Justo quando eu pretendia dar um tempo nos garimpos de VHS, após as buscas seriamente hardcore feitas em 26 de Abril (quando adquiri um clássico oitentista dos filmes brasileiros de vingança, e com direito a fichinha dentro do estojo) e 3 de Maio (quando tentei recriar o ritual from hell visto no filme A Dark Song na vida real, cometendo pequenos sacrifícios como oferendas aos Deuses do VHS - é, acho que estou ficando mais biruta a cada dia que passa), eis que, graças a um toque do Gio Mendes (o biógrafo oficial do mestre supremo Sady Baby desde o longínquo ano de 2007), fiquei sabendo de uma fonte de VHS em Guarulhos. Eu não pisava lá desde Fevereiro, quando fui lá com o Seu Dado (AKA Gabriel Caroccia), em relato já descrito em detalhes no post do link seguinte:
https://7noites7.blogspot.com/2021/02/10-02-2021-guarulhos-ryoko-n-roll.html
Assim, eu e o Gio nos programamos para ir nessa fonte de VHS verificar as fitas do reduto. Nunca havíamos pisado nessa região específica de Guarulhos, mais ou menos próxima de um tal Shopping Fantasma (!), cuja descrição online foi a seguinte:
''... a área é utilizada para uso de drogas e outras atividades ilícitas...''
''... os desocupados aparecem com arma de fogo em punho...''
''No local ainda é comum a prática de sexo explícito, inclusive, à luz do dia.''
https://www.guarulhoshoje.com.br/2017/10/26/area-de-shopping-abandonado-aumenta-a-inseguranca-dos-moradores-na-vila-fatima/
É, foi para lá que Titio Marcio e o biógrafo do Sady seguiram. Afinal, vale tudo em nome dos garimpos colecionistas.
Ainda mais apavorante do que a descrição acima do tal Shopping Fantasma foi o fato de que, enquanto íamos de ônibus para lá, levei um baita susto ao olhar pela janela uma hora e dar de cara com o teatro Adamastor. PUTA QUE PARIU. Acontece que, nos meus deploráveis dias como funcionário da ultra-hiper-mega-detestável Proguaru, eu cheguei a trabalhar lá nesse Adamastor, em experiências nada agradáveis. Aliás, os funcionários da Proguaru em geral não gostavam nem um pouco de ter que trampar no Adamastor por causa de um sujeito totalmente desagradável lá com as iniciais RQ. E eu fui mais um que teve a infelicidade extrema de conhecer esse sujeito deplorável. Enfim... Fuck those days.
Após mais ou menos uma hora de viagem, eis que eu e o Mr. Sadymasoquista chegamos no Shopping Abandonado. E, após caminharmos por um tempo, chegamos na casa do amigo do Gio - que eu já havia trombado rapidamente em um evento de 2018.
Ao nos avistar, fui imediatamente recebido por ele com fortes elogios:
''Eu vi sua entrevista no Fora de Sintonia. Você é totalmente xarope e louco da cabeça. Bem... Somos todos.''
Há, figuraça esse maluco. E, como não sei se ele quer ser exposto aqui, não revelarei o nome dele na postagem. Também não revelarei o nome do outro cliente dele que já estava no reduto quando eu e o Gio chegamos lá.
Assim, enquanto ele fazia a telecinagem duma cópia em película de um raro filme da Boca do Lixo, que era exibido no recinto, fui lá fuçar as fitas todas - algumas centenas. Não foi fácil já que, para fazer a exibição + telecinagem desse filme (uma obra obscura com a participação do José Mojica Marins / Zé do Caixão no elenco), era preciso deixar as luzes todas apagadas. Assim, eu fui verificando as fitas da forma que era possível: com a luz acesa durante os intervalos para fazer as trocas de rolos, com uma lanterninha nas partes em que era permitida e, nos momentos em que a escuridão era total, fui carregando as caixas de fitas - algumas pesadas pacaray - para o lado de fora do recinto, onde havia luz e eu podia olhar uma a uma. Mas, como não havia muito tempo para fazer a operação toda (já que o carinha que ia comprar a película e a sua cópia telecinada ofereceu carona para mim e o Gio, e ele pretendia ir embora pouco tempo após terminar a negociação dele), tive que correr feito um louco para olhar todas as fitas lá. Nas pornôs / eróticas, tive a colaboração do Gio, já que ele também estava interessado em adquirir algo nessa linha. Mas, nas convencionais, eu estava ''on my own'', hehe. De qualquer, consegui sim checar 100% as fitas do local. Claro que, para isso, tive que focar total e até mesmo evitar conversar direito com a galera lá.
