sexta-feira, 12 de julho de 2019

PURE MASSACRE = Os Videoclipes do My Chemical Romance Dirigidos por Marc ''O Espetacular Emo-Aranha'' Webb e Outras Histórias (+ Explicações Sobre Posts Atrasados)













Antes de mais nada, sei que devo explicações sobre aqueles posts - Rolê com Ivan Parte II e Grand Finale das Buscas por VHS - que estou devendo aos gatos pingados que acompanham o meu blog.

Então, como comentei com o Ivan via email, no meio de nossas longas conversas sobre os significados - ou não - de De Olhos Bem Fechados, o ''grand finale'' das buscas por VHS acabou sendo não apenas um dia, mas uma série de dias variados; em caças que ainda não terminaram, sendo que planejo uma nova cruzada VHS para amanhã mesmo.

E, como só quero publicar a segunda parte do rolê com o Ivan no exato dia em que fazer o post do ''grand finale'' (ou não) das jornadas VHSsianas, esse texto sobre a Connection Vídeo terá que esperar mais um pouco para ver a luz do dia.

That's it.

///

A seguir, o post mais longo da história do 7 Noites em Claro até agora...

(NOTA: Comecei a escrever o PURE MASSACRE sobre o Marc Webb em Janeiro desse ano. Com o passar dos meses, fui atualizando o ''bicho'', até finalizá-lo em definitivo hoje mesmo: Sexta, 12 de Julho de 2019.)

KILLJOYS, MAKE SOME NOISE.

Mesmo que esse post nunca seja lido por ninguém na sua íntegra, eu preciso publicá-lo da mesma forma.

(...)

Na primeira metade de 2017, eu fiz um post em que disse que, se admitisse curtir algo de MCR em plena era The Black Parade (entre 2006 e 2007), ''eu certamente seria estuprado e espancado até a morte''. Pode parecer esculhambação e zoeira, mas existe um fundo de verdade nisso.

Em 2004, a cena emo estava no auge e, pelo menos na extremamente horrorosa escola em que eu me encontrava na época (muito, muito, muito pior do que as outras escolas que frequentei - que também foram horríveis, mas que seriam simpáticas em comparação dessa que eu frequentei de 2002 a 2006), os emos eram constantemente aloprados, humilhados e agredidos; além de roubados e ameaçados de morte. Alguns se drogavam para tentar esquecer da rotina infernal.

Eu não entendia bem o que diabos era emo e suas variações naquele momento - foi em 2004 que me deparei com os rótulos ''emo'' e ''screamo'' pela primeira vez. (Quem me dera já gostar de MCR naquele tempo. Eu não teria perdido a única vinda deles ao Brasil.)

E, por alguma razão, recentemente me lembrei duma situação inusitada envolvendo um daqueles ''neo-góticos'' - ou whatever the hell they were. Após se cansar de ser infernizado, ele estourou e disse em alto e bom som: ''EU NÃO SOU EMO. EU SOU SCREAMO.'' :) Essa situação estava apagada da minha mente mas, esses dias, me recordei dela. O maluco em questão era sim um tanto mala... Mas, sei lá, é um tanto ''cool'' pensar que ele já curtia screamo em pleno 2004. (E não é porque alguém é mala que merece sofrer bullying; por mais que esse e um ou outro emo - ou variante - que trombei naqueles dias fosse +/- intragável.)

A minha opinião é a seguinte: com exceção de algumas coisinhas com vocal feminino, o emo convencional é mesmo beeeeem zoado; das piores atrocidades da história. Mas screamo é algo bastante interessante. Às vezes fodástico.

Mas vamos ao post em si.

Line-up do MCR nos seis clipes em questão:

Gerard Way: vocal

Ray Toro: guitarra

Frank Iero: guitarra

Mikey Way: baixo

Bob Bryar: bateria

Isso não é Fall Out Boy, Cine, Restart, Simple Plan, Panic at the Disco, Fresno ou qualquer outra porra afrescalhada e domesticada do tipo.

Isso é a gloriosa versão 2000 dos gloriosos Manics.

