Com uma capa original que remete imediatamente ao Homem Misterioso (vivido por Robert Blake, em seu último trabalho como ator, antes de matar a mulher e ir em cana) do filme A Estrada Perdida (também lançado em 1997, e com direção de David Lynch), Miso Soup é um livro de Ryu Murakami, mais conhecido por ter escrito Audition naquele mesmo ano - romance que, nas mãos do bobalhão Takashi Mickey Mouse, virou um chatérrimo filme de ''horror psicológico'' em 1999. (Curiosamente, os dois livros de Murakami possuem uma mulher chamada Asami como a principal personagem feminina.)
A sinopse de Miso Soup é bem interessante, ambientada no submundo do sexo de Tóquio. O guia de ''vida noturna'' Kenji, especializado em levar estrangeiros em prostíbulos da cidade japonesa, terá ''one helluva night'' e além ao prestar seus serviços ao freak master Frank, um enigmático americano que poderá ou não ser o responsável por uma série de perversos assassinatos brutais de colegiais japonesas pela região.
Frank é descrito da forma mais intrigante e assustadora possível. Quase como um ser infernal.
Assim sendo, Miso Soup vai muito, muito bem até certo ponto. É uma história fascinante e empolgante, que me deixou viciado ao ponto de ler o livro inteiro em apenas um dia. (Algo que só havia acontecido com o fabuloso O Jantar Secreto, do nosso talento local Raphael Montes, um jovem mestre da literatura policial.) Mas, muito tristemente, a trama desabou - ao menos para mim - no exato instante que rola o seu grande ''twist''. É aí que tudo ficou arrastado, sem rumo e sem mais nada prendendo sua história. Para falar a verdade, nem sei como consegui encontrar interesse para terminá-lo.
Imagino que, com um cineasta como o já citado Lynch, Miso Soup poderia até render um grande filme, desde que encontrassem uma forma de tornar o seu ato final em algo palatável.
Foi o primeiro livro que li de Murakami - sem ligação com o grande Haruki ''Norwegian Wood'' Murakami. Mas, se tratando de Ryu Murakami na tela grande, eu já havia assistido três de suas adaptações: o bom Tóquio em Decadência, com direção do próprio Murakami, o frustrante Audition, já devidamente massacrado nesse mesmo blog, e o recente e interessante Piercing, com a perfeitamente detonável Mia Wasikowska; que, para muitos, pode ser um tanto estranha, mas que, para mim, é extremamente gostosa, principalmente nesse Piercing lesado da cabeça.
E, já que estamos falando sobre cinema, é interessante pensar que o filme A Cura, do Kiyoshi Kurosawa, também de 1997, possui lá suas semelhanças com Miso Soup.
PS: Gostaria sim de reler Miso Soup um dia, bem futuramente, para ver se não estou pegando pesado com a obra da sua revelação ao fim. De qualquer forma, recomendo sim o livro pelo seu excelente resultado alcançado antes do ''plot twist''.
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