E, por falar em Gio, aí vai a relação das quatro fitas adquiridas por ele na ocasião:
Matar ou Morrer (Clery Cunha)
Penitenciária Sexual (Joe D'Amato)
120 Dias de Anal (Joe D'Amato)
O Amor de Emmanuelle (Francis Leroi)
Dessas eu não tenho O Amor de Emmanuelle e nem Penitenciária Sexual (um WIP XXX que eu até teria, já que é dirigido pelo mestre D'Amato e ainda conta com o doentio Jean-Yves Le Castel, AKA Matador, no seu grande elenco - puta cara perturbado do caralho), mas possuo sim as outras duas: 120 Dias de Anal é bem legal, mas Matar ou Morrer é um lixão que só não é pior do que o seu remake Rota Comando - o segundo pior filme BR de todos os tempos, ''perdendo'' apenas para o lastimável Porta dos Fundos: Contrato Vitalício. (Uma atrocidade que me deixou tão traumatizado que me fez nunca mais assistir PDF a seguir. É sério: depois daquilo eu nunca mais vi um mísero segundo de PDF.)
Anyway...
E numa dessas checadas solo, eis que avistei a lombada ''RAPID FIRE''. PUTA QUE PARIU, CARALHO, ANIMAL. É óbvio que saquei, imediatamente, de que não se tratava da tralha mainstream homônima estrelada pelo finado canastrão Brandon Lee, e sim do último filme do Joe ''Is Pínel'' (O Maníaco em pessoa) que é dirigido por ninguém mais, ninguém menos do que o mestre absoluto DAVID A. FUCKIN' PRIOR - um dos três Deuses Supremos do VHS, ao lado de Lucio Fulci e o nosso orgulho tupiniquim Sady Baby.
Assim, cheguei a marca de 7 Priors na minha coleção, juntamente de Operação Warzone (''Eles falaram que a guerra é o inferno. Eles estavam certos''.), também com o Joe Spinell no elenco, A Batalha Final (que acompanha o épico combate entre Ted ''Mike Danton'' Prior e Robert ''Maniac Cop'' Z'Dar, resultando em um dos filmes mais retardados já feitos), Inferno Branco (a resposta do Prior ao Aniversário Macabro), Trama da Lei (um filme mais bem feitinho do diretor - portanto menos divertido), Desejo Fatal (com a ainda gostosa Pamela Anderson pagando de atriz) e Felony: Quando as Leis São Rompidas (elenco de peso em mais uma obra frenética e mega-trash pelas mãos do mestre do estilo). E, além dessas VHSs, também possuo dois DVDs nacionais levemente diferentes do Pelotão Vampiro (''Eles estão entre nós faz séculos. Eles nunca perdem. E eles nunca morrem.''), que se chamou Pelotão Fantasma na VHS da Wera's, e dois Laser Discs que ainda passarei pro Ivan Ferrari, o maior Prior-maníaco da Bozolândia: Trama da Lei e Código: Assassinato. É isso aí: a Priormania não pode parar jamais, mesmo quase seis anos após a morte do mestre. HAIL PRIOR.
OK, continuando por aqui então.
Encontrei também O Massacre da Serra Elétrica no relançamento dublado via Reserva Especial e Inter Movies, porém, infelizmente sem capa. Mas é óbvio que a peguei da mesma forma. Inclusive, só havia trombado essa fita uma única vez na vida inteira, e só na época das videolocadoras com VHS (e em Nova Friburgo - Rio do Janeiro), uns 15 anos atrás ou mais. Ou seja, posso dizer que JAMAIS trombei essa fita em São Paulo na minha vida inteira.
E eis as demais seladas que comprei lá:
Operação Júpiter (Mega), dos anos 70, que é um sci-fi com pitadas de horror vindo da Alemanha. No elenco, o malucão Dieter Laser. Sim, ele mesmo: o vilão insano das partes 1 e 3 da trilogia A Centopeia Humana.
Justiça Total (Taipan / Tupã), um suspense de vigilantismo sobre uma família fodida sendo obrigada a fazer justiça com as próprias mãos. Há, inclusive, essa porra é tão obscura que nem possui um único review no IMDB.
