''Tenho muito medo desse filme. (...) Sempre fico com um estranho mal estar ao ver esse filme, como se ele carregasse algo muito ruim com ele.''
- Marcelo Carrard / Cinema Ferox (o Carrard mandou tão bem ao falar d'O Filho de Satã, que eu nem pegarei pesado com ele por ter colocado - em um vídeo intitulado ''Os Melhores Filmes de Terror de 1978'' - O Olho do Cu de Laura Mars, aquele remake disfarçado e xaropeta de Premonição, escrito pelo suposto mestre John Carpenter e dirigido pelo mesmo Zé Ruela responsável por O Império Corno Ataca)
Escrever posts pode ser tão complicado... Tenho que juntar todas as minhas anotações sobre o filme em questão e, a partir daí, descobrir uma forma de organizá-las na postagem. E eu simplesmente nunca sei como diabos a publicação ficará até o momento em que ela é postada. Na verdade, eu nunca nem sei qual post virá a seguir aqui no blog... (Esse daqui mesmo foi decidido só agora. Acontece que acabei de assisti-lo, e quero que todo mundo tenha contato com esse filme. Seria muito depressivo alguém morrer sem o assistir ao menos uma vez.)
Anyway, muito recentemente eu, finalmente, tirei o atraso e assisti O Filho de Satã (Class Reunion Massacre / The Redeemer: Son of Satan, 1978, de Constantine S. Gochis, que só dirigiu esse filme - Gochis esse que, segundo um relato do ator que faz o personagem título, curtia ''encher o pote'' durante as filmagens), macabro e atmosférico slasher, que de convencional não tem nada. Uma ótima pedida para quem está de saco cheio das fórmulas batidas do subgênero e de franquias babacas e hypadas tipo Pânico (do genial - só que não - Wes Craven), O Filho de Satã não parece um mero filme, e sim um pesadelo disfarçado de cinema. Após assisti-lo, parecia que eu havia acabado de acordar de um pesadelo dos mais cabulosos e enigmáticos. E ainda estou tentando entender o que diabos foi isso.
E sim: já está entre os meus favoritos do estilo, junto do imbatível Acampamento Sinistro original e das partes 1, 2 e 7 (H20) de Halloween. Se você - que estiver lendo isso - é fã de slashers, e ainda não assistiu O Filho de Satã, sugiro correr atrás dele imediatamente. Você poderá até não gostar do filme, mas uma coisa é certa: isso daqui é uma espécie de Céline & Julie ou Comando Out dos slashers: um filme completamente radical, incomum, imprevisível, experimental, enigmático e inclassificável que não se parece em nada com outros exemplares do gênero. OK, sei que existem outros slashers certamente bizarros e fora da curva, como Sledgehammer (do tio Dave), Procura-se uma Babá, Noite das Bruxas Macabra e, se você o considerar slasher, A Morte em Jogo (Skullduggery), um dos filmes mais bizarrões dos anos 80. Mas O Filho de Satã está acima de todos esses no fator WHAT THE FUCK.
A trama pode ser vista como precursora tanto de Massacre no Colégio (Slaughter High - nada a ver com Massacre at Central High, que é anterior e recebeu o mesmo título BR) e Se7en: Os Sete Crimes Capitais. Se trata de seis sujeitos comemorando o décimo aniversário de graduação da hell school mas, daí, sendo caçados por um serial-killer com um visual a la O Ceifador e parecendo o ''masacote'' (como diria o Chaves) dos Misfits. Tal psycho enxerga cada um deles como representante de um dos pecados capitais. Sim, é verdade que, seguindo essa lógica, então faltaria um personagem entre as potenciais vítimas. Mas, assim como o filme como um todo, esse é apenas um dos vários detalhes confusos de sua trama. E acredite: se tratando d'O Filho de Satã, com uma atmosfera a la Sonhos Alucinantes (Let's Scare Jessica to Death) e Fantasma, AKA Noite Macabra (Phantasm), toda essa confusão funciona a favor do seu clima delirante, opressivo e desgraçado.
