sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

A HORA DO REACT = Impressionante Primeiro Garimpo VHS do Gabriel ''Mr. Dado Group'' Caroccia em 2021


 

O Caroccia começou bem 2021. Logo no primeiro garimpo VHS dele em carreira solo, o GC visitou uma improvável fonte de VHS em que eu não pisei nenhuma mísera vez após o início da quarentena; na verdade, a última vez em que estive lá foi em 2017, e não compro absolutamente nada lá desde 2013.

Uma vez lá dentro, o GC localizou dois filmes italianos de guerra feitos em 1969.

Primeiro foi O Espião Assassino, de Leopoldo Savona, estrelado por um tal Gianni Garko - o protagonista masculino de um filme qualquer aí dos anos 70 chamado Premonição. A VHS é da Elite VP, mas o próprio Mr. Dado me informou de que ela também foi lançada pela Poderosa.

Aí ele trombou Morte de um General (que, de acordo com o IMDB, também se chamou Matem Rommel no Brasil), dirigido por Alfonso Brescia (''Al Bradley''), e lançado aqui pela obscura Sétima Arte - selo do qual possuo A Policial e, se for mesmo deles, Na Rota do Brilho. O Mr. Dado me disse ainda que existe uma outra edição do filme pela mesma Sétima Arte, com a capa algo diferente.

Brescia até que é um diretor mais ou menos cultuado e reconhecido no nosso meio de freaks maníacos por filmes fora da curva e o escambau, mas Savona permanece um tanto obscuro. Dei uma fuçada aí e vi que, entre os poucos créditos dele como diretor, consta um giallo bastante desconhecido: um tal de Death Falls Lightly, de 1972. Seria interessante saber se isso presta ou não... E, nesse mesmo território giallo, Brescia também fez um ou outro exemplar, incluindo o giallo com um dos títulos mais sensacionalistas possíveis: Naked Girl Killed in the Park / Naked Girl Murdered in the Park, do mesmo ano do Death Falls Lightly, 1972. Não faço ideia se os giallo desses dois foram lançados aqui, mas, em Portugal, o Naked Girl se chamou O Homem Que Veio do Passado - vai saber se esse título não é um puta spoiler do caralho, né...

Ambas as fitas saíram por pouquinho mais de 10 Bozos a unidade. Diria que foram sim grandes aquisições por preços muito bem-vindos - principalmente em tempos de leilões surrealistas cobrando três dígitos em fitas não tão boas com capas xerocadas, né?

Anyway, os bons frutos não pararam por aí.

Após garimpar essas fitas nervosas, o GC não se deu por vencido e foi num sebo mais ou menos perto desse (descoberto via Mercenário Livre), para garimpar CDs.

E eis que o lucky bastard vai lá e tromba o Vision Valley, terceiro álbum do The Vines, gringão, por míseros 20 mangos! Incrível. Imagina o preço dessa porra na Galeria do Rock, AKA Galeria dos Lóki? Duvido muito que sairia por menos de 60. Na verdade, os FDPs de lá provavelmente cobrariam três dígitos nessa porra.

O VV importado agora faz companhia ao Highly Evolved (debut da banda), que o GC também possui importado.

E será que isso é um sinal de que é só uma questão de tempo até trombarmos algum dos CDs da banda que não saíram aqui: Melodia, Future Primitive, Wicked Nature e In Miracle Land?

Além do VV, o GC também pegou outros dois CDs importados que não devem ter saído aqui: um do One 2 Many e um do Black. É curioso que ele me disse que a vocalista do One 2 Many é viúva do Black. Bem... A verdade é que nunca tinha ouvido falar desses dois até o GC me contar sobre eles.

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BÔNUS

Eis o meu review faixa-a-faixa do Vision Valley, na íntegra e sem alterações, escrito em 2018 e postado em alguma rede social vagabunda aí em 2019.

(...)

''Esse não é o mundo real. Não é porra nenhuma. As pessoas são cheias de lances. Assim como todos os seus amigos.''

Uma postagem dedicada ao genial Crazy Nicholls e a sua banda de um homem só: The Nirvines. Mais precisamente ao seu injustiçado terceiro álbum, totalmente ignorado pela mídia no seu lançamento. Posso dizer calmamente que JAMAIS vi qualquer um dos seus quatro singles passando na MTV (ou em qualquer outro canal que passe clipes) ou tocando no rádio.

AUTISMO.

DROGAS.

E ROCK N ROLL.

FODENDO O MUNDO E ASSASSINANDO O PLANETA COM O MELHOR DO ROCK AUSTRALIANO....

