segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Stranger Things



MONKEY MASSACRE >>> BAD ROBOT

Retrospectiva Completa Caverna do Dragão Especial: Stranger Things (2016...)

BELIEVE THE HYPE?

Stranger Things: hypado ou não?

No ano de 1983, uma cidadezinha dos EUA é tomada por uma série de eventos sinistros (as ''coisas mais estranhas'' do título), começando pelo desaparecimento de Will Byers, um garotinho nerdmaster fã de Dungeons & Dragons. A mãe de Will (interpretada por Winona ''HEATHERS'' Ryder; Matthew ''FULL METAL JACKET'' Modine é outro ator oitentista ressuscitado pela série da Netflix) e seus amigos freaks, nerds igualmente irrecuperáveis, sairão em busca de seu paradeiro. Teremos então uma espécie de versão positivista do já resenhado por aqui Labirintos e Monstros (Mazes & Monsters, de 1982), protagonizado por um então fucking nobody Tom Hanks. Ao contrário daquele filme deprê, é perfeitamente saudável ser um freakazóide oitentista em Stranger Things. (Aliás, bem que uma Scream Factory / Shout Factory poderia lançar M&M em Blu-ray, né?) Seja como for, uma coisa é certa: voltamos ao território do RPG que, de uma forma ou de outra, vira realidade.

Spielbergiano sem ser imbecil (exceto em um ou outro momento onde essa influência fica mais acentuada), revival sem apelar pra nostalgia fácil, e sem a mínima preocupação em ser original (já que rouba / homenageia coisas do passado e do presente da chamada cultura pop - o que o faz o tempo todo), Stranger Things é o que Super 8 seria se fosse bom. (Mas é óbvio que Super 8 não é bom. Esperar o que de qualquer coisa comandada por Jerk Jerk Abrams, o rei dos idiotas? E que o último Starless Treko, ''Trankeira'' sem Fronteiras, se exploda. Morte longa e próspera aos fãs dessa porra.) E é bom mesmo não termos o dedo de Spielberg ou alguém de sua trupe aqui, senão tudo desmoronaria para palhaçadas sentimentaloides e intoleráveis, além de previsíveis.

Além de ''coisas'' dirigidas e produzidas por Spielberg nos anos 70 e 80, há também referências a clássicos do horror, como Fantasma / Phantasm, A Morte do Demônio e O Enigma de Outro Mundo. E também a ícones épicos / fantasiosos / medievais como Caverna do Dragão e O Senhor dos Anéis - então pré-Peter Jackson, e pós-Ralph Bakshi. D&D e a dupla O Senhor dos Anéis / O Hobbit são, certamente, criações infinitamente mais relevantes do que a turminha de paspalhos formada por nada mestre Yoda, Luke Scumwalker, Han Sucks, Princesa Lerda e cia. limitada - que, infelizmente, também são mencionados em Stranger Things (o que virou de praxe em toda produção de cunho nerd, principalmente nesses tempos de The Big Bang Theory).

D&D, MOTHERFUCKER. FUCK STARLESS WHORES.

(Curiosamente, em Labirintos & Monstros, os geeks from hell também eram vidrados em Tolkien. Felizmente sem trazer o George Lickass pra seleção.)

E claro que as HQs não poderiam ficar de fora, sendo que a principal influência acaba sendo ''os weirdos do X-Men''. É, o foco aqui é na Marvel, esquecendo de vez a existência da Detective Cunts.

Mas, como já foi citado aqui, Stranger Things não fica só se masturbando com o passado.

''O Mundo Invertido'' (''The Upside Down'') remete imediatamente aos Insidious, de James Wan (sujeito que, muito tristemente, está virando uma espécie de Steven Spielberg do terror; possivelmente por culpa das más companhias dos incompetentes senhores Jason Blum e Leigh Whannel) e, quando situa a Eleven (ou simplesmente El) na escuridão, lembra e muito o não tão comentado Sob a Pele, de Jonathan Glazer, com a Scarlett Johansson vivendo uma alienígena na Escócia. Já a trilha com os sintetizadores recorda um pouco a música do também saudosista Drive, de Nicolas Winding Refn. Quando foge dos sintetizadores hipnóticos, a trilha é preenchida por Joy Division, The Clash, Modern English e outras bandas cult do período 70-80.

Uma série bem empolgante, mas que não apresenta nada inovador - não é essa a proposta. Fica a cargo do espectador decidir se o hype é justificado ou não. Este que vos fala ficou e continua na dúvida. Um detalhe frustrante foi, novamente, o seriado recusar retratar as retaliações absurdas que os jogadores de D&D (então vistos como satanistas de altíssima ordem) recebiam em plena primeira metade da década de 1980. Malditas influências Spielbergianas.

Mas que a série empolga e vicia, aí não resta dúvida. Veremos o que a segunda temporada nos aguarda. Por enquanto temos que nos contentar com os oito episódios da primeira.

Stranger Things: 4 / 5 (muito bom)

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