E a melhor banda de rock que já existiu.

Será discutido nesse post:

* Seis videoclipes do My Chemical Romance da fase mais celebrada - e mainstream - do grupo (discos II e III)

* Comparações entre MCR e Manic Street Preachers pré-Everything Must Go

* O fato de que MCR é (foi) extremo (ou screamo) e não emo

''YOU PUT THE SPIKE IN MY HEAAAAAAAAAAARRRRRT''

É a hora de debater meia dúzia de videoclipes do magnífico My Chemical Romance, uma banda que teria atingido um público ainda muito, muito maior se não tivesse sido vista como uma mera bandinha emo - algo que, para falar a verdade, eles nunca foram.

Tudo isso será bastante discutido aqui, para quem tiver o interesse - e a paciência - de ler mais de 27 mil caracteres sobre o assunto. (Equivalente a 18 páginas no Libre Office, com a letra no modo Verdana e no tamanho 16. Como podem imaginar, levei mesmo meses trabalhando nesse post.)

Enquanto The Vines firmou o autêntico revival do Nirvana em 2002 (com o debut Highly Evolved, que inclui, entre outras, as geniais Get Free, Outtathaway! e a faixa-título; tal gravação transformou o The Vines numa banda ''Nirvanesca'' mais poderosa do que os ''Nirvaninhas'' - sem demérito nenhum - Silverchair, Bush e Radish), o MCR (com o subestimado, esnobado e genial disco de estreia I Brought You My Bullets, You Brought Me Your Love, que inclui as clássicas Vampires, Honey, Halos, Sorrows e Lessons - títulos abreviados de canções com títulos longos) foi, no mesmo ano, a coisa mais próxima que o mundo já experimentou de um revival dos Manic Street Preachers da fase Richey Psycho. 2002 foi, assim, um ano bastante promissor no mundo do (new) rock. (Aproveito a deixa para dizer que, para mim, Bullets - gritaria do início ao fim - é um disco quase tão bom quanto The Black Parade. Acho Bullets muiiiiito superior a Three Cheers for Sweet Revenge e a Danger Days: The True Lives of the Fabulous Killjoys; só título gigantesco, hehe.)

A princípio, achei que poderia estar louco e sozinho nesse pensamento, mas, ao pesquisar Net afora, vi que outras pessoas ao redor do mundo também já os compararam com os Manics.

As duas bandas possuem um niilismo muito particular, e todo um gosto especial pela iconoclastia.

Diversas letras do MCR poderiam ter sido escritas pelo próprio Richey.

Drowning Lessons (que também tem algo das ''Irmãs da Caridade''), por exemplo, tem um trecho que diz: ''We'll laugh as we die, and we'll celebrate the end of things with cheap champagne''.

Já Dead! tem o seguinte refrão secundário: ''Have you heard the news that you're dead? No one ever had much nice to say. I think they never liked you anyway. Take me from the hospital bed. Wouldn't it be grand to take a pistol by the hand? And wouldn't it be great if we were dead?'' Tudo isso é Richey total.

Sem contar Famous Last Words, que é totalmente na linha das faixas mais voltadas para o metal do MSP.

E sem falar que o disco Bullets me lembra pra caralho Manics dos primeiros singles até o Generation Terrorists: aquele misto de repulsa pela existência com produção meio tosca é algo que marcou muito as duas bandas nesse primeiro momento.

E eu não me empolgava tanto com uma banda genuína de rock desde que descobri os Manic Street Richeys em Fevereiro de 2002. O pior de tudo é que eu fui esperar o MCR encerrar as atividades para perceber de verdade o quanto a banda é maravilhosa. Fui burro demais e deixei a ''Passeata Negra'' partir sem a minha presença - algo que me deixará profundamente triste para sempre. (Só comecei a virar fã de MCR em Janeiro de 2017. Apesar que, mesmo antes disso, eu já gostava de Welcome to the Black Parade, de Teenagers e, inconscientemente, de Blood e de Na Na Na - que eu cheguei a pensar ser de algum grupo de new rock.)