The Vines: Vision Valley (2006)
Cotação: 9.5 de 10

Asperger up your ass: a altíssima qualidade sonora é mantida no terceiro álbum de estúdio da mais icônica banda do new rock. (Aliás, qual seria o melhor disco do The Vines: Highly Evolved, Winning Days ou VV?)

Após o sucesso mundial do debut Highly Evolved (2002), que, graças as canções Get Free, Outtathaway e a faixa-título (e, em menor escala, Homesick e Factory), colocou The Vines na capa da Rolling Stone americana (a primeira banda australiana a ganhar a capa da revista em mais de duas décadas), da NME e de diversas outras publicações tradicionais, e do sucesso menor Winning Days (2004), eis que a melhor banda Nirvanesca da história retornou, em 2006, com o sensacional Vision Valley.

Com treze faixas e a inclusão em estúdio do baixista Andy Kent (do You Am I, grupo que foi forte influência para o The Vines), VV mostrou ser um disco ainda mais misantropo, sombrio e furioso do que os dois anteriores.

Review faixa por faixa:

1. Anysound (1=55)

''Time hanging around. Been getting me down now, baby, yeah. Show me Anysound. KILL ME NOW - I'M DEAD.''

Uma ótima faixa de abertura, e um dos quatro singles do disco - os outros são Don't Listen to the Radio, Dope Train e Gross Out. Todas essas faixas são excelentes, mas Nothin's Comin', Candy Daze, Fuck Yeh e Futuretarded também dariam grandes singles. Curta e poderosa, Anysound recebeu um carismático clipe em animação. Aliás, apesar de simpáticos, os clipes da banda desse disco adiante não estão a altura dos geniais PVs dos dois primeiros álbuns. (Destaco Get Free, Outtathaway, Ride e Winning Days daquela época. Sendo que Outtathaway é - para mim - o melhor clipe de rock já feito.)

2. Nothin's Comin' (1=59)

''So sick of our human race.''

A melhor faixa do disco, e uma das cinco melhores da carreira do The Vines. A perfeição em sua plenitude, com uma letra que demonstra total desgosto pela humanidade e pela necessidade de viver em sociedade.

3. Candy Daze (1=39)

''Candy Daze are here to stay forever.''

Eis o lado Beatles de Craig Nicholls. Em um certo momento (''And I feel alright...''), dá para jurar que John Lennon voltou dos mortos para fazer uma participação especial no álbum.

4. Vision Valley (2=41)

''Through the Vision Valley, waiting to be found.''

Uma canção mais viajada ao invés de barulhenta, mostrando o interesse de Nicholls por lugares místicos, como ''vales visionários'' e ''terras milagrosas''.

5. Don't Listen to the Radio (2=10)

''Don't listen to the radio. Don't speak upon the telephone. Don't listen to the TV show. GET OUT THE WAY TODAY.''

Uma faixa que revela a influência dos Beach Boys. Já a letra descreve a abominação de Nicholls pela TV, pelo rádio e pelo telefone. Não a toa, Nicholls recusa o uso de computadores e celulares em sua vida pessoal. Apesar de já ter sido preso por ''stalking'' (!!!), podemos afirmar que Nicholls é um completo misantropo antissocial, espumando raiva como um vira-lata faminto - para dizer o mínimo.

6. Gross Out (1=16)

''Alone and tripping out on acid, ageing in your room. I feel so down. Time bring me round.''

Tanto Gross Out quanto seu clipe são puro White Stripes, outra banda icônica dos primórdios do new rock.

7. Take Me Back (2=41)

''Lives are goddamned ruined like the runts.''

A minha canção menos favorita em Vision Valley; porém, ainda assim, de qualidade. Aliás, de tudo que já escutei na música até hoje, The Vines é um caso absolutamente raro: é o ÚNICO grupo / artista que não possui nenhuma música da qual eu desgoste. (Para terem uma ideia, até a MC possui muitas músicas que eu não gosto. Mais de trinta, na verdade.)

8. Going Gone (2=44)

''Anna made the world turn black. Anna made the world turn blue.''

Nesse som um tanto hipnótico, Nicholls cita uma tal Anna - possivelmente alguém que partiu o seu coração. É interessante isso: apesar de letras sem nenhuma conotação sexual de qualquer tipo, volta e meia Nicholls ressurge com letras de tom romântico. Going Gone é outra faixa viajante e psicodélica, mais ou menos na linha da anterior Vision Valley e da posterior Spaceship.

9. Fuck Yeh (1=59)

''This ain't the real world. It ain't a fucking thing. People are full of hurl. And so are all their friends.''

