Devo admitir que, dessa vez, JJ Abrams (Super Hated, $tar Treco 11 & 12, $tar War$: O Despertar da Farsa, Cuzão Impossível 3) mandou bem ao ajudar a restaurar o clássico aterrorizante / onírico / surrealista de Don Coscarelli para seu lançamento em Blu-ray nos EUA, como parte de um box que inclui os quatro primeiros filmes da série. (Já o quinto, Ravager, dirigido por Roger Avary, foi lançado separadamente no formato. Quero aproveitar e fazer uma errata aqui. Ano passado cheguei a chamar Avary de cineasta pouco talentoso. Acontece que, na ocasião, me esqueci completamente de que ele foi o diretor de As Regras da Atração, um dos meus filmes favoritos dos anos 2000.) Eis que Fantasma se encontra numa transfer incrível agora, com ótima qualidade de imagem e som. Para quem, como eu, só estava acostumado a assistir o filme na VHS da Europa Vídeo, ou em suas exibições nas madrugadas da Globo (onde recebia até meia-hora de cortes), o espanto é surpreendente. Mas, o que deveria ser uma sessão inesquecível, se tornou uma experiência algo desagradável graças as risadinhas, comentários infelizes (''esse é o filme mais trash que já assisti na minha vida'') e iluminações via celular - aquele aparelho detestável que surgiu para transformar o mundo em algo ainda pior. Não sei se a situação estava mais favorável lá no meio ou nas últimas fileiras, mas, na quarta fileira (onde eu estava), fiquei cercado de malas em maior ou menor escala. Seja como for, filme foda ao extremo em transfer sensacional, que passa a impressão de que foi feito ontem.
Quando assisti Terror nos Bastidores pela primeira vez, em algum momento da segunda metade de 2015, me diverti com essa paródia / homenagem aos slasher movies oitentistas e dei *** (de *****) para ele. O revendo agora, fiquei chocado e abismado com sua ruindade e suas gags imbecis dignas de sequências e imitações de American Pie e congêneres. É sério que eu curti isso quando o vi em 2015? Outro problema do filme é não se decidir entre o pastiche e o dramalhão, representado pela relação da mãe com a filha - a ''Farmiguinha'' Taissa Farmiga, filha de Vera Farmiga na vida real. Tudo em Terror nos Bastidores é retardado, inclusive o fato do filme dentro do filme (Acampamento Sangrento), de 1986, ser considerado o precursor dos slashers florestais, sendo que o subgênero vinha sendo feito desde 1971, tendo a sua maior frequência a partir de 1980. Além disso, numa cena dentro do filme de 86, ouvimos Cherry Pie, do Warrant, que só veio a existir quatro anos depois. (Aproveito e digo: muito obrigado Terror nos Bastidores por escolher uma das PIORES músicas da fase de ouro do Warrant para entrar na sua trilha sonora. Cherry Pie é, inclusive, odiada pelo seu próprio compositor: o finado Jani Lane certa vez disse que poderia se dar um tiro por tê-la feito. ''The song is Cherry Pie, the record is Cherry Pie and I'm the Cherry Pie guy. I could shoot myself in the fucking head for writing that song.'') Mas OK: esses problemas cronológicos podem ser considerados irrelevantes. O que importa é que Terror nos Bastidores é infantil pacas, a definição perfeita de um ''whatever movie'', que me deixou com uma vergonha da porra dentro da sala de cinema. (Tal vergonha se elevou com os aplausos que o filme recebeu após sua projeção. Até filmes de qualidade sendo aplaudidos é algo vexaminoso; o que dizer disso aqui?) A única coisa legal foi que, quando acabou, fomos recompensados com a melhor canção da trilha, Cruel Summer (Bananarama), tocando durante os erros de gravação (achei que o filme inteiro havia sido um erro de gravação...). Se é pra ser revival de slasher, sou infinitamente mais algo do tipo Presos no Gelo (fodástico slasher escandinavo) do que uma baboseira como Terror nos Bastidores. Sinceramente, não faço ideia como posso ter curtido isso em 2015. Sei lá, vai ver é bem menos embaraçoso assisti-lo sozinho em casa (que foi como o conferi na época), ou talvez eu estivesse num momento meio débil (condizente com a proposta do filme)... Não sei. Só sei que Terror nos Bastidores parece um slasher produzido pela turma do Pânico na TV. Só recebe uma estrelinha pela ''Cruel, Cruel, Cruel Summer, and you're leaving me here on my own'' - já que Warrant e Wang Chung (aquelas bichonas da trilha do Viver e Morrer em Los Angeles) não foram representados pelas suas melhores canções.
