quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

1977 = Ano de grandes espetáculos cinematográficos

Quadrilha de Sádicos, Hausu, História de Melancolia e Tristeza, Martin, The Legend of Dinosaurs and Monster Birds, Suspiria, Premonição / 7 Notas Fatais, Os Vivos Serão Devorados, O Comboio do Medo, A Outra Face da Violência...

Mas nem tudo foi agradável em 1977. Os dois piores atentados já cometidos contra a Sétima Arte também são daquele ano: Star Wars e Contatos Imediatos de Terceiro Grau.

DIE, LUCAS, DIE.

DIE, SPIELBERG, DIE.

DIE, STARLESS WHORES FANS, DIE.

I wish...

I wish I didn't like girls. Queria ser assexuado.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

O melhor e os piores de 2015...

STAR WARS É O CARALHO. EU GOSTO É DE CINEMA.

Melhor filme visto em 2015: O Presente, AKA The Gift, AKA Horrible Bullies

O que começa com semelhanças ao clássico moderno dos stalker movies Harry Chegou para Ajudar, acaba sendo um estudo impressionante, sóbrio e inteligente do bullying e suas causas imperdoáveis, sem falsas esperanças nem clichês, com excelentes atuações do trio de protagonistas, em especial do ótimo Jason Bateman (das duas divertidas partes de Quero Matar Meu Chefe / Horrible Bosses). Talvez a mais incomum e adulta produção do capitalista master Jason Blum (das franquias medianas Atividade Paranormal, Insidious, Uma Noite de Crime e outras) até o momento, O Presente é um suspense dramático (com rápidos instantes de horror), empolgante, decadente (no bom sentido) e provocador; que não irá te abandonar após o seu término. Há ainda uma citação à O Iluminado, além de uma possível referência ao A Estrada Perdida - ecos de dois dos melhores filmes de horror da história, portanto. Também jamais apela ao sensacionalismo, e é excelente na linha ''perturbador sem mostrar uma gota de sangue''. Ou seja... CHUPA, Takashi Mickey Mouse, Eli Roth e demais crianças idiotas que tem como missão de vida chocar os espectadores, custe o que custar. Absolutamente recomendado: estou apaixonado por esta estreia do ator Joel Edgerton (que interpreta o adorável freak ''Gordo'') na direção. O Presente é muito melhor do que o não-tão-bom-assim A Corrente do Mal. Como o Blu-ray será da Paris, então provavelmente terei que correr atrás da edição gringa... PS: Rola dois ou três jumpscares no filme, o que fica um pouco fora de lugar, e que pode ter sido imposição da Blumhouse.

E agora os piores do ano...

Pior filme brasileiro visto em 2015: Loucas pra Casar (piadas politicamente corretas e previsíveis, hipocrisias inacreditáveis relacionadas à nudez e ao sexo, e a RI-DÍ-CU-LA chupação d'O Clube da Luta)

Pior filme estrangeiro visto em 2015: 50 Tons de Cinza (o pior do Cine Privé com trilha sonora da pior espécie)

Pior filme não visto em 2015: Starless Whores: O Despertar da Fraude (franquia horrenda + Disney + JJ Ass = desastre certo; todo cinéfilo de verdade tem a obrigação de boicotar essa palhaçada)

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

7 Different Ways to Die

FOUND FOOTAGE TO THE END OF YOUR LIFE

WATCH YOUR OWN DEATH
ON THE PROJECTOR LIGHTS

AUDIENCE LOVES THE THRILL OF YOUR DEMISE

LO-FI KILL:
SO MANY WAYS TO DIE

VHS
Projector lights
Audience
End of your life
Cinema: blade of the knife
9PM: screening afterlife

Grainy film
Record light
Your death, your time to shine
Come join us for the ride
Worst nightmare caught on Skype

Lo-fi, my way, highway replay
Ghost in my head, talk all day
Night time, lifetime, no escape
Juxtapose the grit blood-stained bouquet

Zombie walk, creation bawks
Demon psycho, 8MM corpse
Smile friend when the camera talks
Edgar Allan forevermore


quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

High School Never Ends

Pré-escola.

Escola.

Colegial.

Não sinto qualquer tipo de nostalgia com aqueles dias.

Absolutamente nada daquela época possui valor algum.

E que se foda todas as ''facús'' (AKA colegial parte 2) do mundo, a celebração máxima da estupidez humana disfarçada de algo respeitável.

4 years
You think for sure
That's all you've got to endure


All the total dicks


All the stuck-up chicks


So superficial

So immature

Then when you graduate
You take a look around and you say:


HEY WAIT

This is the same as where I just came from
I thought it was over

Ow, that's just great

The whole damn world is just as obsessed
With who‘s the best dressed

And who‘s having sex
Who‘s got the money

Who gets the honeys
Who‘s kinda cute

And who‘s just a mess

And you still don't have the right look
And you don't have the right friends


Nothing changes

But the faces
The names
And the trends

HIGH SCHOOL NEVER ENDS

Check out the popular kids
You'll never guess what Jessica did
How did Mary Kate lose all that weight?
And Katie had a baby, so I guess Tom's straight


And the only thing that matters
Is climbing up that social ladder
Still care about your hair or the car you drive
Doesn't matter if you're 16 or 35

Reese Witherspoon
She's the prom queen
Bill Gates
Captain of the chess team
Jack Black

The clown
Brad Pitt

The quarterback

Seen it all before
I want my money back

The whole damn world is just as obsessed
With who's the best dressed

And who's having sex
Who's in the club

And who's on the drugs
Who's throwing up before they digest


And you still don't have the right look
And you don't have the right friends
And you still listen to the same shit you did back then


HIGH SCHOOL NEVER ENDS

The whole damn world is just as obsessed
With who‘s the best dressed

And who‘s having sex
Who‘s got the money

Who gets the honeys
Who‘s kinda cute

And who‘s just a mess

And I still don't have the right look


And I still have the same three friends


And I'm pretty much the same as I was back then


HIGH SCHOOL NEVER ENDS

Here we go again...

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Fight the scumbags

https://www.youtube.com/watch?v=rjjeHeAzZZM

Quanta utopia. Quer combater o bullying? Então prepare-se para guerrear com eles.

FUCK THEM ALL.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Retrospectiva Completa Caverna do Dragão Parte I: Labirintos & Monstros (1982)

Antes do desenho animado Caverna do Dragão / Dungeons & Dragons (1983), e de sua trilogia de adaptações live action pro cinema, composta por Dungeons & Dragons: A Aventura Começa Agora / Dungeons & Dragons (2000, de Courtney Solomon), Dungeons & Dragons 2: O Poder Maior / Dungeons & Dragons: Wrath of the Dragon God (2005, de Gerry Lively) e o ainda inédito por aqui Dungeons & Dragons: The Book of Vile Darkness (2012, também de Lively), houve este Labirintos & Monstros / Mazes & Monsters (1982, de Steven Hilliard Stern, diretor de cults da era VHS como Nova York: Terra de Ninguém e Duelo no Asfalto), fortemente inspirado em D&D, como o título explicita. Seu elenco é encabeçado por um ainda desconhecido, e francamente bastante canastrão, Tom Hanks - que, um ano antes, havia aparecido brevemente em outro filme de horror, o slasher Trilha de Corpos. Portanto, Hanks iniciou sua carreira fazendo os tipos de filme que seu mega-desconhecido irmão Jim (de Xtro 3: O Massacre e Blackops) fez a vida inteira. L&M é a sua primeira participação grande. Há ainda Vera Miles (Psicose 1 e 2), como sua mãe alcoólatra, e Chris Makepeace (Vamp: A Hora dos Vampiros) como o nerdmaster depressivo Jay Jay.

 ''Labirintos & Monstros é um RPG (Role Playing Game), um jogo aparentemente inocente, onde os jogadores criam personagens imaginários em um mundo fantasioso de terrores inventados. Mas, nesse caso, pode haver uma falta de distinção entre vida e fantasia - com a possível perda da vida durante o processo.''

Trocando o ''Dungeons'' e o ''Dragons'' por ''Mazes'' e ''Monsters'' (há todo um cuidado para não dizer o nome de sua inspiração - os personagens chegam a falar ''caverns'' e ''caves'', e nunca ''dungeons''; mas ao menos um ''Grande Dragão'' é mencionado lá pelas tantas, numa cena muito bizarra, que Hanks talvez queira apagar de sua trajetória), Labirintos & Monstros foi a primeira encarnação do famoso RPG para o cinema. Mas, lendo acima a frase de abertura do filme, poderíamos imaginar que a trama (também com fortes referências à Tolkien) está mais para o controverso Vampiro: A Máscara, do que para o idolatrado D&D. Tal ''brincadeira'' servirá como um caótico misto de terapia e entretenimento levado as últimas consequências, com seus participantes lidando com problemas reais através do tabuleiro: ''não podíamos ver monstro algum, somente a morte da esperança''.



