Na penúltima Sexta, dia 15 de Janeiro de 2021, completou um ano que eu e o Gabriel Caroccia (pseudônimo do Mr. Dado), fizemos nosso primeiro rolê-garimpo juntos, que culminou nas minhas aquisições dos singles Daisuki! e Wind Prism, ambos da Ryoko Hirosue.
Aí, para celebrar essa data, nós fomos ''em algum lugar'' de SP fuçar 4 endereços sebísticos atrás de itens colecionistas.
E eis que, logo no primeiro deles, nós localizamos dois clássicos do metal mundial em CD: Rust in Peace, nacional (1990, quarto álbum do Megadeth, antes de cair ladeira abaixo e virar Megaidético), e Keeper of the Seven Keys 1, importado (1987, segundo álbum do Helloween, antes de virar uma pataquada e tanto, e mudar de nome para Raléween). Peguei o MD para mim, enquanto o Helloween foi pro GC. Com esse CD, o meu nono (!) do MD, completei a fase deles que me interessa, que vai do debut Killing Is My Business... And Business Is Good! (1985) até o Cryptic Writings (1997). Além desses sete álbuns de estúdio, também possuo dois bootlegs WTF da banda, que são dois acústicos (!) na Argentina. Já o Keeper 1 do GC possui as clássicas Halloween, Little Time, I'm Alive (a minha favorita do álbum) e Future World. (E, no caso do MD, as melhores faixas são Tornado of Souls, 5 Magicks, Take No Prisoners, a dupla de singles Holy Wars... The Punishment Due / Hangar 18, e também Lucretia - que não tem nada a ver com as Irmãs de Caridade. A canção mais famosa do disco talvez seja mesmo Hangar 18, aparentemente sobre alienígenas, mas mais centrada em falar do quanto o governo americano mente all the fucking time. Destaque para a parte esculhambando a inteligência militar: ''inteligência militar, duas palavras que, juntas, não fazem sentido algum''. É, Dave Mustaine já foi bom um dia.)
Outro CD lá encontrado que vale a pena citar foi o Born to Die, gringão, da Lana Dá o Rêgo, oops, quero dizer, Lana Del Rey. Como já tenho a edição nacional e estou satisfeito com ela, o deixei passar. É sim um álbum fortemente recomendado pelo blog 7 Noites em Claro. Afinal, por mais que a Lana seja uma mala insuportável em ocasiões diversas, e esteja mais decadente do que o Nazi ''Bozominion Arrependido''Moura, devo admitir que esse disco tem umas coisas boas pra caralho: Carmen (a melhor canção da carreira dela), Blue Jeans, Video Games, Radio, This Is What Makes Us Girls... Esse álbum e o EP Paradise são os únicos pontos altos da carreira dessa mina - que, a seguir, passou a se repetir até a exaustão, até se tornar uma versão trintona, derradeira e poser da Billie Eilish. RIP Lana.
No mesmo sebo o GC também adquiriu mais algumas coisinhas em CD - sempre importados, já que o Mr. Dado é o cara que mais odeia edições nacionais. São eles: Exposé - What You Don't Know, Sade - Promise e Steve Winwood - Back in the High Life.
Saindo de lá, fomos num outro sebo, ali do lado, onde eu não peguei porra nenhuma. Já o GC pegou mais um da Anita Baker: Giving You the Best That I Got.
Já num sebo praticamente colado a esse, onde fomos em seguida, encontrei de cara o Blu-ray americano do filme Remember Me (Lembranças), com o Robert Pattinson no papel principal. (Mais famoso como o vampiremo da saga Crepúsculo, Pattinson queimará o filme em definitivo agora que viverá o Batmerda, num filme que, por mim, será melhor se nunca estrear mesmo. Afinal, quando se trata do namorado do Robiba, não importa quem são os atores ou o diretor, que a certeza é sempre a mesma: o filme será um lixão de marca maior.)
No mesmo sebo, acabei adquirindo também o Frogstomp do Silverchair, gringaço, que possui a melhor canção da banda: PURE MASSACRE.
Já o GC comprou uma caralhada de CD nesse sebo: Alanis Morissette - Jagged Little Pill, Debbie Gibson - Anything Is Possible (possivelmente autografado pela mesma - digo ''possivelmente'' porque sempre fico com o pé atrás se tratando de autógrafos encontrados em sebos e afins), Dire Straits - Brothers in Arms, Natalie Imbruglia - Left of the Middle, Pantera - Cowboys from Hell e Rick Astley - Whenever You Need Somebody.