Originalmente, estava nos meus planos também assistir o clássico Donnie Darko, às duas da manhã. Como seus ingressos estavam esgotados, dei uma volta pela Paulista enquanto aguardava pela sessão da palhaçada Terror nos Bastidores.
Andar pela Paulista é algo que sempre me faz sentir um completo loser imbecil, acentuado pela minha breve passagem ao Extra. Como respeitar um lugar onde tudo é caro, mas só se vê anúncios em todo lugar dizendo ''OFERTA'', ''PROMOÇÃO'' e ''AQUI VOCÊ ECONOMIZA''??? Nonsense total. Sem contar que vendem certas garrafas de cerveja que é impossível abrir sem o abridor - item que eles se dão ao luxo de não ter.
Se bem que foi bom perder a sessão de Donnie Darko, andar pela Paulista e ir no Extra, já que presenciei uma cena bastante interessante.
Estava um grupo de pessoas citando $tar War$ e hostilizando um conhecido deles, aparentemente fã de Harry Potter. Eis que o maluco surta, mostra os dois dedos médios para todos eles e grita:
''VAI TODO MUNDO TOMAR NO CU. HARRY POTTER É MUITO MELHOR DO QUE $TAR WAR$.''
Quase chorei de emoção ao ver isso. O mínimo que pude fazer foi virar pra ele e dizer ''concordo''.
Postando o texto do post em forma de comentário, já que tive problemas técnicos...
ResponderExcluirComo eu passei a Virada Cultural 2017...
A MINHA VIRADA CULTURAL 2017
Filmes:
Fantasma (AKA Noite Macabra) / Phantasm ***** (excelente)
Devo admitir que, dessa vez, JJ Abrams (Super Hated, $tar Treco 11 & 12, $tar War$: O Despertar da Farsa, Cuzão Impossível 3) mandou bem ao ajudar a restaurar o clássico aterrorizante / onírico / surrealista de Don Coscarelli para seu lançamento em Blu-ray nos EUA, como parte de um box que inclui os quatro primeiros filmes da série. (Já o quinto, Ravager, dirigido por Roger Avary, foi lançado separadamente no formato. Quero aproveitar e fazer uma errata aqui. Ano passado cheguei a chamar Avary de cineasta pouco talentoso. Acontece que, na ocasião, me esqueci completamente de que ele foi o diretor de As Regras da Atração, um dos meus filmes favoritos dos anos 2000.) Eis que Fantasma se encontra numa transfer incrível agora, com ótima qualidade de imagem e som. Para quem, como eu, só estava acostumado a assistir o filme na VHS da Europa Vídeo, ou em suas exibições nas madrugadas da Globo (onde recebia até meia-hora de cortes), o espanto é surpreendente. Mas, o que deveria ser uma sessão inesquecível, se tornou uma experiência algo desagradável graças as risadinhas, comentários infelizes (''esse é o filme mais trash que já assisti na minha vida'') e iluminações via celular - aquele aparelho detestável que surgiu para transformar o mundo em algo ainda pior. Não sei se a situação estava mais favorável lá no meio ou nas últimas fileiras, mas, na quarta fileira (onde eu estava), fiquei cercado de malas em maior ou menor escala. Seja como for, filme foda ao extremo em transfer sensacional, que passa a impressão de que foi feito ontem.