Este jogo ganhará vida (literalmente) por um grupo de jovens algo desajustados e com problemas familiares - os pais controladores são presença garantida aqui. Hanks faz o viciado em recuperação no tal jogo, tentando largar a doença e tendo que encontrar forças sobre-humanas para enfrentar a constante tentação do retorno.


Como ficou bem claro até agora, o filme (uma fantasia com elementos de terror) adentrará o território do subgênero ''RPG mortal'', visto em produções díspares como Quinteto (1979, de Robert Altman) e Sangue Eterno (2001, de Jorge Olguín). Algo mais ou menos parecido também ressurgiu no recente Ch@t: A Sala Negra (2009, de Hideo Nakata).

''O seu Controlador de Labirinto está junto de vocês, invisível aos seus olhos. Agora... Que a jornada inicie.''

É interessante perceber como o universo D&D foi retratado de maneira radicalmente diferente em quase todas suas adaptações no cinema e na TV. Com exceção dos similares dois últimos filmes live action (parecidos por serem na mesma vertente e do mesmo diretor; houve uma preocupação com a fidelidade após o completo fiasco do filme de 2000), Labirintos & Monstros não tem nada a ver com o adorado desenho animado A Caverna do Dragão - e os dois também não possuem semelhanças com o desastroso Dungeons & Dragons: A Aventura Começa Agora, um dos filmes mais detestados já feitos, com seu elenco de estrelas (Jeremy Irons, Thora Birch, Marlon Wayans) pagando um mico tremendo.

Labirintos & Monstros é a abordagem mais original e acessível da seleção, focando nos jogadores ao invés dos personagens - fazendo então empolgantes bastidores dos que habitam o jogo. Há um contra: o romance na história é um tanto vergonhoso, rendendo diálogos fracos que comprometem o fluxo geral. Ainda assim pode ser dito que é o mais adulto, e enfim menos nerd (parece até ser anti-nerd, com uma imagem possivelmente pejorativa dos jogadores de RPG), das cinco versões. É D&D para quem não está habituado ao mundo D&D.

A princípio iria mesmo se chamar Dungeons & Dragons - seria engraçado ver algo anti-RPG usar o nome do RPG mais famoso de todos - e Rona Jaffe baseou seu romance em um caso real de RPG se tornando mortal.

O filme de Stern é uma intrigante curiosidade oitentista que merece uma espiada, ou uma revisão. Traz uma abordagem bastante interessante da alienação e demais horrores de ser jovem.

Recomendado.





PS: E nem adianta disfarçarem a fonte de inspiração, que até os leigos sacam que isso daqui é D&D. Trechos dos guias do Leonard Maltin e da dupla de patetas Martin & Porter, respectivamente:

''Four college students become involved in the medieval fantasy world of game-playing. Tom Lazarus's intriguing Dungeons & Dragons script from Rona Jaffe's book makes this an engrossing thriller.''

''... College students whose interest in Dungeons & Dragons becomes hazardous.''

É isso aí.

''Essa caveira pode nos ajudar?''

''Só o tempo dirá.''


domingo, 6 de dezembro de 2015

(The) Psychic [Hearts]

I know you have a fucked-up life
Growing up in a stupid town
Your mother was a mixed-up chick
And your father, he just fucked around

A little too much for his own good
I'd kill the bastard if I could
Kill all the boys with their fucked-up noise
And all the bullshit they seem to enjoy

The kids at school call you slut
Nothing but...
What the fuck are they into?

Stupid fools

Losers

Assholes

Suck all the luck

Out of the world
The world with you
If I can get it back to you, I will
Kick their asses all over town
All over town
I'll turn it over

I don't even know you that well
What the hell

The summer spell

What's it like, going out?
Noone knows what you're about

Abused
And used
And cut in two
The Hollow Man have nothing to do

Laugh all the time
Try to get high
And try to hide behind though lie

They fucked your head up
That's for sure
Your heart is ripped now
Wrapped in fur

But you know that sex is pretty insane
And magic seems to kill the pain
And the things that go on inside your brain
Makes you seem to think that you're to blame

Don't think about it
Grow it out
Love'em all, and say it loud

Fight the scumbags that slap you around
Scream your crazy lost and found
We don't have to tell you what is right
We have all the faith it was not right

Sadness is
And sadness was
And sadness will always be
Because comfort comes around from the strangest of men

I got no time for sad songs, baby
Don't need you to say I'm crazy
Stick your tongue out and you look at me
And I will buy it obviously
Push you down onto your knees
Do you laugh away in sleaze

You're not the only girl in town
But you're the only one that's got me down
Psychic Hearts go out to you
Psychic Heart go right to you

My prayer to you
Is that you do all the things you set out to do
And live your life the way you love

But will you remember one thing for me?
I will always love you


https://www.youtube.com/watch?v=1J8VYH_xrGc

https://www.youtube.com/watch?v=kyKfcNfdLpI

sábado, 5 de dezembro de 2015

A primeira crítica do novo Star Wars (O Despertar da Força / The Force Awakens)

A única coisa pior do que a bandeca de Steve Headless e Buça Dickinson, o Iron Maidumb, lançar um disco chamado The Book of Souls (dava pro nome ser um pouco menos, hum, patético?), em pleno 2015, é a união de três desgraças supremas (Disney, Starless Whores, JJ Ass - o diretor do caso perdido Super 8; precisa dizer mais?) no intuito de fazer o pior filme do ano – e de, graças à aliança com a Disney, assumir o desafio de transformar aquilo, que já era extremamente infantil, em algo ainda mais infantil. É o programa mais que adequado para as vítimas da infância eterna.


Numa boa? Iria preferir ser fã de One Direction ou Crepúsculo do que de Iron Maiden ou Star Wars.


Pelo menos One Direction é jovem e está na época de ser idiota, ao contrário dos babacas do Maiden, que fazem a mesma coisa (com as mesmas letras nonsense) desde o The Bummer of the Bitch, de 1982.


E pelo menos Crepúsculo tenta debater alguns assuntos relevantes (inadequação social, esquizofrenia, tendências suicidas). Fica só na tentativa, mas já é mais do que a inútil criação do inútil George Lucas – que ainda dirigiu o catastrófico Loucuras de Verão (American Grafitti), tranqueira imbecil que celebra a nostalgia fácil.


Enfim...


É simplesmente IMPOSSÍVEL este filmeco do nerd maldito JJ Abrams ser remotamente decente. Abrams também dirigiu o terceiro Missão Impossível, os dois últimos Star Trek / Starless Treko, além de ter criado Lost, a série que literalmente LOST qualquer chance de ser respeitável da quarta temporada ao ''fim''; CURRÍCULO INVEJÁVEL... Whores ou Treko, qual das duas franquias vocês preferem? Eu prefiro que as duas se fodam.


O Despertar da Força fará os outros piores de 2015, como 50 Tons de Cinza e Loucas pra Casar, parecer respeitáveis.


Antes, Star Wars era lixo Spielbergiano-Hollywoodiano. Agora é lixo Spielbergiano, Hollywoodiano e da DISNEY.

Provando que o que é horrível sempre pode piorar.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

A Noite dos Demônios (1987)

WELCOME TO OUR HOUSE OF DEATH.

(Considerei fazer uma retrospectiva completa A Noite dos Demônios/Night of the Demons, mas, como não gosto das partes 2 e 3, e o remake não parece ser grande coisa, acabei só comentando o primeirão mesmo. (Quem sabe, futuramente, eu acabe revisando as duas sequências, e, finalmente, vendo a refilmagem, aí poderei falar sobre a saga completa.) São comentários breves; se quiserem conferir uma outra resenha do filme, recomendo irem ao excelente link seguinte: http://bocadoinferno.com.br/criticas/2013/06/a-noite-dos-demonios-1988/)

''Essa casa não é assombrada, e sim possuída.''

Tonight is the Night of the Demons. And may the world go fuck itself - very, very much.

Os caretas devem manter distância, já que se trata de um filme que DEFINITIVAMENTE não foi feito para ser visto sóbrio:

Em plena noite de Halloween, um grupo de jovens (entre eles, a ''dupla do mal'' que arquiteta tudo, formada por Angela / Amelia - Mimi - Kinkade e Suzanne / Linnea Quigley), decide celebrar a data na lendária Hull House, palco de acontecimentos macabros do passado: o massacre de uma família nas mãos de um misterioso assassino. Não demorará para que demônios possuem os incautos e façam a festa aniquilando geral - para desespero dos personagens, e alegria do espectador.

