quarta-feira, 8 de julho de 2020

Misteriosa Fita Enviada pelo General Mourão do VHS






Graças a umas presepadas da Net (''o mundo é dos nets''), uma habilidosa fornecedora de dores de cabeça variadas, fiquei dias a fio sem nenhuma conexão online (após ter tido uma péssima conexão de Sábado 27 a Terça 30), e só hoje, Quarta 8, pude voltar ao mundo internético.

OK então. Explicações dadas, vamos ao post em si.

Na Segunda passada, dia 29 de Junho, o Mourão me enviou uma VHS misteriosa de cortesia. Fita essa que chegou aqui na Quinta 2, e que eu abri na Sexta 3.

''Titio Marcio, por que você só abriu o pacote um dia após o seu recebimento?''

Pois bem. Só abri o pacote no dia seguinte, já que foi só no dia seguinte que foi possível fazer algo que eu planejava desde o exato momento em que o Mourão me falou sobre o envio dessa fitinha: gravar um vídeo unboxing abordando essa VHS.

E foi o que eu fiz. Na noitinha da Sexta passada eu liguei a câmera do meu tablet, e, pela primeira vez real, me lancei nesse projeto de fazer um vídeo para, futuramente, postá-lo no YT.

Assim sendo, apertei o REC e fui para a frente da câmera, munido de três guias de vídeo que poderiam servir para um eventual complemento e ajuda (Guia de Vídeo Nova Cultural 1992, VideoBook 1998 e Guia de Vídeo: Terror, da Escala, de 1997 ou 1998). Foi uma proposta bem interessante e espontânea, além de uma experiência enriquecedora, já que eu não fazia a MENOR IDEIA de que fita se escondia ali dentro do enigmático pacote enviado pelo General Mourão do VHS - responsável pelo Canal do Mourão, no YouTube, e pelo blog VHS Mania (ex-Casa do VHS).

Gravação iniciada: chegou a hora de abrir o pacote, me imaginando o que diabos estaria ali dentro.

Ao começar o unboxing, vi que a parte superior da fita dizia ''Contrato de Risco: dublado'', o que me levou a pensar que se trataria do Tarantinesco Two Days in the Valley, um filme bem mais ou menos lá da metade dos anos 90.

Mas, ao completar o unboxing, vi que a fita em si era sim muito, muito mais interessante do que uma tentativa mediana de lucrar em cima do sucesso a la rockstar que o nosso querido (?) queixudo imbecil conseguiu com Cães de Aluguel e Pulp ''Fic''.

A fita misteriosa enviada para mim pelo Mourão se trata de nada mais, nada menos do que o mix de sci-fi e horror VAMPIRO DAS ESTRELAS / NOT OF THIS EARTH (Jim Wynorski, 1988), a estreia da Traci Lords no cinema ''sério'', após participar de dezenas e mais dezenas de filmes pornôs entre 1984 e 1987.

No vídeo, comentei então que sabia se tratar de um remake de filme do Roger Corman, mas que nunca havia assistido nem essa versão e nem a versão original. (Foi só ao terminar a gravação que fui pesquisar e me lembrei de duas coisas: eu tenho sim um DVD-R do filme do Corman, O Emissário de Outro Mundo, de 1957, além de também ter a VHS selada do seu OUTRO remake, O Extraterrestre, de 1995, com direção de Terence Winkless e estrelado por Michael York. Como não consegui localizar a VHS do filme dos anos 90, separei as duas primeiras versões para fazer uma dobradinha, algum tempo depois da filmagem desse vídeo unboxing.)

Aí, como eu jamais havia assistido o filme do Wynorski ou o do Corman, preferi passar o resto do vídeo falando sobre os poucos filmes que assisti do Wynorski na vida (já abordado por aqui no post sobre o seu Chopping Mall, lançado no Brasil em VHS ''alternativa''), e chutando que o seu Not of this Earth provavelmente seria melhor do que o original do superestimado e injustamente endeusado Corman - cujo único grande filme talvez seja O Intruso / The Intruder, drama estrelado pelo William ''Capitonto Kirk'' Shatner, no papel de um Bozominion dos anos 60.