Nessa postagem comentarei clipes retirados dos dois discos seguintes ao debut, que levaram a banda ao mainstream, a transformando numa das maiores coisas da indústria musical mundial no período 2004-2007.

Portanto...

Eis um post da saga ''Analisando os Manic Screamo Preachers''.

''The boys and girls in the clique.
The awful names that they stick.
You're never gonna fit in much, kid.

But if you're troubled and hurt...

What you've got under your shirt...

WILL MAKE THEM PAY FOR THE THINGS THAT THEY DID.''

Sim, a partir de 2019, publicarei inúmeras postagens referentes a todo tipo de assunto envolvendo a melhor e mais famosa banda screamo-extremo da história. Para quem não sabe, o screamo é a versão from hell do emo. Daria para dizer que o screamo é pro emo o que estilos como death metal e black metal são para o heavy metal tradicional. Inclusive, quando se trata das letras, dá para dizer que MCR - pré-Danger Days - é uma espécie de misto de Richey Manic com certos tipos de metal extremo.

(Uma curiosidade final sobre o assunto MCR-MSP: Nicky Wire, dos Manics, já disse que gosta de MCR - uma banda abertamente influenciada por MSP: Frank Iero e os irmãos Way são grandes fãs dos Manics. E é interessante notar as semelhanças entre os três primeiros discos de ambas as bandas: no primeiro, mostraram uma forte influência do punk e do metal; no segundo, se ''venderam'' para o mainstream - mas com dignidade - ao limpar a sonoridade e caprichar nos clipes ''descolados''; já no terceiro, evoluíram para o universo do disco genuinamente conceitual, com uma atmosfera apocalíptica e suas melhores letras até então. Após o terceiro álbum, nenhuma das duas bandas conseguiu realizar um grande disco novamente. Atingiram, a seguir, a mais plena decadência artística: Richey James Edwards literalmente desapareceu da face do Planeta Terra - tudo indica que cometeu suicídio - enquanto o MCR lançou um decepcionante quarto disco, e acabou em seguida. É, ao menos o MCR teve a dignidade de encerrar, ao contrário dos Manics, que vem chutando cachorro morto desde 1996. Na minha opinião, banda de rock jamais deveria durar duas décadas ou mais. Por mais que eu seja fã hardcore de MCR, eu espero que a banda NUNCA volte a ativa. Preferiria ver show do GW solo do que o MCR reunido. PS: Richey discordaria de mim sobre os Manics terem se vendido no segundo disco. De acordo com ele, a banda só se vendeu mesmo quando eles abriram pros palhaços do Bon Jovi, naquela mesma tour do Gold Against the Soul! Os fãs de Blow Jobi não entenderam porra nenhuma, principalmente com o Richey usando uma camiseta com os dizeres TODO ROCK N ROLL É HOMOSSEXUAL, HAHAHAHA. Até nisso MSP e MCR são parecidos, já que o Frank Iero - guitarrista do MCR - já vestiu uma camiseta que diz HOMOFOBIA = GAY. Aliás, aí está outra semelhança entre MSP e MCR: as duas foram bandas bissexuais. PS extra: Estou preparando uma postagem com as melhores canções dos Manics do período 1989-1995, ou seja, Richey 4-Ever.)

MAS...

Mas não é porque eu gosto de alguma coisa que significa imediatamente que apoiarei tudo referente a ela, certo?

PURE MASSACRE = Os Clipes do MCR com Direção de Marc ''O Espetacular Emo-Aranha 1 & 2'' Webb (FUCK YOU, Marc Webb)

Os seis videoclipes do My Chemical Romance dirigidos pelo bobalhão Marc Webb (''Marchemical Romance'', hehehe), sendo os três primeiros retirados do segundo disco (Three Cheers for Sweet Revenge, 2004) e os outros três do terceiro (The Black Parade, 2006):

1. I'm Not Okay (I Promise) (2004)

2. Helena, AKA Helena (So Long & Goodnight) (2005)

3. The Ghost of You (2005)

4. I Don't Love You (2007)

5. Teenagers (2007)

6. Blood (filmado em 2007, lançado em 2014) (PS: Clipe póstumo para a canção escondida do The Black Parade. Tal PV - ''promo video'' - foi lançado um ano após o fim da banda. Para ser totalmente sincero, a épica Fake Your Death ganhou um vídeo póstumo infinitamente mais significativo. Blood já era uma faixa com uma presença bastante questionável em TBP; um disco que deveria sim fechar com Welcome to the Black Parade - AKA Melhor Música Ever - ou com, pelo menos, Famous Last Words.)