Com direção de Kevin Tenney (Witchboard: Espírito Assassino e Pinóquio: O Perverso), A Noite dos Demônios é um dos ''Halloween party movies'' definitivos (tanto que o título inicial dele foi Halloween Party), e que melhor se saem no terreno dos horrores ''Evil Deadianos'', com zooms amalucados, nudez constante (cortesia da scream queen Quigley, de Ruas Selvagens e A Volta dos Mortos-Vivos, que passa o filme inteiro pelada ou com pouca roupa), sacanagens variadas, demônios impiedosos e GORE! Também deve ser citada a hipnótica sequência de dança da Angela. E ainda temos um malucão (o ''Homem-Porco'') que chega a lembrar um dos vilões d'As Tartarugas Ninjas...

Tem aquela nostalgia oitentista (reparem na sensacional introdução animada) que transmite uma sensação de magia mesmo aos expectadores que já não se encontram mais na faixa etária dos personagens. Basta ser um adepto do bom horror adolescente clássico para curti-lo em todas suas camadas. Ter jovens atores que apareceram em outros cults da época, como Lance Fenton (um dos bullies de Atração Mortal/Heathers) e a sensacional japinha Jill Terashita (que enfrentou outra Angela diabólica em Acampamento Sinistro 3/Sleepaway Camp 3: Teenage Wasteland) ajudam a aumentar o nível do aspecto saudosista da produção.

Foi seguido por A Noite dos Demônios 2 (lançado em VHS pela América), que tem lá suas qualidades, mas acaba sendo arruinado pela insuportável Irmã Gloria (curiosamente tem o carinha lá da Boca do Inferno falando que a parte 2 é o seu filme favorito de todos os tempos; bem, cada louco com sua mania: antes idolatrar uma sequência mais ou menos competente de terror do que palhaçadas jedi, né?) e pela totalmente ridícula terceira parte (A Casa do Diabo é o título da VHS da Live), além do remake com o Edward Furlong.
Um dos terrores mais divertidos e nostálgicos dos anos 80 ou de qualquer outra década: imperdível para fãs d'A Morte do Demônio/The Evil Dead (outra trilogia similar também queimada pela mais que dispensável terceira parte) e Demônios: Filhos das Trevas/Demons/Demoni.
 

Night of the Demons rules.

Para fechar, duas ótimas canções farofeiras da trilha sonora: a primeira conta com um vocal tipo Asshole Rose (o afetado cantor do Gays N Posers), mas é do mesmo ano do Appetite for Destruction; já a segunda fala sobre ''Computer Dates'' em pleno ano de 1987 - visionários.

''Drink, get stoned and party all night:

Come on out and party with the dead. Sun's going down, better say your prayers. The Demons come alive on Halloween.

Come on out and party with the dead. Night of the Demons... Say your prayers. The Demons come alive on Halloween.''

https://www.youtube.com/watch?v=wUUDUAEOWmw

''WE'LL... DO... REAL... She wants a Computer Date... Just your little Computer Date... She can take some abuse and never blow a fuse...We did it real, too real.''

https://www.youtube.com/watch?v=dP7D1kI0EBk

Sim, a trilha sonora é um espetáculo à parte: só rockão de estilos diferentes, contando até com Stigmata Martyr, do Bauhaus. Rola também referências a bandas punk do período, como Dead Kennedys, Fear e TSOL. Uma mistura de vertentes do rock, portanto - sem preconceito.

E o trailer...

https://www.youtube.com/watch?v=n0BvzLS4OsA

... mais a ótima vídeo-resenha do 101 Horror Movies:

https://www.youtube.com/watch?v=f1NMAZZNXFY

PS: A capa abaixo é do DVD autorado da Start Home Video, do Thiago Amora, dedicada a cults e clássicos do cinema de horror. É a forma ideal de adquirir o filme com legendas em português, já que ninguém mais se importou em lançá-lo por aqui em qualquer formato.

''Data da morte:

TONIGHT.''

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

100 Reasons Why James Bond Sucks Balls

100 RAZÕES PELAS QUAIS JAMES BOND CHUPA BOLAS

As minhas partes mais favoritas:

''The miserable formula of girl + 'exotic' locations + bad guy with stupid name + crappy bedroom repartee + plot to take over the world + exploding control room = the same as the last one, only in Antigua or somewhere.''

''Sean Connery is terrified of spiders and had to do the tarantula scene in Dr. No using a big glass screen. What a girl!''

''Fleming is really the precursor of Michael Crichton, John Grisham, Tom Clancy and all the other miserable fantasist boy scribblers.''

''And how come everybody thinks the Bond songs are so great when they're done by talents like Lulu, Duran Duran and A-Ha?''

''Wings' title song for Live and Let Die contains the line ''in this ever-changing world in which we live in'', which is stupid.''

''Compared to the catatonic Moore, Lazenby was De Niro.''

E a melhor parte de todas:

''Jaws returned in Moonraker because he appealed to real Bond fans = DUMB-ASSED KIDS.''

É a mais pura verdade.


quinta-feira, 26 de novembro de 2015

''O carro é uma arma.''

https://www.youtube.com/watch?v=Dmk_WHcYSMM

''O carro é uma arma e, quem o dirige, um assassino em potencial.''

Alexandre Delijaicov: um cara legal pra caralho.

Carro é coisa de cuzão mesmo.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Deadliest Prey (2013)

''To all of you sick fucks out there, today is the day Mike Danton dies. Today is the day I'll have my revenge.''

7 Noites em Claro: um lugar de Prior-idades cinematográficas.

Já são três clássicos do mestre recém-falecido David A. Prior (um cineasta em que o genial e o deplorável andam lado a lado) disponíveis em Blu-ray nos Estados Unidos. Quer saber? Para quem reside nos EUA, colecionar BD deve ser algo bastante empolgante, com empresas como Criterion, Blue Underground, Grindhouse, Synapse, Kino, Redemption, Scream / Shout! Factory, Arrow US (parece que a Arrow se tornou uma empresa exemplar, aprendendo com os erros do passado...), e agora essa Slasher Video (nome maravilhoso), que lançou o decente Killer Workout (Aerobicide), o melhor pior filme já feito Deadly Prey (que teve pelo menos CINCO títulos diferentes no Brasil: Exterminador de Mercenários e Extermínio de Mercenários em VHS; já, na TV, se chamou Danton: Sozinho e Armado, Isca Mortal e Presa Mortal) e a sua muito aguardada sequência/refilmagem Deadliest Prey.

É claro que a mitológica trilha sonora (''TAM... TAM NAM... TAM NAM... TAM NAM... TAM TAM TAM!'') teria que voltar também, assim como o trio principal composto por Ted Prior (o lendário Mike Danton, que aqui será levemente auxiliado por Mike Danton Jr. - Michael Prior, filho de Ted), David Campbell (Coronel Hogan) e Fritz Matthews (fazendo o irmão gêmeo do Thornton do filme original; decisão tosquíssima idêntica ao que a Turma do Gueto fez com o papel duplo do igualmente tosco Alexandre Frota).

A diferença é que, agora, o treinamento de mercenários, no qual Danton será caçado pelos soldados de Hogan, é transmitido ao vivo pela Internet, para que o mundo inteiro veja as peripécias de DANNNNNNTONNNNNN!!!

Há ainda um grupo de nerds desocupados (liderados por Zack Carlson, meio que sósia do próprio David Prior, e fã obsessivo de longa data do diretor; Carlson foi um dos responsáveis pelo lançamento do slasher surrealista Sledgehammer, estreia de Prior, em DVD), que também se juntarão a Danton no Extermínio de Mercenários.

Como se trata mais de um remake do que de uma parte 2, temos uma repetição praticamente exata dos acontecimentos da produção de 1987 (se lá o background era a Guerra do Vietnã, aqui há referências ao Afeganistão), o que deixa (The) Deadliest Prey um tanto previsível - não que os fãs irão se importar, afinal é um novo filme do Mike Danton!

Trasheira pura de orçamento mínimo só recomendada aos fãs hardcore do filme original.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Japan: Adolescent Sex...

 Viadagem extrema por viadagem extrema, eu SEMPRE irei preferir Japan a X-Japan.

Antes os precursores do new wave do que os não tão precursores do VK. Antes uma banda extremamente nostálgica que influenciou Hanoi Rocks do que uma banda que influenciou... Bem, coisas tão horríveis quanto, que nem merecem ser citadas.

MÚSICA ORIENTAL BOA COM VOCAL MASCULINO É LENDA URBANA.