Citei ali as únicas outras VHS do Wynorski que possuo (o 'actioner' Tensão Máxima, o terror Morella: O Espírito Satânico e a bagaceira pretensamente infantil Meu Amigo Munchie - que, se me recordo bem, já começa com esse Gremlin dos pobres todo pimpão explodindo uma escola, hahahahaha), e a fase pós-pornô da Traci Lords, além de citar rapidamente a passagem dela pela música, onde o destaque absoluto vai para o dueto com os Manic Street Preachers na magnífica canção Little Baby Nothing, a minha favorita da banda galesa.

Terminei a parte sobre a Traci imaginando qual seria o grande filme convencional dela. Talvez seja mesmo o sangrento slasher Skinner: O Maníaco, com o Ted Raimi (o irmão com cara de retardado do Sam Raimi) no papel-título. Ou talvez seja aquele tal de Excision, muito elogiado pela galera - mas que eu nunca assisti.

E, entre comentários livres e digressões, posso dizer que malhei os seguintes sujeitos nesse vídeo:

George ''Lickass'' Lucas
John Waters
Quentin Tarantino
Robert Rodriguez
Roger Corman
Sam ''Vendido'' Raimi
Steven ''Is Pig'' Spielberg

Aí, após 45 minutos de gravação (!), me levantei para dar stop no vídeo e levei um susto: o tablet havia sido desligado sozinho, WTF?! Fuçando no bagulho, descobri que o bicho só gravou os primeiros 3 minutos e 44 segundos de vídeo, quando eu ainda estava fazendo a apresentação do mesmo, e nem havia aberto o pacote. Me fodi então, e perdi 41 minutos de vídeo. Continuo até agora sem saber por que o negócio não foi gravado na íntegra.

NOT OF THIS EARTH X2 (1988 + 1957)

Farei agora os meus comentários gerais sobre a dobradinha que fiz dos dois filmes. Antes de mais nada, vamos às cotações:

N.O.T.E. 1957 / O Emissário de Outro Mundo, de Roger Corman: ** (2 de 5 / regular)

N.O.T.E. 1988 / Vampiro das Estrelas, de Jim Wynorski: *** 1/2 (3.5 de 5 / bem bom)

Como já era esperado, a versão do Wynorski é mesmo muito melhor e mais divertida do que o frustrante filme de Corman.

Traci estrela como a enfermeira que servirá de assistente a um alienígena-vampiro (Arthur Roberts aqui, e Paul Birch no original - Birch esse que saiu na mão com Corman durante as filmagens), que aterrizou na Terra para tocar o terror e fazer o máximo possível de vítimas. Já na versão de 1957, a enfermeira é interpretada por Beverly Garland, uma espécie de Marilyn Monroe das pobres.

Como era de se esperar, o filme de Wynorski é repleto de mulher pelada, enquanto o de 1957 não tem nada disso. Aliás, no filme de 1988, Wynorski troca alguns personagens masculinos do original por mulheres: o trio de mendigos vira um trio de prostitutas, e o ''japa'' (um chinês, na realidade) também é trocado por uma gostosa qualquer.

E é, inclusive, através dessa maior participação feminina da versão de 1988, que somos brindados com duas sequências ótimas que NÃO EXISTEM no filme de 1957:

1) A alienígena-vampira vivida por Rebecca Perle, ao ser solta nas ruas terráqueas, é abordada por um bando de delinquentes (um deles usando uma improvável camiseta da banda japonesa de metal farofa Loudness - cujo maior apelo mainstream no Ocidente foi ter aberto pro Motley Crue alguns anos antes da realização desse filme). Sem vacilar, ela trucida os infelizes sem dó.

2) Muito possivelmente a MELHOR cena já filmada pelo geralmente toscão Jim Wynorski em toda a vida. Se trata de uma EXCELENTE e sombria sequência onde essa mesma ''slasher chick'' persegue uma vítima, com uma resolução na melhor linha giallo 70. Fiquei chocado com o inesperado talento demonstrado por Wynorski nessa cena. Essa cena, sozinha, coloca o filme inteiro do Corman no chinelo - e prova que o filme de 1988 se sai muito melhor no horror do que na ficção científica.

Outra coisa sensacional na versão de 1988 é a introdução, com o casal safadinho tomando no cu, e os créditos iniciais, em que vemos uma colagem com trechos gore retirados de filmes variados produzidos por Corman. São outras duas coisas que inexistem no filme de 1957 - que, apesar de bem mais curto (somente uma hora e sete minutos de duração), dá a impressão de ser bem mais longo do que o filme de 1988.

