Filmes
vistos na Mostra (título completo: Mostra Internacional de Cinema de São Paulo)
de 2016...
(A postagem que inicialmente se chamaria: Fuckin'
Freakin' Over Friggin' Friedkin: Meeting Mr. William Friedkin.)
Após
uma tentativa fracassada de conseguir ingresso para a sessão gratuita de
Persona (AKA Quando Duas Mulheres Pecam - título que é vergonha alheia total)
seguida por debate sobre o mesmo, eis que o primeiro dos cinco filmes que
assisti na Mostra de 2016 foi...
Filme
# 1: Variety (1983, Bette Gordon)
Cotação
= * (fraco)
Eu
nem teria visto este filme, e fui mais na seção como desculpa para encontrar o
amigo Denis e, além de bater o papo nerd-cinéfilo de praxe (o de sempre: sentir
a falta de David Prior, mandar a dupla Spielberg / Lucas tomar no olho do cu,
debater qual Paul Anderson é o menos pior, se é o Thomas ou o WS, etc), poder
finalmente fazer uma negociação de filmes que estamos tentando realizar desde o
começo do ano.
Como
o Denis não apareceu (''standing me up''), tive que encarar sozinho (com mais
cerca de 30 infelizes espectadores na sala, sendo que alguns mais sensatos
pularam fora durante a exibição da trasheira no pior sentido do termo; já o seu
humilde e sofrido narrador aguentou a sessão de horror até o seu término, na
ilusão de que o treco poderia ficar menos pior) uma hora e quarenta minutos do
filme da tal Bette Gordon, de quem jamais havia ouvido falar, mas que já estava
com o pé atrás desde o primeiro instante. Afinal de contas, alguém aí saberia
citar uma única grande cineasta mulher na história do cinema? Pois é, foi o que
pensei. Talvez a que chegue mais perto seja Mary Lambert, que fez dois filmes
bastante interessantes em um mesmo período (a segunda metade dos anos 80): o
terror Cemitério Maldito (AKA Cemitério de Animais, AKA Cemitério da Morte -
títulos da cópia em VHS ''alternativa'') e a bizarrice inacreditável Marcas de
uma Paixão, um dos principais ''drug movies'' dos anos 80. Ainda assim, não sei
se poderíamos chamar os dois de obras-primas e, ao olhar o resto da filmografia
de Lambert, fica claro que a balança pesa mais pro lado negativo. Já diretoras
como Asia Argento, Claire Denis, Catherine Breillat, Jane Campion e a
indescritivelmente horrorosa Kathryn Bigelow (a nossa - ? - ''querida''
mulher-macho) nos levam a perguntar como podem ser tão celebradas, se
colecionam tranqueiras indefensáveis em suas carreiras. A ''nossa'' Laís
Bodansky (sei lá se se escreve assim) também entra nessa relação, já que
cometeu o indefensável As Melhores Coisas do Mundo, vergonha alheia total com
atuações ''marcantes'' de Fiuk e grande elenco.
Anyfuckingway...
Não
vi os outros filmes de Gordon (outros dois dela também foram exibidos na Mostra
2016: Handsome Harry, de 2009, e O Afogamento, desse ano, que faz o desserviço
de ressuscitar a Julia Stiles), mas Variety já deixou a pior impressão
possível. Uma espécie de versão desastrosa e metida a besta do clássico
nacional O Olho Mágico do Amor (estrelado por Carla Camurati) Variety acompanha
uma mulher (Sandy McLeod) que fica obcecada por um certo frequentador do cinema
pornográfico (que dá o título do filme) onde trabalha na bilheteria. Alguns
rostos conhecidos como Will Patton (Contatos de Quarto Grau) e Luiz Guzman (Oz)
aparecem em início de carreira, o que pode interessar como curiosidade.
No
mais, o filme pode ser visto como um entediante estudo do tédio, onde nem a
música do também ator John Lurie (parceiro habitual de Jim Jarmusch) serve de
consolo.
Ainda
mais chocante é pensar que o filme já havia sido programado na Mostra na década
de 1980. Quer dizer que, não contentes em exibir a atrocidade numa edição, alguém
da curadoria do evento disse todo pimpão ''VARIETY PRECISA SER REDESCOBERTO:
VAMOS PASSAR O FILME DE NOVO'', WTF???!!!