JUSTIN BIEBER >>> VISUAL KEI


https://www.youtube.com/watch?v=nsbrw9Y6_ng

https://www.youtube.com/watch?v=zLhF2ptc3fI

https://www.youtube.com/watch?v=2JcSyogpYxc

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

O lançamento em Blu-ray mais WHAT THE FUCK da história

''If your teacher says you're bad and sends you to the principal...

YOU CAN BE A GARBAGE PAIL KID

If your parents say you dress like you should be in a carnival...

YOU CAN BE A GARBAGE PAIL KID

It's international
Radical
How anything unusual

ENDS UP LIKE A GARBAGE PAIL KID

You think you're all so brave
And all so cute
But you don't understand
You try to persecute
Well, here's a pail
And here's a lid

YOU CAN BE A GARBAGE PAIL KID
YOU CAN BE A GARBAGE PAIL KID''


https://www.youtube.com/watch?v=iEgEQQ44ogo

Mais uma prova concreta de que qualquer coisa pode ser lançada em Blu-ray nos EUA, e nenhum lançamento no formato acaba sendo suicídio comercial por aquelas praias: um dos melhores piores filmes já feitos, The Garbage Pail Kids Movie (Os Gênios do Lixo, AKA Gang do Lixo, AKA Loucomania) foi anunciado pela Scream Factory (Shout! Factory) para sair no já consagrado pack BD + DVD em Dezembro. Nada como comemorar o Natal com as horrendas-adoráveis criaturas do filme infantil (?) mais ofensivo, escatológico e absurdo já cometido pelo ser humano. Tal release em HD poderá gerar toda uma nova geração de pivetes revoltados que também irão querer se tornar ''crianças do latão de lixo''. E não somente está saindo no formato, como se trata da COLLECTOR'S EDITION, com um punhado de extras apetitosos para nenhum dos cinco fãs botar defeito.


Lançado em 1987 (o ano oficial dos melhores piores filmes já feitos; para se ter uma ideia, também é o ano em que Contagem de Cadáveres / Body Count, Comando de Ataque / Strike Commando, Prova de Fogo / Bulletproof, Hell Comes to Frogtown, Entrada para o Inferno / Rock N Roll Nightmare, Sinistra Passagem para o Havaí / Hard Ticket to Hawaii e Conexão Miami / Miami Connection foram feitos - SÓ COISA FINA), Garbage Pail Kids foi um fracasso de crítica e público, e figura entre os exemplares mais mal cotados da história do IMDB (confiram o carinho pela bagaça: http://www.imdb.com/title/tt0093072/reviews?ref_=tt_urv). Em sua época, pais horrorizados com os grotescos personagens do título até chegaram a organizar um protesto para retirar a produção dos cinemas!!! Deve ter sido bem chocante ver cinema infantil onde seres bizarros ensinam as crianças a se comportarem como freaks delinquentes vivendo a margem da sociedade, e a se revoltar contra a escola e as autoridades:


''We must stay away from the normies.''


''Who are the normies?''


''The normal people.''


Os Gênios do Lixo, um autêntico prazer guilty pleasure anti-Disney, é uma das VHS mais queridas (e mais raras, já que não encontrei nenhum registro dela em guias ou na Net) da minha coleção. A deixo guardadinha ao lado de Laranja Mecânica (e dá-lhe Kubrick se debatendo no túmulo), e nem tenho coragem de colocá-la de novo no VCR, com medo da mesma ser comida pelo bichão. É isso mesmo: nunca ponho minhas fitas favoritas dentro do vídeo mais de uma vez. E precisava escaneá-la pra poluir a Internet com sua capa bisonha:


''DO LATÃO DE LIXO PARA DENTRO DO SEU CORAÇÃO.''


Tal VHS é tão inalcançável que muitos fãs das figuras da Gang do Lixo (teve ainda uma segunda série de stickers, chamada ''Loucomania'' - WTF?!) nem sabem que o filme foi lançado por aqui em vídeo. Tais figurinhas adesivas fizeram a festa de muita criança xarope mundo afora, mas, curiosamente, apesar de também ter sido uma dessas crianças perturbadas, eu NUNCA tinha ouvido falar de Garbage Pail Kids até adquirir a VHS dessa desgraça em Janeiro desse ano.


É uma obra inacreditável que pode causar sequelas incuráveis nos não-iniciados no campo da trasheira extrema, como bem atesta esses dois vídeos do impagável Nostalgia Critic (uma versão pobre do Cinema Snob - e que também ''chupa'' o Steve ''Minha Vida É um Inferno'' Oedekerk):


 https://www.youtube.com/watch?v=tEvJHym8NKg
 https://www.youtube.com/watch?v=_8Ik0xbSjSY

E o mundo que se prepare, pois vem aí o doc sobre a desgraça: http://www.imdb.com/title/tt3711708/?ref_=fn_al_tt_3

Pelo visto é mesmo a temporada dos lançamentos inacreditáveis em BD lá fora, já que, semana que vem, estará saindo o absurdo Deadly Prey (Presa Mortal, AKA Exterminador de Mercenários, AKA Extermínio de Mercenários, AKA Danton: Armado e Sozinho), outra ruindade magnífica do inspirado ano de 1987. E, daqui a duas semanas, no campo ''arthouse'', acontecerá o debut das duas versões do genial Out 1 (Noli Me Tangere e The Spectre) em um sensacional box em ''Rai-Azul'' na Terra do Tio Sam e do Hip Hop.


OK, consegui citar Rivette e Kubrick numa postagem sobre Os Gênios do Lixo. Esquizofrenia rules.


Ahh, e antes de pular fora, eis uma curiosidade bem interessante: o líder dos Garotos do Lixão é interpretado por Phil Fondacaro, que está no meu filme favorito: o absolutamente genial The Nature of the Beast (Bad Company / Maus Companheiros / Natureza Diabólica, 1994), de Victor Salva.


''The Garbage Pail Kids Movie is the proof that God doesn't exist. And, if he does, that he hates humanity.''

Return to Sleepaway Camp (2003/2008)

Normalmente não iria acontecer uma postagem sobre o desnecessário Return to Sleepaway Camp (filmado em 2003 e lançado apenas em 2008; sim, o quarto Sleepaway foi ''lançado'' depois do quinto - essa franquia é pura esquizofrenia em vários sentidos, e só os três primeiros devem ser levados em consideração), de longe o pior Sleepaway Camp já feito. Mas, como a proposta é comentar absolutamente todos os filmes da série, então aqui estamos nós de novo.

25 anos após um dos grandes slashers já feitos, o próprio realizador do original, Robert Hiltzik, voltou ao mundo da direção com Return to Sleepaway Camp, uma variação do seu trabalho de 1983 (na mesma vertente de outros casos de ''sequência-remake'', como o segundo The Evil Dead - que, assim como Sleepaway, é outra franquia geradora de confusão nos títulos no Brasil; curioso que, numa cena de bullying, os agressores seguem gritando juntos ''Blowjob'' - apelido do nosso ''querido'' protagonista - de forma parecida com o ''join us'' dos demônios de Sam Raimi...) que ignora a existência das partes 2 (Unhappy Campers) e 3 (Teenage Wasteland). Outra coisa que retorna de 1983 é a temática ''whodunit'' (quem será o assassino dessa vez?), totalmente deixada de lado nas sequências de 1988 e 1989.

Além de Sleepaway 1 e Return to..., Hiltzik não dirigiu mais nada na vida, e aqui se mostra bem fora de forma, nos oferecendo o obeso protagonista Alan, AKA Blowjob (o bully que sofre bullying), um sujeito simplesmente insuportável. O Cinema Snob acertou na mosca ao dizer que ''Return to Sleepaway Camp tem o protagonista mais detestável desde O Triunfo da Vontade.'' A proposta parece ser a de fazer de Alan uma mistura de três personagens de Sleepaway 1: da Angela (será que ela aparece aqui?) com seu primo Ricky (que está no filme, e interpretado pelo mesmo ator do original, Jonathan Tiersten) e aquele gordinho nerd, o Mozart. Se o original possuía toda uma proposta anti-bullying, aqui o personagem principal É bully. É simplesmente impossível simpatizar com o tal Alan.

Todo o aspecto cômico da narrativa (talvez uma tentativa de se aproximar em tom do 2 e do 3...) possui ares de sitcom dos mais amadores, e também não funciona de maneira alguma, deixando o pobre espectador torcendo para que o final de tanto sofrimento chegue logo.

As mortes até são brevemente criativas (reparem na castração), mas, se você não for um fã completista da série, então nem perca o seu tempo com Return to Sleepaway Camp, que, antes da primeira morte, te deixa imaginando se você não está assistindo o filme errado. (Sleepaway Camp 4: The Survivor também é ruim, mas pelo menos PARECE Sleepaway Camp, com uma mulher no papel principal, e possui a desculpa de não ter sido finalizado.)