(Videoclipes adicionais: também existem uma versão encurtada e polida de The Ghost of You, uma versão alternativa de Teenagers e também uma versão domesticada da mesma canção. Dá para dizer que, de certa forma, Webb dirigiu nove clipes para o MCR.)

Antes de começar a analisar o tema da postagem, gostaria de dizer que, apesar dos pesares (os clipes que dirigiu pro MCR, mais os dois patéticos filmes O Espetacular Homem-Aranha - se bem que ''filme ridículo de super-herói'' é pleonasmo; aliás, o cara é predestinado: se chama ''Teia'' e dirigiu dois filmes do Homo-Aranha!), Marc Webb não é um completo imbecil. Foi o responsável pelo melhor clipe da minha amada Miley Cyrus: Start All Over, o mais incrível e revolucionário clipe em uma tomada só em toda a história mundial dos videoclipes. Além disso, também dirigiu o ótimo feelbad movie (500) Dias com Ela / (500) Days of Summer, que subverte o genérico estilo das comédias românticas.

Mas, quando o assunto é My Chemical Romance, só posso dizer que Webb prestou um enorme desserviço a banda screamo (ou extremo) mais notável do mundo. É engraçado que a letra da Teenagers fala logo no início: ''they're gonna clean up your looks''. E foi exatamente isso que Webb fez com o MCR: transformou a banda em algo pasteurizado e visualmente limpinho.

Webb foi o sujeito que mais dirigiu clipes para a banda: seis no total. E, na minha opinião, é graças a esses vídeos do Webb que o MCR passou a - erroneamente - ser considerado emo.

Por exemplo: tenho algumas edições da NME falando sobre o MCR ainda no período pré-fama (ou seja, antes do Revenge), e em nenhum momento a banda é chamada de emo. A NME se refere a eles como ''revival gótico'', screamo, extremo e até mesmo ''EXTREMORRISSEY'' :) :) :) Eles até chamam Gerard Way de ''Extremo Superhero''! Também comentam que as guitarras do MCR são ''brutal guitar noise''.

Ou seja, esse lance de consolidar o MCR como um grupo emo só aconteceu na dobradinha 2004-2005 graças aos vídeos dos singles retirados do segundo álbum.

Ou seja, Webb foi o responsável pelo MCR ''virar'' emo.

Sobre os seus lamentáveis vídeos para a banda, até admito que Teenagers e a sua versão de I'm Not Okay (I Promise) são divertidas no quesito ''guilty pleasure''.

Mas as suas outras quatro investidas não passam de atrocidades. Helena, The Ghost of You, I Don't Love You e a trollagem Blood (uma canção possivelmente desnecessária que recebeu um - póstumo - clipe igualmente desnecessário) são excelentes exemplos de como banalizar uma banda de qualidade.

Na minha modesta opinião, a única vez que o MCR realmente se vendeu nos anos 2000 foi quando firmou essa parceria com Webb. (Já na década seguinte, se venderam novamente com o indescritivelmente imperdoável Danger Days - disco que COM CERTEZA receberá um PURE MASSACRE próprio.) Através dos seus clipes para o grupo, Webb conseguiu transformar uma banda agressiva, iconoclasta, niilista e até blasfema, em algo polido e domesticado, para ser exibido a exaustão na MTV, enquanto é venerado pelos eminhos do Planeta Terra.