Saindo desse sebo, nós fomos na melhor fonte de garimpo do dia. Ao entrar nesse lugar, logo perto da porta, já avistei duas grandes pilhas de NMEs (New Musical Express), icônica revista musical britânica. E fuçando uma por uma, eis que encontrei não uma, não duas, não três, mas sim QUATRO edições com The Vines na capa. Não adianta: 2021 nem começou direito e já é o ano da banda. Primeiro foi o GC conseguindo as edições europeias dos discos Winning Days e Vision Valley e, agora, eis que trombo essas preciosidades do caralho, com informações riquíssimas sobre o auge comercial da banda.
Na realidade, exatamente uma década atrás, no comecinho de 2011, havia um sebo da Luz que estava abastecido com uma quantidade absurda de NMEs, possivelmente todas as edições lançadas entre 2002 e 2007. E até tinha também essas edições com a banda do Crazy Nicholls na capa, mas, como eu não era tão chegado assim neles naquele momento (gostava da banda e a achava bem legal, mas ainda não era fã), as deixei para trás naquela ocasião. E, naquele extinto sebo, as NMEs custavam 3 reais cada... Daí 2 reais cada... Daí 1 real cada. E, logo antes de tudo ir pro saco, estavam custando míseros 50 centavos cada. Inacreditável. Comprei na época umas 30+ edições, dando prioridade aos números falando de Yeah Yeah Yeahs, já que eu estava muito obcecado com a vocalista sul-coreana Karen O naquele período. E, num vacilo épico, deixei passar essas edições com The Vines na capa - que, nesse sebo do relato agora, custavam 15 reais cada.
Aí fiz o seguinte: peguei duas notas de R$ 20 da carteira, escondi o dinheiro pros sandubas e pro sorvete, e batalhei como louco pra conseguir que me vendessem cada uma das revistas por 10 mangos. O GC tá de prova de que foi uma guerra e tanto pra convencê-los a me fazer esse desconto de 20 reais. Foi foda, mas deu certo no final. (E sim, eu sei que elas valem R$ 15 e até mais por edição, mas fiquei com dó de pagar mais de 10 pilas por número quando lembrei que, no passado, eu poderia ter pego cada uma dessas edições por 1 a 3 reais.)
Nesse mesmo sebo o GC pegou ainda o Indelibly Stamped do Supertramp e o Burning Blue Soul do The The.
Saldos do garimpo:
TITIO MARCIO
Blu-ray Remember Me (importado, R$ 10)
CD Megadeth: Rust in Peace (nacional, R$ 10)
CD Silverchair: Frogstomp (importado, R$ 10)
Revista NME com The Vines na capa: Junho de 2002 (R$ 10)
Revista NME com The Vines na capa: Julho de 2002 (R$ 10)
Revista NME com The Vines na capa: Fevereiro de 2003 (R$ 10)
Revista NME com The Vines na capa: Fevereiro de 2004 (R$ 10)
MR. DADO
- Exposé - What You Don’t Know (10)
- Helloween - Keeper of the Seven Keys Part I (12)
- Sade - Promise (10)
- Steve Winwood - Back in the High Life (10)
(...)
- Anita Baker - Giving You The Best That I Got (5)
(...)
- Alanis Morissette - Jagged Little Pill (5)
- Debbie Gibson - Anything Is Possible (5)
- Dire Straits - Brothers in Arms (5)
- Natalie Imbruglia - Left of the Middle (5)
- Pantera - Cowboys From Hell (10)
- Rick Astley - Whenever You Need Somebody (12)
(...)
- The The - Burning Blue Soul (25)
- Supertramp - Indelibly Stamped (24)
Observação do GC: ''Todos os CDs são USA, exceto Dire Straits (capa USA, CD francês).''
E
A
S
T
E
R
E
G
G
Pitacos Sobre as 4 NMEs em Questão
Os dizeres nas capas dessas 4 NMEs:
''Burgers! Bong hits! Breakdowns! The Vines: The Screwed-Up Story of the Best Band Since Nirvana.''
''Celebrity Fans, Awesome Gigs and a Brillant Album. The Vines: No Wonder Everyone Wants to Shag Craig Nicholls!''
''The Vines Kick Off! 7 Days of Total Gig Mayhem! That Bust-Up with NME! Their Mind-Blowing New Track!''
''World Exclusive Comeback Interview! The Boy Who Fell to Earth: How Drugs, Booze and Groupies Nearly Destroyed The Vines.''