E, a cada cena em que uma vítima é confrontada, temos uma situação diferente, desnorteando o espectador cada vez mais, mostrando que, além de trazer mortes criativas, o filme também quer te surpreender de outras formas... Até que surge em cena aquele que talvez seja o palhaço mais sinistro e assustador já visto no cinema. Essa cena é simplesmente inacreditável, e a forma como o ataque é filmado me lembrou o Sady Baby invadindo o puteiro munido de uma motosserra em Emoções Sexuais de um Jegue. Ou seja, é de se imaginar se a atriz estava segura durante as filmagens dessa sequência infernal, porque me deu a impressão de que ela estava prestes a se machucar de verdade - se é que isso não ocorreu. Bem, uma coisa é garantida: quem tem fobia de palhaço irá tremer nas bases. Pennywise é o caralho. Isso daqui é a coisa real. (Aliás, O Filho de Satã é mais uma das lacunas do livro Medo de Palhaço...)
Nem sei direito o que mais posso dizer sem entregar spoilers (já que o blog 7 Noites em Claro é radicalmente contra spoilers). Mas posso encerrar o meu texto aqui dizendo que, com um uso provocador de magia negra (ao que indica, parece que, durante as filmagens, o filme foi ficando mais e mais ''satanista'' para tentar lucrar encima do sucesso d'A Profecia), e uma série de mortes não apenas memoráveis mas também sem nenhuma preocupação em seguir qualquer tipo de clichê, O Filho de Satã é o antídoto perfeito para quem não aguenta mais slashers genéricos, previsíveis e sem motivo de existir.
A minha cotação é 5 de 5. Foi uma das minhas grandes descobertas cinematográficas dos últimos tempos. Diria até que o filme é vanguardista e revolucionário e que, após O Filho de Satã, serei mais rígido com os slashers que assistirei. (Portanto, é melhor o Halloween Ends se comportar se não quiser levar PURE MASSACRE up the ass.)
E adoraria saber se o filme recebeu algum tipo de lançamento - oficial ou extra-oficial - no Brasil, fora as exibições no Sistema Bozo de Televisão.
(...)
(Post escrito ao som do disco gravado mas não lançado da Katy Perry, supostamente de 2004. Hail KP da época underground. As informações sobre esse disco são tão misteriosas quanto a trama d'O Filho de Satã, mas o álbum é sim geralmente conhecido como ''(A) Katy Perry''. Título esse que não faz o menor sentido. Afinal, ''A'' poderia indicar algo como o passo inicial, o início de tudo. Mas ela já tinha lançado aquele disco gospel - fraquíssimo por sinal - com o nome Katy Hudson. E o outro motivo por esse título não fazer sentido é que, na época em que ele foi gravado, ela estava usando o nome Katheryn Perry, e ainda não havia oficialmente se lançado como Katy Perry. Enfim, seja como for, adoro esse álbum, um dos meus discos favoritos de todos os tempos, com clássicos absolutos como o hino emo Long Shot, Wish You the Worst e Simple - o '''''hit''''' desse período. E uma curiosidade pouco comentada é que a Breakout da Miley é, na verdade, cover duma demo dessa época da KP, que, de tão obscura, nem está nesse disco - assim como a Speed Dialin' também não está, mesmo sendo dessa época. (Sim, isso pode ser um choque para alguns, mas Breakout não é da Miley, e sim da Katy Perry.) Uma pena que a KP se perdeu assim que virou mainstream. Inclusive, entre absolutamente tudo que ela lançou a partir do One of the Boys, só existe uma única mísera canção que tem a cara dessa época Katheryn Perry, que é a sensacional e sempre negligenciada Self-Inflicted. De resto... É triste pensar que o mainstream destrói tudo. RIP Katheryn Perry.)
PS OFF-TOPIC = Bom saber que o Alex está bem, apesar do furacão scumbag lá. Agradeço ao Dado (AKA Gabriel Caroccia) pela info que não consegui adquirir de outra forma.
Comentário adicional para abordar duas coisas importantes que ficaram de fora do post por engano:
ResponderExcluir1
Eu NÃO possuo NENHUM tipo de cópia d'O Filho de Satã. A capa do BD americano é uma mera imagem ilustrativa. E a foto com três edições diferentes (todas americanas, creio eu), sendo uma delas uma big box intacta, foi retirada de um vídeo do canal do Joe Clark, o mais obcecado e doente colecionador americano de VHSs de horror. A goma do cara é toda decorada com artigos de terror, e o cara é completamente megalomaníaco e hardcore. Inclusive, ele é também aquele cara que possui mais de 30 VHSs diferentes de Comunhão.