E as sequências noturnas finais do remake também são bem mais empolgantes que as do filme original.

Após a conclusão do negócio, aparece escrito na tela que as legendas foram revisadas pelo saudoso (?) Rubinho Ewald Filho, o ''Sr. Eu Vi Mais Filmes do Que Você'' em pessoa.

Para encurtar tudo, posso dizer que achei a versão do Wynorski muito, muito mais divertida que a do Corman. Wynorski parece realmente gostar desse tipo de cinema, ao contrário do Corman, um cara que só se importa com grana desde sempre, e quer mais que a arte cinematográfica se foda. Assim, vejo muito mais sinceridade e qualidade no Wynorski do que no Corman - cuja única obra-prima parece mesmo ser o inusitado e já citado O Intruso, com o canastrão do Star Treko no papel principal, um supremacista fucking asshole ainda mais detestável do que o namorado do Spockunt que ele viveu durante décadas no incrivelmente entediante seriado sci-fi Jorrada nas Tuas Tetas.

E uma curiosidade: apesar de Vampiro das Estrelas ser o primeiro filme não-XXX da Traci Lords, esse NÃO é o primeiro filme de vampiros dela! No clássico de sexo explícito Amor à Primeira Mordida / Lust in the Fast Lane, ela faz uma humana que acaba se juntando a uma seita secreta de vampiros pervertidos, viciados em orgias e em swing!!! (Bem, acho que spoiler de filme pornô não pega tão mal assim, né?)

Bem, por hoje é tudo, cambada.

Valeu pela fita, Mourão. E, com ela, aumentei a minha Traci-teca e também a minha Wynorski-teca.







 

5 comentários:

  1. Olá Márcio. A verdade seria outra, eu havia separado uma outra fita pra te enviar, era a fita O Intruso (1984), De Vincent Ward. Deixei ela separa porque ainda não conhecia o filme, até achava que era um suspense, se imaginar pela capa, mas ao assistir essa fitinha curiosa, que havia guardado há meses para assistir, me decepcionei demais.....O filme é muito ruim...um drama sobre uma menina esquisita que tenta viver uma vida normal após a morte do pai. O filme ainda foi ganhador do festival de Madri, possivelmente em 1984. Mas o filme era muito fraco, um drama sem muita relevância. Dai, decidi te enviar algo mais conhecido, já que você é um fã da Lords, entendi que seria de melhor proveito.

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  2. ...Sobre Vampiro das Estrelas, foi uma das 133 fitas adquiridas em 1993 no fatídico verão deste ano, em Santana-SP, que figurou as primeiras fitas da iniciante "Casa do Gibi Video Locadora".....no seu comentário ainda acrescentaria a pequena participação da Incansável Torre do Medo, Monique Gabrielle (Agnes), sentada no banco de ônibus. Em relação ao video que você iria gravar, acho que deve regravar esse video, seria importante falar dessa fita, digo isto porque também gosto demais dos papéis da Traci Lords fora do XXX...

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  3. Hey Mourão.

    Há, eu tenho essa VHS O Intruso, do Vincent Ward. Mas devo admitir: nunca assisti o filme! A peguei anos atrás por ter gostado bastante de outro filme dele, Navigator: Uma Odisseia no Tempo, quando o assisti um zilhão de anos atrás. (Não sei se continuaria gostando dele hoje em dia.)

    Essa história aí das 133 fitas promete mesmo. Você poderia contá-lo em detalhes em vídeo, no VHS Mania ou aqui mesmo no 7NEC por comentário. Achei bem curioso o nome da locadora: ''Casa do Gibi Vídeo Locadora''.

    Já estou considerando a hipótese de regravar o vídeo de Vampiro das Estrelas. Mesmo porque, agora, eu já o assisti também. Preciso localizar e conferir a versão dele dos anos 90, para fechar essa trinca de filmes. O que deixaria esse novo vídeo bem mais completinho também...

    Bem, valeu e até mais.

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    1. No aguardo do video do "Vampiro das Estrelas." (...)

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    2. A minha meta é começar, de qualquer forma, a fazer vídeos pro YT ainda esse ano. E o vídeo-review juntando os três Not of This Earth estará entre esses vídeos.

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