Como curiosidade, também há o retorno de Paul DeAngelo (Ronnie) e as presenças de Isaac Hayes, em seu último papel, e de Vincent Pastore (Família Soprano). Tiersten aqui está a cara do Nick Stahl, e tem um maconheiro (o Weed!) sósia do Zack Ward, o Postal Dude em pessoa.

Queima totalmente o filme do original, com um final que dá vontade de atirar na tela da TV; garanto que você irá tentar apagar aquela sequência da sua cabeça. É bizarro demais pensarmos que tanto o melhor slasher já feito quanto o pior são do mesmo realizador.

Enfim...

O lixo do lixo, que nem merecia qualquer tipo de análise. Fujam com todas as suas forças.


Sleepaway Camp IV: The Survivor (1992/2012)


Acostumou-se dizer que Sleepaway Camp 4: The Survivor é uma tranqueira da pior espécie. E é mesmo. Mas, ao contrário do também horrível (e MUIIITO pior) Return to Sleepaway Camp (2003/2008), The Survivor tem ao seu favor a desculpa de ser um desastre pelo fato de nunca ter sido finalizado - mas, mesmo assim, ter sido lançado (primeiro no box da trilogia intitulado Survival Kit, e depois numa edição que se junta a trechos dos três primeiros filmes inseridos na bagunça geral).

Em 1992 as filmagens de The Survivor foram iniciadas pelo mesmo estúdio das partes 2 e 3: Double Helix. Com a empresa indo a falência, o projeto acabou sendo interrompido. Duas décadas depois o webmaster do site Sleepaway Camp encontrou uma forma de pegar o material filmado (cerca de 35 minutos) e juntá-lo a cenas diversas (enxertadas em The Survivor de maneira aleatória e esquizofrênica, tornando tudo uma enorme confusão), o que dobra sua duração e o transforma num longa-metragem de 70 minutos. Há também a adição da narração em off, o que piora ainda mais a história.

A trama envolve Allison Kramer, uma vítima de amnésia que nos é apresentada como a única sobrevivente dos filmes anteriores. Ou seja, mesmo antes de ser interrompido e se juntar a colagens dos três primeiros Sleepaway Camp, The Survivor já não fazia o menor sentido. Ela será perseguida por um policial, e terá um envolvimento bizarro com um caçador. É difícil compreender mais do que isso, sendo que o único material disponível é o resgate dos bastidores da produção, elevando o amadorismo geral a um ''resultado final'' onde o mais puro caos reina absoluto.


Em poucas palavras, uma bagunça dos diabos.
 

 

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Acampamento Sinistro II / Sleepaway Camp II: Unhappy Campers (1988) + Acampamento Sinistro III / Sleepaway Camp III: Teenage Wasteland (1989)



Dobradinha com os divertidões Acampamento Sinistro II (Sleepaway Camp II: Unhappy Campers, 1988) e Acampamento Sinistro III (Sleepaway Camp III: Teenage Wasteland, 1989):

Continuando a comentar a franquia que traz uma adorável confusão em seus exemplares, acampamentos e assassinos...

Graças à repercussão gerada pelo final absolutamente unbelUweBoll de Acampamento Sinistro / Sleepaway Camp (1983), adorável exemplar do slasher ''in the woods'', o filme acabou originando uma cultuada franquia, com a irmã de Bruce Springsteen, Pamela, participando como protagonista das partes 2 e 3 (realizadas paralelamente, roteirizadas por Fritz Gordon, e dirigidas por Michael Simpson, de Funland: O Desequilíbrio do Palhaço) lançadas em VHS no Brasil pela Vic. (Quem sabe a Versátil não decide lançar a inédita parte I em DVD por aqui em um box slasher - junto de preciosidades como Chamas da Morte / A Vingança de Cropsy, The Final Terror, Sledgehammer e outros?)

Enfim, vamos lá então...

Alguns anos após o massacre visto no primeiro filme, temos um novo grupo de jovens acampando (no agora Acampamento Rolling Hills), e a batalha que farão por suas vidas contra a monitora interpretada por Springsteen.

O tom ''sério'' de Acampamento Sinistro 1 é deixado de lado aqui, e substituído pela abordagem puramente cômica e despretensiosa. Este 2 é pura esculhambação anárquica e até chega a parecer coisa da Troma, com uma protagonista radicalmente diferente da que foi vista antes. Tanto o 2 quanto o 3 pertencem a mundos totalmente distantes do primeiro, e poderiam existir mesmo sem ter ''Sleepaway Camp'' no título.

Acampamento Sinistro 2: ''Campistas Infelizes'' é bastante lembrado por trazer toda uma paródia dos clichés do gênero (com as ''pontas'' de Jason, Freddy e Leatherface) quase uma década antes do início da pior franquia da história do cinema de horror: Pânico (Scream) - que só não é a pior cinessérie da história por causa da existência duma coisa chamada Star Wars, e de outra chamada 007. Outro detalhe interessante são os personagens com nomes da chamada Brat Pack (o mais impagável é a dupla de pivetes encrenqueiros Charlie e Emilio - sendo que a irmã da dupla na vida real, Renee Estevez, faz a heroína Molly).

As partes 2 e 3, graças ao orçamento precário, não puderam fazer mortes muito extravagantes, se limitando a muitos assassinatos por batidas de pedaços de pau. Mas neste segundo até temos momentos marcantes (as já citadas sanguinolências ''causadas'' por Freddy e Leatherface) e escatológicas (o afogamento de um personagem na latrina infestada por vermes). Outro tratamento ''fan service'' acontece graças à introdução na tão cara cena da fogueira (onde sempre se conta a lenda da trama), presença obrigatória em todo slasher que se preze.

Já Acampamento Sinistro 3: ''Terra Adolescente Devastada'' (''Party all night! TEENAGE WASTELAND.''), apesar de marcar o retorno da mesma atriz fazendo a mesma personagem, traz, novamente, uma personalidade que difere um pouco da vista na parte 2. Ela aqui está mais atraente e ''carismática'', ao roubar a identidade de uma escoteira, e ingressar em um novo grupo de campistas (do Acampamento New Horizons) - dessa vez, uma ''drug rehab'' com garotos-problema de tipos diversos (entre eles, Jill Terashita, a ''japinha'' d'A Noite dos Demônios - franquia também assombrada por uma Angela...), com direito a um policial vingativo se juntando ao meio. Há novamente toda uma esculhambação nos diálogos, com piadas ofensivas atacando os estereótipos gerais. No elenco também há a ilustre presença do sempre impagável Michael J. Pollard (Os 4 do Apocalipse/Os 4 Pistoleiros do Apocalipse, Os Anfitriões, A Arte de Morrer), como um dos monitores.

Este terceiro filme também sofreu com cortes da censura, e circula sem cortes somente numa cópia com matriz de VHS - extra do DVD/Blu-ray americano.

A franquia seguiu com os bastardos Sleepaway Camp 4: The Survivor (cujas filmagens foram iniciadas e interrompidas em 1992 - para serem ''finalizadas'' em 2012) e Return to Sleepaway Camp (filmado em 2003, e lançado somente em 2008).

Dois dados interessantes da trilogia:

1) A presença de parentes de famosos no elenco dos três filmes. No primeiro há Robert Earl Jones, pai de James, como o cozinheiro. No segundo e no terceiro temos a já citada Pamela Springsteen (que se recusa a comentar estes filmes), irmã de Bruce, e Renee Estevez (que fez outro slasher na mesma época, Violência e Terror/Intruder, além do clássico Atração Mortal/Heathers), irmã de Emilio e Charlie Sheen. No terceiro tem a participação de Tracy Griffith, meia-irmã de Melanie Griffith.

2)

PERSONA!

S-P-O-I-L-E-R-S DA FRANQUIA INTEIRA:

///

Crise de identidade?

Doppelgangers from hell: interessante notar a metamorfose de Angela, que nunca é a mesma em nenhum dos filmes, mesmo quando repete a intérprete:

Ela começa como Peter (Frank Sorrentino), e daí vira Angela (Felissa Rose). Isso, na parte I.

No segundo ela muda o sobrenome (e convenhamos - nem parece ser a mesma personagem). Assim, Angela Baker vira Angela Johnson (Pamela Springsteen).

E no terceiro ela assume a identidade de uma certa Maria Nicastro (vivida por Kashina Kessler na cena inicial).

Já no The Survivor ela é a tal Allison Kramer (Carrie Chambers), supostamente uma vítima de amnésia.

E no Return to Sleepaway Camp ela é o xerife Jerry.