2.
Faltou comentar os momentos em O Filho de Satã em que a película parece que vai explodir, e surgem na tela umas falhas técnicas esverdeadas, dando um efeito bem esquisitão ao filme. Tem uma cena, aliás, que o rosto de uma das personagens fica todo cheio de rabiscos verdes. Faltou também incluir essas capturas. Não sei se foi um problema na cópia que eu assisti ou se é assim mesmo. E, se for assim mesmo, não sei se é um problema natural da película ou se eles deram uma adulterada básica para deixar o filme ainda mais ''satânico''.
... e faltou também incluir uma captura mostrando o terceiro polegar...
kkkkkkkkkkkkkkkkkk o Olho do c* de Laura Mars foi foda kkkk
ResponderExcluirNão sabia que o Pânico é do Wes Craven, quem te viu quem te vê!
Nesse sentido, prefiro muito mais as paródias "Todo Mundo em Pânico" que pelo menos dá pra rolar no chão de rir, rsrs.
Pelo jeito, com o perdão da comparação, o filme é mais impactante do que ser estuprado pelo ânus por um elefante.
kkkkkkkk Pênis Wise é foda , no sentido, não vi, mas sei de quem se trata, mas falando em pênis, ainda tenho que ver esses Emoções Sexuais de um Eleitor do Bozo kk.
E esse Halloween Ends, pelo que vi do trailer, continua com a atriz protagonista de sempre né ? Esqueci o nome da atriz, mas é aquela que é par romântico do pai da Vada em 'My Girl' e esposa do Schwazznegger em True Lies e na época dos anos 90 , os bronhas de plantão ficaram meio hipnotizados porque tem uma cena dela de roupa íntima.
Pois é, que interessante, estava por fora desse lado underground da Katy Perry passando catupiri na xeca. kkkkkkkkkkk Que bosta, zoei o final do comentário. Mas deu pra entender. kkk Valeeeu.
Sim, O Olho do Cu de Laura Mars é vexaminoso. Tirando Halloween, o João Carpinteiro só pisou na bola em 1978, com esse filmeco aí e também o outro longa que ele dirigiu fora HW, que foi Alguém Me Vigia. Até já fiz um PURE MASSACRE arregaçando essas duas pataquadas numa só tacada.
ResponderExcluirPânico é uma franquia extremamente problemática. Sem contar o último filme, com as presenças das ultra-decadentes Neve Campbell e Courtney Botox, ambas entediadas pra caralho, além do fantasma de um dos personagens do primeiro filme, numa forçação de barra absurda que só comove os fãs retardados da franquia. Fuck Scream.
O primeiro Todo Mundo em Pânico tem lá seus bons momentos.
Gostei dessa: ''Emoções Sexuais de um Eleitor do Bozo'' :) Aliás, fica a dúvida do que o Sady pensa do Bozo. Gostaria de saber isso, pela curiosidade.
Não tô muito afim de ver Halloween Ends. Não gosto do HW de 2018 desde sempre, e acho o HW Kills apenas razoável. Portanto não espero nada de bom vindo desse. Preferiria descobrir outros slashers diferenciados como O Filho de Satã ao invés de ficar nessas mesmas coisas batidas e formulaicas de sempre.
Sim, a Jamie Lee Curtis, que, para mim, só esteve gata-gostosa mesma no filme Perfeição, da metade dos anos 80. Sem contar que, por mais que o filme seja ruim, tenho um carinho especial por ele porque foi através dele que eu me apaixonei por Berlin, já que a sua trilha sonora conta com a melhor música da banda. Óbvio que estou falando de Masquerade, e não daquela xaropice do Top Scum, do disco que destruiu a banda.
E sou mais a Kelly Curtis do que a irmã JLC, se tratando de beleza. A Kelly foi a protagonista de um dos grandes filmes do Michele Soavi, La Setta, que, no Brasil, recebeu um título parecido com esse do post: A Filha do Demônio.
Katheryn Perry era muito foda, mas, assim que ela virou mainstream, tem sido um disco pior do que o outro, com uma sonoridade que não tem nada a ver com a época desse disco ''(A) Katy Perry''. Mais uma que se vendeu pro sistema e se perdeu completamente.
Valeu e falows.