O trabalho de Webb com o MCR seria adequado para grupinhos coloridos, inofensivos e bobinhos, como um Fall Out Boy ou as brasileiras Cine e Restart, mas não para uma banda formada por cinco psicóticos degenerados lutando contra o vício em álcool e drogas; e lutando entre si também. Não são vídeos ideais para uma banda de esquizofrênicos desequilibrados obcecados por Morrissey, heavy metal, punk rock, cinema de horror e o tema da vingança. (De certa forma, os quatro discos do MCR são discos conceituais sobre vingança: vingança contra os bullies em particular e a humanidade em geral. Sendo que, no quarto álbum, o MCR - nos momentos relevantes daquele disco - também põe seus olhares vingativos em direção das autoridades, do sistema e das grandes corporações. ''THESE PIGS ARE AFTER ME, AFTER YOU.'' Uma banda extremamente relevante e focada, portanto.) Os vídeos de Webb para o MCR mostraram o quanto o mainstream, a ganância e o capitalismo conseguem tornar qualquer tipo de arte relevante em algo de fácil consumo. Não a toa, existem uns fãs mais hardcore de MCR que só gostam do disco Bullets: ''Eyeball (Records), sign MCR back. They sucked ever since they left your label.''

Helena é o típico clipe ''emo-trevoso'', e clichê pacaray. De longe, o pior vídeo do MCR. Me fez passar uma vergonha da porra em 2005, e me faz passar muito mais vergonha ainda hoje em dia, já que virei um fã hardcore da banda. E, porra, esse disco tem a fodástica ao extremo GIVE'EM HELL, KID (ou simplesmente Hell) e também a icônica YOU KNOW WHAT THEY DO TO GUYS LIKE US IN PRISON (ou simplesmente Prison), caralho. E também tem a surtada I Never Told You What I Do for a Living, cuja letra nos remete ao clássico Rebel Maniac, do nosso Viper na sua melhor fase - pós-André Matos, pré-venda ao mainstream. E não podemos nos esquecer da maravilhosa Thank You for the Venom, que até saiu como single, mas não ganhou clipe. Por que diabos então lançar a apenas OK Helena como single, e gravar um clipe - RUIM - para a mesma, PQP??? O vídeo de Helena não possui nenhuma relevância e não tem nada a ver com a gigantesca qualidade musical dessa banda. A galera do vídeo fazendo aquela dança em conjunto é algo que pode funcionar com cantora pop, mas não dá certo aqui. E, falando nisso, essa parada dos guarda-chuvas funcionaria de forma bem mais adequada com a Rihanna, e o clipe de Helena consegue ser ainda (muito) pior do que o mais ou menos similar PV da ótima Escape Artists Never Die, de outro grupo extremo, o Funeral for a Friend. (Até tenho a sensação de que o clipe de Helena plagiou o clipe de Escape Artists - que veio um ano antes - no lance das dancinhas ao redor da banda.) Isso daqui, definitivamente, não é My Chemical Romance. Bem... Eu odeio o clipe de Helena.

(Se bem que, ao menos, a Helena em si - a atriz e dançarina Tracy Phillips - é bem sedutora e gostosa, não? Mas aí se encontra outro equívoco, já que MCR e sexo não tem nada a ver uma coisa com a outra. Os clipes de Teenagers e Blood também trazem um certo apelo de gostosura feminina, para tentar causar um efeito comercial. É, não escutaram o Gerard quando ele apresentou o MCR como sendo uma banda anti-Motley Crue - isso é, no sentido do MCR ser uma banda que não possui interesse em glamour e exploração feminina; aqui não há uma celebração da imagem de rockstar. E sim, os integrantes do MCR também tiveram problemas com o álcool e as drogas mas, ao contrário da galera do metal farofa, Gerard, Ray, Frank e Mikey NÃO se orgulhavam disso; muito pelo contrário. Esses caras eram os anti-rockstars, muito mais interessados em ajudar outras pessoas igualmente depressivas e fodidas do que durar para sempre - lucrando uma grana do caralho com tours infinitas. E o único tipo de sexualidade que pode ser encontrada no MCR é a mórbida e dolorosa: o estupro causado por homens em outros homens - tema abordado em Prison - ou a confusão sexual; já que Gerard nunca soube se é homem ou mulher, se é hétero ou gay. GW: ''A masculinidade nunca teve nada a ver comigo.'')