Uma coisa que precisa ser dita é que a banda australiana estava muito, muito, MUITO hypada nessa época. E essas 4 NMEs ilustram bem isso: The Vines vinha sendo elogiado por David Bowie, Manic Street Preachers, Oasis, Lou Reed e outros, e a NME até apostava que eles seriam maiores do que Nickelback e até mesmo U2!!!
Mas é claro que a absoluta insanidade e falta de profissionalismo do vocalista-guitarrista Craig Nicholls fez com que eles se tornassem cada vez menos famosos do terceiro disco adiante. Crazy Craig é um caso perdido: autista maconheiro que, simplesmente, saía agredindo todos ao seu redor (verbalmente e fisicamente), literalmente quebrava tudo a sua volta e tinha o maior prazer de cometer suicídios comerciais sempre que pintasse a chance - seja xingar o presidente da sua própria gravadora (''GET THIS CUNT OFF MY BUS'') ou arrebentar com tudo (incluindo cenários, equipamentos e seus parceiros de banda), inclusive nas ocasiões que o grupo tocou nos maiores talk shows dos EUA e Reino Unido. Em outras palavras, um doido varrido mucho, mucho loco que, ao invés de estar preso a uma camisa de força, estava liderando uma banda de rock.
Sem contar que The Vines é uma banda que passou muito tempo no underground (foram meros Joe Nobodies de 1994 a 2000, até que em 2001 as coisas começaram a mudar e, no ano seguinte, viraram rockstars), e não souberam lidar bem com a fama. Como bem apontaram em uma dessas edições: ''Patrick (Matthews, baixista) ficou louco por bebidas, Ryan (Griffiths, o outro guitarrista) ficou louco por drogas, Hamish (Rosser, baterista) ficou louco por sexo, e o Craig é simplesmente louco por natureza.''
Inclusive, a NME até suspeitava de que o Craig bateria as botas a qualquer instante, e até deu o conselho: ''É melhor vê-los ao vivo agora. Você pode não ter outra chance.'' Todos achavam mesmo que os caras não iriam durar muito...
Fora The Vines, tem algumas outras coisinhas interessantes nessas NMEs também.
Uma delas é o relato de quando o Jimmy Eat World (a banda responsável por levar o emo ao mainstream, e que possui um dos piores nomes de banda ever), acidentalmente, quase matou o Val Kilmer (que fez o personagem-título em Batmerda no Forévis) durante uma apresentação em talk show. Bem, essa foi então a vez em que o emocore nocauteou em cheio um dos mais patéticos personagens da cultura pop, o playboy multi-milionário e homossexual reprimido que luta pelos fracos e oprimidos.
Também teve uma pequena informação sobre um tal Gary Matthus, ex-integrante do The Libertines que teria se juntado ao Taliban. A banda até fez uma referência a isso na canção What a Waster.
E foi bem curioso ver dois anúncios de shows duma banda qualquer aí chamada Parva. Alguns anos depois eles fariam muito sucesso sob o nome Kaiser Chiefs.
Igualmente curioso foi ver a revista malhar o single Beauty on the Fire da Natalie Imbruglia, e também ver uma matéria sobre o The Used no auge. É claro que o vocalista Bert McCracken fica puto quando perguntam pra ele sobre a Kelly Osbourne. Aliás, nunca vou entender como um cara que, nessa época, era um puta rockstar fodão, com uma das melhores bandas emo do período, foi perder tempo e se queimar namorando uma balofa nojenta e asquerosa. Vai entender. (Pouco tempo depois, Bert teria um caso com o Gerard Way, vocalista do Bi Chemical Romance - o que certamente enfureceu e muito o Frank Iero, guitarrista do MCR e eterno amante do Gerard. Mas chega desse momento ''Revista Caras Versão LGBTQWhatever+'' nessa porra.)
Bem, nos vemos agora no próximo relato, após o próximo rolê-garimpo que eu e o Dado faremos nesse próximo fim de semana. Será a minha primeira busca ever por itens do Berlin, que, tirando aquela canção xaropeta do Top Gun (o único grande hit deles) e mais uma ou outra faixa esculhambada (como a chatérrima Torture e a vergonhosa Sex, I'm a..., além de algumas coisas do estranho debut da banda, que contava com outra vocalista), é uma banda sensacional. Diria até que estou me apaixonando profundamente por essa banda, e com certeza absoluta já é a minha banda favorita entre os grupos com nome de cidade-estado-país-continente.