Terror nos Bastidores / The Final Girls * (fraco)
ResponderExcluirQuando assisti Terror nos Bastidores pela primeira vez, em algum momento da segunda metade de 2015, me diverti com essa paródia / homenagem aos slasher movies oitentistas e dei *** (de *****) para ele. O revendo agora, fiquei chocado e abismado com sua ruindade e suas gags imbecis dignas de sequências e imitações de American Pie e congêneres. É sério que eu curti isso quando o vi em 2015? Outro problema do filme é não se decidir entre o pastiche e o dramalhão, representado pela relação da mãe com a filha - a ''Farmiguinha'' Taissa Farmiga, filha de Vera Farmiga na vida real. Tudo em Terror nos Bastidores é retardado, inclusive o fato do filme dentro do filme (Acampamento Sangrento), de 1986, ser considerado o precursor dos slashers florestais, sendo que o subgênero vinha sendo feito desde 1971, tendo a sua maior frequência a partir de 1980. Além disso, numa cena dentro do filme de 86, ouvimos Cherry Pie, do Warrant, que só veio a existir quatro anos depois. (Aproveito e digo: muito obrigado Terror nos Bastidores por escolher uma das PIORES músicas da fase de ouro do Warrant para entrar na sua trilha sonora. Cherry Pie é, inclusive, odiada pelo seu próprio compositor: o finado Jani Lane certa vez disse que poderia se dar um tiro por tê-la feito. ''The song is Cherry Pie, the record is Cherry Pie and I'm the Cherry Pie guy. I could shoot myself in the fucking head for writing that song.'') Mas OK: esses problemas cronológicos podem ser considerados irrelevantes. O que importa é que Terror nos Bastidores é infantil pacas, a definição perfeita de um ''whatever movie'', que me deixou com uma vergonha da porra dentro da sala de cinema. (Tal vergonha se elevou com os aplausos que o filme recebeu após sua projeção. Até filmes de qualidade sendo aplaudidos é algo vexaminoso; o que dizer disso aqui?) A única coisa legal foi que, quando acabou, fomos recompensados com a melhor canção da trilha, Cruel Summer (Bananarama), tocando durante os erros de gravação (achei que o filme inteiro havia sido um erro de gravação...). Se é pra ser revival de slasher, sou infinitamente mais algo do tipo Presos no Gelo (fodástico slasher escandinavo) do que uma baboseira como Terror nos Bastidores. Sinceramente, não faço ideia como posso ter curtido isso em 2015. Sei lá, vai ver é bem menos embaraçoso assisti-lo sozinho em casa (que foi como o conferi na época), ou talvez eu estivesse num momento meio débil (condizente com a proposta do filme)... Não sei. Só sei que Terror nos Bastidores parece um slasher produzido pela turma do Pânico na TV. Só recebe uma estrelinha pela ''Cruel, Cruel, Cruel Summer, and you're leaving me here on my own'' - já que Warrant e Wang Chung (aquelas bichonas da trilha do Viver e Morrer em Los Angeles) não foram representados pelas suas melhores canções.
Além dos filmes:
ResponderExcluirOriginalmente, estava nos meus planos também assistir o clássico Donnie Darko, às duas da manhã. Como seus ingressos estavam esgotados, dei uma volta pela Paulista enquanto aguardava pela sessão da palhaçada Terror nos Bastidores.
Andar pela Paulista é algo que sempre me faz sentir um completo loser imbecil, acentuado pela minha breve passagem ao Extra. Como respeitar um lugar onde tudo é caro, mas só se vê anúncios em todo lugar dizendo ''OFERTA'', ''PROMOÇÃO'' e ''AQUI VOCÊ ECONOMIZA''??? Nonsense total. Sem contar que vendem certas garrafas de cerveja que é impossível abrir sem o abridor - item que eles se dão ao luxo de não ter.
Se bem que foi bom perder a sessão de Donnie Darko, andar pela Paulista e ir no Extra, já que presenciei uma cena bastante interessante.
Estava um grupo de pessoas citando $tar War$ e hostilizando um conhecido deles, aparentemente fã de Harry Potter. Eis que o maluco surta, mostra os dois dedos médios para todos eles e grita:
''VAI TODO MUNDO TOMAR NO CU. HARRY POTTER É MUITO MELHOR DO QUE $TAR WAR$.''
Quase chorei de emoção ao ver isso. O mínimo que pude fazer foi virar pra ele e dizer ''concordo''.
Isso valeu a minha Virada Cultural de 2017.