///

(FIM DOS SPOILERS)


sábado, 31 de outubro de 2015

Acampamento Sinistro I / Sleepaway Camp I (1983)






''OHH, LOOK AT ALL THAT YOUNG FRESH CHICKEN.''

''Não são jovens demais pra você?''

''Não existe essa de jovem demais. Existe apenas velho demais.''

Debatendo o slasher mais mentalmente lesado, transgressor e genial de todos.

''You fucking bastards, you're gonna pay for this. Cocksuckers. Pricks. Pussies. I'll kick your fucking asses all over this fucking camp. I'll kill you.''

A aniquilação de bullies se encontra de maneira bastante especial neste cult oitentista que pode até ter a aparência de mais um slasher florestal - mas não é. Numa macabra trama que, de maneira escondida, conta até com pedofilia, incesto e homossexualismo, está um dos mais queridos filmes de matança dos anos 1980.

O primeiro Acampamento Sinistro / Sleepaway Camp (dirigido pelo agora advogado Robert Hiltzik), um autêntico clássico slasher oitentista que revelou Felissa Rose - vista também no maravilhoso e inigualável Horror, de Dante Tomaselli - ao mundo, é mais lembrado pelo seu chocante e perturbador final WHAT THE FUCK?! Epílogo este que possui semelhanças com pelo menos dois ótimos filmes anteriores (um certo delírio surrealista de 1973, e um belíssimo giallo de 1976) e dois posteriores feitos por cineastas de altos e baixos (duas produções frustrantes, sendo uma xaropice aí feita por um cineasta do Reino Unido, em 1992, além da palhaçada otaku Fudô: The New Generation, 1996, de Takashi Miike).

Portanto, não é uma revelação inédita ou única no cinema.

É a forma como ela acontece, e sua importância na trama, que a coloca acima das cenas (mais ou menos) similares dos outros filmes citados. É um raro caso de revelação totalmente sem precedentes na área slasher. O melhor a fazer, para quem não conhece a franquia, é manter distância de qualquer info relacionada aos três filmes (e também aos bastardos - e péssimos - Sleepaway Camp 4: The Survival e Return to Sleepaway Camp), para não correr o risco de ter a surpresa da parte I estragada. Só não mantenha distância dessa resenha aqui, pois o 7 Noites em Claro traz tolerância zero aos spoilers.

(Nota: Na modesta opinião do seu humilde narrador, o final de Acampamento Sinistro I é o momento mais icônico da história dos slashers junto DAQUELA sequência de massacre do também sensacional The Burning, AKA Chamas da Morte / A Vingança de Cropsy.)

Os créditos iniciais de Acampamento Sinistro são ótimos, com as imagens do Acampamento Arawak (que depois viraria Acampamento Rolling Hills e então Acampamento New Horizons) e as tenebrosas vozes em off. Teremos o primeiro acontecimento trágico do filme, seguido pelo ''8 anos depois'', onde seremos apresentados à meiga e silenciosa Angela (Rose, compondo aqui uma das personagens mais especiais do gênero), seu primo Ricky (acompanhado de sua mãe freakazóide, débil e, francamente, insuportável - além de meio assustadora também, se pararmos pra pensar) e suas desventuras no acampamento - onde não faltarão coisas habituais de tramas adolescentes, como esportes, tensão sexual e bullying (felizmente aliadas aos assassinatos em série, a necessária eventual redução de scumbags - ''You're a real scumbag, aren't you, Judy?''). Afinal de contas, os slashers são essencialmente Porky's com mortes violentas.

As camisetas de bandas devidamente esquecidas como Asia e Blue Oyster Cult tentam deixar o filme com um ar datado, mas a atmosfera nostálgica, as mortes absurdas/bizarras/memoráveis, a conclusão from hell, a curiosidade dos protagonistas menores de idade (algo bastante incomum no gênero - eles estão sempre no fim da adolescência, ou já na casa dos ''twenty-somethings''), que chega ao cúmulo das incorreções políticas ao mostrar piadas de pedofilia (o personagem pedófilo ainda possui cumplicidade), e, é claro, a esquisita protagonista (bastante ciente do quanto é inútil tentar dialogar com os bullies) tornam Acampamento Sinistro um slasher definitivamente obrigatório. Ahh, e a música dos créditos finais é muito legal: You're Just What I've Been Looking For (Angela's Theme), de Frankie Vinci; a trilha em geral é bem icônica.

A cinessérie seguiu com os divertidos Sleepaway Camp 2: Unhappy Campers (genial título original pateticamente traduzido aqui para Acampamento Sinistro, na VHS da Vic - cuja qualidade de imagem está na medida para machucar os olhos) e Sleepaway Camp 3: Teenage Wasteland (que também saiu pela Vic em VHS... como Acampamento Sinistro 2!!!), além do já citado e horrível Return to Sleepaway Camp, que marca o retorno de Robert Hiltzik à série como diretor. Houve ainda a tentativa de fazer o Sleepaway Camp: The Survival, que não pode ser finalizado - e circula apenas numa edição que é uma ''fucking mess'', com trechos dos três primeiros filmes colados na bagunça geral.

Lá fora, a trilogia original está toda disponível em lindíssimas edições especiais em DVD e Blu-ray. Aqui só temos as partes 2 e 3 em VHS. Bem... Quem sabe o primeirão não foi lançado em fitinha ''alternativa'' na época, né?

Acampamento Sinistro / Sleepaway Camp: uma compilação de vídeo-resenhas do You Tube



Acampamento Sinistro I (Sleepaway Camp I): resenha positiva do Blu-ray americano

https://www.youtube.com/watch?v=h1xEiOSbd8Y

Acampamento Sinistro II (Sleepaway Camp II: Unhappy Campers) e Acampamento Sinistro III (Sleepaway Camp III: Teenage Wasteland): resenhas (algo negativas) dos BDs americanos

https://www.youtube.com/watch?v=z1-lA_lk3wQ

Survival Kit: resenha do box em DVD

https://www.youtube.com/watch?v=Lrx6O5kpxG4

De quebra, o nosso esnobe favorito comenta os três filmes, mais a bomba Return to Sleepaway Camp e o incompleto Sleepaway Camp: The Survival... (além do tal ''Son of Sleepaway Camp'', que não possui relação com a série)

https://www.youtube.com/watch?v=Dgqjspw7im4

https://www.youtube.com/watch?v=7SIzmNYBWrg

https://www.youtube.com/watch?v=l5fMLiJTof4

https://www.youtube.com/watch?v=vlUwKc0yWUk

https://www.youtube.com/watch?v=tlicVFcLfqA

https://www.youtube.com/watch?v=w9dwgpzGZgY

... e um vídeo em português: o TOP 10 Slasher do Marcelo Carrard / Nudo e Selvaggio (# 4 = 17:26 - 20:04):


''Nada se compara à última cena, uma das coisas mais absurdas, estapafúrdias... É um final tosco, divertido, perturbador... É tudo junto.''


https://www.youtube.com/watch?v=FfNb8WbmztQ

 

As Vinganças de Jennifer (1978-2015)

Cotações:

***** = excelente
**** = muito bom
*** = bom
** = regular
* = fraco
BOMBA! / péssimo

A Vingança de Jennifer (Day of the Woman / I Spit on Your Grave, 1978) ****


O clássico (?) misógino e/ou feminista dividido em duas metades de extrema violência: o ataque à Jennifer Hills (Camille Keaton, de Força Cruel e dos recentes As Senhoras de Salém e O Segredo da Borboleta) por quatro deranged scumbags, e sua sádica vingança contra os motherfuckers. Um ícone cult de gosto duvidoso, reverenciado até hoje e imperdível para fãs de Aniversário Macabro e similares; seu grande atrativo é retratar o que de pior o ser humano pode oferecer. A Vingança de Jennifer é possivelmente o rape & revenge definitivo. Saiu duas vezes em VHS (Look e Jaguar) e duas em DVD (ambas pela Cult Classic). Uma curiosidade: tem um outro filme do diretor, Family & Honor (A.K.A. Don't Mess with My Sister), lançado em VHS por aqui pela Top Tape.

Doce Vingança (I Spit on Your Grave, 2010) *** 1/2



 Atualizando as características do eternamente controverso filme original, ou seja, a perversão e a psicose – que é o que a refilmagem d'A Morte do Demônio deveria ter feito. Mas tem um porém: não possui a provocação do filme de 1978 (aquelas ambiguidades perigosas), preferindo partir pra histeria e para os apelos do chamado torture porn. Seja como for, é um remake de valor que deve agradar os fãs da película de Meir Zarchi. Sarah Butler também esteve no filme de zumbi Os Dementes / Demente, e no ridículo thriller erótico Perigos da Mente. Este remake dirigido por Steven Monroe (O Exorcismo de Molly Hartley) saiu em DVD e Blu-ray pela Paris Filmes, mas sem o tratamento especial da gringolândia.