Rambo: Programado para Matar (dublado, TrashStar). Essa é a terceira VHS que possuo do filme (que eu gosto sim, ao contrário das horrorosas partes 2 e 3, que faço questão de não ter em VHS - já o 4 e o 5 nem saíram no nosso formato de estimação). Antes dela, eu já tinha a VHS ''alternativa'' e também o primeiro lançamento selado, legendado, via TransVídeo. Além dessas três fitas, também tenho um anúncio de época da VHS da TransVídeo (com uma capa totalmente diferente daquela que conhecemos - teria a Trans também lançado o Rambo 1 com aquela capa???), dois DVDs algo diferentes pelo selo Tiozinho da Esquina Home Video, e também o primeiro Blu-ray americano do filme, lançado nos primeiros meses de vida do ''Rai-azul''.
Guerra da Cocaína (Zircon), uma ação trasheira oitentista dirigida por um argentino (Hector Olivera).
No Coração do Perigo (dublado, Crival). Crival foi um selo obscuro pra caralho especializado em fazer relançamentos de coisas chinesas de punkadaria: Moon Lee, Jackie Chan, John Woo, porras assim. E é justamente do Woo esse No Coração do Perigo (Heroes Shed No Tears), um insano tributo a coisas como Teruo Ishii, O País do Sexo Selvagem / Mundo Canibal (1972, do Umberto Lenzi, o ponto de partida do ciclo italiano de canibalismo) e a cinessérie O Lobo Solitário. E é cabuloso pensar que a contagem de corpos de No Coração do Perigo chega a inacreditáveis 323 cadáveres :) Woo adora mesmo uma carnificina. (Isso é, até ele ir pros EUA e mostrar pra todos nós de que gosta mais de $$$ mesmo. Nada mais do que outro fucking sellout que já foi genial um dia.)
OK, essas foram as seladas. Além delas, peguei também quatro fitas ''alternas'' / ''paralelas'' / ''trepadas'':
Execução Sumária / Instant Justice (lançada selada pela Warner), uma ação trasheira e de vingança feita em 1986 - que eu já tinha de forma oficial - que conta no elenco com a recém-finada Tawny Kitaen. Para quem não sabe, ela é uma sex symbol dos anos 80 famosa por ter namorado rockstars como David Coverdale (Whitesnake, Deep Purple) e o saudoso Robbin Crosby (Ratt), além do canalha OJ Simpson. Como bem disse o poeta: ''OJ Simpson não gosta de Ratt. Isso já é mais do que o suficiente para considerá-lo CULPADO.'' Hahahaha, nós somos nerds demais. (MOMENTO DIGRESSÃO: Por falar em Ratt, recomendo a entrevista que o Régis Tadeu fez recentemente com o vocalista Stephen Pearcy lá no YouTubug.)
Que Sorte Danada! / Outrageous Fortune (lançada selada pela Abril), uma comédia débil de 1987, com o Peter Coyote (Comando Out / Desvio Mortal / Fúria Terrorista) no elenco. O engraçado e curioso é que a fita selada possui a mesma capa da pirata, porém com a arte de cabeça para baixo. E, pelo que pesquisei aí, foi só mesmo no Brasil que fizeram isso com a capa do filme. Ou seja, agora eu provavelmente terei que pegar essa porra selada também...
Calendário da Morte, AKA O Calendário da Morte / The January Man, de 1989, uma mistura bizarra de dramédia com thriller policial, numa trama de serial-killer ''on the loose''. E o melhor de tudo: aparentemente, o filme é inédito no Brasil em home video. Ou seja, esse aqui foi o grande destaque desse quarteto de bootlegs.
Esqueceram de Mim / Home Alone (lançado e relançado no nosso mercado selado - by Abril & Fox), de 1990. É, mais uma fitinha alternativa noventista na minha coleção, após Tudo por Amor / Forever Young e O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final / Terminator 2: Judgment Day, ambas de 1991. Se, por um lado, eu não tenho 1% de interesse em adquirir essa tranqueira selada, por outro eu gostaria sim de adquirir a VHS nacional, numa cópia dublada pela LK-Tel, do filme francês que teria sido plagiado pelo imbecil do Chris Columbus aqui: Fim de Jogo / Deadly Games (1989) - obra muito curiosamente lançada em Blu-ray 4K nos EUA.