No
fim da sessão, vi alguns dos sobreviventes reclamar que não gostaram do filme.
É ''nóis'': Variety chupa bolas de macaco. Eita chatice do caralho. Para
piorar, as legendas apareceram fora de sincronia durante os longos 100 minutos
do negócio.
Mas
pelo menos foi de graça: me odiaria pro resto da vida se tivesse pago pra ver
isso. Se bem que... Pensando bem, teve os R$ 7.60 da condução, portanto... PQP,
de certa forma eu paguei sim pra ver isso. Caralho. Puta que pariu. Me fodi
legal.
E
pensar que Variety tomou o lugar que poderia ser ocupado por um Wiener Dog, The
Neighbor, The Good Neighbor, 31, entre tantos outros. É o padrão Mostra:
quantidade acima de qualidade. O foco e a seleção rigorosa que se explodam.
E
dá-lhe neguinho disputando quem viu mais filmes no mesmo dia, quando o ideal
seria ver o mínimo possível.
Portanto...
Prefira
O Olho Mágico do Amor, anterior e infinitamente superior.
PS:
O Mattheus (check spelling) Carrieri estava presente na seção. Curioso ver um
ator pornô na sessão de filme com temática porn.
Trio
William Friedkin:
Filme
# 2: Viver e Morrer em Los Angeles (1985)
Cotação
= ***** (excelente)
Filme
# 3: Parceiros da Noite (1980)
Cotação
= **** (muito bom)
Filme
# 4: Operação França (1971)
Cotação
= **** (muito bom)
Quando
soube que o lendário William Friedkin em pessoa viria para São Paulo para uma
masterclass, estava certo de que eu não poderia perder o evento de maneira
alguma. Encontrei uma forma de comprar o ingresso de Operação França pela
Internet, sendo que o encontro com o diretor de Viver e Morrer em Los Angeles,
O Exorcista, Síndrome do Mal e outros aconteceria logo após a sessão de Operação
França, na sala 1 do Shopping Frei Caneca, no Domingo 30 de Outubro.
Na
noite de 29 para 30 acabei nem dormindo pensando que, às 20H daquele Domingo,
iria ver de perto o realizador de Viver e Morrer em Los Angeles, um dos meus
filmes favoritos de todos os tempos. Até levei a capinha do DVD deste filme,
mais as capas das VHS dos obscuros Caminhos Perigosos: Danger / Caminhos
Perigosos (CAT Squad: Stalking Danger) e CAT Squad: Grupo Tático de Elite (CAT
Squad 2: Python Wolf) na esperança dele poder autografá-los. Os três Friedkin
com Steve James (O Exterminador, Trilha de Corpos, Os Vigilantes / Vigilantes /
Vigilante) no elenco portanto. Aliás, os dois CAT (Covert Assassination Team)
Squad, assim como Uma Tacada da Pesada, A Árvore da Maldição e Ambição
Assassina, nem são citados no livro de memórias do diretor, intitulado The
Friedkin Connection.
O
fanatismo é tão forte que levei até fitas VHS com Parceiros da Noite e Viver e
Morrer em Los Angeles GRAVADOS DA TV ABERTA (na década de 90) para ele autografar!
(Fitinhas que tive a sorte de adquirir juntas por 4 reais numa feira do rolo,
dois anos atrás.)
Passei
então a noite anterior fazendo uma overdose de episódios do melhor podcast ever
em toda a história mundial dos podcasts, o saudoso A Gente em 86 (destaques
para as edições sobre VHS, fita K7, pornochanchada, Street Fighter, fliperamas
e Cavaleiros do Zodíaco), que foi seguido por uma revisão final de Persona, já
que deveria me desfazer do DVD a seguir. A sessão de Persona também foi com o
propósito de me preparar para conferir a exposição do filme lá no Itaú
Cultural.
Cheguei
então no Shopping Frei Caneca às 13H15 daquele Domingo e veio a tragédia:
Friedkin cancelou sua vinda à São Paulo por causa de uma infecção no ouvido.