Chega de viagem; vamos voltar ao mundo de Kurt Cobain. Fuck Yeh é uma das melhores faixas de Vision Valley, continuando a tradição de grandes músicas com ''Fuck'' no nome. (O disco anterior, Winning Days, tem a maravilhosa Fuck the World; na minha opinião, a melhor música da banda em toda sua carreira.)

10. Futuretarded (1=46)

''I don't know how the future started. We might as well all be retarded.''

Outra fodástica canção de Vision Valley, bastante anárquica e até engraçada. ''FUTURETARDED! FUTURETARDED! Deep in the jungle or Sahara. FUTURETARDED! FUTURETARDED!'' Hahahahaha.

11. Dope Train (2=36)

''Danger in the hollow. Sewer on the side. Waiting for the morrow. Dope to get you by.''

É hora de embarcar no trem do ''tio Bob''... Como Mary Jane, canção de Highly Evolved, Nicholls volta a declarar o seu amor a maconha. ''Trem do Baseado'' é uma das músicas mais pesadonas do The Vines, mostrando um lado mais metálico da banda, também representado por sons futuros como Black Dragon e Metal Zone - ''metal'' com certeza. Nicholls chegou a se dizer influenciado por death metal durante a tour de Vision Valley, então aí está a explicação. Ahh, e Dope Train é o melhor clipe retirado de VV.

12. Atmos (1=50)

''Out in the atmosphere. Far, far away from here. I hear the sound of you. Telling ya I love you. I really, ''ruley'' do.''

Mais psicodelia de responsa. E trazendo aquela parada romântica de outros momentos do The Vines. Aliás, foi só agora, escrevendo sobre esse disco, que eu realmente percebi essa tendência romântica de algumas letras da banda. Conheço esses caras desde o lançamento do single Get Free, dezesseis anos atrás, e nunca havia reparado essa parada antes. Assim sendo, será que podemos dizer que, por um lado, Nicholls é um misantropo fantasiando com o fim do mundo e, por outro, um romântico na eterna busca pela sua alma gêmea? É, acho que posso me identificar com isso.

13. Spaceship (6=06) (!)

''Spaceship in the yard. We're only 14 years apart.''

Depois duma sucessão de músicas de menos de dois minutos, o disco se encerra com Spaceship, um épico de pouco mais de seis minutos - algo gigantesco para uma banda com uma caralhada de música de um minuto e pouco. Quase uma Autumn Shade Part 3, Spaceship é uma fascinante canção que, como a anterior Atmos, propõe uma delirante viagem sci-fi. Falando nisso, o Vision Valley como um todo pode ser uma ótima pedida para ser ouvido chapado-drogado... Só que estou sóbrio faz tanto tempo que não sei mais.

14. ???

O meu Vision Valley lista 14 faixas mas, ao clicar na última, o disco simplesmente atinge o fim, com um ''stop'' automático. Será que todas as cópias de Vision Valley são assim? Ou será que o meu CD veio com defeito de fabricação? Ou será então que mister Craig Nicholls está trollando seus fãs? ''Você esperava o quê? Eu sou retardado.'' Um retardado genial.

 




 

7 comentários:

  1. E aí!

    Esse garimpo que fiz foi foda! Eu destaco o detalhe no encarte do CD One 2 Many: o desenho de um dado. Será um presságio de novas fitas Dado Group para o Mr. Dado Group aqui? Hehe.

    São esses posts que estimula a fazer novos garimpos em lugares diferentes! Sempre fica a dúvida do que iremos encontrar.

    Valeu!

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    1. Opa, como disse ali embaixo, não consegui responder antes, mas here I go.

      Cara, o ''pobrema'' é que, apesar de ter a arte do dado ali, dentro dele aparece o tracklist e mostra que uma das faixas se chama ''Writing on the Wall'', que seria tipo um presságio ruim. Bem, espero que essa parte não signifique porra nenhuma, e que você esteja no caminho certo sim para conseguir as suas Dados restantes.

      De qualquer forma, escutei algumas canções desse disco e gostei. Já o Black ainda preciso ouvir.

      No mais, tô empolgadaço pra nosso novo rolê, o primeiro em conjunto de 2021.

      PS: Ahh, e, se possível, diz aí se, no play, o seu Vision Valley importado lista 13 ou 14 faixas. E, se listar 14, se essa décima quarta possui algum mísero conteúdo ou não.

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    2. Opa!

      Hoje fiz um rolê relâmpago de novo e encontrei o segundo álbum do The Vines: Winning Days, importado da UE. Inacreditável. Agora tenho os 3 primeiros importados.