Já o PV seguinte, The Ghost of You, por mais que seja um vídeo bem-feito, também não faz o menor sentido e não tem nada a ver com a banda. Não me venha com clichêzinho de guerrinha ao tratar duma banda tão introspectiva como MCR. Não funciona comigo, da mesma forma que as referências a guerra em Mama (uma das falhas da obra-prima The Black Parade) também não funcionam. Para piorar, The Ghost of You é uma canção totalmente xaropeta e insuportável, que disputa com The Only Hope for Me Is You e The World Is Ugly (outras que foram inexplicavelmente lançadas como single - se bem que, pelo menos, tiveram a dignidade de NÃO gravar clipe para essas duas atrocidades) o título de pior música já gravada por Gerard e companhia limitada. Sendo assim, esse vídeo é outro épico momento da vergonha alheia. Seria melhor ter lançado Give'em Hell ou Prison no lugar, e chamado um diretor habilidoso para cuidar do clipe. Isso sim. (Para piorar tudo ainda mais, o clipe de The Ghost of You ainda homenageia O Resgate do Scumbag Ryan, dirigido pelo Steven Is Pig.)

E I Don't Love You, assim como The Ghost of You, é outro exemplo de boa produção que não consegue resultar num clipe convincente. Está tudo errado nesse vídeo. A falha também é de um Gerard Way mais exagerado do que nunca em sua performance no clipe. E, além do mais, PQP, a era The Black Parade tem clássicos absolutos como The End, Dead!, House of Wolves, o sensacional B-side Kill All Your Friends (hino imbatível que pode ser encontrado no single de Famous Last Words; acho que não incluíram ''Mate Todos os Seus Amigos'' no The Black Parade porque Teenagers, Dead! e Disenchanted já estavam lá representando a fantasia de despachar os bullies para o colo do Capeta), e a dobradinha metálica formada por This Is How I Disappear e The Sharpest Lives (Metal Chemical Romance, hehehe; lembrando que Famous Last Words é outro icônico momento heavy metal presente no melhor disco do MCR), então por que caralhos lançar uma faixa apenas OK como I Don't Love You como single????? Não dá. Não faz sentido.

''You like D & D, Audrey Hepburn, Harry Houdini, Fangoria... And cocaine?''

Já os vídeos de I'm Not Okay e Teenagers também são bem limpinhos e pretensamente cool - ao contrário de todos os clipes da banda até então com direção de outros caras - mas até reconheço que são sim divertidos. I'm Not Okay (que conta com uma possível influência do sensacional clipe Brand New Hate, do Backyard Babies) é um clássico vídeo anti-bullying e anti-homofobia, enquanto Teenagers trata da fantasia de chacinar os valentões dentro do ambiente escolar. E o solinho estilo ''metal farofa'' dessa última ajuda a deixar tudo ainda mais legal. Não a toa, MCR e Twisted Sister são os únicos grupos que os fãs possuem nomes legais: ''killjoys'' e ''sick motherfuckers'', respectivamente.

Na real, o clipe que Webb escreveu e dirigiu para Not Okay é simplesmente HILÁRIO. Sempre dou risada com o Gerard levando o murro, e com o Frank rejeitando a minazinha - e, mais adiante, beijando o Gerard. (Para quem não sabe, Gerard e Frank passaram anos se pegando. Para os interessados, tem um ótimo vídeo sobre isso no You Tube, intitulado Frerard: The Full Story and Undeniable Truth. E Gerard também teve um caso com Bert McCracken, o vocalista do The Used, que participa da canção Prison. BI CHEMICAL ROMANCE!!!) E duas coisas curiosas nos créditos finais: por que motivo está escrito Frank ''Lero'' ao invés de Frank Iero, que é o correto? E por que diachos o baterista Bob Bryar não está creditado no vídeo? Está certo que era bem estranho ver um integrante da Cu Klux Klan tocando bateria em uma banda de esquerda, andrógina e bissexual, mas o maluco merece sim ser creditado, pô... Bem, na verdade, o meu palpite é o de que Bryar estava sendo encarado como um mero integrante temporário, e por isso não colocaram seu nome no vídeo. E gostaria de dizer que, apesar de estar muito longe de ser um cidadão exemplar, Bryar foi sim um excelente baterista - o melhor batera entre os inúmeros que o MCR já teve. Mas não deixa de ser bizarro ver um representante da extrema-direita numa banda de extrema-esquerda :)