Como
o ingresso foi comprado pela Net e não poderiam me devolver o dinheiro,
perguntei se poderia ter alguma compensação por causa disso, já que só comprei
o ingresso (22 reais + R$ 3.10 de taxa; caro pacaray) de Operação França para
poder ver seu autor. Assim sendo, a simpática moça do estande da Mostra me
arranjou dois ingressos extras para conferir qualquer seção que quisesse do
festival.
Disse
para mim mesmo portanto: ''vou passar o dia vendo filme do Friedkin''.
Por
rápidos instantes me senti meio burro por ter escolhido Viver e Morrer em Los
Angeles e Parceiros da Noite, filmes que assisti zilhões de vezes, no lugar de
coisas que nunca vi. Mas, apesar de também já tê-los visto no cinema, ambos em
2012 (uma mostra policial no Olido, e Indie no CCSP, respectivamente), nunca os
havia experimentado em película, sendo que no Olido e no CCSP também havia sido
as edições em DVD nacional pela MGM e Lume.
Poder
ver, em sequência, Viver e Morrer, Parceiros e Operação França foi uma
oportunidade bastante única de conferir os três principais policiais de
Friedkin no cinema, nas cópias adequadas, e compará-los no calor do momento.
Percebi detalhes que nunca havia reparado em Viver e Morrer e em Parceiros,
quase como se aparições haviam surgido do nada na tela, o que foi bastante
inusitado e surpreendente.
Apesar
de ótimos, Parceiros e Operação tem lá suas falhas (para ser sincero, não gosto
nem um pouco do Popeye Doyle), mas Viver e Morrer é a mais pura perfeição, e
nunca, jamais me canso de assisti-lo. Sempre me sinto um tanto tenso quando ele
vai caminhando para seus instantes finais, algo bastante particular deste filme
em questão. Final absolutamente sensacional, diga-se de passagem.
Uma
pena somente a ausência de Friedkin. Queria perguntar pra ele se Parceiros da
Noite possui influência giallo. Imagino que sim, mas nada sobre isso é dito no
seu livro.
Peri oportunidade de assistir esse filme em pelicula .. mas eu não daria 20 reais para ver o " Operção França " no cinema pois eu ja assisti tanto o filme na TV com a dublagem antiga quanto a nova que ate enjoou gostaria ter visto" Parceiros da Noite e Viver e Morrer em Los Angeles " em tela grande ai sim valeria pena mas sera que eu aguentaria assistir ha esses tres filmes pois o meu oculos esta muto ruim não consigo enxergar no escuro .. eu finjo que estou enxergando .. mas realidade estou enxergando muito pouco .. mas fico feliz que voce tenha conseguido assistir esses tres obras de arte no cinema e triste por não ter um autografo do Friedkin que sabe ele vem dá proxima vez ,hein !? Um Abraço de Spektro 72.
ResponderExcluirUma experiência fodástica seria ver o Viver e Morrer em Los Angeles no CineSesc. Vacilei e o assisti no Shopping Frei Caneca, ao invés de ter esperado para assisti-lo numa tela / cinema muito maior.
ResponderExcluirAhh, você viu que VEMELA está saindo agora numa nova edição fodástica em Blu-ray, numa transfer que, de acordo com o vídeo da Arrow sobre a edição, no You Tube, está em 4K? O Blu-ray.com, que é super exigente, deu 4.5 de 5 para a qualidade de imagem do BD. Foda demais. (Mais info à respeito, na postagem sobre os 10 BDs americanos que eu mais gostaria de ter.)
Ahh, e foram 4 filmes vistos na Mostra 2016, e não 5. Errei no post!
E aqui no Brasil.. porra nenhuma sendo lançado ..o pais de bosta que nos vivemos, o mercado daqui esta morto mesmo.
ResponderExcluirAdmito que cada vez que vou numa Cultura, ou FNAC, dá uma frustração do caralho, e surge uma vontade de nunca mais voltar nessas lojas.
ResponderExcluirMas o interessante é o surgimento duma leva de BDs gringos em bancas da Paulista, lacrados, por preços como 15 e 20 reais. O problema é que é tudo porcaria mainstream... Mas quem sabe surge ao menos um BDzinho apetitoso nessa safra, né? Por engano, sei lá, hahaha :)