      Sobre o VV, o meu tem mesmo 13 faixas corretamente. Pode ter sido erro de fábrica no CD nacional.

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    3. Hey!

      Caralho, que foda ao extremo isso de você também ter conseguido o Winning Days da UE. Parabéns novamente.

      Inclusive, um dos melhores itens da minha coleção é oriundo desse álbum: o single da ultra-hiper-mega-sensacional FUCK THE WORLD. E é interessante que, no principal single do disco, a Ride, também tem um trecho que diz ''Fuck the World'': ''The colours through your loaded mind. Fuck the world and liberate our time.''

      Acabei de pegar o meu Winning Days nacional em mãos aqui, e posso dizer que as melhores faixas do disco, para mim, são:

      Ride

      Animal Machine

      TV Pro

      Winning Days

      She's Got Something to Say to Me

      Rainfall

      Fuck the World

      Quase o disco inteiro :)

      E, caralho, tinha me esquecido de um detalhe da Evil Town: ela tem uma referência ao Shonen Knife na letra! PQP, tinha me esquecido dessa presepada master, hahahaha. (Putz, não deveria ter citado SK aqui. Agora aquela maldita daquela música, que tocou lá no sebo aquele dia, antes do Régis Tadeu aparecer, voltou pra minha cabeça de novo, e provavelmente não saíra tão cedo. Caralho, que droga.)

      Caralho, esses três primeiros álbuns do The Vines são mesmo imbatíveis, e até mudo a cotação que eu dei pro VV ali encima: ele não merece 9.5, e sim 10.

      E é legal também que você tá seguindo um padrão ao ter os 3 primeiros da UE. Eu também sigo um padrão neles, porém de forma bem mais humilde: tenho os 3 primeiros nacionais apenas.

      A missão agora é conseguirmos os CDs que não saíram aqui. Aliás, antes do nosso próximo rolê-garimpo, até escutarei esses 3 primeiros antes na íntegra, como preparação pra parada. Foda.

      Sobre as faixas do VV...

      Bem, agora seria interessante descobrir se esse ''pobrema'' também acontece em todos os CDs nacionais.

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  2. Parece realmente que a aquisição foi proveitosa. Desculpe não comentar melhor mas é que sou leigo a alguns termos apresentados.

    Interessante essa estória de uma banda de um cara só, tal de Nirvines. Te confesso que antes do post, desconhecia.

    Curioso isso do cara ter sido preso por stalking e odiar tecnologias, mas pelo seu faixa-a-faixa deu a perceber que é um disco que vale a pena conhecer. Interessante.

    Agora sobre a faixa que não toca no fim, realmente é algo curioso. Não temos como saber né, se é o seu disco ou se todos são assim propositalmente.

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    1. Hey Guitardo. Eu teria respondido você e o Gabriel ontem, mas acabei não entrando na internet no dia anterior.

      Sim, foram ótimas aquisições, principalmente as duas VHSs e o CD gringo do The Vines, já que não é nada fácil trombar CD importado da banda. Tô na torcida agora para que a gente encontre os 4 álbuns de estúdio deles que não foram lançados aqui.

      Chamei assim porque é uma daquelas bandas tipo Megadeth e Nine Inch Nails, em que nós temos um líder totalmente ditador que manda e desmanda na porra toda. The Vines é o mesmíssimo caso, só que o Crazy Nicholls consegue ser ainda mais insano do que os totalmente decadentes Dave Mustard e Tonto Reznor. (Mas existem-existiram sim alguns casos de bandas que, literalmente, só tiveram um único integrante. Lembro de outra banda liderada por um ditador, o Annihilator, que, em um certo momento, só tinha mesmo o líder Jeff Waters na formação. Na ocasião, o filho da puta cantava, tocava guitarra, baixo e bateria, fazia todas as composições e gravava a porra toda.)

      Sim, o cara é muito louco e psycho. Mas, musicalmente, ele manda bem demais.

      Sobre isso de ter 13 ou 14 faixas, vamos ver se o Mr. Dado Group se anima a comentar esse detalhe aqui, já que não faço a menor ideia se o CD gringo também possui uma inútil décima quarta faixa.

      No mais, postei scans do meu Vision Valley nacional nesse post aqui de 2017 - que, como podem ver ali, sofreu uma bugada do Bugger:

      https://7noites7.blogspot.com/2017/08/so-sick-of-our-human-race_18.html

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  3. Gabriel e Guitardo, valeu pelos comments e Domingo agora certamente os responderei.

    E, Guitardo, também comentarei lá no seu último vídeo e te mandarei email respondendo aquelas paradas todas da nossa última conversa.

    Até mais, galera :)

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