Assim, já são 9 fitas alternativas adquiridas por mim desde o momento em que retomei a coleção de VHS, após 10 meses e meio 100% afastado do meio. As outras 5 são a já citada T2 mais Big / Big Shot (Quero Ser Grande - que ainda originou a comédia pornô BIGGER: O MEU É GRANDE, hahahahaha), Calígula (um achado e tanto essa alterna), Casualties of War (Pecados da Guerra / Pecados de Guerra) e No Mercy (Sem Perdão).
Ahh, e, além dessas minhas 11 fitas adquiridas lá em Guarulhos, ganhei de brinde uma capa que estava perdida por lá. Se trata de Conexão Brazil 5: Perversão Anal no Brasil (do selo Conexão Brazil), pornô demente do Max Hardcore / Max Steiner barbarizando as brazucas sem dó nem piedade, inclusive com aparelhos ginecológicos. Teve até pornstar brasileira que desistiu do ramo após passar pelas mãos desse lunático fugitivo do hospício. Enfim, é uma pena que a fita em si não foi localizada em lugar nenhum, já que Max HC é sempre bem vindo na videoteca. E, além do mais, eu tenho comigo faz tempo a Conexão Brazil 4, também com o Max aprontando no BR e traumatizando para sempre as nossas pobres atrizes pornô. E é foda que é só olhar pra cara do Max HC - o ''Caubói da Putaria'' - que a gente saca na hora que o cara tem vários parafusos a menos. Puta sujeito xaropeta, hahahaha.
Se tratando de cotações, numa escala de 0 a 5 estrelas, todas essas fitas merecem, a meu ver, entre 3 e 3.5 no fim das contas. (O Massacre... dublada receberia 4 se tivesse a capa, mas recebe 3.5 sem ela.) Quer dizer, todas essas fitas menos a Prior. Rapid Fire merece, na minha opinião, 4.5 sim senhô.
Porém, agora praticamente não restou mais nada interessante lá. Eis algumas fitas interessantes que ficaram para trás: O Telefonema / Call Me, Freddy 6 (lixão) e 7 (mais lixo ainda), algumas Crival sem capa e alguns pornôs do milênio passado. Acho que só.
Bem...
Apostei todas as fichas nesse rolê e, novamente, ficou comprovado que os garimpos de VHS de 2021 estão a todo vapor. Na volta, ainda, eu e o Gio aproveitamos para comer um hot dogão cabuloso - bom demais mesmo, e não com aquela porra de salsicha da marca Aurora, que quase matou o seu humilde narrador algum tempo atrás.
É issaê, galera...
NÓS VAMOS EM BUSCA DAS FITAS MAIS FORTES. É ''NÓIS'' NAS FITAS. (E um pequeno detalhe aqui: se vocês gostam desses meus relatos de buscas por VHS, vocês precisam agradecer ao Alex ''Relíquias do Terror'' Gouveia por isso. Afinal, é graças a ele - me conseguindo o single Jeans da Ryoko Hirosue - que eu voltei a colecionar as nossas adoradas e eternas fitinhas. Sem aquele single japa, eu ainda estaria afastado dos rolês por VHS até hoje.)
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(Post escrito ao som da curta discografia do Hey Monday, com as suas 12 melhores faixas recebendo algumas repetições. PQP, aquele refrão da Hurricane Streets é uma das coisas mais cabulosas de todos os tempos. Como pode uma banda claramente colorida - que influenciou as fases mainstream do Cine e do Restart - e com um nome puramente nonsense ser tão indescritivelmente sensacional... Só sei que, se tivesse que escolher entre HM e Bi Chemical Romance, eu certamente entraria em curto-circuito e ficaria num impasse eterno. É simplesmente impossível para mim decidir qual das duas foi a melhor coisa da história da emolândia mundial; sendo que Scary Kids Scaring Kids (RIP), The Used e a fase ''emonóide'' do AFI / A Fire Inside - que contou com bizarras participações especiais de integrantes do WASP e do Steel Panther - vem logo a seguir, nessa exata ordem, formando o meu TOP 5 do estilo. HAIL FAKE EMO. HAIL FAKE SCREAMO. CHUPA, REAL EMO. ENGOLE ATÉ AS BOLAS, REAL SCREAMO. FUCK OFF, PURISTAS.)