O VEREDITO

De maneira geral, quando assisto os clipes que Webb dirigiu para o MCR, acho perfeitamente compreensível pensar que muita gente odeia ou simplesmente esnoba o My Chemical Romance. Vendo ''coisas'' como os vídeos de Helena, The Ghost of You e I Don't Love You (péssimas escolhas para singles que resultaram nos três piores clipes da banda), não é possível imaginar que MCR seja uma banda de enorme qualidade. O cidadão médio certamente pensará que MCR é uma banda de paspalhos sem nada a oferecer. Achará que se trata duma bandinha pretensamente gótica, e que merece figurar lado a lado dos representantes do emo convencional; como os já citados na postagem, e também desgraças como os ''orgulhos nacionais'' NX Zero e Fresno.

Por outro lado, é só assistir os magníficos vídeos de Welcome to the Black Parade e Famous Last Words (ambos dirigidos por Samuel ''Smells Like Teen Spirit'' Bayer - que também dirigiu Poison Heart, dos Ramones, e o remake d'A Hora do Pesadelo) para ver a gritante diferença de um grande diretor de clipes, que sabe capturar e intensificar a essência de uma banda, para um Zé Ruela que traz uma abordagem polida e resumida a caricatura. Já os dois primeiros vídeos musicais da banda, Vampires Will Never Hurt You e Honey, This Mirror Isn't Big Enough for the Two of Us (ô banda que curte nomes enormes para suas canções e discos...), conseguem transmitir perfeitamente toda a agressividade musical e lírica do grupo, em vídeos que driblam espertamente o baixo orçamento da produção. O PV de Vampires é toscão, mas, ao mesmo tempo, fodão; e possui duas características na melhor linha ''black metal'': o pó branco nos rostos dos integrantes (e, aparentemente, no nariz do Gerard também - que provavelmente estava mais ''cheirado'' do que a Miley no clipe de Can't Be Tamed), e um trecho da letra que diz ''SOMEONE BURN THE CHURCH'' :) Já Honey (clipe já devidamente abordado aqui) é um PV simplesmente sensacional, genial até; um vídeo que possivelmente seria censurado pela MTV. (Não a toa, posso dizer que NUNCA vi nenhum clipe do primeiro disco do MCR na MTV. Alguém aí já viu? Ou já ouviu alguma canção do Bullets no rádio? E vale uma pequena trivia aqui: tanto Vampires quanto Honey possuem clipes levemente diferentes também. Ou seja, quando Webb começou a trabalhar com o MCR, a banda já tinha cinco clipes anteriores.)

Webb bem que poderia ter aprendido alguma coisa com esses clipes do MCR com direção de outros caras. Mas, infelizmente, não foi o caso.

(...)

Se bem que devo reconhecer que...

Comercialmente, esses singles / clipes (Helena, The Ghost of You, I Don't Love You) deram certo e ajudaram a banda a vender milhões de discos, e ficar conhecida mundialmente.

Então, talvez, seja possível dizer que Marc Webb foi algo positivo para o MCR no fim das contas?

Comercialmente, pode até ser.

Já artisticamente...

NEM. A. PAU.

Mr. Webb, overall, I'm not okay with your MCR videos. I promise. The ghost of your MCR videos will haunt me forever. Stick to Marvel movies made for teenagers, motherfucker. I don't love you at all - to say the least.