Doce Vingança 2 (I Spit on Your Grave 2, 2013) ** 1/2


Steven Monroe está de volta com uma sequência caricata e previsível que, apesar de trazer mais do mesmo (em doses maiores, no claro desespero de chocar o pobre espectador), está mais para Albergue (2 e 3 – mas principalmente o 2) e congêneres do que para A Vingança de Jennifer e Doce Vingança. E não adianta o diretor da tralha Terror na Escuridão tentar retomar a obra-prima maldita Mártires – que parece ser o foco de diversos momentos desta sequela, digo, sequência. Ainda assim deverá agradar os menos exigentes. Lançado novamente em DVD e BD pela Paris, e novamente sem ter o tratamento da edição lançada lá fora - que possui as cenas deletadas.

Doce Vingança 3: A Vingança É Minha (I Spit on Your Grave 3: Vengeance Is Mine, 2015) *** 1/2


Nesta parte 3, Steven Monroe foi substituído por um cidadão chamado RD Braunstein. Sarah Butler retorna como Jennifer Hills, agora se escondendo sob o nome Angela; é isso o que deveria ter acontecido no segundo filme... É o mais diferente dos quatro I Spit on Your Grave, e também o mais assumidamente feminista. Realmente há uma história acontecendo aqui (Miss Hills se envolvendo com um grupo de vítimas de estupro e seus dramas e temores), e não somente a combinação estupro + tortura + assassinatos over & over again. Há também toda uma crítica à polícia e ao sistema judiciário - e uma ótima revelação no final. O grande problema do filme: os inúmeros flashbacks de Doce Vingança 1, e a overdose de cenas de ''daydreaming''; tem mais delírios/fantasias do tipo do que A Máscara do Terror (Bruiser) e Réquiem para um Sonho JUNTOS. É algo que tira a credibilidade de qualquer filme se acontecer mais de uma vez; várias vezes então nem se fala.

(...)

Ao que tudo indica, agora já era: virou uma franquia mesmo, e só o Apocalipse poderá impedir novas sequências.

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Não preciso assistir 007 Contra Spectre...

... para saber que o filme (se é que podemos chamar algo nada cinematográfico de ''filme'') chupa bolas. Nem a beleza de Lea Seydoux (Azul É a Cor Mais Quente) e o talento de Sam Mendes (Beleza Americana, Soldado Anônimo) podem salvar uma franquia condenada à ruindade eterna.

James Bond: viu um, viu todos. E nenhum se salva.


terça-feira, 27 de outubro de 2015

Até Que a Luz Nos Leve (2008)

''Onde quer que católicos, ou protestantes, ou outras denominações cristãs venham, eles destroem a cultura. Eles arruínam a cultura. Eles queimam a cultura. E queimam os registros dessas culturas.


O cristianismo é a razão de todos os problemas do mundo moderno.''


Não me identifico com o metal, com suas idolatrias bestas e infantis (como respeitar um meio em que Ronnie James Dio - ele mesmo, ''o cara do chifre'' - é visto como ídolo?), ''Deus do metal isso'', ''heavy metal é a lei aquilo'' e outras baixarias nonsense impossíveis de levar a sério se você tiver 16 anos ou mais. É muita adoração, muita crença... Muita coisa que não gosto.


Por isso e outros motivos, gostei bastante deste fascinante documentário sobre o black metal norueguês, que foge da imbecilidade vista em vídeos documentais sobre metal, tipo aquelas vergonhosas entrevistas da Hard N Heavy e outras palhaçadas. Aqui há uma seriedade, uma sobriedade, uma abordagem honesta e intelectual nos depoimentos (nem sempre - já que não consigo apoiar o assassinato de um homossexual - mas geralmente), que pode surpreender os leigos no assunto; aqueles que acham que o gênero é coisa de ''satanista sem noção''.


Por trás das prisões, assassinatos, suicídios, igrejas queimadas e declarações pró-armas, há um protesto de guerrilha, uma inquietação anti-conformista muito forte. Assim sendo, o black metal é um mundo à parte: não outro subgênero entre tantos, mas algo como uma Deep Web do heavy metal.


Ao contrário de grupos patéticos de white metal disfarçados de algo sério, como KI$$ (um conjunto de rock liderado por um judeu ultra-mercenário; tô fora), Iron Maiden, Saxon, Helloween, Angra e outras lamentáveis atrocidades do igualmente patético mundo ''headbanger'', Até Que a Luz nos Leve apresenta um grupo seleto de músicos de black metal (principalmente Varg Vikernes, do Burzum, e Fenriz, do Darkthrone), almas atormentadas condenadas à reclusão social, com um interesse mais focado na desmistificação do estereótipo e na autêntica expressão artística - muitas vezes acompanhada de um comportamento auto-destrutivo a lá GG Allin e Richey Manic - do que em gravar os mesmos discos eternamente ou elogiar o metal e os metaleiros; na verdade, há um notório desprezo niilista pela cena do metal e seus seguidores de praxe, o que é algo sempre muito bem-vindo. Não espere aqui os comentários padrões do metal falando sobre união da cena e demais utopias.


E declarações contra os EUA e os judeus são também sempre amigáveis.


(...)


Black Metal & Horror Cinema


Ligações com o mundo do cinema (em especial o de horror) ocorrem com uma citação do Sodom à sepultura que aparece no começo de Pavor na Cidade dos Zumbis (1980, do meu mentor máximo Lucio Fulci), mudando o ''Dunwich'' para ''Sodom'', com a participação de Harmony Korine (diretor de Gummo: Vida sem Destino, Julien Donkey-Boy e Mister Lonely), com uma loja que possui o simpático nome Elm Street e também no fato de que este documentário teve uma influência para a criação do clássico instantâneo A Entidade (2012, Scott Derrickson) - que também usou The Boards of Canada em sua trilha sonora. (O que nos leva a indagar: como teria sido o Mr. Boogie não fosse a inspiração do black metal?)


Como o próprio Derrickson chegou a comentar, eu também possuo um conhecimento bem tímido sobre black metal, mas é difícil não reconhecer qualidades encantadoras em certos aspectos de sua história. E Até Que a Luz Nos Leve soube cobrir isso de forma magistral. Deverei revê-lo muitas vezes, pois ele cumpre os dois deveres essenciais de um documentário: registrar algo e, através de tal cobertura, alimentar a inspiração.


Em suma...


Até Que a Luz Nos Leve é do caralho. Uma forte recomendação do blog 7 Noites em Claro.

 

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Os Idiotas (1998)

''Um filme sobre idiotas, feito por idiotas… Para idiotas?''



Não se trata de uma VHS remotamente rara, é de um período tardio do formato (final dos anos 1990), saiu em uma ótima edição em DVD por aqui com a mesma capa – por aquela que TALVEZ seja a única empresa brasileira de home video que se importa com o consumidor, a Versátil (se é que temos uma distribuidora que se importa) – e o mais grave: não é um bom filme; está mais para um precursor acidental de desgraças intragáveis como Jackass e Violência Urbana (Bumfights), além do superior – mas também repleto de altos e baixos – Ex-Drummer.


Ainda assim queria muito (vai entender) ter a fitinha do segundo exemplar do Dogma 95, realizado logo após o também duvidoso - apesar de claramente melhor - Festa de Família/Festa em Família, de Thomas Vinterberg. O meu interesse na fita talvez tenha a ver com o meu interesse na própria Cult Filmes (em parceria com a Imovision), de quem suspeito querer ter todas as VHS lançadas, já que possuem um catálogo invejável, incluindo obras inesquecíveis que figuram facilmente entre as prediletas da casa, como Na Companhia de Homens e Amigas de Colégio.


Os Idiotas, primeiro flerte do diretor com o sexo explícito, acaba sendo um dos Trier mais fracos, junto do abominável O Elemento do Crime/Elemento de um Crime/Elementos de um Crime (sem dúvida uma das piores coisas que vi na vida, onde nem a musa do canibalismo italiano Me Me Lai se salva…), a primeira parte da Trilogia da Europa, que depois melhoraria no OK Epidemia (cuja melhor coisa é a canção-tema Epidemic: We All Fall Down, de Pia Cohn), um raro ''found footage'' (não exatamente, mas whatever) realizado entre 1979 e 1999, e o bom – às vezes genial – Europa, a sua (primeira) consagração internacional.


Bem, no mais, tanto Trier quanto ''o outro cara do Dogma'' começaram mal, e só recentemente fizeram suas obras-primas máximas: Melancolia e Ninfomaníaca II no caso do primeiro, e o imbatível A Caça no caso do segundo.


