarro já feito, o giallo do Tinto, Eliminação, AKA Elimination, é sim um forte candidato ao posto de giallo mais surrealista, indescritível e surtado da história. OK, obviamente não assisti todos os gialli já feitos (mas tomara que um dia eu consiga sim assistir todos), mas acho MUITO difícil existir algum giallo mais inacreditável e doidão quanto essa pérola do tio Tinto, um giallo feito na base de um banho de ácido.
7 Orquídeas já estava meio que condenado desde o início por ter o Antonio Sabato no papel principal, um canastrão por natureza muito mais preocupado em pegar todas as mulheres ao redor do que em atuar bem. A escolha dele como protagonista me lembrou o George ''000'' Lazenby (outro notório ''womanizer'' canastrão) em Quem a Viu Morrer?, simplesmente o giallo mais decepcionante da história, com uma trilha sonora do Ennio Morricone que dá nos nervos. Pensar que o Aldo Lado foi da belíssima obra-prima A Breve Noite das Bonecas de Vidro para ISSO... Deplorável. (Mais triste ainda é pensar que Lado faria ainda um giallo muiiiiiito pior, O Circulo do Medo, já na década de 90. Esse entra no meu TOP 3 dos piores do estilo, junto d'A Passageira e d'O Jogador de Cartas, AKA O Jogador Misterioso, AKA Il Caraio, atrocidade do Argento que tive a infelicidade de assistir no cinema na época.)
Para fechar essa parte, sim, os gialli do Lenzi todos receberam títulos dignos no Brasil. Dos 10 gialli que ele fez, 7 foram traduzidos corretamente, enquanto os outros 3 receberam títulos nacionais condizentes com suas tramas.
Já na gringolândia os distribuidores fizeram uma lambança e tanto: dois gialli dele receberam o mesmo nome (Paranoia), sendo que o segundo Paranoia também é conhecido como A Quiet Place to Kill - enquanto um outro giallo dele também é conhecido como An Ideal Place to Kill!!! ''Que burro, professor. Dá zero pra ele.''
Uma CÃOfusão e tanto. Já no Brasil fizeram tudo certinho dessa vez. Incrível.
Ha, essa de ''Leotário Di Caprio'' já é clássica, e até te parafraseei naquele vídeo que fiz com o Oswaldo falando novamente sobre VHS, que não foi oficialmente ao ar no canal dele, permanecendo oculto no Tubão.
ResponderExcluirAcho que esse cidadão não tem nenhum mísero filme do qual sou fã, mas devo dizer que tenho uma antipatia extra por Os Infiltrados, remake politicamente correto e histérico do muito superior Conflitos Internos. E os noobies de plantão elogiaram muito o final dessa porra, achando que era algo inédito no cinema, sendo que esse tipo de ''twist'' já vinha ocorrendo desde, pelo menos, a década de 70. (É tipo a galera que ficou surpresa e ''chocada'' com a última cena do primeiro giallo do Lenzi, O Louco Desejo - nada mais do que um plágio descarado de uma certa obra-prima do Godard.)
Já a MILF Kate Winslet merece um desconto por ser gostosa, boa atriz e estar sempre aparecendo pelada por aí, e em cenas de fodelança. E sem contar que, recentemente, ela esteve na EXCELENTE série Mare of Easttown, da HBO (esses caras sim sabem fazer série, ao contrário da Netfux). Mare beira a perfeição, e possui um plot twist de explodir a mente. Diria até que é praticamente impossível decifrar a identidade do assassino. Até quero ver essa porra de novo.
Ahh, sim, votar contra o Bozo é obrigação de todo cidadão minimamente sensato. Nesses 4 anos, Bozo só trouxe estupidez, discórdia, uma inflação a la era Collor e incontáveis mortes por COVID que poderiam ser evitadas - COVID essa da qual ele ainda tirou sarro em diversas ocasiões.
E ele ainda quer convencer o gado dele a ficar vigiando as urnas na eleição de segundo turno. Tudo que esse sujeito faz é baseado na maldade e no tumulto.
FORA, BOZO.
O maior perigo, começando no final do comentário e indo para o começo, dele falar pro gado ficar lá até a final da apuração é causar tumulto pra gerar fila e o Lula não conseguir os votos que aparecem na pesquisa, aumentando a abstenção. A polícia tinha de estar nesses locais de votação e se vagabundo bolsonarista quisesse ficar lá, deveriam ser levados num camburão.
ResponderExcluirE sim, a Winslet, acho que o filme mais interessante que eu já vi dela, é um que ela é sequestrada por um tiozão bigodudo e vai parar lá na casa do caralho, aí tem uma cena dela pelada na chuva e acho que o nome do filme é algo meio bizarro , tipo Fogo Sagrado, fogo do sei lá que porra. Esse eu vi na Globronha na época e descasquei à vera pra essa cena dela pelada na chuva.
Sim, é bem isso mesmo: tumultuar geral para tentar aumentar ainda mais a abstenção, já que foi justamente essa abstenção que nos impediu de ganhar no primeiro turno.
ResponderExcluirE, cara, o Bozotário cometeu suicídio comercial de vez agora com aquilo de ter ''pintado um clima'' entre ele e a venezuelana de 14-15 anos. Porra, se ele ganhar, mesmo depois dessa, então ficará 100% claro de que o Brasil é mesmo um caso perdido.
Além desse filme que você citou, dela com o Harvey Keitel, tem um outro dela com o Patrick Wilson (astro dessas franquias de terror da Blumhou$e) que também tem ótimas cenas de fodelança. Vou te falar: Kate Winslet é da hora em todos os sentidos. Boa atriz, bonita, gostosa, e se entrega pra valer pras personagens que interpreta. E, novamente, Mare of Easttown é uma das coisas mais sensacionais que já vi se tratando de séries detetivescas.
E o próximo post agora deverá ser para comentar o OUTRO giallo do Umberto Lazy de 1972, A Lâmina de Aço - um giallo simplesmente vergonhoso e indefensável.