PS: Antes de Marc Webb se envolver com o MCR, a clássica I'm Not Okay (I Promise) já havia recebido um outro clipe, com direção do desconhecido Greg Kaplan - que, curiosamente, produziu a versão do Webb. Existem duas diferenças primordiais entre as duas versões: a de Kaplan é uma compilação de cenas da banda na estrada e trechos de shows, enquanto a de Webb é um vídeo conceitual; a de Kaplan ainda contava com o não tão habilidoso, e um tanto mala, Matt Pelissier na batera, enquanto a de Webb já traz o neo-nazista Bob Bryar arrebentando nas baquetas - antes deste último ser chutado e substituído pelo cleptomaníaco Michael Pedicone, expulso do MCR por ser pego afanando equipamentos do grupo! Aliás, podem esperar um PURE MASSACRE analisando os trocentos bateristas diferentes que o MCR já teve, sendo alguns deles bem problemáticos. (Se bem que, francamente, qual integrante do ''My Chem'' NÃO é problemático?)

PS 2: A MTV conseguiu, na época do seu lançamento, polir ainda mais o vídeo de Teenagers: ''A versão da MTV difere da versão do You Tube; a invasão dos adolescentes foi removida, assim como as palavras ''gun'', ''shit'' e ''murder''.'' Bem, eu não estava viajando quando me lembrava de ter visto um vídeo diferente de Teenagers, na MTV, em 2007...

(E foi pensando na eventual censura que receberiam pela MTV, que o MCR espertamente se ''autocensurou'' no futuro clipe da maravilhosa ao extremo Na Na Na, do disco seguinte, cortando os dois ''fucks'' e os três ''drugs'' da letra de maneira inventiva. No passado, o MCR foi acusado de fazer apologia ao suicídio e ao assassinato de bullies, mas, em Na Na Na, alguém poderia dizer que eles apoiaram o tráfico de drogas, hahaha: ''Drugs. Gimme drugs. Gimme drugs. I don't need it, but I'll sell.'' :) Foram de usuários de drogas para vendedores de drogas!!! Ha Ha Ha :) Na Na Na e Sing, aliás, foram os únicos clipes do quarto e último disco do MCR que eu assisti na MTV até 2013 - ano em que a banda e a MTV Brasil encerraram as atividades. PS bônus: Para quem tiver interesse, anuncio que farei, no meu blog, uma análise especial do single Na Na Na, uma canção nerd e política ao mesmo tempo. Na mesma postagem, comentarei outras quatro canções chamadas Na Na Na: o sensacional clássico do Lipstick - provando que os únicos grupos emo convencionais de qualidade possuem vocal feminino - e também as músicas homônimas do Pentatonix e de dois grupos ingleses, Kaiser Chiefs e Status Quo.)

3 comentários:

  1. O meu TOP 10 MCR (100% atualizado):

    * 2002 (era Bullets for the Bullies):

    Drowning Lessons

    Our Lady of Sorrows, AKA Bring More Knives

    Vampires Will Never Hurt You

    * 2004 (era Revenge Against Humanity):

    Give'Em Hell, Kid

    I'm Not Okay (I Promise)

    * 2006 (era The Black Metal Parade):

    Dead!

    Famous Last Words

    Kill All Your Friends

    Welcome to the Black Parade

    * 2010 (era Killjoys):

    Na Na Na

    (...)

    Ordem de preferência (que pode mudar de tempos em tempos):

    10. Famous Last Words

    9. Dead!

    8. Vampires Will Never Hurt You

    7. I'm Not Okay (I Promise)

    6. Drowning Lessons

    5. Give'Em Hell, Kid

    4. Na Na Na

    3. Our Lady of Sorrows (inicialmente chamada Bring More Knives)

    2. Kill All Your Friends

    1. Welcome to the Black Parade (não só a melhor música do MCR, mas a minha canção favorita de todos os tempos)

    (Menção plenamente honrosa para Fuck This Whole Wide World, do EP Mad Gear and Missile Kid, de 2011.)

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    1. Se o Brasil fosse um lugar com alguma mínima justiça, então o sujeitinho acima, um pré-adolescente quarentão secretamente apaixonado pelo Oswaldo Potenza e pelo Van Damme, além de notório troll-hater-stalker que passa os dias perseguindo os outros net afora, já estaria dividindo uma cela com o Sergio Moro a essa altura do campeonato.

      No mínimo, seria proibido de acessar a internet pro resto da vida.

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