… mas, seja como for, Os Idiotas tem sim os seus bons momentos de anarquia e inconformismo...


''Do que adianta uma sociedade cada vez mais rica se ninguém é feliz?''

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Céline & Julie Vão de Barco (1974)



Fantasmas. Gatos misteriosos. Palhaços misteriosos. Drogas e sonhos. Chaos Magik e sigilos de destruição. Ocultismo. Simbolismos macabros. Personagens que trocam de lugar entre si, chegando ao cúmulo de trocar de lugar com o espectador - que entra na trama e passa a ser assombrado também. Mas acima de tudo: magia - dentro e fora da arte cinematográfica.


Nouvelle Vague demais para o cinema de horror, ou horror demais para o cinema da Nouvelle Vague? Revendo o ponto máximo dos ''drug movies'': Céline & Julie Vão de Barco (1974), de Jacques Rivette.


''Aquilo ali é um fio visível ou mensagem subliminar? E aquilo lá, está daquela forma por acaso ou é mais simbolismo? E... aquela cor está mudando ou é impressão minha?


E o que o Rivette quis dizer com isso? Seria uma maneira de falar que as mulheres permanecem crianças a vida inteira? Será uma forma de mandar um grande CALA A BOCA para todos que dizem ver algo de manifestação feminista no filme?''


Pensar que a ideia inicial era somente ver a abertura e avançar no fast forward, pra ver se o (novo) disco (de back-up) estava rodando OK...


Na semana passada, eu e o Bob / Mr. Shakra, que é também um gigantesco fã deste filme, acabamos fazendo uma sessão memorável de C&J (título 100% completo: Scènes de la Vie Parallèle 1: Céline & Julie Vão de Barco - Phantom Ladies Over Paris), possivelmente o mais original, estranho e exigente dos filmes de mansão assombrada (ou ''old dark house''), além de ser descrito por um usuário do IMDB como ''talvez o único filme realmente surreal já feito''. Não sei se concordaria, mas não deixa de ser uma observação bastante interessante: C&J já tinha algo de horror Kubrickiano (apesar de Rivette odiar Kubrick) antes d'O Iluminado, já era Lynchiano antes de Lynch fazer longas, e já mostrava que ''a magia está em todo lugar'' três anos antes de Suspiria. Pode parecer loucura tecer tais comentários, associando o filme (de um dos nomes chave da Nouvelle Vague) ao campo do terror, mas C&J é, na verdade, muito mais amaldiçoado, secreto, indecifrável e perigoso do que cinéfilos e críticos vem apontando desde sua estreia, em 1974. É uma obra que sempre se transforma em algo novo, algo além, em cada revisão. Um ponto verdadeiramente único na história do cinema. Por mais que eu também ame a versão longa de Out 1 (Noli Me Tangere, com 13 (!!!) horas de duração) e Duelle (a década de 1970 foi mesmo o auge artístico do diretor), vou ser bem óbvio quando o assunto é Rivette: C&J é o meu Rivette favorito. E eu sempre irei considerar C&J terror - mesmo que o mundo inteiro me considere insano por isso. (Se for para rotulá-lo cautelosamente, então o chamaria de uma fantasia surrealista inusitadamente 3D - levemente cômica, e com um cenário de horror.)


Em tempo, C7J também já foi chamado de ''a experiência cinematográfica mais essencial da vida''. Assisti-lo pela primeira vez pode causar uma sensação de sonhar acordado das mais únicas; no meu caso, na época, parecia que as coisas ao redor iriam (ou já estavam) voando - ou algo assim. Por mais que tentar comentá-lo seja uma missão fadada ao fracasso, devo admitir que os comentários do IMDB são sim, em seus melhores momentos, bem instigantes. É muito difícil resenhar Rivette, portanto só estou fazendo uns comentários livres sem nenhuma pretensão - e ciente da possibilidade de eventuais delírios em relação a suas liberdades.


Da mesma forma que o brasileiro Prova de Fogo é pró-macumba, C&J pode ser visto como pró-voodoo, pró-álcool/drogas e anti-social. Sua mensagem parece ser a de que a única possível escapatória se encontra no campo da magia - às vezes, da magia negra. Já que o sistema da vida é puro nonsense, por que então não aderir de vez ao absurdo?


C&J se passa num universo onde a vida e a morte não possuem muita diferença; onde o passado, o presente e o futuro andam lado a lado, e tudo parece fazer parte de eternas visitas a um limbo do qual não queremos abandonar - seria ele um precursor acidental d'A Caverna do Dragão e de Lost? A ''história'' foca nas duas personagens do título (amigas? parceiras do meio da mágica? vizinhas? parentes?) e o envolvimento que irá acontecer entre elas e os fantasmas (Barbet Schroeder, Bulle Ogier, Marie-France Pisier) habitantes de uma mansão mal-assombrada, em eternos conflitos de maldições, pesadelos e bizarrices. O primeiro (?) contato entre a sensual Céline (Juliet Berto) e a amalucada Julie (Dominique Labourier) culmina numa perseguição por vielas e afins similar a Harry correndo atrás de sua filha, Cheryl, no começo do primeiro game Silent Hill, feito 25 anos depois - algo assim, como uma variação de Donald Sutherland em Inverno de Sangue em Veneza.


(Aliás, Jeanne Moreau e Anna Karina são o escambau. Para mim, Bulle e Juju Berto são as musas definitivas da Nouvelle Vague.)


As mais de três horas do filme (3 horas e 5 minutos - a cópia integral possui 7/8 minutos a mais) passaram de maneira totalmente despercebida, sendo que, volta e meia, pausávamos para debater alguma coisa relacionada a ele, ou rebobinávamos para (tentar) ver melhor algum detalhe. Outros filmes foram lembrados e brevemente comentados durante a sessão, como a ''trilogia'' Mulholland Drive (A Estrada Perdida, Cidade dos Sonhos, Império dos Sonhos), As Margaridas / As Pequenas Margaridas, Hausu e Para Sempre Lulu (não me perguntem o AKA dele - nunca irei lembrar), além dos 4 filmes diretamente ligados ao universo C&J: Duelle (Uma Quarentena) / Duelo (1976), Noroeste (1976, o único Rivette que não gosto) e A História de Marie & Julien (2003), além do mais que obscuro Sérail (Surreal Estate ou Deception, de 1976).


No fim das contas, parece que quanto mais se debate sobre o filme, menos estamos perto da ''verdade'', da solução deste enigma chamado Céline & Julie Vão de Barco. O que diabos seria essa viagem de ácido em forma de cinema? Como comentei antes, é um filme que está tão ''acima'', tão evoluído em seu maravilhamento e leque de complexidades, que tentar fazer algum tipo de crítica acaba sendo puramente superficial e vazio. Ou então, algo que resultará em cair numas viagens das mais malucas - mas se o propósito dele é mesmo surtar e embarcar em realidades paralelas, então é possível estarmos no caminho certo. O único filme que considero tão contundente quanto ele na área do surrealismo acaba sendo o injustiçado Comando Out / Desvio Mortal / Fúria Terrorista (1982, de Eli Hollander) - bastante Rivettiano também, até no título original (Out).


Pena a Criterion (ou qualquer outro selo com poder para tal) nunca ter se importado em lançar este ou outro Rivette com o tratamento que merece, com o próprio fazendo comentário em áudio, etc. É uma lacuna que incomoda bastante - uma grande injustiça a um cineasta absolutamente genial e obrigatório.

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

As Senhoras de Salém (2012)


Após perder fãs com seus dois Halloween (2007, 2009), o rockstar que virou cineasta Rob Zombie volta a boa forma mostrada em A Casa dos Mil Corpos (2003) e (principalmente em) Rejeitados pelo Diabo (2005) com As Senhoras de Salém / The Lords of Salem, realizado em 2012.

O inferno é liberado na cidade de Salém após a DJ interpretada por Sheri Moon Zombie (musa e mulher de Zombie) receber um misterioso disco do grupo intitulado The Lords - seria uma referência ao The Lords of the New Church? Tal álbum, com sua sonoridade hipnótica e assustadora, poderá causar a dizimação da população de Salém.

As Senhoras de Salém não parece em nada com os trabalhos anteriores do diretor. Há ecos de clássicos do horror italiano (em especial as Três Mães de Argento mostradas em Suspiria e A Mansão do Inferno) e Jodorowsky, formando uma galeria de simbolismos tétricos (por vezes blasfemos, por vezes carregados de sexualidade mórbida, e sempre de forte impacto visual) que permeiam por toda a duração do filme. Mostra uma faceta de Zombie que seus detratores não imaginariam existir.

O melhor do diretor depois do quase perfeito Rejeitados pelo Diabo.